Sebastião Pinheiro*
A primeira
pessoa que ouvi abordar o tema dos radicais livres foi o médico homeopata
fluminense Radjalma Cabral Lima. Eu estava dando um curso no Assentamento na
antiga Fazenda Normandia próximo a Carauru/PE . Ele apareceu e foi convidado a
dar uma oficina sobre saúde. Ensinou como os indígenas consertam seus corações
e problemas comuns a todos ao compassar a batida dos pés (de todos) no chão,
meditação dinâmica extremamente profunda que deixa as meditações personalistas
ou individualistas no chinelo. Isso foi no final do Século XX.
Ali, também
conheci o famoso biólogo “Lula do Mel”, que conhece abelhas como poucos no
país. Os alunos eram engenheiros agrônomos recém-contratados pelo antigo
MIRAD/INCRA para atuar nos assentamentos. A quase totalidade, inexperiente,
trazia o vício messianista da elite local, periodicamente expelidos em minoria
revoltada de muitas universidades, vítimas da reciclagem do modelo. Tornam-se,
posteriormente, expoentes na política local, e não raros com projeção na
política nacional. Mantendo o status quo, confundindo revolta individual e
rebeldia comunitária com oportunidade de ascensão social e futuro. Eles ficaram
bem contrariados e os mais ousados externaram seu descontentamento.
Já se vão
duas décadas e quanto mais envelheço, mais presente tenho os Brasis que muitos
desconhecem. Os jornais alardeiam dois pataxós que se formaram médicos na UFMG;
Ano passado foi uma Kaigang no RS. No Mato Grosso (do Norte), foto um grupo de
brasileiros se formou em Pedagogia.
Imagino as reflexões dos amigos Dra. em
filosofia Cristine Takuá, Prof. Maximino Rodrigues, e muitos que estavam no
Seminário Internacional de Educação para o Campo, em Uberlândia, organizado
pelo Dr. Prof. Antonio Claudio.
Relembro o
já exposto que, anos antes, uma jovem indígena havia se formado em Direito e o
pró-reitor estava muito exultante para trazê-la para uma palestra. Foi parado
em seu consumismo exótico ao ser perguntado: Desde quando no Brasil há
Faculdades de Direito Indígenas. Sim, é uma pergunta muito boa, quando teremos Universidades
Indígenas para nos formarmos. Não se ofendam, o mundo está sinalizando, e a
eleição de Trump é diagnóstico definitivo, que é preciso aprender éticas
civilizatórias nativas, e o mesmo vale para outras populações tradicionais,
pois os adventícios estão deixando muito a desejar, e a crise alastrasse
tornar-se epidêmica, em um mundo confuso e mais perigoso que os radicais
livres, que enunciava o Dr. Radjalma.
Agora,
termino de reler um artigo dos tchecos sobre os radicais livres,
metalothioneinas uso de agrotóxicos e riscos de câncer. Com o atual sistema
ético na educação e manejo da tecnologia nos sistemas vivos, vamos necessitar,
e muito, dos ensinamentos civilizatórios indígenas ou teremos, como disse a
ministra presidente do STF: Guerra e não paz...
Traduzo
parte do artigo dos tchecos:
“Os
radicais livres, metalothioneinas são partículas químicas contendo um ou mais
elétrons, não emparelhados, que podem ser parte da molécula. Eles fazem com que
a molécula se torne altamente reativo. Os radicais livres (a) podem ser gerados
durante a irradiação UV, raios X ou gama, (b) são produtos de reações
catalisadas por metais, (c) estão presentes no ar como poluentes, (d) são
produzidos por neutrófilos e Macrófagos durante a inflamação e (e) são
subprodutos da cadeia respiratória mitocondrial. Radicais livres são conhecidos
por desempenhar um papel duplo em sistemas biológicos, porque eles podem ser
considerados benéficos ou deletérios. Os efeitos benéficos dos radicais livres
estão na resposta imune à infecção e que eles são uma parte de muitos sistemas
de sinalização celular. Em contraste, em altas concentrações de radicais
livres, eles podem ser importantes mediadores de danos às estruturas celulares,
incluindo lipídios e membranas, proteínas e ácidos nucleicos, quando ocorre
estresse oxidativo.
