É bastante curioso, mas não surpreendente, o enfoque criminalizante que a imprensa grande costuma dedicar aos assuntos que envolvem o MST. Comumente, essa tendência de denunciar "invvasões" cai na superficialidade dos materiais jornalísticos produzidos. No caso dessa ocupação das terras atualmente utilizada pela empresa Cutrale, nada vi nas chamadas noticiosas sobre a acusação de que a empresa estaria se apropriando indevidamente de uma área grilada. Se não fosse a identificação da mídia corporativa com o capital do agro-negócio, poderia se falar em mera incompetência jornalística. Por outro lado, é notório também que há um tom produvista e monetarista nas coberturas da mídia sobre a agricultura no Brasil. Nesse tipo de pauta, aspectos como ambientalismo, acesso a terra e alimentação saudável ainda são distantes ou desprezíveis nos interesses dos proprietários da "livre" imprensa, e por consequência, também na conduta dos editores. Pequenos elementos que, somados, se tornam vitais na construção da (in) consciência e miopia dessa parcialidade toda.
MST ocupa área grilada da Cutrale em Iaras
22 de agosto de 2011
MST ocupa área grilada da Cutrale em Iaras
22 de agosto de 2011

Da Página do MST
Cerca de 400 integrantes do MST ocupam desde as 6h, desta segunda-feira (22/8), a Fazenda Santo Henrique, de 2,6 mil hectares, no município de Iaras, na região de Bauru.
A ocupação realizada no município de Iaras reivindica a arrecadação da área para fins de Reforma Agrária e denuncia a indevida e criminosa utilização da área pela empresa Cutrale.
A área utilizada pela Cutrale tem origem pública e, de acordo com a lei, deve ser destinada à Reforma Agrária.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) tem estudos que comprovam que a área é devoluta e disputa na Justiça a posse da Fazenda Santo Henrique.

Em negociação com o órgão federal, a Cutrale admitiu que a área não é regular e fez o compromisso de repassar uma área para o assentamento das famílias acampadas na região. No entanto, a empresa não cumpriu e o Incra até agora não tomou nenhuma atitude.
Em 2009,o então superintendente do Incra em São Paulo, Raimundo Pires Silva, afirmou que a fazenda "é um patrimônio público, pertence ao povo".
A Cutrale, desde a década de 1980, está envolvida em crimes contra o trabalho e a economia brasileira, sempre se utilizando da ausência e da complacência do Estado.
A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, que acontece a partir de hoje em vários estados onde o MST está organizado e também em Brasília
O Movimento participa do Acampamento Nacional da Via Campesina, com o objetivo de pressionar o governo frente à paralisia no atendimento da pauta dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais.
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