quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Uma outra Florianópolis


Texto e Foto reproduzidos do blog de Elaine Tavares.


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013


Ocupação Amarildo desvela a cidade




Quem chega na cidade de Florianópolis com olhos de turista ou de babaca-disposto-a-baladas tende a enxergar uma cidade repleta de oportunidades de diversão. São 42 praias, das mais belas que existem, mar grosso, mar de baia, mar com ondas médias, lagoas, enfim, natureza para todos os gostos. Também tem gente bonita, bronzeada, tem o centro histórico, a Praça XV, a decoração de natal. Têm as casas de show, os bares da moda, a algaravia da vida noturna na Lagoa. Mas, os que chegam como viajantes, cheios de curiosidade acerca da cultura, da vida real, esses podem ver uma outra cidade, invisível para os que procuram apenas divertimento.

As pessoas que tornam real o “parque de alegrias” dos turistas e que, no geral, são percebidas como borrões na paisagem, ocupam o Lado B da ilha da magia. Elas vivem na periferia da cidade ou então em outros municípios vizinhos, como Palhoça ou São José. São aquelas que precisam pegar três ônibus para chegar ao trabalho, vivenciando a amargura do transporte desintegrado, todos os dias. São as que, dia após dia, vão sendo empurrada para mais longe da parte “bonita” da cidade. As que não têm o direito de “sujar” a paisagem com suas presenças incômodas. Aos trabalhadores que arrumam as camas dos hotéis, que fazem a comida, limpam os banheiros, servem as mesas é negado o direito de viver nas áreas nobres.

Um exemplo disso foi a comunidade Vila do Arvoredo, chamada pelo poder público e pelos moradores “nobres” de  Favela do Siri. É um espaço na bela praia dos Ingleses que foi ocupado por gente que ali trabalha, mas que não tem condições de pagar aluguel. Muitas foram as tentativas de retirada das famílias e muito se discriminou o pessoal, chamado de marginal, vagabundo, e toda a sorte de adjetivos pejorativos. Que se resgistre: eram pobres, erguendo casas simples e tentando sobreviver. Foi preciso muita luta para conseguir se manter no lugar, e até hoje ainda não está resolvida a situação das famílias. 

O fato é as gentes precisam dar conta da proteção de sua prole. Como os ricos, os empobrecidos também querem erguer suas casas e garantir a moradia. E, para esses últimos, no geral, é sempre melhor que seja perto do trabalho por motivos óbvios: não se gasta com transporte, coisa que corrói boa parte do orçamento, além do tempo perdido no trajeto. Isso deveria ser bastante compreensível para todo mundo. 

Pois é esse motivo singelo, mas fundamental – o direito a moradia – que faz com que muitas famílias precisem apelar para medidas mais radicais, capazes de fazer com que a vida seja possível: a ocupação de terras ociosas. O sistema de organização da vida consolidado no modo capitalista insiste em transformar tudo em mercadoria, inclusive a terra. Então, os ricos compram terra para especular ou para construir seus espaços de ócio. Não querem saber de pobreza ao redor. Os pobres que se virem, que fiquem longe. Então, os governos criam projetos habitacionais em outros municípios ou nos ermos periféricos e querem ainda que as gentes agradeçam pelo “favor”. 

Mas gente há que insiste em fazer um caminho contrário. Não quer ser expulsa do paraíso. Se trabalha nos Ingleses, como morar em Palhoça? Se trabalha em Canasvieiras, porque não morar ali? 

Foi esse sentimento que moveu 60 famílias que ocuparam há uma semana um espaço de terra em Canasvieiras. O sonho de ter uma casa para morar, perto de onde ganham a vida. Para que os filhos estejam próximos, para que sobrem reais no final do mês. A terra pertence a uma empresa chamada Florianópolis Golf Club, que, em tempo recorde, já conseguiu a reintegração de posse. Ou seja: a justiça mandou arrancar de lá as famílias. Gente pobre, não. Melhor um campo de golf, bem verdinho, onde senhores abastados possam passar suas horas de ócio.  

Os legalistas dirão: “a terra tem dono, então, está certo”. E são os mesmo legalistas que acham absurdo demarcar terra indígena. Será que, como no caso de Canasvieiras, o que está em questão é o “tipo de gente”? Bom lembrar que essa mesma comunidade protagonizou um patético momento ao realizar uma passeata pedindo a expulsão dos mendigos da praia, como se os mendigos fossem coisas, e não a dramática consequência dessa sociedade de consumo, de exlusão e de exploração. No geral, os argumentos são os mesmos: gente pobre forma favela e favela só tem bandido, que traz a droga e o crime. Gente pobre traz a droga? Em que mundo?  

