A CISTERNA DE PLÁSTICO NO SERTÃO, EM LONGO PRAZO SERÁ UM
GENOCIDIO AO CUBO?
Tem coisas que os amigos pedem, são difíceis, mas precisam
ser atendidas. Fui consultado sobre as cisternas de plástico para o sertão.
Refugie-me no meu congá. Bati o tambor de bambu gambá junto a uma peneira com
massa puba e “Terra Preta de Índio” invoquei a Linha da Mata. Logo chegaram
“Caninana” & “Três Flexas”. Ao saber que o problema envolvia pouca água
eles pediram a batida do Kultrun (mapuche) e teponaztli (azteca). Chegaram os
iluminados Siete Cueros e Nezahualcoyotl acostumados com o deserto, o primeiro
mascando pétalas de arrayan e o segundo palitando os dentes com espinho de
cactos. Em seguida eles pediram o canto da “Linha do Oriente” e três velas e
incenso, chegaram dois mascates kafre da Serra da Barriga e São Francisco.
Ajoelhado esclareci desnecessariamente o problema, também meu. Oxé que senti um
calafrio, vixe um cheiro de bolinho de bacalhau & chopinho, misturado com
perfume de lavanda e pólvora queimada inundou meu congá e todos riram. Eram
dois velhos conhecidos, o amigo Lutz e Maria Bonita. Sem cerimônias começou a
faina, cada um falava a continuação do outro como em um jogral rotineiro ou
filarmônica com excelsa regência.
“Um dos temas mais diabólicos das últimas duas décadas é a
destruição da agricultura sertaneja. Isto fez este antigo estudioso das Ligas
Camponesas usar a aritmética, pois a catástrofe agora será um milhão de vezes
pior que a da Revolução Verde (que atingiu muito mais o Sul e fez desaparecer o
agricultor organizado, e agora tem o pequeno produtor familiar que tenta sobreviver,
mas vem sendo tratado como reserva de mercado & contrapartida para a
produção de alimentos naturais como matérias primas certificadas e garantida
para a integração nas grandes marcas como Coca-Cola, PepsiCo, Nestlé,
Cargill-Seara e outros de interesse da Fundação Rockefeller. É só esperar, tudo
que está sendo manipulado e induzido para esse destino.
Os riscos das cisternas de plástico para a saúde da família
camponesa hoje e amanhã. A resposta seria muito simples e fora da lógica dos
doutores de universidades e institutos. As cisternas de plástico não foram
projetadas para armazenar água da chuva, o foram para depositar água tratada
com um período de residência mínimo onde a liberação de substancias tóxicas do
plástico ficam inferiores a 1 x 10-9 ou 0,000.000.001 grama/Litro, onde somente
as moléculas ultra-tóxicas, por exemplo DIOXINAS & FURANOS HALOGENADOS
causam danos.
Quando se coleta a água da chuva, não é preciso dizer que
ela é resultado da evaporação do mar e que não contem sais minerais é água
destilada e não mata a sede, por não ter minerais, e, para todos os seres vivos
a presença de sais minerais, sua diversidade e quantidade determinam a evolução
de cada espécie, metabolismo e qualidade de vida. Logo o consumo de água sem
minerais seria um problema muito sério. Mais eis que a “mão divina” fez que a
organização camponesa, como a Fênix começasse a fazer as cisternas de placas. A
água da chuva, pura em contato com a parede da cisterna solubiliza quantidades
mínimas dos minerais presentes no cimento (Si, Ca. Mg, Fe, Zn, Nióbio, Terras
Raras etc.). Essa dissolução ao longo de 12 a 24 meses (tempo de residência)
deixa a água com uma concentração sub-ideal para os seres humanos da região
sertaneja cujo solo é bastante rico em sais minerais e permite com uma boa
agricultura (sem agrotóxicos ou adubos químicos solúveis) produzir alimentos
altamente mineralizados que compensam harmoniosamente os minerais da água.
