Sebastião Pinheiro*
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Os três casos postado pelo amigo Ronaldo embora trágicos, são
a ponta do "iceberg", pois o tema da infância é bem mais complexo:
Não aborda as crianças soldados na África (responsabilidade maior dos países industriais); nem as soldados do tráfico de
drogas na América Latina ou a prostituição infantil (pedofilia) em todos os
continentes, que mutilam valores éticos e morais delas.
O filme sueco "Minha vida de cachorro" (Mitt liv
som hund, 1985) é um libelo pelo respeito à infância com qualidade pelo Estado,
mas deficiente, principalmente no tocante ao amor e espírito. Qualquer criança
de favelas e vilas miséria, ao vê-lo, sentiriam vergonha de sua sina e
nacionalidade.
O dramático nos exemplos postados é que nos três casos as
crianças possuíam valores éticos e morais. Os argentinos eram alunos
secundaristas (11 a 16 anos) do Colégio Nacional padrão de educação da
Universidade Nacional de La Plata, elite estudantil em um país republicano em
sua essência.
Eles estavam reivindicando a manutenção do desconto estudantil na passagem de ônibus municipal e fizeram uma passeata e seu cântico "Tomála vos, pasámela" era uma paródia à Copa do Mundo FIFA do ano seguinte. Das várias dezenas, somente um deles conseguiu sobreviver à tortura, inanição, doença e simulacro de fuzilamentos na prisão na última ditadura Argentina de Videla, Massera e outros. Contudo o responsável maior foi o Secretario de Estado Henry Kissinger que deu o sinal verde para o massacre infantil, sem o qual, não ocorreria.
Eles estavam reivindicando a manutenção do desconto estudantil na passagem de ônibus municipal e fizeram uma passeata e seu cântico "Tomála vos, pasámela" era uma paródia à Copa do Mundo FIFA do ano seguinte. Das várias dezenas, somente um deles conseguiu sobreviver à tortura, inanição, doença e simulacro de fuzilamentos na prisão na última ditadura Argentina de Videla, Massera e outros. Contudo o responsável maior foi o Secretario de Estado Henry Kissinger que deu o sinal verde para o massacre infantil, sem o qual, não ocorreria.
Os 43 jovens mexicanos do curso superior de Magistério Rural
de Ayotiznapa são uma elite muita parecida à anterior, e seriam os futuros
professores dos alunos das áreas rurais mexicanas, uma das mas complexas do
mundo pela diversidade étnica, cultural e social. Foram mortos por milicias de
narcotraficantes e agentes policiais corruptos ligados ao Prefeito que desejava
que sua mulher fosse sua substituta no cargo eletivo pelo impedimento legal.
O pretexto para a chacina e desaparecimento dos jovens foi o abuso da ordem nacional de submissão à desmontagem dos direitos à educação, uma conquista constitucional e revolucionária mexicana.
O pretexto para a chacina e desaparecimento dos jovens foi o abuso da ordem nacional de submissão à desmontagem dos direitos à educação, uma conquista constitucional e revolucionária mexicana.
O terceiro exemplo é o nosso, onde jovens humildes de
comunidades carentes, geralmente afrodescendentes, são segregados na
oportunidade de emprego por serem alunos de escola pública e não terem a mesma
formação que a jeunesse dorée da zona Sul do Rio de Janeiro. Talvez seja essa a
mais dramática situação entre os três casos, pois é invisível a ausência do
Estado e joga um contingente gigantesco nas mãos do narcotráfico carioca e
nacional, onde o índice de sobrevida aos 25 anos é inferior ao da Síria em
Guerra Civil há cinco anos. Fuzilados por seus iguais fardados quando
retornavam da comemoração de um deles haver conseguido um emprego: 70 tiros de
fuzil.
O mais triste é que todos os dias vemos nos meios de
comunicação línguas de aluguel dizendo que necessitamos uma lei antiterrorismo,
atendendo a Ordem Internacional do Kissinger de turno. A Ordem é inibir e
criminalizar os Movimentos Sociais, que embora tenham defeitos, impedem
crianças de se prostituírem, ou que fiquem como reserva para o narcotráfico, pela
ausência de políticas públicas, que na Suécia existe até para cachorros e aqui
"faz de conta" ou está sob tutela de ONGs de Copacabana.
Os espartanos na Grécia antiga se preocupavam com o ensino
do valor e comportamento ético e moral elevado para que o futuro cidadão
soubesse defender a sociedade e o faziam através de fábulas e contos infantis,
pois sabiam da importância da ebulição infantil e juvenil na amplitude dos
horizontes, zênite e evolução humana.
Fui criado com as fábulas de Monteiro Lobato, mas a atual é
macabra: Em uma grande lagoa 204 milhões de bichos disputavam um lugar ao Sol.
