terça-feira, 14 de junho de 2011

Mini-conto – Missa com gosto de pipoca

Rodriguinho tinha seis anos. E não gostava de missa. Em frente do cemitério tinha uma igreja; na frente da igreja um pipoqueiro. Chamava-se Manoel. Todos domingos, após a missa, seu Manoel tinha pipoca quente e saborosa para a alegria da criançada, e de Rodriguinho, que às 11h30 em ponto, se sentia mais leve e se soltava da mão de sua mãe, logo após o “ide em paz” do padre. O um cruzeiro já era guardado enroladinho em sua mão, esperando a troca pelo saco de pipoca. Um dia, seu Manoel não estava, e a missa ficou mais longa. No final, antes do “ide em Paz”, o padre pediu uma prece a alma do pipoqueiro, “que não mais está entre nós”. Rodriguinho não chorou, mas nunca mais lembrou do gosto de pipoca quando a mãe o convidava para ir a missa.

Um comentário:

Adriana Cirqueira disse...

Eu ia com meu avô às missas na Igreja da Vila Maria. Lá também tinha um pipoqueiro. Mas meu avô morreu primeiro. Eu não fazia questão da missa, nem da pipoca. Era o nosso momento. E durou tão pouco.