O fenômeno pode existir mais ou menos assim: Há uma dor, e várias maneiras de encará-la. Na falta de compreensão, coragem ou autonomia, se transfere a origem do problema para um ente invisível. Nesse caso, dúzias de explicações sagradas auxiliam na escravidão mental. E a alma, é o pretexto e a fatura para a receita do suposto alívio. O restante é pago no restante da vida. Ou senão, há uma condição de felicidade e outros, ao entorno, que se incomodam com isso. E tentam fazer disso a razão de sua vida. Por conseqüência, criam seu próprio demônio. Finalmente, há uma terceira forma de existência desse fenômeno, que aquela potencialmente individual. O olhar negativo para tudo e todos constrói e atrai energias ruins. Por decorrência, não há oportunidade de sorrir que dê conta. O demônio nesse caso, é auto-gerado para si e se dilui na mente e no coração de quem deseja o ruim –para si ou outrem: uma espécie de morte diária em vida.
Sinopse - A História do Diabo - Vilém Flusser
Parodiando textos sagrados, Vilém Flusser faz neste livro um elogio do Diabo, 'príncipe tão glorioso' que a tantos entusiasmou no decorrer da história humana, em louvor do qual tantos enfrentaram as chamas 'com dedicação ardente'. Procura suspender os nossos preconceitos a respeito do Diabo para tentar reconhecer esse personagem que identificará com a própria História - 'É possível a afirmativa de que o tempo começou com o Diabo, que o seu surgir ou a sua queda representam o início do drama do tempo, e que diabo e história sejam dois aspectos do mesmo processo'. Chama de 'influência divina' tudo o que procure superar ou negar o tempo, e chama de 'influência diabólica' tudo o que procure preservar o mundo no tempo. Concebe o divino como aquilo que age dentro do mundo para dissolvê-lo e transformá-lo em puro Ser, logo, em intemporalidade. Por oposição, concebe o diabólico como aquilo que age dentro do mundo para preservá-lo, evitando que seja dissolvido. Do ponto de vista de Deus, o divino é o criador enquanto o diabólico é o aniquilador - mas do ponto de vista do homem no mundo o Diabo é o princípio conservador e Deus é o princípio destruidor. Cabe ao Diabo manter o mundo no tempo, o que nos força a simpatizarmos com ele - reconhecemos no Diabo espírito semelhante ao nosso, e talvez tão infeliz quanto o nosso.
Sinpose reproduzida do Skoob.
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