Recordem que eu sempre recomendei fazer o que fazíamos em casa colocar uma
pedra de Enxofre de aproximadamente três quilos por cisterna de placas a cada
dois anos ou quando aquelas desaparecessem. Com a cisterna de placas o
sertanejo antes de tomar a água mineral de Deus equilibrada com sua agricultura
camponesa, ele se organiza e resgata o valor do mutirão. É isto que se quer
destruir para sua diáspora como mão de obra aviltada na construção civil do
sudeste.
Com a cisterna de plástico que água ele vai tomar? Água
destilada de laboratório com a liberação de substancias química conhecidas e desconhecidas
(DIOXINAS E FURANOS HALOGENADOS) que são formadas na água pelo contato, calor e
tempo de residência (armazenamento). Substancias, muitas delas são
mimetizadoras hormonais. Isto é conhecido e denunciado há mais de 25 anos pelo
livro “Our stolen Future” de Colburn e outros que foi traduzido no Brasil
(1995) pela Cooperativa Ecológica Coolméia (depois fechada pelo governo por
dever 165.000 reais ao INSS) e com uma edição pela L&PM Editores (vendido
pela internet): “NOSSO FUTURO ROUBADO” ou “FUTURO ROUBADO”.
Os principais contaminantes das cisternas de plástico são:
METAIS PESADOS (Arsênico, Cádmio, Mercúrio, Chumbo, Cromo,
Zinco, Estanho, Manganês,) são acumulativos daninhos ao sistema nervoso.
Os resíduos químicos tóxicos são: PVC Vinylchlorid;
Polystyrol; Polyhydroxy ether de Bisphenol A; PolyUrethane; Isothiocyanate;
Dietilhexylphthalate; Acrylnitril e causam câncer de mama, próstata, estomago,
pulmão, bexiga, linfático, leucemia, mas devido as interações com os metais
pesados e entre eles os principais danos são nascimentos de bebes deformados e
a infertilidade devido a feminilização masculina, impotência e alteração
hormonal nas mulheres.
Substancias complexas que potencializadas (sinergizadas) com
bebidas alcoólicas, cigarro, resíduos de agrotóxicos e outros formando outras
substancias muitíssimo mais perigosas que raríssimos laboratórios têm condições
de analisar, mas são impossíveis de diagnosticar ou avaliar toxicologicamente.
Se a realidade tem essa cara e tamanho, por que então se quer
usar a cisterna de plástico? A constituição garante minha opinião. - A cisterna
de plástico precisa eliminar o poder de organização camponês (que nos últimos
trinta e cinco anos fez mais que os governos ou organismos multilaterais (FAO,
OMS, UNEP, UNIDO, OMC) para enraizar com dignidade o agricultor autônomo e
livre no Sertão.
Quando em 1981 comecei a ver o dinheiro de entidades
européias chegar ao Brasil no mesmo momento que a Extensão Rural (Rockefeller)
diminuía suas ações fiz questão de colocar no ERAA de Cruz das Almas que devia
ser feita uma projeção onde aquilo ia terminar, pois ninguém dá dinheiro a
ninguém de graça.... Quando vimos o dinheiro internacional para o 1 milhão de
cisternas conversamos com o pessoal para que abrissem os olhos com a mesma
projeção.
O que devemos entender é que só existe governo autônomo ou
autêntico quando ele tem dinheiro dele e não necessita de empréstimos de
bancos. O Banco Mundial usa a dependência como instrumento de submissão dos
governos carentes.
Assim qualquer governo, por mais comprometido e identificado
com seu povo fica impedido de atender as demandas ou obrigado a atender as
manipuladas, induzidas ou planejadas por ele. O negócio funciona assim: O
assessor 34 do Banco Mundial telefona para o Gabinete da Presidência do país
pobre e diz: “Avisa o chefe que os empréstimos para saúde, educação,
infra-estrutura estão pronto para a assinatura, mas o que está travando é essa
organização de cisternas, que não interessa a um grupo grande corporações. É
bom fazer uma substituição pelas de plástico”.
