Hoje pela manhã, ao vir trabalhar, deparei-me com uma combi encostada em uma rua relativamente isolada, por onde às vezes passo. Não teria me chamado a atenção se ela não tivesse os vidros fumês e uma bagagem em cima, incluindo caiaque e bicicleta. Pelo horário, saquei tratar-se de alguém que encostou ali para dormir. E pensei, ali está uma opção de vida. Alguém que está viajando, por algum destino, ou sem nenhum. Quantos fazem isso pelo mundo, e quantos desejam fazer? Eu, por exemplo, tenho esse desejo de vagar muito e conhecer muitas pessoas e lugares. Mas pretendo sempre acrescentar nesse propósito, que é constante, um componente transformador. Para mim, daí, faz sentido viajar pelo mundo. O resto os turistas fazem.
Estive ontem à noite em visita ao meu pai no hospital. Está no oxigênio, mas passa bem, aguardando um exame de nome esquisito, relacionada ao tórax. Mais detalhes pegaremos hoje com o médico. Conversando um pouco com ele, enquanto lá estava, observava outros pacientes também internados em diferentes níveis de condições. Um idoso que estava em um dos leitos, e que apenas soltava palavras desconexas, me chamou a atenção na ocasião. Percebi que todas as camas tinham alguma pessoa dando atendimento, incluindo a enfermeira, às vezes, menos aquele indivíduo. E, consternado, até ele me dirigi. Mesmo sem entender o que ele dizia, falei-lhe algumas palavras de consolo, e percebi retorno em seu olhar e lábios. Fiquei ali alguns segundos, o suficiente para perceber que ele havia se acalmado. Me despedi, e percebi um tipo de aceno no olhar de despedida também. Me senti relativamente satisfeito e convencido que todo ser humano, independente de que estado de saúde esteja, sofre com o isolamento ou o abandono.
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Transmitido ao vivo em 08/07/2013
Filósofo esloveno Slavoj Zizek vem ao centro do Roda
Viva. Filosofia contemporânea, política global e o futuro da esquerda estão
entre os assuntos desta edição.
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