Todos queriam ser escolhidos para cuidar do Sol, mas os sempre preteridos
denunciavam, vigilantes toda e qualquer manobra na administração do Sol sem
preocupação com resultados ou objetivos. Até que esses vigilantes, já
considerados vestais do Sol foram eleitos para cuidar do Sol. Todos acreditavam
que a esperança havia superado o medo.
O Sol brilhava forte como nunca e para todos. Estranhas denúncias começaram a surgir (Ação 470) e terminou levando um número de líderes dos vigilantes-vestais à cadeia, sem formação de quadrilha. A grande maioria devaneou, pois o ditado de antanho: "Pobre nunca come melado, mas quando come se lambuza" se encaixava, e alternava com o platônico: "São pequenas mentiras para o bem dos humildes".
O Sol brilhava forte como nunca e para todos. Estranhas denúncias começaram a surgir (Ação 470) e terminou levando um número de líderes dos vigilantes-vestais à cadeia, sem formação de quadrilha. A grande maioria devaneou, pois o ditado de antanho: "Pobre nunca come melado, mas quando come se lambuza" se encaixava, e alternava com o platônico: "São pequenas mentiras para o bem dos humildes".
Tentaram tapar o Sol com a peneira, mas não passou muito
tempo explodiu a "Lava à Jato". O Sol perdeu o brilho; Os olhos a
esperança, substituída pelo escárnio no aguardo do desespero, desemprego e
endividamento em uma crise gigante.
Muitos bichos festejavam a desgraça dos ex-vigilantes
vestais. Os disfarçados de patriotas riam como hienas. No entanto, morcegos e
macacos, a grande maioria atônitos e silenciosos respeitavam a agonia dos mais
humildes. Continuaram as novas condenações e prisões.
Chegou o dia, um escorpião clerical desrespeitou a investidura
e solicitou que a vestal-mór lhe atravessasse nas costas para o outro lado da
lagoa. Cercada de inépcia, mesmo sabendo o resultado já conhecido por todos,
ansiosa cedeu à esperteza e o escorpião subiu à suas costas...
Qual será o resultado? Na beira da lagoa clama a "turma
do deixa disso"; Uns se justificam que morrem os dois; Os ingênuos creem
que vai começar a grande depuração; Há os entreguistas, calados torcem para que
tudo continue como antes. Poucos acham mau exemplo, para as crianças. O mal
está feito, seja qual for o resultado.
Amanhã será outro dia e qualquer criança, ao crescer, vai
lembrar mais da desgraça de diminuição do diâmetro legal do crânio para
rebaixar o número de caso na microcefalia. Ela começou no estado que mais
recursos recebeu do Ministério da Saúde, do titular conterrâneo , médico e
candidato a senador, que ainda não disse um aí sobre o tema.
As crianças sem fábulas crescem e governam o Brasil que
possui mais de cem arboviroses (mesmo grupo do zika), que pela dispersão do
Aedes logo estarão infectados. As consequências nem interessam, sim que a
propina na compra do veneno seja substancial.
A consciência das crianças de La Plata, Ayotiznapa e das
favelas e vilas misérias brasileiras é única e sabem o significado de todas as
fábulas, contudo, a disputa é desigual entre o valor cívico e propina mercantil.
As elites nacionais respondem sem respeito ao patrimônio e porvir.
Onde as crianças não tem vida de cachorro, aprendem ética e
moral para a vida (foto).
O jogo do poder, seja na educação, saúde ou agricultura, impede a divulgação de livros, como "Plow´s farmers folly" (La insensatez del Labrador de Edward H. Faulkner) de 1944 (El Ateneo, Buenos Aires).
O jogo do poder, seja na educação, saúde ou agricultura, impede a divulgação de livros, como "Plow´s farmers folly" (La insensatez del Labrador de Edward H. Faulkner) de 1944 (El Ateneo, Buenos Aires).
Esse livro, em seu capítulo XII, diz que as pesquisas sóbrias e dados sérios com valor social sobre o solo e saúde das plantas deixaram de ser ensinados nas escolas e publicados na mídia pelo governo (EUA), desde 1910, quando enveredou-se no mercantilismo (propinas) de interesse financeiro, hoje denominado de Agribusiness. Esse é um dos 120 títulos banidos das bibliotecas públicas yankees.
Sem fábulas na infância, os adultos aceitam com naturalidade
o Transplante de Bioma Fecal e as tratativas sobre o Clima do Planeta na COP 21
em Paris, como se o futuro do planeta estivesse dependente dos humores das
Bolsas ou preços e bonificações.
Não é fábula, há gente pensando em reparar a microcefalia
através fisioterapia, e, no futuro, com transplante de cérebro.
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Engenheiro Agrônomo e Florestal, escritor e ambientalista
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