A noite é sempre o final de uma jornada que nos aponta expectativas vindouras. É um momento de amortecimento do ritmo muitas vezes alucinado do dia, em que falamos e fazemos coisas sem pensar adequadamente. Evitamos pensar no momento próximo ao sono, é muito mais um convite ao relaxamento. Mas aliviar a consciência de determinadas ideias que nos atordoam é sempre bom. A sinceridade, nesse aspecto, é um remédio para as almas perturbadas com a condição de traição aos próprios princípios.
Já organização do dia é sempre um critério. Nesses tempos de tecnologia, a adaptar nosso modo de ser a partir de meios. Mas há de se deixar respirar momentos só nossos, livre de toda parafernália. Por que nós somos antes e muito além de tudo isso, somos humanos, no sentido mais nobre que pudemos... e devemos.
Estamos, tenho dito, em um período de emergências, para o bem e para o mal. Se é fato que tem se abrido novos olhares para a vida, que tem libertado as pessoas de amarras medievais e feito com que a maioria possa se expressar mais plenamente, é fato também que o inverso se constata em vetor oposto. Quero dizer que, ao lado de toda esse desenvolvimento do pensamento humano em um outro patamar, também ocorre a acentuação da radicalidade por segmentos retrógrados, o que deve ser algo a ser olhado com atenção. Os homossexuais, por exemplo, tem sido vítimas constante disso. E ao nível dos movimentos sociais, as emergências são por demandas de mobilidade e preservação, um olhar maduro dessa geração, mas que nunca deve ser ingênuo.
O recente protesto de jovens no Centro de Porto Alegre pelo corte indiscriminado do governo municipal, que engata em um movimento que se acentuou por ocasião do aumento abusivo da passagem, é sintoma que essa geração dos 20 e tantos, ao contrários do que as vezes se supõe, é mobilizada. Mas tem um diferente de fazê-lo. As bandeiras que os movem, noto, não são partidárias, mas se identificam com causas humanitárias, tem a ver diretamente com a vida. Isso é assunto para ser aprofundado.
É pertinente, por exemplo, relações desses episódios locais com outros que ocorrem pelo mundo, também relacionadas a temática ambiental, ainda que com outras especificidades políticas, como no caso da repressão na Turquia, por conta da resistência de milhares de jovens a ocupação de uma praça para a construção de um projeto governamental.
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"Alguns policiais se recusaram a jogar gás lacrimogêneo
sobre pessoas inocentes e abandonaram seus empregos. Ao redor da praça,
colocaram bloqueadores de rede para evitar conexão com a internet e as redes 3G
foram bloqueados. Moradores e empresas da região disponibilizaram sua internet
Wifi pessoal para as pessoas nas ruas. Restaurantes ofereceram água e comida de
graça. Pessoas em Ankara e Izmir se reuniram nas ruas para apoiar a resistência
em Istambul. A grande mídia continua mostrando a Miss Turquia e "o gato
mais estranha do mundo".
O que está acontecendo em Istambul?
01/06/2013 por Sumandef
Reproduzido do perfil Vivian Cáfaro (Face)
Para meus amigos que moram fora da Turquia:
Estou escrevendo para que vocês saibam o que está
acontecendo em Istambul nos últimos cinco dias. Eu, pessoalmente, preciso
escreve-lo, porque a maioria das fontes de mídia foram fechadas pelo governo, e
o boca a boca e a internet são as únicas formas que restam para explicar o que
está acontecendo e pedir ajuda e apoio.
Quatro dias atrás, um grupo de pessoas que não pertencem a
nenhuma organização ou ideologia específica se reuniram no Parque Gezi em
Istambul. Entre eles, havia muitos dos meus amigos e alunos. A razão era
simples: Para prevenir e protestar contra a iminente demolição do parque por
causa da construção de mais um shopping no centro da cidade. Existem inúmeros
shopping centers em Istambul, pelo menos um em cada bairro! A demolição das
árvores estava marcada para começar no início da manhã de quinta-feira. As
pessoas foram para o parque com seus cobertores, livros e crianças. Eles
armaram as suas tendas e passaram a noite sob as árvores. No início da manhã,
quando os tratores começaram a puxar as árvores de cem anos de idade para fora
da terra, as pessoas se colocaram entre as árvores e os tratores para
interromper a operação.
Eles não fizeram nada além de se colocar em pé na frente das
máquinas.
Nenhum jornal, nenhum canal de televisão estava lá para
relatar o protesto. Foi um black out completo de mídia.
