quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O coração dos artistas brasileiros e a utopia

O entusiástico apoio recebido por Dilma de intelectuais brasileiros no último dia 18, e exibido nesta neste dia 20 no programa eleitoral da candidata, indicou uma forte demonstração de posicionamento da classe artística, expressiva naquele ato. Como Darcy Ribeiro refletia, sou dos que entendem que o artista brasileiro, diferente daqueles do primeiro mundo, não podem se dar o luxo de virarem as costas para a política. Aliás, com todos os seus personagens folclorísticos, tendo a entender como salutar essa entrada expressiva de  celebridades na atividade política. Ainda que isso possa parecer, por vezes, comprometedor em termos de qualidade, a médio e longo prazo tende a ser educativo. As máscaras que caem daqueles que agem reacionariamente nos palanques pode ser uma ótima contribuição politizadora para a sociedade brasileira, que em outros tempos encontrava esses ícones fora dos palcos encantados do show business apenas na presença episódica - e oportunista - dos chamados showmícios, ou seja, superficialmente. Com a participação direta no jogo, cada um mostra sua cara real. Agora, com relação ao ato realizado no Leblon, em que pese a participação mista de intelectuais artistas e outros setores da cultura, é fato que sempre que os artistas entram em cena por uma proposta mais generosa dão um gás mais interessante à política. Todavia, é necessário notar que, ainda que emocionante, o ato do dia 18 pouco se compara ao verdadeiro movimento nacional artístico que mobilizou o País em apoio a Lula nas eleições de 1989 (ver abaixo). Naquele momento, por diversas razões especiais, havia um engajamento mais forte. A bandeira da esquerda ainda pode ser identificada por uma sociedade mais justa e igualitária. Mas na trajetória por um projeto de País no âmbito eleitoral, é compreensível que estratégias de risco, alianças amplas e outros elementos que integram o jogo político tenham reflexos no comportamento dos artistas identificados com a Liberdade. Mesmo assim, o ato do dia 18 é nobre e precioso porque indica, sobretudo, que nem tudo está perdido no mundo das celebridades. Também por isso um rápido olhar entre 1989 e 2010 é interessante. Descontando a carácterística técnicas e tipológicas de ambas gravações - a primeira, de um público, expontânea; a segunda, de um gingle, gravado - o que importa aqui notar são os elementos simbólicos, presentes ou ausentes em ambos momentos.  Mas, acima de tudo, a comparação é sempre construtiva para contextualizar como funciona o coração do artista identificado com a esquerda. Este é, em última análise, o coração da juventude. Ou, se quisermos, o  coração do País.

 Ato de intelectuais e artistas em apoio a Dilma - RJ, 2010




Gingle da Campanha de Lula, gravado por artistas em 1989



Em tempo: Ainda n entendi a "gravidade" do "ferimento" dramatizada na Globo, Folha e Cia sobre a "agressão" ao candidato José Serra. As imagens abaixo, que retratam um pouco o momento desmentem, mais uma vez, o barulho e denotam que o antipetismo está ainda presente em qualquer oportunidade.

Um comentário:

Letícia Jesus disse...

O maís hilário é que o tão temido objeto pontiagudo era apenas:.......UMA BOLINHA DE PAPEL, que meigo!
Apenas o SBT desmontou o Factóide.
Veja no site:
http://www.revistaforum.com.br/blog/