domingo, 30 de junho de 2013

Os rios que correm por dentro e por fora de nós

O filme Medianeras, que acabei de assistir via internet, bem no espírito dessa produção audiovisual, fala de pessoas que vivem sozinhas no século XXI, esses tempos de avançadas tecnologias de conexão e aproximação e, paradoxalmente, de solidões endêmicas. Estamos, de fato, vivendo um período de paradoxos, no que se refere às realizações humanas. Longe de mim querer me opor a qualquer avanços da ciência ou da tecnologia. Mas não posso deixar de reparar que o deslumbramento dessas novas gerações com a abertura de possibilidades e visibilidade através da digitação de botões, me causa certo tédio. Já houve, há algumas décadas, a queixa de que a TV isolava as pessoas. Estas, ficavam sem se falar, mesmo que sob um mesmo ambiente, dependendo da voz e images dos equipamentos. Hoje, senão tomarmos o devido cuidado, os telefones e outros portáteis isolam as pessoas de uma forma ativa, ou seja, sem necessariamente depender do som externo. Se aliena de onde se está por opção consciente e dependente exclusivamente do operador. A sociedade das máquinas, mais do que isso, também impõe modos de ser e agenda comportamentos. Lidar com tudo isso de maneira criativa e sem se perder na superficialidade dos meios, que são apenas meios, é um caminho equilibrado para sobreviver nessa sufocante onda digital. 

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O cinema argentino anda mesmo sempre na frente em termos de conteúdo e estética, é precismo admitir. Na contra-mão dos hollywoodianos, que infestam as residências, locadoras e shoppings, a produção audiovisual latino-americana respira nas frestas das salas alternativas e pelos canais que se abrem na internet, esse novo pulmão para a diversidade - e, paradoxalmente, também para a homogeneidade - da cultura. Atrasado, como sempre, assisto Medianeras, de Gustavo Taretto. Está completo e legendado no Youtube. Recomendo.



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Foto: Ireno Jardim / Secom - PMC

Domingo de serração, sinal de sol brilhante. Mais um dia ótimo para muitas coisas, de viajar para muitos lugares, inclusive ao nosso universo interior. Viajar no mesmo lugar. O interior de nosso pequeno universo diário. Durante esta semana, estive com a equipe de trabalho por perto de um rio, que todos conhecem na cidade, mas poucos se aventuram em explorar no sentido poético. Na ocasião, enquanto nos apresentava alguns pontos desse lugar, mesmo sem parar o carro, o condutor recordava de momentos lindos de sua infância, quando nadava naquele lugar. Próximo dali, um trilho de trem de carga contribuía para acrescentar um tempero diferenciado e bucólico à essa parte da cidade, mais conhecida pelo movimento dos carros em uma BR federal. Quando comentava sobre seu passado, inquiri ao motorista se esses rios eram navegáveis. Na realidade, o local pelo qual passamos envolve um delta, em que se soma adiante ao encontro de mais dois. Ele não apenas confirmou como chegou a convidar-me para qualquer dia dar um giro de barco por ali com uns amigos que conhece. Eu aceitei de cara e já começo a ter umas ideias mais ambiciosas com relação ao assunto. Lembrei, rapidamente, que um dos rios ao qual esse se encontra, foi visitado por mim em outras ocasiões recentes, e em algumas muito remotas. Ele fez parte de minha infância. E hoje, sua popularidade quase se resume a ser um dos mais poluídos rios do País. Gravataí se chama ele. Vários morreram em suas cabeceiras, muitos cresceram felizes em suas margens. Há pouco mais de um ano, encontrei no Youtube um vídeo de um explorador desse maltratado rio, que me deixou simplesmente encantado, o qual reproduzo outra vez (abaixo). De qualquer forma, a partir desse bate-papo e dessas experiências episódicas e superficiais, percebo que a vida e a cidade podem se tornar mais interessantes para nós sem necessariamente sairmos para tão longe de onde estamos. E um rio, mesmo poluído e quase abandonado, pode ter muito a ver com isso.



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Os valores e a visão médica predominante nos sistemas de saúde brasileiro - público e privado - precisam de um banho de humanitarismo urgente, e a experiência e referências da medicina cubana fariam muito bem nesse propósito
"O único médico de Santa Maria das Barreiras é graduado pelo ISCM-VC (Instituto Superior de Ciências Médicas de Villa Clara), em Cuba, com o qual a Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu-SP mantém convênio desde 2002. Dr. Perini ressalta que o conceito de priorizar o atendimento às regiões carentes foi uma das coisas que aprendeu no curso". O PROBLEMA DA MÁ DISTRIBUIÇÃO DOS MÉDICOS NO BRASIL.Ver artigo completo aqui.

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