Mas a polícia chegou com os veículos de canhão de água e
spray de pimenta. Eles perseguiram as multidões para fora do parque.
À noite, o número de manifestantes se multiplicou. Assim
como o número de forças policiais ao redor do parque. Enquanto isso, o governo
local de Istambul fechou todos os caminhos que levam à praça Taksim, onde o
Parque Gezi está localizado. O metrô foi fechado, as barcas foram canceladas,
estradas foram bloqueadas.
No entanto, mais e mais pessoas se dirigiram até o centro da
cidade a pé.
Eles vieram de todo Istambul. Eles vieram de todas as
origens, diferentes ideologias, diferentes religiões. Todos eles se reuniram
para impedir a demolição de algo maior do que o parque:
O direito a viver como cidadãos honrados deste país.
Eles se reuniram e marcharam. A polícia perseguiu-os com
spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo e dirigiu seus tanques para cima
das pessoas que em troca ofereciam comida à polícia. Dois jovens foram
atropelados pelos tanques e foram mortos. Outra jovem, uma amiga minha, foi
atingida na cabeça por uma das bombas de gás lacrimogêneo. A polícia estava
atirando diretamente contra a multidão. Após uma operação de três horas ela
ainda está na Unidade de Terapia Intensiva e em estado muito crítico. Enquanto
escrevo isto, não sabemos se ela vai conseguir sobreviver. Este blog é dedicado
a ela.
Essas pessoas são meus amigos. Eles são meus alunos, meus
parentes. Eles não têm «agenda escondida» como o estado gosta de dizer. Sua
agenda está lá fora. É muito clara. O país inteiro está sendo vendido para as
empresas pelo governo, para a construção de shoppings, condomínios de luxo,
estradas, barragens e usinas nucleares. O governo está procurando (e inventando
quando necessário) qualquer desculpa para atacar a Síria contra a vontade do
povo.
Acima de tudo isso, o controle governamental sobre a vida
pessoal de seu povo tornou-se insuportável afinal. O Estado, sob sua agenda
conservadora, passou muitas leis e regulamentos relativos ao aborto, parto com
cesariana, venda e uso de álcool e até mesmo a cor do batom usado pelas
aeromoças.
As pessoas que estão marchando para o centro de Istambul
estão exigindo seu direito de viver livremente e receber justiça, proteção e
respeito do Estado. Eles exigem estar envolvidos nos processos de tomada de
decisão sobre a cidade em que vivem.
O que eles receberam em retorno é a força policial abusiva e
enormes quantidades de gás lacrimogêneo disparado diretamente em seus rostos.
Três pessoas perderam seus olhos.
No entanto, eles ainda marcham. Centenas de milhares se
juntam a eles. Alguns milhares de pessoas atravessaram a Ponte Bósforo a pé
para apoiar o povo de Taksim.
Nenhum jornal ou canal de TV estava lá para relatar os
acontecimentos. Eles estavam ocupados com a transmissão de notícias sobre Miss
Turquia e "o gato mais estranho do mundo".
A polícia continuou perseguindo as pessoas e jogando spray
de pimenta a tal ponto em que cães e gatos de rua foram envenenados e morreram
por causa dele.
Escolas, hospitais e até hotéis 5 estrelas em todo o Taksim
Square abriram suas portas para os feridos. Os médicos encheram as salas de
aula e quartos de hotel para prestar os primeiros socorros. Alguns policiais se
recusaram a jogar gás lacrimogêneo sobre pessoas inocentes e abandonaram seus
empregos. Ao redor da praça, colocaram bloqueadores de rede para evitar conexão
com a internet e as redes 3G foram bloqueados. Moradores e empresas da região
disponibilizaram sua internet Wifi pessoal para as pessoas nas ruas.
Restaurantes ofereceram água e comida de graça.
Pessoas em Ankara e Izmir se reuniram nas ruas para apoiar a
resistência em Istambul.
A grande mídia continua mostrando a Miss Turquia e "o
gato mais estranha do mundo".
***
Estou escrevendo esta carta para que você saiba o que está
acontecendo em Istambul. A mídia não lhe dirá nada disso. Não no meu país pelo
menos. Por favor, poste tantos artigos quanto você encontrar na internet sobre
isso como modo de espalhar as notícias.
Como eu estava postando artigos que explicam o que está
acontecendo em Istambul em minha página do Facebook na noite passada, alguém
postou a seguinte pergunta:
«O que você está esperando ganhar reclamando sobre o nosso
país aos estrangeiros?»
