quinta-feira, 9 de março de 2023

Dia Internacional da Mulher 

Solidariedade, assistência e arte no Bairro Farrapos*





O Dia Internacional da Mulher vai contar com uma programação especial no Bairro Farrapos, com um evento de múltiplas atividades: atendimento jurídico, oficina de maquiagem, corte de cabelo, orientação em saúde e moradia e inscrições em cursos gratuitos.

O evento ocorre no domingo, 12, a partir das 14h30, na Praça do Sesi – Rua Bambas da Orgia, S/n, V. Farrapos, em mais uma iniciativa do Comitê de Lutas do Bairro Farrapos.

Organização Civil

Inaugurado em julho de 2022, o Comitê de Lutas do Bairro Farrapos é um coletivo de moradores que tem por objetivo estimular e proporcionar a organização popular dos moradores para a reivindicação e a defesa de seus direitos. O Comitê atua nos âmbitos assistencial, cultural e político.

No local, são preparadas e servidas refeições por voluntários do bairro para dezenas de famílias em situação de vulnerabilidade. Também está sendo montada no espaço uma biblioteca e uma infraestrutura básica para reuniões e outras atividades de capacitação e de geração de renda. Recentemente, esse coletivo estruturou-se estatutariamente, convertendo-se em Associação pelo Desenvolvimento do Bairro Farrapos.

*Relise enviado em 09.3.2023 à pauteiros da imprensa gaúcha em apoio à divulgação desse importante evento para aquela comunidade porto-alegrense, mas, pelo monitorado até o momento. O evento foi solenemente ignorado pela imprensa corporativa - como a RBS e o Jornal do Comércio - sendo divulgado apenas no jornal Brasil de Fato, ligado aos movimentos sociais. Parece se confirmar a impressão que essa imprensa comercial hegemônica só tende a se interessar pela periferia quando há violência e sangue por lá.














segunda-feira, 6 de março de 2023

Transporte público, de massa e de qualidade: o melhor negócio para o País (por Ronaldo Botelho)

A solução passa pela execução de projetos estruturais, como uma política de Estado, que atravesse governos*

Foto: do autor

 


Ronaldo Martins Botelho 

 

Sul 21 - Opinião - 06.3.2023

 

O ônibus enquanto solução para o transporte urbano de massa está superado há muito tempo. Em capitais em que a sociedade civil se deu conta disso, a reação acontece. É o caso do Movimento Mais Metrô em SP, o METRÔ QUE O RIO PRECISA no RJ e o Floripa Sustentável em SC, para citar só alguns.

Poderia se ter alguma esperança que a gestão do MDB de Renan Filho no Ministério dos Transportes se sensibilize para isso? A ver.

Fato é que, nesse País, os lobbys das empresas de transporte rodoviário e da indústria automobilística, aliados a uma visão política historicamente míope sobre a demanda do transporte e mobilidade urbana, mantêm as conveniências, para o sofrimento dos usuários.

Custo social

Amortece essa opressão os serviços de transporte de qualidade, como ainda têm sido, por décadas, o caso da centenária Companhia Carris Porto-Alegrense . Mas o neoliberalismo, que visa o lucro e não a vida, tende a tornar deficitárias também essas alternativas.

É público e notório o sucateamento dessa empresa, desde sempre na mira de privatização pela gestão de Melonaro. Pessoal da Associação dos Trabalhadores do Transporte Rodoviários de Porto Alegre sabe do que falo.

E o receituário para isso é conhecido: sucateia, precariza os serviços, desmoraliza e constrói o discurso sobre a necessidade de vender para a “competência privada”.

Parece ter feito parte desse pacote a extinção da prestativa linha Universitária, que ligava três campis da UFRGS e a PUCRS. Criada a partir de demandas planejadas e identificadas, essa linha era uma alternativa popular, rápida e confortável, que contemplava milhares de trabalhadores e estudantes.

E por falar em popular, parece que o caráter racionalizador antissocial dessa política privatista do atual governo municipal para o transporte público de Porto Alegre vai muito além de linhas e horários.

Em dezembro de 2021, extinção do acesso ao meio passe para professores e estudantes de pós-graduação e a restrição rigorosa para os demais estudantes a esse mesmo direito, decretada por esse governo, impactou sensivelmente esses segmentos. Na ocasião, o jornal Sul 21 registrou a repercussão negativa de tais medidas.

Nesse cenário de deficiências e limitações, é claro que a uberização surfa como um mal necessário. Mas o sintoma não serve como explicação para a causa.

Direito X Privilégio

O transporte público e popular de qualidade segue tendo um papel relevante e insubstituível, particularmente nas regiões metropolitanas. Mas se trata de um serviço de alto interesse coletivo, cujas demandas, lucros e investimentos devem passar por critérios de responsabilidade social, muito além de planilhas de maximização lucrativa.

Do contrário, o alto valor das tarifas com a redução dos subsídios, tende a torná-lo um privilégio o que é constitucionalmente assegurado como um direito.

E se algum porto-alegrense ainda tem dúvida sobre os motivos para essa atenção, basta observar as esperas e filas nos terminais dos centros urbanos – alguns desses, como do Triângulo, o do Viaduto da Conceição e o do terminal São Jorge, com problemas estruturais que beiram ao a abandono.