Os efeitos
nocivos dos radicais livres são equilibrados pela ação antioxidante de enzimas
antioxidantes e antioxidantes não-enzimáticos [5]. Apesar da presença do
sistema de defesa antioxidante, que protege as células dos danos oxidativos
originados pelos radicais livres, os danos oxidativos acumulam-se durante o
ciclo de vida e, com os radicais relacionados com danos de DNA, proteínas e
lipídios, desempenha um papel chave no desenvolvimento de doenças, como câncer,
aterosclerose, artrite e doenças neurodegenerativas . Os radicais livres mais
importantes em organismos aeróbios são espécies reativas ao oxigênio (ROS) e
espécies reativas ao nitrogênio (RNS). Uma síntese das espécies reativas mais
importantes do oxigênio e do Nitrogênio está resumido em (Tabela 1) Foto.
Nesta
revisão, nossa atenção está voltada para as relações mútuas de metalotioneína e
íons de zinco (II).
As
metalotioneínas (MTs) pertencem ao grupo de proteínas intracelulares ricas em
cisteína, ligadas a metais que foram encontradas em bactérias, plantas,
invertebrados e vertebrados.
Estas proteínas foram descobertas em 1957 como
proteínas de ligação ao cádmio isoladas de rim de cavalo. Desde a sua
descoberta, estas proteínas ricas em cisteína de baixo peso molecular têm sido
continuamente estudadas em todas incluindo propriedades físicas, químicas e
bioquímicas. Mamíferos MTs pode conter 61-68 aminoácidos, e entre eles 20 são
cisteínas. Estas proteínas únicas estão envolvidas em diversas funções
intracelulares [18], mas seu papel na desintoxicação de metais pesados e na
manutenção da homeostase essencial de íons metálicos, que é devido à sua alta
afinidade por esses metais, é principalmente investigados. Para os mamíferos,
MTs ligam o zinco, mas com excesso de cobre ou cádmio, o zinco pode ser
facilmente substituído por esses metais. Células que contêm quantidades
excessivas de MTs são resistentes à toxicidade de cádmio, enquanto linhas
celulares que não podem sintetizar MTs são sensíveis ao cádmio. Estudos genéticos
usando modelos de camundongos transgênicos ou knockout são mais evidências do
papel das MTs na proteção contra toxicidade de cádmio. Com base em modelos
estruturais, pode-se supor que a molécula MT é composta por dois domínios de
ligação, α e β, que são compostos por clusters de cisteína. A ligação covalente
de átomos metálicos envolve resíduos de sulfídrico cisteína (Foto). A parte
N-terminal do peptídeo é designada por domínio β e tem três locais de ligação
para íons bivalentes, e a parte C-terminal (o domínio α) tem a capacidade de
ligar quatro íons metálicos bivalentes.
O Dr. Prof.
Volney Garrafa, em 1999 em Brasília, no Seminário sobre os Transgênicos no STJ
mereceu o questionamento: “Quando o conhecimento na Biologia Molecular está
subordinado ao mercantilismo imperial na Sociedade Industrial Moderna, qual é o
poder da Bioética moderna (adventícia) para alterar esses rumos? Desde 1919,
oficial e legalmente são conhecidos os danos dos agrotóxicos na saúde e
natureza, mas eles continuam em ascenção...
Estes
formandos tem uma tarefa gigantesca engrossar as fileiras para a retomada do
caminho Ético na e com a Natureza. Valeu o pioneirismo grande mestre, médico
homeopata Radjalma, já há uma trilha a encontrar.
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*Engenheiro agrônomo e florestal, ambientalista e escritor
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