sábado, 25 de abril de 2015

Provocações do Tião - Da Educãção Proibida ao ressurgimento do unicórnio

Sebastião Pinheiro*

O colega Frassy sugeriu a idéia de juntar os postados, já levantada por outro colega, o Ronaldinho. Que pena ter comentado sem ter visto o vídeo sobre “Educação Proibida” postado pelo jornalista provocateur Ronaldão. Recomendo vê-lo, pelo menos três vezes (fascinação, compreensão e reflexão), mesmo com suas 2 horas e meia de duração...

Esse vídeo é como o unicórnio, que para muitos é uma figura mitíca, para outros um remanescente do Elasmotério pré-histórico e que agora ressurge como um tipo de alce raro já extinto (Coréia do Norte). Este animal dotado de uma gigantesca força, comparada ao Hercules dos 12 trabalhos, pelo qual o comparamos com o poder da Educação (sem adjetivos) mostrado, pois “Si vis pacem para Bellum”.

Pretendo exemplificar: Desde o dia 21 eu estava “indignado” por uma solicitação “Modess” (apoiar causa antiga de valor ético e moral, por tal pedagógica e revigorá-la, inconscientemente, como item de consumo ideológico partidário encobrindo inação, corrupção, e pior, antecipando interesses inconfessáveis do poder de grandes empresas. Retomarei ao final.

Ontem à noite ao ver anunciado na TV “O encouraçado de Potemkin” o assisti pela décima vez para coligir elementos e fui dormir com vontade ferina de reformular a resposta já reenviada, caso houvesse alguma nova reiteração desentendida. Usar de dissimulação não é mau vista, mas toda autenticidade é reclamada como grosseria, por isso, o unicórnio se faz necessário e presente, não como força, mas pelo seu poder de dissuasão pela sabedoria de sua bagagem.

É estranho, pois acordei cedo já planejando o vitríolo para outra reiteração. Lembrei de uma frase que vi em um muro nos fundos do Colégio Nacional da Universidade de La Plata: “Mi educación iba bien, hasta que me pusieron en la Escuela”. Em minha ignorância pensava ser de anarquistas, mas o original é atribuída ao irlandês Bernard Shaw fundador, nada mais que, da Escola de Economia de Londres. Fiquei assustado, pois no local da inscrição havia algumas velas acesas e estava marcado pelo uso, já a muito, das mesmas. Seria sátira dos estudantes?

Soube, então, que o lugar marcava onde 12 anos antes haviam sido fuzilados (paredão) 27 políticos e militares peronistas pela ditadura instalada. Antes de ver o vídeo lembrei a alegoria da II Conferencia Internacional de Saúde Quântica: O parto hoje é um processo “espartano” de trazer soldados ao mundo (sem amor) e, recentemente, ri do significativo adágio: “Todo paulista nasce em maternidade”.

No vídeo, nas primeiras falas e cena lembrou-me do professor da criança Violeta Parra que ensinava a “educação proibida”, e tão marcante, que está no filme de sua vida. Com peruanos, aprendi sobre os Amautas; no México conheci e tive a honra de estar na “Kaltaixpetaniloyan Tosepan Titataniske” (do nahuatl: “A oca que eleva o espírito para unidos vencermos”); Indígenas brasileiros dizem que crianças não podem ser tiradas das aldeias pela ruptura com a escola... Fui saber que as escolas dos Cherokees Samoset e Squanto já existiam na América do Norte em Massachussets quando aportou o MayFlower e seus peregrinos que não tiveram a liberdade para educar seu espírito na terra pátria.

De um economista “sorbonniano”, escutei que graduados na universidade não tem um nível de leitura e compreensão; Boquiaberto, sem retrucar, lembrei dos jogadores de futebol uruguaios e argentinos, que falam melhor que nossos radialistas ou políticos, embora não tenham um nível de instrução de primário incompleto. Mas, de outro economista também “sorbonniano” aprendi que sempre os “batedores” das multinacionais nos estudos dos problemas econômicos são os antropólogos, pelo que “caiu à ficha” do por que da escola de “educação proibida”. - E o vídeo?

Um estudante de relações internacionais e presidente da FUA esteve em Mossoró/RN (1994) para o Congresso de Estudantes de Agronomia do Brasil e pediu que o acompanhasse na visita ao corpo docente da Faculdade de Agronomia, que não havia permitido aos estudantes o uso das instalações para o evento. Foi divertido no sentido anarquista ou de B. Shaw. Um Doutor professor, que usa a titulação inversa, que não é a mesma coisa, perguntou quantos anos demorava um estudante para se formar no seu país. E a resposta foi dura: - O tempo que necessite ou esteja disposto. Ao que foi retrucado: - Mas e o custo? - Quem disse que a educação é um custo ou linha de montagem industrial? Onde está escrito que todos têm a mesma necessidade, capacidade, habilidade? Era tempo de Itamar e logo o economista gaúcho P.R. Souza seria o ministro da Educação de FHC, na agora “Pátria Educadora”.

Vendo o vídeo na terceira vez, embora ainda sem a consolidação do filme “Encouraçado de Potemkin” ousaria perguntar: Não seria importante um histórico anterior aos Amautas incas, mayas (médicos, dentistas), astecas, Iroqueses, guaranis, introdutório para escrachar, muito além da escola espartano-prussiana, pois não é só no aprender, mas em tudo e todos é assim determinado.

