domingo, 12 de julho de 2020

Perguntas a um trabalhador que vê


Como inflamam as fogueiras pós-modernas?

Sermões?

Fofocas?

Lobbies?

E a escravidão, que formas assumiu?

Desemprego?

Vaidade?

Medo?

Como se mascaram os reais invasores, agora?

Progresso?

Produtores?

Especulação?

E o saber, para que máscaras serve?

Publicidade?

Negócios?

Desigualdade?

Tantas (novas) perguntas, tantas (velhas) questões...

(Descanse tranquilo, Brecht; os soldados aliados e suas armas também se sofisticaram).

"Elas levam a vida nos cabelos", de Eduardo Galeano




"Por mais negros que crucifiquem ou pendurem em ganchos de ferro que atravessam suas costelas, são incessantes as fugas nas quatrocentas plantações da costa do Suriname. Selva adentro, um leão negro flameja na bandeira amarela dos cimarrões. Na falta de balas, as armas disparam pedrinhas ou botões de osso; mas a floresta impenetrável é o melhor aliado contra os colonos holandeses.

Antes de escapar, as escravas roubam grãos de arroz e de milho, pepitas de trigo, feijão e sementes de abóbora. Suas enormes cabeleiras viram celeiros. Quando chegam nos refúgios abertos na selva, as mulheres sacodem a cabeça e fecundam, assim, a terra livre."

(Do livro Mulheres, tradução de Eric Nepomuceno, edição da L&PM.)