quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mais transparência, menos mitos, outras versões

Ouvido ontem o comentário do historiador Marco Antônio Villa sobre a morte de Romeu Tuma no Jornal da Cultura (que, aliás, está ótimo nesse formato interpretativo) contemplei-me com a avaliação daquele comentarista, sobre a importância da abertura dos arquivos da ditadura militar pela União, a fim de que os pesquisadores possam contribuir melhor para evitar a criação de mitos. Romeu Tuma, falecido no último dia 26, prestou serviços interessantes ao estado brasileiro, em áreas estratégicas, como o combate ao tráfico. Todavia, esse experiente policial teve também atuações durante o nosso período de ausência de direitos democráticos, que precisam serem melhor esclarecidas. Tuma foi diretor geral do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) paulista de 1977 a 1982, entre outros cargos importantes, naquele período em que o temido Sérgio Fernando Paranhos Fleury – apontado como chefe do cruel e assassino Esquadrão da Morte -  era contemporâneo e subordinado de Tuma. Foi nessa fase que se fortaleceu a prática da tortura do País – já disseminada desde a Era Vargas. Fleury, a despeito das limitadas informações disponíveis, rendeu ao jornalista Percival de Souza a obra Autópsia do Medo Vida e Morte do Delegado Sérgio Paranhos Fleury (editora Globo, 649 páginas). É bem provável que outro biografo se encarregue de contar melhor a história de Tuma, e lance mais luz sobre seu passado. Independente disso, insisto, o Estado precisa fazer a sua parte na construção dessa transparência sobre nosso passado, única maneira de superarmos suas mazelas e não mais as repetirmos. Enquanto isso não ocorre, bonas referências sobre o tema, e assuntos relacionados estão disponíveis no site Direitos Humanos na Iternet.

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