Rodriguinho tinha seis anos. E não gostava de missa. Em frente do cemitério tinha uma igreja; na frente da igreja um pipoqueiro. Chamava-se Manoel. Todos domingos, após a missa, seu Manoel tinha pipoca quente e saborosa para a alegria da criançada, e de Rodriguinho, que às 11h30 em ponto, se sentia mais leve e se soltava da mão de sua mãe, logo após o “ide em paz” do padre. O um cruzeiro já era guardado enroladinho em sua mão, esperando a troca pelo saco de pipoca. Um dia, seu Manoel não estava, e a missa ficou mais longa. No final, antes do “ide em Paz”, o padre pediu uma prece a alma do pipoqueiro, “que não mais está entre nós”. Rodriguinho não chorou, mas nunca mais lembrou do gosto de pipoca quando a mãe o convidava para ir a missa.
Um comentário:
Eu ia com meu avô às missas na Igreja da Vila Maria. Lá também tinha um pipoqueiro. Mas meu avô morreu primeiro. Eu não fazia questão da missa, nem da pipoca. Era o nosso momento. E durou tão pouco.
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