O fato é que mais um foco de tensão na luta pela moradia está criado em Florianópolis. Há pouco tempo, famílias ocuparam um terreno na Trindade, outro bairro nobre da cidade. Agora, é tempo da queda de braço. As famílias querem um lugar para morar, livres do aluguel exorbitante. A justiça quer que a terra seja desocupada. A empresa quer criar seu campo de golfe. O prefeito precisa encontrar um jeito de atender a todos. O fará? Não sabemos. Mais fácil é enviar a polícia e derrubar os barracos, colocar o terror nos olhos da crianças, como fizeram em Pinheirinho, São Paulo. É uma opção. 

Para os que apoiam a luta das famílias, entendendo a necessidade do abrigo sem custo, é tempo de trabalhar no sentido de articular as lutas todas da cidade. Há poucas semanas vivemos uma votação esdrúxula na Câmara de Vereadores. Foi aprovado, em duas tardes, um Plano Diretor que nenhum vereador conhecia, com o acréscimo de mais de 300 emendas, também desconhecidas. Esse era um momento em que todas as forças políticas tinham de estar ali, pressionando. Era a vida da cidade como uma totalidade que estava em jogo. As ações de luta ou de resistência particulares só poderão fazer sentido se colocadas nesse todo que é a cidade. Essa é a hora de avançar na consciência de classe, no entendimento do sistema como um todo. Compreender  que a forma como se organiza uma cidade é a forma que pode excluir, alijar, discriminar, explorar, matar. 

Desgraçadamente não foi o que se viu na Câmara de Vereadores. Estavam apenas algumas comunidades mais engajadas, pessoas, ambientalistas, pouco mais de 100 almas. Pois o que passou na Câmara diz respeito a ocupação Palmares, na Serrinha, ou a ocupação Amarildo, agora em Canasvieiras. Diz respeito à Vila do Arvoredo, ao Papaquara, aos morros da cidade, às periferias. É certo que os empobrecidos estão muito ocupados em garantir a sobrevivência do dia a dia, mas são esses momentos de luta e união que podem fazer a diferença no processo de compreensão da cidade.  

As lutas dentro da cidade são as chagas vivas do sistema. Momento abissal de tomada de consciência. As gentes da ocupação Amarildo vão resistir, e precisam, nessa resistência, compreender porque estão nessa condição, porque não têm direito à cidade, porque não podem morar em Canasvieiras, porque são vistas como marginais. Só com a clareza dessas respostas poderão enfim atuar na sociedade como autoras de suas próprias existências, escrevendo elas mesmos suas falas, na construção de uma cidade diferente, de um país diferente, um mundo diferente. 

No primeiro comunicado divulgado ao mundo, hoje (20.12), elas apontam: “As crianças levantaram bem e mesmo com uma noite longa e escura, anunciada pela oficial justiça, todas tiveram sonhos lindos, principalmente as crianças que não dormiram. Essas crianças são os anjos rebeldes de casca grossa... Magia é Ilha para todos! Quanto muito é o aluguel, pouco é o pão. Terra, Trabalho, Teto e Liberdade conquistados têm o gosto do alimento sagrado. Hoje vamos precisar compartilhar resistência, sabedorias e desobediência com muita gente. Estamos juntos, somos fortes!”

E é isso. Juntos, somos fortes. Na luta por um projeto de cidade que não seja excludente. Na luta pela destruição do capitalismo como modo de organizar a vida. 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Mulheres Negras, uma realidade nacional

O livro ' Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil' está disponível, no Portal Ipea, para acesso e download gratuitos: http://bit.ly/1gIDrKj A publicação debate questões relevantes sobre as condições de vida das negras brasileiras, como: a situação educacional, a inserção no mercado de trabalho, o acesso a bens duráveis e às tecnologias digitais, a condição de pobreza e a vivência de situações de violência.




terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Ações sindicais diferenciadas

A Campanha Sindical dos jornalistas gaúchos, pedindo a atenção do Papai-Noel a proposta de dissídio salarial da categoria, reflete uma transformação das estratégias de mobilização do sindicalismo, em boa hora.  Uma nova linguagem adequada para um enfrentamento criativa à indiferença que tem dominado os movimentos sociais e sindicais nesses tempos em que a indiferença e o individualismo com as questões coletivas avançam proporcionalmente ao desenvolvimento das novas tecnologias. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Paar substituir os ovos

