sexta-feira, 17 de setembro de 2010

México, tráfico e democracia

O assassinato frio, por traficantes, do fotógrafo Luis Carlos Santiago, do jornal mexicano Diário de Juárez, nessa quinta-feira, 16, perturba o exercício do jornalismo livre em nosso continente, mas é a ponta de um iceberg de outras questões graves naquele País, e que convidam a reflexão. O crime organizado é hoje o pior problema em Ciudad Juárez (México), que faz fronteira com El Paso, no Texas (EUA).  
Em março deste ano, o jornal uruguaio Brecha (http://www.brecha.com.uy/) já alertava que nos últimos dois anos a guerra entre “narcos” já causou 4 mil e 600 mortos e 100 mil refugiados naquela Região, onde as mulheres são vítimas em especial - em setembro do ano passado, o número de mulheres assassinadas em Ciudad Juárez beirava a 400, o que tem mobilizados diversos protestos pelo mundo.
Conforme o boletim Meridiano (http://meridiano47.info), no dia 22 de outubro de 2007, os presidentes do México, Felipe Calderón, e George W. Bush, dos Estados Unidos, anunciaram um programa de cooperação bilateral chamado Iniciativa Mérida, que previu um pacote de 1,4 bilhão de dólares em apoio financeiro norte-americano dirigido ao México, liberado ao longo de três anos (2008, 2009 e 2010). Várias estratégias, desde então, tem sido desencadeadas no México, desde os EUA, para o combate ao narcotráfico. Mas os resultados de todas elas tem apontado que a simples prisão de líderes e combate frontal, bem como o caminho meramente militar, apenas tem aprofundado a violência e a corrupção naquele País.
Não há indícios claros de que o governo Obama pretenda alterar essa perspectiva militarizada nessa questão. Em uma outra orientação, o exemplo da Colômbia, com a estratégia de ocupação territorial, rendeu exemplos significativos em Bogotá. A redução de até 70% no índice de homicídios nessa cidade mereceu atenção mundial e fez com que a Colômbia exportasse a experiência para outros Países, como é o caso do Brasil. Os Territórios de Paz, um dos pilares da política de segurança pública de Lula, tiveram inspiração, entre outros, no modelo colombiano. Implementados na gestão do então ministro Tarso Genro, através do PRONASCI, os “Territórios” têm rendido bons resultados no País, especialmente ao nível da prevenção. O tráfico se alimenta por um tripé claro e nocivo: as carências sociais; a corrupção e a cultura armamentista, alimentada pelos agentes da indústria bélica. Combatê-lo, portanto, envolve, sobretudo, políticas sociais adequadas e condizentes com um modelo democrático que concebe a cidadania, em sua plenitude, como mola mestra da democracia.

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