Diante desse cenário, já há quem não se surpreenda com uma espera de cerca de 5min para subir em um ônibus superlotado, como testemunhei há poucos dias, por volta das 7h30, no Terminal São Jorge, em um dos veículos da Linha T11.

Essa linha, que tem um de seus terminais no Aeroporto Internacional Salgado Filho – POA , integra o grupo de transversais que oferece um valoroso conjunto de opções para cruzar a cidade de ponta à ponta e que o governo de Melo também está conseguindo precarizar.

A EPTC – Empresa Pública de Transporte e Circulação (oficial), tão hábil em aplicar multas – e quem sabe outros órgãos públicos competentes – poderiam prestar mais atenção na fiscalização desse serviço tão essencial na capital gaúcha.

Semelhante expectativa deve se esperar da Metroplan, no sentido de identificar e responder com mais celeridade e eficácia às demandas dessa natureza no âmbito metropolitano.

A despeito disso, a solução passa pela execução de projetos estruturais, como uma política de Estado, que atravesse governos. E como assinalei na abertura dessa reflexão, o Metrô é um caminho imperante e indispensável nesse norte. Disso depende milhões de vidas, isso esperam algumas gerações.













sexta-feira, 3 de março de 2023

El vino de Caxias y el rostro humano de la comida*

Una denuncia del trabajo esclavo ocurrida a finales de febrero, en el municipio gaucho de Caxias do Sul, al sur de Brasil, aún resuena a nivel nacional e internacional, produciendo indignación, investigaciones, castigos y debates en todo el país. 

La denuncia de los trabajadores salió a la luz luego de la huida de tres trabajadores de Bahía, víctimas de condiciones infrahumanas, que lograron escapar del alojamiento en el que se encontraban y buscar ayuda de la Policía Federal de Carreteras en el municipio vecino. Ante el incidente, la Policía Federal movilizó un grupo de trabajo, que rescató a más de doscientos trabajadores más que laboraban en la viña.

Las imágenes, rápidamente reflejadas en los medios, muestran la promiscuidad de los lugares donde los trabajadores dormían y hacían sus necesidades, sin las mínimas condiciones de higiene, salud y dignidad. 

Además, estos trabajadores fueron condicionados a contraer deudas desproporcionadas a sus salarios. Según testimonios, los trabajadores también sufrieron presiones psicológicas, golpes y descargas eléctricas. El episodio ha dado lugar a investigaciones y denuncias más profundas y afecta a varios sectores involucrados en la cadena vitivinícola del sur.

Además de multas y perjuicios para las tres bodegas que venden la producción de estos trabajadores, este episodio tiende a generar impactos significativos en la economía estatal y ya tiene repercusiones en la imagen del sector vitivinícola brasileño en su conjunto. 

Desafortunadamente, este caso no es, en sí mismo, completamente nuevo en la historia de las relaciones laborales en Brasil, el último país en acabar con la esclavitud en las Américas. No aislado. Según datos del Ministerio de Trabajo y Empleo de Brasil, difundidos por la ONG Repórter Social, el país encontró 2.575 personas en situación análoga a la esclavitud en 2022, la cifra más alta desde los 2.808 trabajadores en 2013.

En el contexto de las nuevas posibilidades de comunicación de hoy, un caso como este debe ser observado con atención, especialmente en términos de comportamiento del consumidor en relación con los productos que compra. 

La identificación del consumidor con el alimento que consume y las condiciones de producción de este producto son cada vez más estrechas. En esta relación interfieren factores que van mucho más allá de la atención a la calidad del producto en sí, extendiéndose a aspectos laborales, sanitarios, ambientales y culturales de la mano de obra involucrada en su relación con una determinada cadena alimentaria.

El despertar de nuevas sensibilidades en la relación con la naturaleza y la cultura hace que los seres humanos estén más atentos al consumo responsable, bajo una conciencia y una ética que van más allá de la mera relación comercial. 

En el contexto de un mundo globalizado, no sólo los bienes y sus mercados crean rápidos niveles de interacción e intercambio, sino también los seres humanos involucrados en ellos, a pesar de lo que muchos empresarios insisten en ignorar. 

El espectro de representación de intereses atraviesa el nivel institucional, movilizando redes civiles y movimientos sociales, especialmente los vinculados a la producción agropecuaria, que se expandieron rápidamente por regiones y continentes.

Por eso, el productor agrícola y ganadero del siglo XXI debe estar atento al mundo, ser consciente de que su producto no sólo lo sustenta, está inserto en una cadena productiva, sino que involucra cadenas de vidas y culturas. 

Como ya apuntaba proféticamente el inolvidable educador Paulo Freire, pedagogo que sigue siendo un referente en la educación de los trabajadores agrícolas: “No basta saber leer que 'Eva vio la uva'. Hay que entender qué posición ocupa Eva en su contexto social, quién trabaja para producir la uva y quién se beneficia de ese trabajo”. 

*Artigo enviado para publicação à Revista Union, da UGT, em 09.3.2023, e aos jornais La Tribuna de Alba e Diário La Tribuna, em 03.3.2023, todos sem retorno até o momento desta edição.