Este blog é a minha resposta a esta pessoa.
Por «reclamar» de meu país, espero ganhar em retorno:
Liberdade de expressão e discurso,
Respeito pelos direitos humanos,
O controle sobre as decisões que tomo em relação ao meu e
sobre o meu corpo,
O direito de me reunir legalmente em qualquer parte da
cidade sem ser considerado um terrorista.
Mas acima de tudo por fazer chegar estas palavras a vocês,
meus amigos que vivem em outras partes do mundo, eu estou esperando despertar a
sua consciência, e conseguir apoio e ajuda!
Por favor, espalhe estas palavras e compartilhe este blog.
Obrigado!
Para maiores informações e coisas que você pode fazer para
ajudar, consulte a Emergência da Anistia Internacional para Ajuda Urgente
http://humanrightsturkey.org/2013/06/01/abuses-against-protestors-in-turkey-amnesty-calls-for-urgent-action/
Extraído do post
http://defnesumanblogs.com/2013/06/01/what-is-happenning-in-istanbul/
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27/5/2013 - OLHAR CRÍTICO
MANUAL DE DIREITO PENAL PARA JORNALISTAS ESTÁ DISPONÍVEL
ONLINE
Publicação, que esclarece termos jurídicos e o funcionamento
do sistema de justiça criminal, foi produzido pelo IDDD em parceria com o
IBCCrim
Na noite de 25 de abril, o Instituto de Defesa do Direito de
Defesa (IDDD) e o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) lançaram
o guia “Manual de Direito Penal para jornalistas – Material de apoio para
coberturas criminais”, publicação destinada a estudantes e profissionais do
jornalismo. Além de ter sido distribuído em versão impressa, o Guia está
disponível gratuitamente online para os interessados.
O guia foi lançado ao final das atividades do Seminário “ O
Crime e a Notícia”, que teve um dia inteiro de mesas de debates entre
jornalistas, juristas e profissionais do Direito Penal, realizado pelas duas
organizações em conjunto com a Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo (Abraji).
A publicação e o seminário são dois dos eixos do Projeto
“Olhar Crítico”, idealizado pelo IDDD, que busca refletir sobre as relações
entre o jornalismo e o direito penal a partir de uma perspectiva mais analítica
do sistema de justiça criminal. A parceria entre IDDD e IBCCRIM, organizações
formadas por estudantes e operadores do Direito, com forte vocação e vasta
experiência na área penal, resultou em um guia que oferece conceitos e
informações sobre o funcionamento do sistema de justiça criminal, para
estimular uma visão ampla e crítica a respeito da temática, tão relevante para
a sociedade.
O Guia traz um resumo de alguns dos assuntos mais abordados
pela imprensa ao tratar da área criminal, na visão das instituições e seus
colaboradores, em sua grande maioria voluntários. Para o fechamento do guia,
atuaram como supervisores de conteúdo o desembargador do Tribunal de Justiça de
São Paulo, Carlos Vico Mañas, e a advogada Flávia Rahal, ex-presidentes do
IBCCRIM e IDDD, respectivamente.
Guia - Direito penal para jornalistas
Material de apoio para a cobertura de casos criminais
Publicação do projeto “Olhar Crítico”
Pesquisa e conteúdo: Carolline Cippiciani, Glauter Del Nero,
Guilherme Braga, Janaina Gallo, Milene Maurício, Priscila Pamela dos Santos e
Rodrigo Pena Majella
Seleção de temas: Adriano Galvão, Carolline Cippiciani,
Cristiano Maronna, Cristina Uchôa, Glauter Del Nero, Guilherme Braga, Isadora
Fingermann, Janaina Gallo, Ludmila Groch, Marcela Lopes, Marina Dias, Milene
Maurício, Priscila Pamela dos Santos e Renata Mariz
Preparação de texto e revisão técnica: Maíra Zapater
Design: Lili Lungarezi
Assistentes editoriais: Adriano Galvão e Janaina Gallo
Coordenação editorial: Cristina Uchôa
Organização: Cristiano Maronna, Marina Dias e Renata Mariz
Supervisão de Conteúdo: Carlos Vico Mañas e Flávia Rahal
Confira o manual na íntegra aqui.
