terça-feira, 21 de julho de 2015

O Sarcasmo, a Salsicha e os Abutres

Sebastião Pinheiro*

O dicionário Cambridge diz que o sarcasmo é a mais baixa forma de humor ingênuo. A palavra, que vem do grego, e etimologicamente, é “queimar a carne”, através do escárnio ou zombaria.

O mundo ficou estupefato com o “7 a 1” alemão pelo inesperado, contudo, está mais apoplético com a “Operação Lava à Jato”, que em algo similar, na Itália liquidou três juízes. Nos 7 a 1, os jogadores alemães confessaram que o que mais temiam era a invasão do campo e a fúria, pois, para eles, tudo tem um fim e somente a salsicha tem dois. Ao que, entre nós, é diametralmente oposto...

Conforme o “The New Yorker Times”, a Operação Lava à Jato já pôs as mãos sobre ex-presidentes. Um dos quais, impedido por uma Fiat Elba, agora perdeu uma Ferrari e um Porsch e um Lamborghini. Sinal que “perdeu o pelo, mas não a manha. Cresceu, desenvolveu e evoluiu pessoalmente. Ele foi à tribuna arengar sobre seus privilégios “desrespeitados”. A dúvida é se chegará aos tribunais?

“Mais rápido que enterro de bexiguento” é termo cotidiano no nordeste brasileiro, mas não é assim que a Operação Lava à Jato vem alcançando a tudo e a todos. Ao que se pode verificar que a classe política está “Mais ressabiada do que gato em dia de faxina” como repetem os sulistas, mas não há atmosfera de exaltação.

Ao contrário, a pestilência no ar nos faz lembrar o medo e terror reinante na época da Peste Negra, que aniquilou, segundo alguns historiadores, 60% da população da Europa Medieval, entre 1330 a 1370. Hoje, também, todos temem a contaminação.

Causa graça, que sua Excelência, o Senhor Presidente do Poder Legislativo, ao sentir o cheiro de torresmo de seu próprio toucinho, partiu para o revide “autorizando a CPI do BNDES”, em sintonia com o ex-presidente na tribuna, pelos mesmos “direitos e privilégios”, tirando a tranqüilidade de tudo e de todos, então absortos e enaltecidos com as continências nos pódios dos Jogos Pan americanos. De comparsa traído, desonesto e oportunista, usou “seu poder” e travestiu-se em inimigo acusador...

Em ansiedade garimpeira, o público, entretanto, não percebe que há muita diferença entre uma continência de estilo ao cumprimento de agradecimento contratual.

Volto ao futebol, lembrando a comemoração do autor do gol croata contra o México, uma continência “Za Dom”. Minha gente, há muita diferença entre um ministério de Esporte e um de Defesa em contratações. A confusão entre ambos sempre tem significados trágicos, principalmente quando há mudança de Ordem: A FIFA tinha o privilégio de ser corrupta na Ordem da Guerra Fria, mas não agora, e pode causar muito prejuízos aos negócios mais evoluídos do Império, logo, todos (os dirigentes cucarachas) estão “legalmente” presos, mas seus pares não menos pestilentos, “livres”.

O que deveria interessar não só na “Lava à Jato”, como no Futebol FIFA e nas saudações, é mais que o resultado, a taça ou a medalha-resultado é o caminho aberto ao “totalitarismo de Winston Smith” narrado por Orwell em “1984”, já que sarcasmo é a mais baixa forma de humor ingênuo...

De forma oportunista, os meios de comunicação exploram seus resultados, seus especialistas dissecam a crise política, dentro da crise econômica, no cerne da crise moral endêmica, em continência aos Media Tycoon empregadores promovem a excitação “torcedora”, grande motor patriótico.

Alguns se transformam em figuras tão patéticas quanto os técnicos em saúde que deambulavam entre os moribundos naquela Europa Medieval, com máscaras de aspecto de corvos (abutres), selecionando os contemplados para o Infra-Mundo na Europa

Fantasia de uma elite decrépita, sem “poderes” para a eliminação das “causas”, mas espicaçando pirotecnicamente seus “efeitos” psicossociais. Na nossa Ilha da Fantasia, no Planalto Central há o mesmo desespero, medo e terror.

Apesar de agourentos e feios, os “médicos” podiam representar a salvação (foto). Entre eles conhecemos Paracelsus, Nostradamus e várias centenas de outros menos famosos.


Já, os de hoje (comunicadores), não inspiram qualquer esperança para ninguém, pois não são donos de seu alvitre, conhecimento ou opinião e podem falar apenas o que interessa ou convém à Mass Media indutora na opinião pública, rigidamente na 6DoF sem saltos (foto).

É, o dicionário tem razão, com o significado de sarcasmo, mas há ingênuos, e muitos, que desconhecem a salsicha e creem haver mudanças.

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Engenheiro Agrônomo e Florestal, escritor e ambientalista

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