quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sobre os riscadores que estragam a estética da ordem


Foto: http://lisandronogueira.blogspot.com.br/
Tenho afinidade com a proteção ao patrimônio público. O que a todos pertencem, deve ser preservado, não há dúvidas. Mas também considero que a pichação e os pichadores ainda são insuficiente ou equivocadamente interpretados e abordados, tanto pelos governos, quanto pelo meio artístico tradicional, e demais segmentos da intelectualidade. A tendência é a pura e simples criminalização, um enfoque bem comprado e difundido pela mídia comportada moralmente, mas que serve muito mais para fortalecer a segregação entre os identificados com o que é "bonito" e "feio". Se é fato que é necessário inibir e superar a prática da depredação ao patrimônio público, não é menos verdade que um caminho construtivo e humanitário para isso envole uma análise mais complexa do que está por trás desses grupos. Não no sentido de criminalizá-los, simplesmente, como quer uma elite odiosa contra o que não agrada-lhe aos olhos; mas no sentido de determinar o que está por trás do ato da pichação e como essas cultura e essas relações podem ser revertidas para relações sociais mais saudáveis e emancipadoras.

*Rede de relacionamentos e trocas é a principal motivação dos jovens pichadores
Pesquisa apresentada na FFLCH destaca a importância da sociabilidade para os pichadores de São Paulo. Durante quatro anos, antropólogo visitou "points" freqüentados por esses jovens na cidade de São Paulo
“O pesquisador enfatiza que a transgressão também é um elemento que ajuda a explicar os motivos da pichação. Mas ele não é tão forte como a rede de sociabilidade. "Eles picham, sobretudo, para seus pares. O protesto existe, mas não é central, não tem um alvo muito definido." A transgressão está, por exemplo, nos nomes dos grupos, como Delinqüentes, Arteiros, Acusados, Os mais imundos e Lixomania. "A referência constante à sujeira surge da marginalização da pichação na sociedade. Aquilo que não se entende é considerado lixo", explica o antropólogo”. Matéria completa aqui.

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