terça-feira, 26 de abril de 2011

Trocar impressões é uma forma saudável de entender a vida

Somos seres sociáveis, e o diálogo com a diferença é crucial para derrubarmos certezas e amadurecermos olhares superficiais sobre o que nos cerca. Não somos prontos, o ser humano é uma permanente construção. A dinâmica da vida social, potencializada pela intensidade da produção informativa e sua difusão instantânea por meio de tecnologias progressivamente mais sofisticadas, estimula sensações de impotência de assimilação. Mas assimilar é um processo complexo, que envolve diferentes modos. O olhar, por exemplo, é um deles poderoso. Ler o que está a nossa volta pode ser tão rico e problematizante quanto uma crônica escrita.

Há quem diga que a bola da vez são as novelas, que deixaram, há muito, de ser só entretenimento. Na medida em que associam ocorrências de sentido comum, do presente e do passado, ao cotidiano de um drama - seja por via direta, seja por inter-textualidades os melodramas trazem subsídios para olharmos de maneira mais saliente o modo de ser de coletividades. Mesmo pobres na narrativas, ou homogêneas na visão de mundo, as produções televisivas deixam brechas diversas para “enxergar o que não se quer mostrar”.

Poderia estender, com as devidas proporções, essa mesma leitura para os seriados, telejornais e outros produtos que se modelam ou agonizam na tela nesses tempos de sociedade midiatizada. O fato é que, se mudou as formas de relação das pessoas com os bens simbólicos - agora em um nível veloz, direto e fragmentado – permanece a necessidade da troca. E nisso, vale tudo. Do vizinho (quem ainda o tem) ao próximo de uma fila; da hora do cafezinho a reunião formal; da vida a dois à vida profissional. 

Mídias eletrônicas complexificaram essas relações e, por vezes, ampliaram, mas devem manter por muito tempo a nossa necessidade vital de negociar sentidos e impressões. Pelo menos enquanto pudermos nos intitular seres humanos.

Nenhum comentário: