segunda-feira, 21 de julho de 2014

Uma tribo que transforma história em consciência

20/07/2014      19:25
Espetáculo sobre a vida de Marighella encanta canoenses no Guajuviras

Apresentação mobilizou dezenas e também marcou o encerramento da programação da "Residência Artística da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz em Canoas"

Foto Paula Vinhas - Secom - PMC
"O Amargo Santo da Purificação", espetáculo de produção coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, encantou um público expressivo na tarde deste domingo (20), no bairro Guajuviras.

"É um teatro de periferia, para um bairro de periferia. Tudo a ver. Maravilhoso!", disse o escritor Henrique de Freitas, coordenador do Ponto de Cultura Guajuviras Centro de Artes e um dos entusiastas do movimento cultural no bairro.

Encenada na lateral da Praça Antônio Carlos Vianna, a atividade mobilizou moradores e também destacou o encerramento da programação da "Residência Artística da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz em Canoas".

A programação marcou, ainda, a abertura do "Projeto Teatro e Memória - 50 anos do Golpe Militar", contemplado pelo edital "Desenvolvimento da Economia da Cultura Pró-cultura/RS". Com entrada franca, o projeto tem o apoio da Secretária Municipal de Cultura.

Risos, Memória e Reflexão

Rico de cores, músicas e metáforas sobre a história do Brasil, na segunda metade do século 20, o espetáculo conta a vida do guerrilheiro Carlos Marighella, que foi protagonista na resistência à ditaduras do Estado Novo e do Regime Militar, nos anos 60. A história é apresentada dividido em 12 cenas, e tem um ritmo dinâmico que convida a plateia à caminhar com os atores.

O figurino e as músicas, marcadas por criações populares, por meio de composições críticas, divertiram, e ao mesmo tempo, convidavam todos à reflexão.

Segundo a ativista comunitária Maria Senilda Oliveira, o grupo trabalha com situações reais. Ela lembra que a Tribo esteve em Canoas durante a ocupação do Loteamento Santo Operário, nos anos 80, quando apresentaram o espetáculo ''A Saga de Canudos, o fez a gente se empoderar, conta ela, que integra o elenco de "Os Sinos da Candelária", exercício cênico de uma das oficinas que o grupo ministra dentro do projeto que a  em Canoas, por meio do projeto “O teatro como instrumento de discussão social”, e que deve estrear em breve.

Para Paulo Flores, que é atuador (designação dos integrantes da Tribo, cuja direção é coletiva e combina encenar e intervir politicamente) e um dos fundadores do Ói Nóis Aqui, atuar na periferia é parte da proposta e da linha de trabalho do grupo, que tem realizado apresentações constantes em bairros da Capital.

"Sempre tratamos de questões difíceis, de direitos humanos. Entre as oito cidades escolhidas para o projeto, o Guajuviras foi escolhido pela sua história e a relação que propomos no espetáculo. Ele é um painel do século XX, destacando o legado autoritário que o país viveu, a partir da história de Marighella", explica.

Outras intervenções

Além do Guajuviras, outras pontos da cidade receberam atividades, direta ou indiretamente ligadas ao teatro. Ainda na programação da residência artística do Ói Nóis Aqui Traveiz em Canoas foi realizado, no sábado pela manhã, a "Performance Onde? Ação Nº 2. Paralelamente, na Casa das Artes Villa Mimosa, era realizado mais um encontro semanal da terceira edição da oficina BECKETT-WE, coordenado pela atriz e pesquisadora teatral Luciana Tondo. Em dezembro do ano passado, o resultado desse trabalho foi apresentado no local.

No sábado a tarde, o Parque Getúlio Vargas recebeu outra atração, com as intervenções urbanas da Oficina de Experimentação Teatral - Experimentos Urbanos, resultado de trabalho desenvolvido pela Tainah Dadda, entre abril e julho deste ano. No sábado à noite, ocorreu a exibição do filme "Viúvas" - Performance sobre a ausência", outra atração da Residência Artística do Ói Nóis Aqui Traveiz em Canoas.

No domingo à tarde, os mediadores de leitura realizaram mais uma atividade no Parque Getúlio Vargas. Com foco no livo, os mediadores utilizam também recursos de teatro em suas intervenções.

Saiba mais sobre a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui no site do grupo.




Crédito da notícia: jornalista Ronaldo M. Botelho - MTE 9485

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