terça-feira, 11 de outubro de 2011

Debates que transcendem as cidades da RMPA

As cidades crescem, se desenvolvem, e os problemas se tornam complexos. Nisso, cresce  também a importância de parcerias entre municípios e a criação de consórcios para se atacar problemas queatravessam os limites entre os lugares. Um dos exemplos disso é a poluição dos rios, que não respeitiam limites geográficos. Ontem, tive oportunidade de participar em Alvorada de um importante debate sobre tais questões e outras, a partir da formação de um coletivo de ativistas de diferentes áreas, preocupados com o futuro daquela cidade. Minha atuação tem sido no sentido de ampliar o debate para o Vale do Gravataí.

Abaixo, matéria veiculada ontem no Diário de Canoas (RS) sobre a realidade crítica do Rio Gravataí.
 
Meio Ambiente - 10/10/2011 07h47
Atualizado em 10/10/2011 07h51

Municípios e Comitê tentam despoluir e salvar o rio Gravataí

Ampliar rede de tratamento é uma das ações para melhorar a qualidade da água.


Natália Alles/Da Redação
Foto: Claiton Dornelles/GES
Poluição: rio Gravataí tem lixo e peixes mortos na altura do Clube Albatroz
Poluição: rio Gravataí tem lixo e peixes mortos na altura do Clube Albatroz


Canoas
- A mortandade de peixes registrada no rio Gravataí na última semana voltou os olhares da comunidade para a atual situação do rio, mas os altos níveis de poluição verificados em grande parte de seu percurso têm envolvido os municípios da região e o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Gravataí na busca por formas de melhorar a qualidade da água.
Atualmente, grande parte do Gravataí é enquadrado na classe 4, que significa que as águas estão na pior condição possível. “O rio só não está na classe 5 porque ela não existe, pois os índices da classe 4 foram há muito superados”, comenta o secretário-adjunto de Meio Ambiente de Canoas, Manoel Marcos.
Desde 1998, o Comitê de Gerenciamento da Bacia definiu que a meta final é conseguir que parte mais crítica do rio seja enquadrada na classe 2, que permite inclusive que a população nade nas águas. Agora, o objetivo do Comitê e dos municípios é que até o final do ano sejam estabelecidas as metas intermediárias para que o objetivo final seja atingido, determinando ainda os prazos para que as novas classificações sejam alcançadas. A expectativa é que avanços no planejamento sejam feitos amanhã, em reunião que ocorre em Cachoeirinha com todos os integrantes do Comitê.
Rio contemplativo
Uma empresa de consultoria contratada pelo Estado está finalizando o Plano de Bacia do Gravataí, que traça um diagnóstico das condições do rio em todos os trechos e foi utilizado nas reuniões organizadas com cada setor componente do Comitê. De acordo com o geólogo Maurício Colombo, o Gravataí é considerado o segundo rio mais poluído do país, ficando atrás somente do rio dos Sinos. “A situação é muito ruim, a classificação aponta que o Gravataí hoje é apenas contemplativo, ou seja, não poderia ser feito nenhum uso dele”, explica Colombo.
Tratar o esgoto doméstico
A ampliação das ligações de residências às redes de esgoto é o passo mais importante para reverter o quadro de poluição do rio, já que a carga orgânica oriunda dos esgotos domésticos é a principal fonte de problemas. “Em uma primeira etapa, o básico é que os municípios realizem a coleta e o tratamento dos esgotos cloacais”, afirma o vice-presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia, Maurício Colombo. Segundo ele, outra medida relevante é evitar a instalação de aterros sanitários ou lixões nas proximidades de recursos hídricos.
Esforço de saneamento
O secretário-adjunto de Meio Ambiente de Canoas, Manoel Marcos, explica que, após a delimitação das metas, serão fixadas as ações de responsabilidade de cada gestão. A ampliação da rede de coleta e tratamento de esgoto para 50% da cidade, até abril de 2012, dará contribuição importante para a mudança de classificação das águas do Gravataí. “Além do esforço de saneamento através do esgoto sanitário, há a fiscalização das lavouras da região. O planejamento do Plano de Bacia é bastante ousado e, quando concretizado, o Gravataí terá a água com melhor qualidade entre as três orlas de Canoas”, ressalta Marcos. O secretário-adjunto lembra que a cidade colabora para a má qualidade do recurso hídrico, mas o Gravataí já chega comprometido à área do município.
Campanha em Cachoeirinha
No mesmo sentido, o secretário de Meio Ambiente de Cachoeirinha, David Cafruni Ferreira, avalia que o município está obtendo grandes avanços em relação à qualidade de vida da população, pois a campanha para incentivar a ampliação das ligações à rede de esgoto tem demonstrado resultados positivos. “A cidade possui hoje o maior índice de ligações efetivas à rede de esgoto na Bacia do Gravataí, atingindo mais de 42%. Como essa é a maior fonte poluidora do rio, acreditamos nesse esforço para reverter o quadro”, salienta.
Aproximação da sociedade
Conforme Cafruni, são realizadas regularmente ações de limpeza das margens que procuram aproximar a sociedade do rio. A secretaria do Meio Ambiente de Cachoeirinha também efetua trabalho para a recomposição da mata ciliar situada às margens do rio, em parceria com ONGs, e busca recuperar trechos do arroio Passinhos, um dos principais tributários do Gravataí.
Fiscalização em Gravataí
Em Gravataí, a diretora técnica da Fundação Municipal de Meio Ambiente (Fmma), Norine Paloski, revela que a Fundação realiza ações fiscalizatórias, monitorando os níveis do rio e os lançamentos de águas provenientes da produção de arroz pré-geminado. Norine comenta que a Fundação também fomenta projetos que visam à preservação e recuperação das águas do arroio Demétrio, principal afluente do Gravataí. Para ela, é necessário que as metas iniciais fixadas em conjunto pelo Comitê observem limites que podem ser atingidos, evitando que sejam desacreditadas como instrumento de gestão.
Impossibilidade de pesca
A impossibilidade de utilizar o rio é sentida há algum tempo pelos frequentadores do Clube Náutico Albatroz, no bairro Niterói. O presidente do clube, João Carlos Farias, reforça que não é mais possível pescar no local. “O Gravataí era o rio com mais peixes, e hoje ainda é fácil de encontrá-los, mas não pescamos mais aqui porque não se pode consumir”, observa. Segundo ele, o lixo acumulado e as águas poluídas resultam em um cheiro forte, que dificulta a permanência no clube, principalmente nos meses de verão. Os frequentadores da marina organizam a cada seis meses um mutirão de limpeza das margens.
MAIS SOBRE O RIO
Área: 1.977,39 km
População: 1.298.046 habitantes
Municípios abrangidos: Alvorada, Cachoeirinha, Glorinha, Canoas, Gravataí, Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha e Viamão
Principais cursos de água: além do Rio Gravataí, arroios Veadinho, Três Figueiras, Feijó, Demétrio, da Figueira e do Vigário
Principais usos da água: abastecimento público, diluição de esgotos domésticos e efluentes industriais e irrigação de lavouras de arroz
Fonte: Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema/RS)

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