As cidades deviam existir em função de seus seres vivos, todos eles. Todavia, com relação aos mega-eventos, os interesses financeiros e políticos são comum predominar na conduta dos gestores públicos quando se trata de organizar o espaço urbano. Lembro, há alguns anos, ter visto uma matéria em TV sobre uma denúncia de que o prefeito de uma cidade do litoral norte de SP estava confinando medingos e outras pessoas em situação de rua em uma casa isolada, como forma de esconder esses indivíduos da visibilidade dos turistas. Certamente esse não foi um caso isolado. Assim, O LCI que se articula por esses dias no RJ, parece ser uma iniciativa exemplar para organizar a cidade para os seus habitantes. Muito além de ambições elitistas e de marketing, os gestores tendem a contemplar asssim a real dimensão de um lugar; e mais do que isso, tornar os ambientes sociais atrativos pela sua real dimensão, com toda a história e diversidade contida. A respeito disso, retomo aqui uma história ocorrida há cerca de 10 anos. Quando residia em uma cidadezinha isolada no interior do Paraná, indignado com questões relacionas à exclusão social e o menosprezo pelos potenciais naturais locais, escrevi o artigo Por um projeto sócio-ambientalista de desenvolvimento local.
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O Laboratório de Cartografias Insurgentes
Reunirá movimentos contra as remoções e desalojos que vêm sendo ampliadas na cidade do Rio de Janeiro. Pesquisadores, artivistas, comunicadores e movimentos sociais vão se reunir para imaginar e produzir mapas críticos e colocá-los em prática. Além do enfoque regional, o encontro também funcionará como um espaço de experimentações e debates que tratem das reconfigurações da cidade para os megaeventos em outros locais, articulando-se assim como um laboratório em rede (Rio de Janeiro - Amazônia - América Latina) sobre política, estética e cultura.
Questões pertinentes e de extrema urgência para o Rio de Janeiro são as desocupações e abusos que ocorrem todos os dias em função dos megaeventos esportivos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Já se sabe que a cidade está sendo maquiada para os futuros eventos, mas a violência e o autoritarismo deste processo junto às populações pobres estão sendo escondidos. Neste sentido, desenhar mapas e imaginar cartografias junto aos movimentos de moradia urbana e das favelas ocupadas pode ajudar na contextualização desses conflitos territoriais.
O evento ocorre de 11 a 18 de setembro, no Rio de Janeiro, no espaço autônomo IPE, Rua Jogo de Bora, 24, Morro da Conceição. Confira o blog do evento.
Reproduzido do Centro de Mídia Independente.
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