Dica e Imagem: Revista Vegetarianaos

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sobre a essência do que importa

Me falta um pouco à memória o momento exato que deixei de me importar com determinadas futilidades menores no campo político. Ainda assim, prossigo um tanto desconcentrado com relação a um foco definitivo de vida, no sentido de construção de um projeto maior, mesmo que dele tenha noção. Na vida, por vezes, temos certos distanciamentos de nossa essência. Na realidade, em geral toda a estrutura da sociedade vigente condiciona a essa dispersão. E como uma fome em direção às nossas origens, passamos pelo menos metade da vida em busca desse reencontro. E quando ele se dá, é quando se diz que nascemos outra vez.

************************************************


"NOTA DA OCUPAÇÃO DA REITORIA DA UNISINOS:

Reproduzido do blog da Rachel Duarte.

Mais uma vez os estudantes da UNISINOS sofreram com a violência protagonizada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
Mas dessa vez não foi a violência dos 8% de aumento.
Não foi a violência do apartheid do ensino superior elitista e que exclui quem não se submete aos seus números, as suas cifras.
Não foi a violência do monólogo que nos foi imposto pela Universidade.
Não foi a violência do controle determinado pela instituição aos ocupantes da reitoria através de câmeras e seguranças permanentes.
Não foi a violência do sucateamento de alguns centros ou talvez a violência do preço que se paga para se alimentar dentro da UNISINOS.

Não!!!

Dessa vez a violência se materializou através de bombas, socos, chutes, balas de borracha, pistolas com munição letal, tudo isso apontado para os jovens estudantes, que, utilizando a via “democrática” tomaram a Avenida UNISINOS, armados apenas com seus ideais de mudança, ousando sonhar uma universidade democrática, acessível, popular, onde todos, indistintamente, tenham a possibilidade de aprender e ensinar.

A atuação da polícia durante o ato dos estudantes representa um grave rombo no estado Democrático de Direito. Quando a atuação dos instrumentos de coerção do estado não consegue funcionar sem o uso da violência, sendo essa tendência algo de praxe, algo internalizado e “normal”, rotineiro, percebemos a profundidade e a seriedade com que o tema da violência policial deve ser tratado, por todos os extratos da sociedade.
A atuação da mídia convencional legitima covardemente esse tipo de prática, desempenhando um papel fundamental para a criminalização dos movimentos sociais e alimentando ainda mais essa violência.

Nossa luta é por uma Universidade RADICALMENTE democrática,
Cuja função social não seja alimentar a riqueza de meia dúzia em detrimento de milhares,
Lutamos pela ampliação do número de estudantes nas instâncias deliberativas da UNISINOS
Lutamos pela revogação imediata do aumento de 8% na mensalidade,
Lutamos pelo fim da violência e do monólogo que os poderosos tentam nos impor como única forma de manter seu poder

NESSE MOMENTO A OCUPAÇÃO DA REITORIA PERMANECE,
CONVOCAMOS A COMUNIDADE E OS ESTUDANTES PARA UM DEBATE AMANHÃ AS 18 HORAS NA REITORIA DA UNISINOS, OCUPADA PELOS ESTUDANTES.

DA LUTA NÃO NOS RETIRAMOS.

Estudantes okupantes da Reitoria da Unisinos."

*********************************************
S SETE PECADOS CAPITAIS: 

Texto e Imagem do perfil de Sebastião Pinheiro (Face).



Meus amigos sabem, sou um convicto e recalcitrante anarquista. Contrito, sempre pedi às forças elementares lucidez para servir, mas ao que tudo indica, estou contra minha vontade, caducando, pois percebo o Ministério Público Federal, “fiscal da lei e ordem” usar violência (convocar uma audiência pública) em Brasília para discutir a autorização de liberação de sementes OGM resistentes ao uso do 2,4-D. Recebi pelo menos umas dez derivações dessa violência (comunicações cobrando posição sobre a mesma, sem entender o que desejam seus nervosos e revoltados missivistas.). Reservo o comentário que o mundo ambientalista ungido no âmbito das Nações Unidas em 1972 e fenecido na Rio 92 com sua paródia atrás do espelho (Eco-92 e estertores Rio+10 (Johanesburgo) e Rio+20 perambulam insepultas.

