domingo, 21 de agosto de 2011

Tempos turbulentos, reações legalistas



“Talvez Brizola pensasse nisso na manhã de 25 de agosto de 1961, um dia depois de ter pensado nos sete anos do suicídio de Getúlio Vargas, quando, num dia de chuva forte, acompanhava a solenidade militar, no Parque Farroupilha, em homenagem ao dia do soldado. Talvez pensasse nisso ou nas preparações para receber em Porto Alegre, na manhã seguinte, sábado, o presidente Jânio Quadros, que deveria instalar o seu governo, como vinha fazendo em vários pontos do Brasil, na capital gaúcha. Talvez pensasse nos elogios que Jânio lhe fizera — “Se tivesse dois ou três governadores como Brizola, o Brasil estaria salvo” –, quando estiveram juntos na Festa da Uva, em Caxias do Sul. Talvez pensasse no Gre-Nal que aconteceria no domingo. Pensasse no que pensasse, viu um oficial se aproximar do general Machado Lopes, comandante do III Exército, e sussurrar-lhe algo ao ouvido. Sentiu que algo grave acontecera. Era homem de intuições. Não podia saber, contudo, que a partir dali, daquele sussurro na manhã de chuva, a sua vida nunca mais seria a mesma.

Fragmento da obra "Vozes da Legalidade", de Juremir Machado.
Confira outros trechos do livro no Sul 21.

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