Dinâmica que é, a vida atropela sentimentos. Mas a pontencialização das relações sociais, que a internet e outras tecnologias possibilitaram, tem sido um progressivamente assustador no impacto diário sobre o modo de ser das pessoas. A respeito disso, a fé, como mistério em direção ao transcendental é ainda um terreno protegido da racionalidade detonadora de corações. Para além do porque e do no que, a fé envolve um tipo de relação com o estranho, com o outro, que é complexa demais para ser interpretada ou engavetada por teorias. Nesse aspecto, tem motivos para trazer boas luzes o filme Homens e Deuses, de Xavier Beauvois, com nomes como Lambert Wilson e Michael Lonsdale no elenco, e inspirado na vida dos monges cistercienses que viviam numa remota localidade argelina no início dos anos 1990. Ameaçados, recusam-se a abandonar o país e também não querem proteção do Exército, o que os afastaria da população. A preservação da vida, em sua plenitude, se coloca como um dilema para aqueles religiosos. Temos hoje a vida como um conceito controverso, uma oportunidade para correr em busca do não se sabe o que. E o momento, o presente, se esvai como areia em nossas mãos. Isso também é motivo de vigilância própria. A dúvida é uma forma de amar, ante a certeza da morte. Pode ser que, sem sabermos, a dinâmica mecanicista dessa existência tende a virar algo que desconfio se distanciar do humano.
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