Primeiro: É preciso saber: Quem e quais são os responsáveis pela autorização ou negação de tal mister e sua estrutura de poder? Cremos que as estruturas do Executivo Nacional, Estaduais e Distrito Federal, que Althusser apelidou de “aparelhos de Estado”, e, estando o estado de direito vigente e as leis sendo aplicadas, a finalidade da audiência pública traveste-se em farsa ou surfa sobre a notícia, a não ser que algum iluminado venha trazer um dado novo, desconhecido ou ignorado por quem executa a lei Urbi et Orbi para os “geraldinos” e arquibancadas.

Segundo: O problema é que há no mundo hoje, mais de cem milhões de hectares de terras infestadas de ervas adventícias resistentes aos tradicionais herbicidas, pelo qual não é possível mais cultivá-los colocando em cheque os interesses do agribusiness, dos governos (executivo, judiciário e legislativo) e há que contornar o assunto, mesmo indo contra a lucidez almejada ressuscitado o 2,4-D e seu irmão gêmeo o 2,4,5-T que têm um museu vivo cinqüenta anos depois no Vietnã. Sobre os dados científicos um renomado cientista norte-americano, no México, afirmou recentemente: “As universidades de Stanford e Berkeley são bordéis de todo serviço”. Fiquei deslumbrado, mas não estarrecido Cabe alguma dúvida?

Terceiro: O retorno da molécula química (2,4-D e assemelhados) de patente vencida há mais de quarenta anos, obviamente será útil por seu baixo custo industrial, que permite baratear o custo de produção do agribusiness, principalmente quando fabricada na China; O problema de resistência nas adventícias ocorrerá em menos de dez anos e alcançará uma área somente de cana de açúcar superior a oitocentos milhões de hectares, que dará um poder financeiro verticalizado a apenas um conglomerado de energia sustentável capaz de gerenciar este problema em nível planetário. É jogada de gente grande.

Quarto: Trará em paralelo, expressivos resultados econômicos ao obrigar o tratamento mercantil de saúde, sem impactar os interesses do controle populacional e eugenia humana (também mercantil) com uma hierarquização social de mesma índole e nichos de mercado de valor exponencial, que tornam a formação de DIOXINAS, FURANOS, gatilhos de DISRUPTORES ENDOCRINOS, OBESOGENOS, agentes de hipertensão, diabetes e doenças degenerativas um fator de crescimento para o Produto Interno Bruto e seleção natural darwinista.

Quinto: A audiência se propõe a escutar as posições já há muito conhecidas de cada um, de forma isolada, sem que isso tenha qualquer influência no interesse único e maior que comprometeria o poder do governo, podendo este continuar protegendo os interesses das grandes corporações, amparadas nos doutos, caros e honestos saberes de uma plêiade de cientistas, burocratas ambientalistas de resultados cujas carreiras se alinham a esses interesses.

Sexto: Com o fim da Ordem do Estado Nacional e sua superação pela Ordem da Corporação Internacional fica obrigada a transição lenta e gradual para o acúmulo de experiência e formatação do novo modelo é por isso que na reunião da OMC em Cancun México havia mais de 2.500 ONGs de corporações internacionais começando a engatinhar. Hoje elas induzem e manipulam que se faça abaixo assinados para que elas não possam criar uma lei de proteção aos lucros cessantes por medidas sanitárias e ambientais. Ficando tudo para a decisão da sábia justiça periférica ou como em alguns países suas cortes arbitrais. É por isso que hoje a carreira diplomática está dividida em dois setores o diplomata de Estado e o diplomata de Mercado (Relações Internacionais).

Sétimo: O curioso é que o empresário que necessitava da proteção da nobreza nos Séculos XVIII, XIX e XX para vencer a resistência do arraigo cultural, agora necessitam do mesmo Estado Nacional para liberar-se das leis (desregulamentação) e alçar em vôo solo.

No momento em que recebo o novo livro de Brewter Kneen, “La Tirania de los Derechos”, pergunto: Se vocês não entenderam os meus anteriores papais e mamães -noéis e estão preocupados com os Sete Pecados Capitais. Fomos buscar reforços para enfrentar a manipulação, indução e principalmente a alienação que faz os governos fingir de bobos que não sabem que estão privatizando as leis.

Agora temos o time completo, sem reservas ou diretor técnico.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Lutar quilombolas

Em outubro de 2009, um ato de assinaturarealizado em um bairro da Região Central de Canoas convertia em realidade umanseio de décadas da Comunidade Chácara das Rosas. Era integralmente titulado o 1.º Quilombo Urbano do País. De lá para cá, outras conquistas se visibilizaram e se concretizaram, em uma luta permanente, sem sob a liderança da guerreira Isabel Cristina Genelicio. Que venham outras!