Com o governo mesmo percebendo o ardil e precisando cumprir
prioridades, quem irá pagar o pato? Isto não é fraqueza nossa, nem privilégio.
Em qualquer país do mundo, seja na União Européia, América, Ásia ou África e
isso que ocorre e não há imprensa (T. Turner, Rupert Murdoch) que denuncie ou
acadêmico que abra a discussão e debate sincero.
Lembro que gravamos uma reportagem onde foi dito que, a
questão da água para o sertanejo não era uma questão de cisterna, mas de
crédito para habitação rural para se poder, como na Austrália captar mais água
para melhorar a infra-estrutura do sertão. Onde há mais Sol será feita a
agricultura natural do amanhã e permitir autonomia à família sertaneja, que
necessita mais de 60 metros cúbicos de água e só pode captar com um telhado de
qualidade e pelo menos com 200 metros quadrados. Jamais se deve coletar água da
chuva sobre plástico (lona preta) que é mais perigoso que o incolor, pela
presença de pigmentos que contém metais pesados.
Outro aspecto do plástico é que ele é menos durável que a
cisterna de placas por ser facilmente oxidado pela luz ultravioleta que no
sertão não é pouca, ficando quebradiço e liberando moléculas halogenadas de
baixo peso molecular. Jamais uma cisterna de plástico conseguirá nas condições
sertanejas de luminosidade e calor superar oito anos de idade. Não há em nosso
país estudos técnico-científicos sobre a formação de novas substancias pela luz
ultravioleta e pelo calor e seu comportamento toxicológico na água depositada
por longo tempo nessas cisternas.
Se o pessoal dos organismos multilaterais das Nações Unidas,
Banco Mundial e governos fossem mais inteligentes criaria no crédito de
instalação habitacional-cisterna de placas a obrigação de recuperação das micro
bacias hidrográficas re-vegetação/reflorestamento com algodão arbóreo, ou
árvores frutíferas sertanejas ou de múltiplos propósitos como quebra-vento em
uma “silvicultura social” como fazem os indianos há pelo menos três milênios
para a dinâmica do ciclo da água.
Minhas sugestões para as organizações nordestinas:
1. Consigam
o Livro Futuro Roubado ou Nosso Futuro Roubado (é um só com dois títulos);
2. Leiam e
discutam-no e preparem um cordel;
3. Encenem
uma peça teatral com os movimentos sociais;
4. Criem um
Núcleo de Debate com estudantes secundários para multiplicarem o entendimento
social;
5. Apoio as
paróquias para que os párocos usem essa leitura em suas ações evangelizadoras;
6. Levem aos
interessados subsídios para que eles conjuntamente transformem em vetores de
políticas públicas regionais.
Para a elite acadêmica: Este texto é elaborado em
contraponto à “Teoria Matemática da Tecnologia” da Max Mason e Warren Weaver
(reservado da Rockefeller Foundation, 1949) & Plano America 2050 da mesma
fundação (1996), que pode ser lido em inglês no site do NEA/ITCP UFRGS.
Quando estávamos terminando as obrigações e se preparavam
baixou o esculápio Cipriano Barata, circunspecto, sem cerimônias e taciturno
determinou: Vocês não disseram, mas a pior ameaça é de próprios candidatos do
governo que já estão instalando cisternas de plástico até em brejo, nem tão
prioritário (São Sebastião da Roça/PB) e isso vai se alastrar desmoralizando o
Sertão e prostituindo os sertanejos. Sorridente e experiente assinalou: Essa
luta é missão em Aruanda.
Ele puxou o último canto:
“Com licença de Oxalá é Vovó Roza que vai saravá”
“Com licença de Oxalá é Vovó Roza que vai saravá”.
O perfume de Alfazema inundou o congá.
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