12/06/2013 08:58
Secom/PMC
Com uma mistura de história de vida e provocação reflexiva,
o escritor paraibano Ariano Suassuna sensibilizou os participantes na Aula
Espetáculo, realizada na noite desta terça-feira, 12, no centro de Canoas.
"É preciso dar às novas gerações o direito de conhecerem o filé da cultura
brasileira, e não apenas o osso", declarou o escritor, a partir de uma
citação de Alceu Amoroso Lima.
A aula com o intelectual nordestino foi realizada no
Auditório Vinícius de Moraes, centro dos encontros da 29.ª Feira do Livro de
Canoas. A apresentação do encontro foi realizada pelo secretário municipal de
Cultura, Luciano Alabarse, que destacou as qualidades notáveis do escritor e a
motivação de trazê-lo a essa edição do evento. "Visamos dar prioridade
absoluta ao livro e seus autores, e Suassuna sintetiza essa ampla diversidade e
expressão da cultura brasileira. Boa aula a todos".
Em um estilo paciente e voz baixa, o autor de A Pedra do
Reino, impressionou os presentes pela disposição, memória e criatividade durante
uma intervenção de cerca de 1h30min.
O escritor levou a platéia a uma viagem imaginária à
história da cultura brasileira, desde o descobrimento do Brasil até nossos
dias, e foi progressivamente encantando a público com citações, causos e
histórias de vida, abordando experiências brasileiras de vários séculos sobre
áreas como teatro, dança, escultura, literatura e história.
O amplo auditório situado na Praça da Bandeira foi
insuficiente para acomodar o expressivo público, que também foi acomodado na parte
externa, de onde acompanhou a aula magna por meio de um telão.
História e Estórias
Citando Machado de Assis, ele também observou os contrastes
sociais, um traço característico em sua obra. "No Brasil há uma
dilaceração terrível, que começou no dia 22 de abril de 1.500. No Brasil existe
dois Países. O país é bom, revela os melhores instintos; mas o Brasil oficial é
caricatu. Infelizmente, todos nós que estamos aqui fomos nascidos, criados,
formados e deformados pelo Brasil oficial", nota.
A interação com o público também envolveu exposições sobre
sua experiência de difusão da cultura popular, por meio de um circo multimídia,
que já levou a 87 municípios no interior de Pernambuco.
Próximo dos seus quase 86 anos (16 de junho), ao ser
perguntado durante uma coletiva realizada ainda no hotel sobre o que gostaria
de ganhar de presente, o escritor foi sincero, mas aproveitou a deixa
pedagogicamente. "Não gosto de ganhar presente, fico acanhado. Mas se
fosse possível receber algum eu queria um País justo, fraterno e
solidário".
As atividades da 29.ª Feira do Livro de Canoas prosseguem
hoje no Calçadão e na Praça da Bandeira, com outros nomes de destaque nacional
e internacional, como a escritora portuguesa Margarida Botelho e o escritor e
músico paulistano José Miguel Wisnik. Confira a programação completa do evento
aqui.
Crédito da notícia: Ronaldo M. Botelho
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