Tempos de extremismos estes em que vivemos. De Norte ao Sul e de Leste ao Oeste do País e do mundo. No caso do Brasil, um fenômeno explícito é o da banalização da violência, agora, inclusive vindo à tona em depoimentos de torturadores dos tempos do regime militar que o País vivenciou há poucas décadas. O assustador disso é que a tortura prossegue, até nossos dias sendo uma prática corriqueira nos presídios brasileiros, volta meia vazada a partir de alguma denúncia registrada, mais facilmente nesses tempos tecnológicos. Por outro lado, a violência é mais preocupante em nosso caso, quando se introjeta como cultura, disfarçada de "justiça com as próprias mãos". É que, nesse caso, pessoas comuns, ditas "cidadãos de bem", abertamente, discretamente ou omissivamente, apoiam atos bárbaros, muito bem orquestrado, explicado e estimulado por uma mídia e seu showrnalismo absolutamene irresponsável e sensasionalisticamente sem freios.
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Caio Blat desabafa sobre a farsa das "promoções culturais" na Globo
"Se você não fecha um contrato com a Globofilmes para a distribuição do seu filme, as mídias da Globo se fecham para você. Tevê, jornal, revistas, internet: pode esquecer no trabalho de divulgação. Então você é forçado a fazer. Aí a Globofilmes coloca você no Jô, no Serginho Groisman, no Vídeo Show etc. Ótimo. O detalhe é que sua ida àqueles programas é cobrada como se fosse publicidade"
Veja também artigo no Diário do Centro do Mundo.
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Anistia não é esquecimento e essas pessoas têm de ser julgadas’, diz historiadora torturada na ditadura
"Nem em guerra se faz isso. Em guerra, as pessoas respeitam os prisioneiros. Primeiro que eles falam em guerra, mas não era guerra. Era um exército violentamente armado contra pessoas que estavam lutando contra a ditadura militar no Brasil. Eles estavam torturando e matando. Nada justifica a tortura, que é considerada hoje um crime de lesa-humanidade."
Leia entrevista completa com a historiadora Dulce Pandolfi, no O Globo.
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OU A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE SC, OU O MINISTÉRIO PÚBLICO TEM QUE SE MANIFESTAR SOBRE ESSA DENÚNCIA DE ATUAÇÃO IRRESPONSÁVEL DA POLÍCIA CATARINENSE.
"Os policiais, que não tinham ainda se identificado como tais arrastaram a força um estudante para um carro particular (sem placa oficial, sem distintivo da polícia) ameaçando professores e outros estudantes que não permitiram a ação arbitrária. Em poucos minutos centenas de pessoas cercavam os policiais decididas a não permitir que esta arbitrariedade ocorresse."
Abaixo o relato completo do professor Paulo Pinheiro Machado sobre o ocorrido.
Queridos amigos e colegas
A Universidade foi agredida por uma ação despropositada e desproporcional da polícia federal, junto com a polícia militar dentro do campus. Não houve aviso nem autorização de qualquer autoridade universitária para esta ação. Chegaram policiais a paisana, sem nenhuma identificação revistando as mochilas de estudantes dentro do café do CFH. Estávamos em meio a reunião do Conselho de Unidade, quando a vice-Diretora, profa. Sônia Maluf que se dirigia para saber o que estava acontecendo, quase foi presa (teve seus documento apreendidos) ao defender um estudante da agressão policial. Os policiais, que não tinham ainda se identificado como tais arrastaram a força um estudante para um carro particular (sem placa oficial, sem distintivo da polícia) ameaçando professores e outros estudantes que não permitiram a ação arbitrária. Em poucos minutos centenas de pessoas cercavam os policiais decididas a não permitir que esta arbitrariedade ocorresse. Não havia mandato, nenhum tipo de documento. em poucos minutos a tropa de choque estava postada, pronta para entrar em ação contra centenas de pessoas. Por umas 3 horas permaneceu o impasse: os policiais não conseguiam levar o preso (diziam que ele tinha que assinar um auto) e os manifestantes não conseguiam libertar o estudante. Vários professores procuraram negociação com os policiais, mas o comandante da operação, Delegado Cassiano, da Polícia Federal, mostrou-se um sujeito inexperiente e despreparado. Quando havia claramente uma possibilidade negociada de levar o estudante para a Delegacia da Polícia assinar o auto, acompanhado por professores da UFSC e pelo Procurador Federal, bastando para isto criar um distencionamento com a retirada da polícia de choque, o Delegado Cassiano não aceitou negociar e ordenou irresponsavelmente a ação do grupo de choque, que arremessou abundante arsenal de bombas de gás lacrimogênio, gás de pimenta, gás ácido, balas de borracha arremessando sobre um grupo desarmado. Só aí é que os veículos foram virados pela multidão atacada. A foto abaixo foi quando eu ainda tentava negociação, pedindo aos policiais do choque que parassem o ataque para continuar a negociação. Vários alunos foram atingidos por balas de borracha e fragmentos de bombas de gás. Agradeço aos amigos pelas mensagens de apoio. Estou bem. Só lamento a força desproporcional e o ato covarde e despreparado de um Delegado irresponsável, que colocou muitas vidas em risco.
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