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Ainda não havia postado o bate-papo que realizamos no início de maio sobre jornalismo e imprensa alternativa no programa Fazendo Arte, do meu colega Odair, dentro do movimento Fora do Eixo. A entrevista inicial é do coletivo Bandas Independentes Locais (BIL).
Veja na íntegra aqui. Quem quiser ir direto para a entrevista comigo, pule para os 50 minutos da gravação.
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De Daniela Arbex, bela dica de leitura.
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Sobre algumas estranhas coincidências
Postado por Juremir em 1 de junho de 2013 - Uncategorized
Existem estranhas coincidências neste mundo. Anotei algumas:
1) Muitas das pessoas que defenderam o corte das árvores em Porto Alegre, em nome do progresso e contra os “excessos” do ecologismo, ficaram do lado das empresas do ônibus na questão do aumento das pesagens e chamaram os que se manifestaram contra isso de vagabundos, desocupados e baderneiros.
2) Muitas das pessoas que defenderam o corte das árvores e o aumento das passagens de ônibus, em nome da sustentabilidade econômica e do desenvolvimento, ficaram, no passado, do lado da Ford contra o Estado do Rio Grande do Sul e, recentemente, do lado das concessionárias de pedágios e das decisões judiciais em favor do parasitismo dessas empresas.
3) Muitas das pessoas que defenderam o corte das árvores, o aumento das passagens de ônibus, a Ford e as concessionárias de pedágios, em nome da ordem e do bem público, são contra, em geral, à comissão da verdade ou entendem que ela deveria investigar os “dois lados” e os “crimes dos terroristas”. Essas pessoas jamais chamam os torturadores a serviço do regime militar de terroristas nem defendem que eles sejam punidos.
4) Muitas das pessoas que defenderam o corte das árvores, o aumento das passagens de ônibus, a Ford, as concessionárias de pedágios e que atacam a comissão da verdade, em nome da imparcialidade e dos altos interesses públicos, sustentam que não há mais liberdade de expressão na Argentina e na Venezuela, apesar de o Clarín ter mais de duzentas concessões de televisão e fazer oposição diária ao governo de Cristina Kirchner e de os jornais El Nacional e El Universal combaterem o chavismo todos os dias. Essas mesmas pessoas pouco ou nada se incomodaram com a falta de liberdade de expressão no Chile de Pinochet ou no Brasil dos militares. Não lhes basta dizer que há degradação da liberdade de expressão, conflito de interesses, disputa ideológica ou até tendência autoritária. Preferem um discurso mais radical, que chamam de objetivo.
5) Muitas dessas pessoas que coincidentemente defenderam a Ford, silenciam agora sobre a decisão de justiça que obriga essa multinacional a indenizar o Rio Grande do Sul por ter tentado ficar com dinheiro que não lhe pertencia; muitas dessas pessoas que defenderam a Ford e criminalizam qualquer movimento social não chamarão de baderneiros os ruralistas que bloquearão estradas neste mês de junho contra a demarcação de terras indígenas.
6) Muitas dessas pessoas que defenderam o corte das árvores, denunciaram o ecologismo radical, defenderam o aumento das passagens de ônibus, as concessionárias de pedágios e a Ford e que atacam a comissão da verdade, a Argentina e a Venezuela, silenciam sobre a baderna ruralista, entusiasmam-se com leis mais repressivas em relação ao consumo de drogas, permitindo, por exemplo, a internação involuntária de dependentes, sem considerar garantias individuais fundamentais; muitas dessas pessoas “sensatas” coincidentemente garantem que não há mais direita e esquerda e que as ideologias acabaram.
Não as julgo. Apenas constato: que coincidência!
E pergunto: será que algo as une?
Outra hipótese: não há essa coincidência, essas pessoas são muito mais heterogêneas do que parece e a percepção de que algo as aproxima, unifica ou relaciona não passa de uma ilusão ou de uma deformação ideológica típica de muitas pessoas que insistem em olhar o mundo de uma mesma maneira e por um viés político.
Hipóteses contraditórias podem andar unidas.
Mais uma estranha coincidência!
Longe de mim tomar partido nessa disputa aparentemente ideológica.
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"Esta legislação previa os níveis assombrosos de compensação para proprietários de escravos, mas deu aos ex-escravos nem um centavo em reparação”. Cerca de 3.000 famílias receberam a compensação.
O montante de 10 milhões de libras foram para famílias no Caribe e da África, enquanto que a outra metade ficou no Reino Unido. O maior pagamento individual realizado foi para James Blair, no valor de 65 milhões de libras nos dias atuais, por 1.598 escravos que possuía na fazenda herdada na Guiana Inglesa."
