Há palavras sobre as quais temos já um sentido pré-definido, desgastado pelo mau uso histórico que se fez delas e, por causa disso, costumamos reduzi-las, evitá-las, enfim, relativizar a sua profundidade. O que pode ser equivocado. Especialmente porque as palavras dependem de contextos. Outras descartamos a priori pela associação supostamente preconceituosa que a elas se atribui. Um caminho que pode ser dogmático, visto que as palavras estão carregadas também de estigmas, elas não são a essência das coisas, mas as suas representações. A intencionalidade do autor que as pronunciam e a qualidade do público que as interpreta, isso que as relativiza e as considera na sua real dimensão. E há, ainda, as novas palavras que se acumulam em nossa língua, que nem sempre são simpáticas, mas que se tornam parte do cotidiano. E fugir disso também pode nos distanciar de códigos de comunicação importantes, não que seja importante interiorizá-los. As palavras, logo, são elementos vivos que tem história por trás, e por isso mesmo implicam contextualizações. Mesmo os conceitos, que se entendem por mais profundos, são re-significados por diferentes autores. Daí a necessidade de referenciá-los, caso se queira ser entendido em uma certa direção. Essas breves reflexões sobre o que é a palavra e o que importam ante a complexidade de cada ser humano em sua realidade me vieram a tona a partir de uma primeira leitura do texto Os sete sapatos sujos, do escritor moçambicano Mia Couto, reflexão que merece uma, ou várias leituras. Mas também não deixa de ser oportuno examinar, a luz dessas considerações, o impacto da proposta de mudança do nome da estatal brasileira Petrobrás para PetroBrax. O que importa e a quem importaria isso? Bem além de uma questão de grafia, certamente.
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