domingo, 17 de julho de 2011

Prover necessidades, sim; consumir, jamais

Reproduzido de: Fabio Pereira
Entre os verbos que conheci em minha vida, tenho asco de alguns. Consumo é o principal. Acho desinteressante, e nada elucidante, esse termo. Embora alguns tenham o adotado até mesmo para substituir a idéia de cidadania, repuno-lhe. Penso, obviamente, que todos nós temos necessidades e precisamos provê-las, mas consumir é outra coisa. Trata-se isso de uma opção filosófica de se relacionar com a natureza e a cultura. Em última análise, uma opção por um modo de ser. Consumir é uma idéia associada ao ato de eliminar, explorar de forma descartável, apropiar-se simplesmente para sentir prazer. Como tudo nessa vida e nesse mundo está interligado, não é a toa que o “consumo do outro”, venha sendo, por extensão, também uma prática comum. Comprar é apenas uma ação comercial, mas consumir vai muito além disso, se insere em uma opção cultural; para alguns, até um vício – é a mola mestra da sociedade contemporânea. O ato da compra para além do necessário, e completamente alienado dos seus fins e contextos, é o que o “Deus Mercado” deseja. E a Mídia, por meio da linguagem publicitária, se presta muito bem a isso. Prover necessidades, isso sim é o que se vincula a nossa existência. E esse provimento não é um ato isolado, sem conseqüência, e por causa disso, não deve ser inconsciente, restrito em si. Sob pena de seu ator contribuir para uma lógica complexa de descartabilidade, na qual, esmo sem querer saber, se constitui um operador em potencial. Voltaremos ao tema.

No artigo Consumindo o outro; branquidade, educação e batatas fritas baratas, reproduzido no Mídia Indepente, Michael W. Apple faz uma interessante estudo de caso, onde contextualiza a dimensão do conceito de consumir.

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