sábado, 15 de junho de 2013

Os subterrâneos da mobilidade: acesso ao próximo

Uma contribuição notável da juventude brasileira no fenômeno desse despertar de consciência para a mobilização nas ruas - soma de fatores fertilizadas em uma sociedade de indivíduos descentrados  e adubada pelas próprias restrições de estados alijadores, em  uma conjuntura global convergentemente favorável -  é a visibilidade plena dessa inquietude dessa geração, até então sufocada por uma crise de paradigmas. 

A militância partidária, notoriamente, tem se distanciado dos anseios dinâmicos que caracteriza esse público. Mas a juventude, considerando o jovem no seu sentido de espírito, nunca deixou de ser rebelde. Esta rebeldia, para muitos supostamente inexistente, transbordou em outras formas de expressão, como a moda, as drogas (lícitas ou não) e a religião. 


Pois bem, mas há um componente político nesse estágio da vida que nunca coube muito bem em tais instâncias. Nas metrópoles e cidades-pólos cada vez mais rodeadas de periferias populosas, esse fenômeno se acentuou pelas dificuldades mais sérias de transporte e mobilidade, elemento essencial para o acesso aos bens culturais, privados ou públicos.


Por outro lado, há distâncias entre os indivíduos que independem de estados geográficos e procedências étnicas. São construídas ao longo da vida deste, por meio de uma forma de ver o mundo, alimentada em doses diárias de indiferença ou medo. 

Enxergar uma espécie animal singularmente desconhecida ou um estranho como uma adversidade a ser eliminada ou evitada, por exemplo - algo tão comum nas práticas educativas tradicionais - certamente vai ter mais tarde algum efeito estruturante na órbita do modo de se relacionar desse futuro adulto.


Trazendo o tema para o cotidiano que vivemos, é sintomático que a questão do transporte e mobilidade esteja no centro da maior expressão de rebeldia dos jovens nesse início de século XXI. As relações entre as pessoas tem, no fundo, um componente de mobilidade. Avanços em direção ao outro a partir de caminhos, pontes e espaços imaginários, que nem sempre estão abertos ou acessíveis. 


O ser humano em sociedade tem essa necessidade também da aproximação, que as grandes cidades obstruíram por meio das pedras, dos ferros e das câmeras de vigilância (ironia do destino para aqueles que sonharam um dia as  lentes como instrumento de construção de uma sociedade transparente no sentido emancipador da palavra).


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A arte como trincheira de criação e potencialização de novas linguagens contra-repressivas, mais um traço cultural desse fenômeno de despertar de consciências em ambientes de vinagre proibido.








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Dedico essa aos fieis italianos e descendentes, amantes do cinema e do teatro brasileiro.



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Seja lá o que for esse sentimento que está germinando no coração dos jovens, o fato é que ele parece desconhecer o medo e as fronteiras.


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Do Perfil Juventude Sustentável (Face)

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