sábado, 4 de maio de 2013

Em um mundo chamado Bolívia

Dezenas de negros, a maioria homens, jovens, fortes e de uma pele singularmente escura, caminham pelas ruas, vindo de todos os lados; outros, se juntam em grupos, concentrados em abrigos de apoio (Mas nao se trata da Africa) / Motos se cruzam de um lado a outro, com condutores sem capacete, e de fisionomia indígena - carregam 2 ou 3 por veículos, incluindo frequentemente menores (Mas bem distante de qualqer País asiático, ou uma aldeia vanguardista) / Mulheres de chapéu e malhas coloridas carregam seus pequenos pindurados em bolsas de pano – Difícil vai se tonando disfarcar… Sim, essa é a entrada em um mundo chamado Bolívia, mais precisamente desde o ingresso por Brasiléia (Fronteira Norte do Brasil). Os negros, acima citados, formam uma crescente comunidade de haitianos de ingressam aos milhares por Iñapari (Peru), via Equador, cuja ajuda humanitária do Brasil já está está nos limites e que tem se trasformado em um problema de políticas públicas para os governos local e nacional, visto que se mistura ao problema uma suposta rede internacional de incentivo ao imigracao com fins terceiros. Quanto as motos e mulheres, isso é Cobija, primeira cidade Boliviana ao sair do Acre. Ali, um céu que se abre em um horizonte aparentemente infinito, so um clima quente e um comercio que estende se movimiento bem mais que o final da tarde, há uma rica diversidade de cores, formas e cheiros. Vejamos o que mais me espera, além de umas futuras boas imagens… perdoem a ortografía, que o español do teclado ajuda pouco.










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BENDITO MAJADITO. O Majadito (“Majau” = “golpeado”, “majado“) foi trazido à Bolívia originalmente pelos espanhóis. Para além de um prato matinal dos bolivianos, esse alimento é hoje referência cultural pelos povoados urbanos desse País. Pela manhã, nas esquinas e botecos de Cobija, operários e outros passantes disputam uma porção dessa iguaria, feita a base de arroz e frango, previamente temperado, e acompanhada de banana, milho e ovo. Dona Luiza, diz que deve aos avôs o hábito de fazer esse alimento. “Hay que tener muy paciência no preparo”. Ao lado do “laboro de casa”, a venda diária do majadito, compartilhada com a filha, é a base da renda familiar, também complementada pela venda de enciclopédias exercida pelo marido neste departamento de Pando. 










  





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MELHORES DIAS PORVENIR. Entre a memória à vitoriosa na Batalla da Bahia  – que conquistou Gobija para o território nacional - e as marcas do 11 de Setembro Boliviano (Massacre de Pando), costura-se a esperança por meio de capacitações, debates e apoios locais. Na localidade de Palácios, a generosidade da natureza compensa o isolamento. “Podem calar um pouco de meu corpo, mas não calam o sentimento de alma”, diz sobrevivente ferido durante  documentário argentino sobre o trágico episódio de 2008, material agora dirigido a lideranças durante seminário de saúde mental da Defensoria Del Pueblo e Cruz Vermelha.







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NOS CONFINS DE PANDO.  Na longa viagem até Puerto Rico, 3h de Cobija, o motorista se revigora entre os gelados igarapés, o ritmo da salsa em alto volume e algumas mascadas de coca. O apoio aos povoados em situação de quase isolamento envolve estradas rústicas ao extremo – cruzadas até por jacarés. Na chegada, somos brindados pelo encontro dos rios Tahuamano e Manuripi (cujo contraste negro/claro lembra muito Rio Negro e Solimões). O sorriso cálido dos camponeses expressa sabedoria, mas não disfarça as dificuldades. Os olhos do governo (em vigilância) são claros nos dizeres que identificam a base naval: “Só merece viver quem está pela pátria disposto a morrer”. Mas a mãe nacional tem contrastes. Como produto de crises políticas, alguns alcaldes (prefeito) se encontram presos.  Nesta, que é a principal das comunidades locais, os mais de 4.600 habitantes enfrentam a falta de água e de luz há semanas. O atraso nos salário e a falta de medicamentos compromete o hospital, onde dois médicos cubanos ainda atuam. Para completar a aventura, uma pedra no freio do carro. Escuridão, mas a possibilidade do surgimento de uma onça da mata virgem não assusta a (quase) ninguém no grupo.







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FORTALEZA CIVIL NA FLORESTA. Em apoio às políticas públicas do Estado – que nem sempre chegam a tempo ou suficientemente - a rede de organizações não governamentais que atua em Pando, departamento boliviano “100 % amazônico”, contempla demandas relevantes das populações indígenas, ribeirinhas e camponesas, em áreas longínquas dos centros urbanos. Todavia, por divergências de orientação política com o governo, projetos em área como meio-ambiente, direitos humanos, desenvolvimento e saneamento têm tido sua viabilidade comprometida.  O apoio internacional, por meio desses organismos, também se afastou, queixam-se lideranças locais. Há quem advirta que a própria sobrevivência desse formato de organização civil estaria ameaçada em uma nova legislação a ser anunciada em breve.






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VIDAS ENTRE FRONTEIRAS. Dalyne, maestria na academia e na pista; Garita, expert em agrimensura, por dias melhores em Rio Branco; Jai, equilíbrio entre o desenvolvimento, a floresta e o sonho de uma Amazônia intercultural, de fato; Pris, Generosidade como forte e liberdade no funk. 




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