terça-feira, 24 de abril de 2012

O tempo de cada um, eis algo complexo

Talvez uma das maiores limitações para a vida dos seres humanos em sociedade, especialmente em se tratando de vida íntima, seja o problema da insuficiente compreensão, paciência e harmonia com o tempo alheio. Refiro-me aqui a algo que está para além do tempo de fazer as coisas. Isso, de algum modo se busca e se encontram compensações que permitem ajustes nas relações sociais. Quando um empregado tem um ritmo determinado por suas condições físicas ou mentais, por exemplo, há adequações cada vez mais possíveis em nossos dias. Igualmente, um esposo espera uma mulher fazer compra nas lojas e, mesmo desgostoso disso, descobre como fazer (há lojas até que andam se especializando nisso). Também estou querendo tratar de um tempo que é contrastante com o tempo cultural, aquele que é normatizado por costumes coletivos ou religiões. Esse há também em nossos tempos uma progressiva busca de harmonia entre os seres vivos, que tem permitido o crescente respeito e entendimento. Um observador de pássaros, por exemplo, sabe que pode precisar esperar horas para pegar a imagem ideal de seu observado. Assim como um antropólogo está disposto a se orientar pelo padrão de vida de determinados grupos que pesquisa. Mas o que estou me referindo, diferente disso tudo, é ao tempo de Ser, que tem a  ver bem mais com alma do que hábitos; bem mais com energias do que culturas e muito mais com despertar do que contingências. É claro que isso envolve também uma dimensão cultural, mas em um nível bem mais profundo e interno. Temos mesmos, tendo a crer um tempo nosso, de cada um, que em geral  é contrastante com a vida que levamos e, invariavelmente, com as pessoas que convivemos. Dar tempo aos tempos ou assumir as vantagens e consequências de emancipar-se no tempo de si – eis a questão.




Nesse filme alemão o autor faz uma interessante brincadeira, desafiando as transformações e impossibilidades do tempo.

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