16/04/2014 10:40
"Canoas tem processo avançado de participação”, avalia
cientista político
Foto: Alisson Moura
Reproduzido do site www.canoas.rs.gov.br
O reconhecimento de Canoas como uma das cidades mais
avançadas em gestão participativa e o reencanto dessa experiência com a
política no país foram destacadas pelos painelistas do 5º Seminário de
Lançamento do Ciclo do Orçamento Participativo Municipal (OP/2014-2015),
realizado na noite da terça-feira (15), que lotou o salão de atos do
Unilasalle, no Centro.
Para o cientista político e professor da Ufrgs Benedito
Tadeu Cesar, painelista no evento, passamos por um momento de reinvenção da
democracia. "E Canoas, com dez formas de participação popular funcionando
bem, tornou-se referência no Estado, e precisa ser referência no país",
atesta.
Também presente ao seminário, o secretário de Planejamento,
Gestão e Participação Cidadã do RS, João Motta. Ele destacou o evento como um
marco inicial da nova fase de organização, debates e votação popular de
prioridades, em investimentos que somam R$ 15 milhões em obras e serviços para
as 15 microrregiões da cidade. Compuseram ainda a mesa do seminário o
secretário municipal de Relações Institucionais, Célio Piovesan, que coordenou
o evento, e o professor Dr. Evaldo Luis Pauly, do Mestrado em Educação do
UnilaSalle.
Exclusão e nova cultura
Benedito Tadeu Cesar também observou que o país vive um
fenômeno periogoso, de "criminalização da política", em um contexto
de transformação social intensa, onde se fazem necessárias novas referências.
Para situar os desafios à consolidação da democracia no
país, o cientista político também fez um panorama histórico das relações de poder
no Brasil. A partir do que chama de "descomemoração" dos 50 anos do
Golpe Militar, ele apontuou diversos momentos de ruptura e exclusão popular das
decisões públicas nacionais, desde a colonização até os dias atuais. "A
nossa história política é a história das ditaduras, que sempre foi a história
da exclusão. As reformas de base: O que eram senão as reformas política,
urbana, agrária, fiscal e tributária, que estamos até hoje lutando para
fazê-las?", questiona.
Dessacralizar a autoridade
Em sua fala, João Motta destacou Canoas como um
"laboratório de experiências e de lutas". Ele observou a necessidade
da autocrítica, da complementaridade entre processos de planejamento e decisões
participativas locais, regionais e nacionais, e da ampliação dos canais de
participação popular para a eficiência na resposta do Estado no atendimento às
demandas sociais. "O Estado não pode ser um ente abstrato, tem que ser
realidade direta, e da forma mais transparente possível", sustenta.
Diante de centenas de lideranças comunitárias e gestores
públicos municipais, o prefeito Jairo Jorge reiterou a análise do profesor
Tadeu Cesar, sobre o desencantamento existente na política. Como contraponto a
esse cenário, ele reafirmou a necesidade de "dessacralização da autoridade",
com a presença mais direta e cotidiana dos governantes na vida social dos
cidadãos. "Quando dissemos que o cidadão é um empregado do povo, estamos
querendo quebrar o desencanto que ainda prospera", observa.
Empregado do povo
Para o professor Dr. Evaldo Luis Pauly, não basta reconhecer
o desinteresse popular pela política, mas é preciso superar essa situação com
criatividade. "Quando dizemos que as pessoas não participam, estamos
dizendo que nós não estamos sendo capazes de convencer as pessoas a participar",
aponta.
Ainda sobre o diagnóstico de descrédito na política, o
prefeito Jairo Jorge também reiterou a necessidade de uma nova postura dos
gestores públicos, a partir de um consciência de humildade e de aprofundamento
do diálogo entre governo e cidadãos. "Hoje o cidadão vê a política como
sinônimo de ineficiência, corrupção e arrogância. É necessário reencantar as
pessoas e, para isso, é preciso responder à corrupção com honestidade; à
ineficiência com resolutividade; à arrogância com humildade; e à incompetência com
a capacidade de governar", afirmou.
Jairo Jorge citou o Sistema de Participação Popular e Cidadã
de Canoas (SPPC) como parte do processo de mudança da cultura política de
alienação e passividade. "Quando fizemos 205 edições do Prefeitura na Rua
e 36 edições do Prefeito na Estação, por exemplo, estamos ali ouvindo as
reivindicações, e não encastelados em uma sala", observa.
Durante o encontro o secretário Célio Piovesan apresentou o
Calendário do Ciclo do OP Canoas 2014-2015, com etapas, prazos e fluxos da ferramenta de gestão
participativa. Em um último momento, a palavra foi aberta à participação de
todos.
Para a ativista comunitária Glória Judith Feldman, que é
conselheira do OP da Região Sudeste uma das melhores ferramentas de Canoas é o
Prefeitura na Rua. "É onde as necessidades são trasnformadas em realidade.
E a cidade está fazendo isso cada vez melhor", disse.
Confira as datas das rodadas do Ciclo do Orçamento
Participativo de Canoas 2014-2015 (OP Canoas), coordenado pela Secretaria
Municipal de Relações Institucionais (SMRI).
Atualmente, Canoas é o município coordenador da Rede
Brasileira de Orçamento Participativo (RBOP). Também preside o Observatório
Internacional da Democracia Participativa (OIDP). Em junho, a cidade vai sediar
14ª Conferência Internacional do Observatório Internacional da Democracia
Participativa (14ª OIDP).
Crédito da notícia: Jornalista Ronaldo M. Botelho - MTE 9485
Nenhum comentário:
Postar um comentário