Texto e Foto reproduzido de História Preta - Fatos e Fotos (Perfil Face).
A VERGONHA COLONIAL BRITÂNICA
** A Escravidão em escala industrial foi a principal fonte de riqueza do império britânico, e centenas de Famílias britânicas receberam 16,5 BILHÕES DE LIBRAS em compensação pelo fim da escravidão e por entenderem que as pessoas escravizadas eram sua propriedade. **
Documentos revelaram o real envolvimento Britânico no comércio de escravos e o montante recebido pelas famílias mais ricas do país, totalizando bilhões de libras em compensação após a abolição.
Os registros mostram quem recebeu o que por parte do Governo para constragimento potencial de seus decendentes. O Dr. Nick Draper da Universidade College London, que estudou os documentos, disse que a riqueza de mais de um quinto das famílias vitorianas britânicas tem como origem a economia escravagista.
Como resultado têm-se por todo o Reino Unido, essas famílias ricas desfrutando, mesmo que indiretamente, o produto da escravidão que foi repassado a eles. “Havia uma inquietação a respeito das compensações recebidas” disse Dr. Draper. Para John Austin, por exemplo, que possuía 425 escravos, recebeu uma compensação de £ 20.511 , uma quantia no valor de 17 milhões de libras nos dias atuais. E, existem outros que receberam uma quantia muito maior.
Os acadêmicos da UCL, incluindo o Dr. Draper, passaram três anos analisando 46.000 registros de compensação recebidos pelos proprietários de escravos britânicos e as compensações não foram somente para as famílias ricas, mas também incluiu “homens e mulheres comuns” cobrindo todo o espectro da sociedade.
Dr. Draper acrescentou que os resultados obtidos com este banco de dados podem ter implicações para o “debate reparações”. Barbados está na vanguarda e está por solicitar a reparação às antigas potências colonias para as injustiças sofridas pelos escravizados e suas famílias.
Na lista dos beneficiados estão as famílias do atual primeiro-ministro David Cameron, a do ex-ministro Douglas Hogg, dos escritores Graham Greene e George Orwell, da poetisa Elizabeth Barret e do novo presidente do conselho de artes, Peter Bazalgette. Diversos outros nomes de destaque aparecem no registro como os descendentes do Banco Barings, o segundo conde Harewood, Henry Lascelles, e um primo da rainha.
O valor pago pelo governo britânico foi de 20 milhões de libras na época o que equivale a 16,5 BILHÕES DE LIBRAS ATUALMENTE, o que representaria 40% do orçamento anual de gastos do Tesouro .
Cerca de 3.000 famílias receberam a compensação.
O montante de 10 milhões de libras foram para famílias no Caribe e da África, enquanto que a outra metade ficou no Reino Unido. O maior pagamento individual realizado foi para James Blair, no valor de 65 milhões de libras nos dias atuais, por 1.598 escravos que possuía na fazenda herdada na Guiana Inglesa.
Mas esse valor foi menor em relação ao valor pago a John Gladstone, o pai do primeiro-ministro do século 19 William Gladstone. Recebeu £ 106.769 o que equivale a 83 milhões de libras para os 2.508 escravos que possuía em nove plantações. Seu filho, que serviu como primeiro-ministro quatro vezes durante sua carreira de 60 anos, foi fortemente envolvido na reivindicação de seu pai.
Analisando os documentos verifica-se de forma bem explícita como e se deu a fortuna de centenas de famílias, e como famílias que foram pobres para outros países voltaram ricas.
A Campanha contra a escravidão começou no final do século 18 com a repulsa contra a disseminação do comércio. Isso levou, em primeiro lugar, para a abolição do comércio de escravos, que entrou em direito em 1808, e, em seguida, cerca de 26 anos depois, a lei do Parlamento que iria libertar escravos. Esta legislação previa os níveis assombrosos de compensação para proprietários de escravos, mas deu aos ex-escravos nem um centavo em reparação.
Mais do que isso, ele disse que apenas as crianças menores de seis anos seriam imediatamente livres, sendo o restante considerado como "aprendizes" que iriam, em troca de bordo livre e hospedagem, ter que trabalhar para os seus "donos" de 40 horas e meia para nada até 1840.
Texto Adaptado
Fontes: The Independent, UCL (University College London)
Para acessar o banco de dados acesse o link: ucl.ac.uk / lbs.
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