Não há agricultura no mundo que não seja a moderna, nascida dos interesses de Liebig (Prússia) e expandida por seu aluno Joseph Henry Gilbert à Grã Bretanha, e que os norte-americanos conheceram com Rockefeller (criador da Extensão Rural e da Educação Moderna nos EUA e Mundo.

Já que os paulistas nascem em maternidade. Havia, na década de sessenta, em Presidente Prudente, a “Escola dos Futuros Agricultores das Américas”, pensada pela e para a Fundação Rockefeller, executada por S. Mizoguchi, berços para a Revolução Verde, na esteira da Agricultura Moderna pós Segunda Guerra Mundial. Já nessa época, não só alunos eram catalogados entre “azuis” e “vermelhos”, a exemplo do que ocorria nas escolas militares, e sofriam os mesmos trotes para a travessia do Rubicão e pertencer às hostes como centuriões de César.

Não importava se “azuis” ou “vermelhos” defenderiam sua margem no sempre mesmo Rio Jordão, para quando o líder político “azul” dissesse uma asneira, não importa a opinião dos da margem vermelha, mas todos os militantes azuis passariam a venerar como nova luz, verdade e “filosofia” e vice-versa. Nesta situação, já não há a necessidade do unicórnio, nem mesmo espaço estrutural para sua existência, seja na educação, na agricultura, na saúde ou em qualquer meandro da vida em sociedade.

O unicórnio não é mais o dócil antílope (foto), pois a mística militar o substituiu por um formoso cavalo branco. Lógico que o cavalo é símbolo militar dos exércitos. Até recentemente, sua arma mais tradicional, haja vista a Cavalaria Aerotransportada para a derrota no Vietnã. O unicórnio tinha um significado importante para os povos das regiões frias do norte. No mar, era um baleote em cuja gordura se depositava vitamina C, imprescindível pelo clima ainda hoje para a saúde. Seu corno era um símbolo de saúde e benefícios medicinais. O unicórnio fogoso e “rompanti” (empinado) é parte do brasão do Império Britânico), talvez significando o poder do dinheiro.

Quando o Ronaldinho sugeriu copilar os postados e fazer um livro, que o Frassy reiterou, minha resposta foi: O melhor é todos começarmos a educar-nos escrevendo crônicas para que a rede social não seja usada espaço de laser alienante e dependência crematística.

Teosofia (Blavatsky), Antroposofia (Steiner) e milhões na América e África tentaram enfrentar o totalitarismo dos mentores de Franco, Mussolini, Hitler e outros. Foram como eles reduzidos a místicos em seitas e guetos. Minha inocência não permite deixar em branco: O ressurgimento, agora, segue os preceitos da OMC, para que a elite tenha seu “upgrade espiritualista laico”? Só neófitos roem pupunha crua, eis a colaboração pedagógica acima referida:

Desejar apoio ou felicitações ao Dossiê ABRASCO é arcaísmo ignóbil:

1. Que valores éticos e morais há no termo “Permanente” da Campanha de luta “contra” os Agrotóxicos e na intenção de seus financiadores? É disfarce - subterfúgio de quem transformou o país no primeiro consumidor mundial. Jamais aplicou as normas existentes na União Européia há 30 anos (EU91/914), Estados Unidos (Clinton/Farm Bill 94 Conservação de Recursos Naturais e Água) ou Japão. Nos últimos 30 anos, aqui as leis não foram aplicadas, embora manipulada, especialmente nos últimos 14 anos, pois o agrotóxico é poder absoluto e causava comoção social na mídia.

2. Convalidar essas ações é mercantilizar a conscientização, mobilização e educação adquirida nos últimos 40 anos e entregá-los no balcão de interesses partidários. O filme “O veneno está na mesa” é peça de propaganda psicossocial para a corrida aos produtos orgânicos, elevando os preços e elitizando seu comércio no interesse das grandes fundações, bancos (CIFRs) e Federações da Indústria, na contramão de todo trabalho feito sócio-cultural em toda a América Latina, desde o início da abertura política em 1972.

3. É ultrajante receber a presente solicitação no dia do centenário do uso da arma química em Ypern (Bélgica), depois levada aos lares rurais como engodo contra a fome. É aceitar o estupro continuado e genocídio cultural (como um médico motociclista já havia dito na Bolívia do MNR, aonde veio morrer vinte anos depois).

4. Os dados sobre resíduos, intoxicações e contaminações humanas, animal e ambiental há muito deixaram de ser tratados como sujeito de políticas públicas nos países centrais (Ordem do GATT). Agora passaram a ter o poder de ser objeto mercantil de serviços e negócios nos países periféricos (Ordem da OMC) para gáudio das elites: acadêmica, burocrática subalterna e política de participações.

5. Respeitem a inocência, espírito e memória dos autênticos moral e eticamente, pois “la tierra pertenence a quien la trabaja”. Y la lucha sigue y sigue un siglo después... Vejam a foto.

Em a “Arte da Guerra” de Sun Tzu ou “On War” de Clausewitz é imposto: conhecer o inimigo e vencê-lo com suas armas, não significa usar as tácticas dos marujos do Encouraçado de 1917, mas educar para que o unicórnio ressurja, não como mais um zumbi, morto vivo ou objeto de consumo.


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*Engenheiro agrônomo e florestal, ambientalista e escritor

Reproduzido do Desacato.

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