"O HAMAS, que é um grupo palestino muçulmano sunita, tem como intenção, através de ataques, serem ouvidos sobre a situação caótica de seu povo árabe, pois através do diálogo não houve uma resposta satisfatória."
sexta-feira, 3 de agosto de 2018
Encontrar um amigo é sempre abrir uma janela para o Paraíso
Nesses dias sombrios, é sempre bom olhar para o Sol. Sempre vale a pena os respiros dos encontros, mesmo que rápidos, mesmo que improvisados, mesmo que fora do Sinal Fechado. E nesta tarde de quinta, que tirei para resolver coisas, entre boletos e poemas, tive ganhos de vida. Ao passar pelo Largo Glênio Peres, ao lado do Mercado, avisto um idoso nada convencional, e reparando bem naquela barba branca, sob o chapéu inconfundível, descubro um amigo, ex-professor bukowskiano de outrora. Motivo nobre para um cafezinho e alguns minutos de reflexão sobre nossos tempos: sobrevivência, profissão, arte, história, e claro, Política. Sempre é um ganho esses momentos. Nos despedimos e, mais tarde – olhe como são as energias – passando por minha ex-faculdade avisto, mexendo em seu celular, um colega daqueles tempos; novos papos, renovadas lembranças, e claro, alguns comentários sobre o contexto social. Nesse meio tempo, vejam, pinta outra contemporânea da universidade, e nos juntamos, nós três, naquela intensa mistura de satisfação, análise de conjuntura e nostalgia. Falamos, por exemplo, sobre colegas de procedências modestas, que se formaram, como nós, em uma universidade pública, e que hoje andam ocupando espaços destacados pelos mundo das artes, da educação, da tecnologia e da política; sobre a distância abissal do discurso do Mercado, sobre a exigência que este faz de um “profissional crítico” e o quanto, na contradição disso, é a canalhice a mais premiada nesse mesmo ambiente, particularmente na imprensa; sobre o quanto a fome de Jornalismo campeia em nosso Estado, e claro, contagia as pautas, as telas e as mentes, como no País afora. Um desses colegas, que integrava o quadro da TVE, que já foi um oásis da comunicação inteligente por aqui, passou a ter sua trajetória e qualificação violentamente descartada quando foi transferida para uma “repartição” estranha à sua área, a partir da extinção daquela fundação pública pelo governo do Mdb de Sartori/Temer/Cunha - a mesma medida que afetou centenas de outros profissionais de gabarito, com o consequente desperdício de dinheiro público que o Estado investiu, por anos, por meio de estruturas, qualificações e tecnologias. Com o outro colega, hoje professor, conversamos sobre os caminhos para ensinar gente que vem da periferia e que, por isso, já respira todo dia as melhores pautas, no coração, na boca, na pele, precisando apenas formatá-las para um português ajustável aos panfletos das empresas que vão pagar seu salário no futuro, em troca de poder maquiar a sua produção textual, para agradar as classes A e B. E eu da minha parte, da minha corda bamba entre o mundo do dinheiro e o mundo da vida, mais ouvi do que falei; mas com a conversa, muito pensei sobre como a academia repete o mercado, e como esse pasteuriza nossos sonhos para movimentar toda essa máquina de engolir gente. E nisso, não pude deixar de lembrar daquele professor Bukowskiano, que dizia frases como "Jornalismo é Subversão!" , "Eu não tenho certeza de nada!", e "Eu não quero ser esquecido!". Bom, isso [parece] foi ontem, hoje, levanto e preparo um café, que o mundo não acabou, e nem o Bukowski que existe em cada jornalista não-resignado.
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