Entre os vários assuntos tratados, o debate do DNA do Brasil, realizado ontem no auditório do Unilasalle, aqui em Canoas (Ver abaixo), apresentou algumas questões interessantes para reflexão sobre os meios, estratégias, anseios e rumos que assumiram as manifestações civis. Disse o jornalista Marcos Rolim em sua intervenção que o que a juventude quer dizer com as ocupações das ruas é que os políticos não corresponderam a suas expectativas e esse modelo político se demonstra defasado. Algo novo se quer. O quê? ainda pouco se sabe. A greve geral de hoje, que esvazia as ruas, demonstra que há ainda, sim, uma certa sintonia entre as entidades sindicais tradicionais e esses novos movimentos. Mas também há dissonâncias. A ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre ontem à noite por algumas dezenas de jovens, por exemplo, indica que os métodos de ação desses protestos assumem, de fato, novos formatos, dos quais a repressão policial já definitivamente não dá conta. Eu confesso que me identifico realmente com a necessidade de mudança, mas, como a maioria, ainda permaneço atônito com relação ao real rumo que as coisas devem tomar. Embora anseie por tomada de posições, sempre. No entanto, quem sabe essa falta de rumo seja realmente necessária para se repensar as práticas políticas realizadas até hoje, que parecem realmente não mais dar conta dos dilemas éticos e filosóficos que se apresentam nesses tempos de transformações extremas. Tenho uma certeza, em meio a tantas dúvidas: é preciso e urgente formas e organização política que dêem conta desses novos anseios que a diversidade humana e suas complexidades fizeram surgir - no âmbito étnico, religioso, afetivo, entre outros. No mais, observo - na medida do possível, atuo - e me transformo. Além de procurar sobreviver mais amadurecido nisso tudo.
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Direto de dentro da Câmara de Vereadores de Porto Alegre!
Plenária, agora, da ocupação. Acompanhe! Aqui.
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SEMINÁRIO OCUPAÇÃO ARTÍSTICA EM LOCAIS PÚBLICOS
Nos dias 17 e 18 de julho de 2013 acontecerá o Seminário
“Ocupação Artística em Locais Públicos: Uma Experiência Necessária”.
O Povo da Rua participa da ocupação artística no Hospital
Psiquiátrico São Pedro (HPSP) juntamente com outros grupos e realiza inumera
ações culturais e educativas no local, pode-se destacar a produção e
apresentação de diversos espetáculos de artes cênicas e a realização de
atividades formativas ao público em geral. A ocupação artística do HPSP é, sem
dúvida, um modelo inteligente de ocupação em local público, sendo uma
referência nacional e propoe junto a classe artistica um Seminario sobre a
ocupação artistica de locais públicos.
Serviço:
SEMINÁRIO “Ocupação Artística em Locais Públicos: Uma
Experiência Necessária”
Convidados:
- Fábio Resende (Brava Cia/SP)
- Luiz Leon Cecchia
- Marcelo Palmares (Pombas Urbanas/SP)
- Romualdo Freitas (Rede de Teatro da Floresta/Acre)
- Neelic Grupo de Teatro
- Hamilton Leite (Oigalê Cooperativa de Artista Teatrais/RS)
- Fábio Rangel (Falos & Stercus/RS)
Mediador: Marcelo Restori
Data: 17 e 18 de julho de 2013
Horário: 19h
Local: sala C2 da Casa de Cultura Mário Quintana – Rua dos
Andradas, 736
Com transmissão on-line através do site:
www.povodarua.com.br
Link http://justin.tv/povodaruateatrodegrupo
Local: Casa de Cultura Mário Quintana
In memoriam Rogério Lauda (1958-2013)
Mais informações se inscrições através do site:
www.povodarua.com.br
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10/07/2013 22:58
DNA do Brasil: "Nosso pai é o genocídio e nossa mãe é a
escravidão", assinala Rolim
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Foto: Alisson - SECOM - PMC |
As implicações das relações de classe em diferentes momentos
históricos do País na nossa formação cultural e as distâncias entre o modelo de
ensino tradicional e uma proposta pedagógica moderna estiveram nesta noite no
centro das intervenções durante mais uma edição do projeto DNA do Brasil.
"Nós somos filhos de quem? Nosso pai é um genocídio e nossa mãe a
escravidão. Isso formata o nosso DNA", analisou o jornalista Marcos Rolim
durante a abertura do evento.
Uma plateia expressiva, formada por estudantes, professores
e outros convidados participaram de mais essa edição do projeto, realizada no
Salão de Atos do Unilasalle. O evento foi aberto pela secretária adjunta,
Isabel Poggetti, que observou a missão provocadora e pedagógica desses
encontros. "Isso é o DNA: propor que a gente pense, inclusive nas coisas
que doem, e partir disso, criar", resume. Na plateia, também acompanharam
o debate o secretário municipal de Cultura, Luciano Alabarse, entre outros
gestores da SMC.
Contradições
A partir de uma proposição reflexiva, Rolim realizou em sua
fala um rápido panorama de algumas contradições históricas entre o Estado e a
sociedade civil brasileira, relacionando-as com a construção de nossa
cidadania. "Não seria o mal o resultado da ausência de reflexão",
provocou ele na aberturado encontro, citando a pensadora alemã Hanna Arendt. Em
sua contextualização, ele também destacou a violência como um componente
marcante em nossa cultura, imposta por um Estado que atuou "A ferro e fogo
para os debaixo e reconciliador para os de cima".
Em uma outra perspectiva, a educadora Esther Pillar Grossi
apresentou aspectos essenciais que constituíram o nosso modelo de ensino
vigente, conforme ela, orientado originalmente por um viés catequista e
repetitivo, que mantém vícios até os dias atuais. "A escola tem que ajudar
as pessoas a compreender o seu estado nesse mundo", observa. Por meio de
metáforas e citações de autores determinantes na pedagogia moderna (J. Piaget,
L. Vygotsky, P. Freire, R. Alves, etc), a educadora foi explicando e discutindo
conceitos centrais no ato de ensinar, problematizando desafios que se
apresentam nessa área. "Temos que fazer a nossa aula desejante",
propõe.
Novo Modelo
Ambos os painelistas também utilizaram referências de suas
experiências como professores e ex-deputados federais para falar sobre
obstáculos e desafios para a qualificação da classe política. No encaminhamento
final do encontro, como tem ocorrido nas demais edições do DNA do Brasil, a
plateia teve oportunidade de apresentar questões. No fechamento, os
palestrantes fizeram referência às atuais manifestações civis pelo País,
apresentando uma perspectiva consensualmente otimista sobre tais movimentos.
"Não construímos ainda no País uma cultura democrática; é preciso pensar
um novo modelo político", assinala Rolim.
No final do encontro, a educadora Esther Pillar Grossi, por
sua vez, distribuiu aos presentes o texto "Para não repetir a barbárie dos
colonizadores", abordando os desafios nos investimentos para a
alfabetização no País. Ela também distribuiu merengues aos participantes,
simbolizando as mudanças que ela propõe no modelo de ensino vigente.
Inaugurado em abril deste ano, o projeto DNA do Brasil
propõe um debate sobre a questão do reconhecimento ou construção de uma
identidade brasileira, a partir de expoentes da cultura gaúcha. Essa iniciativa
é uma realização da Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal da
Cultura, em parceria com o Unilasalle.
Próximos encontros
14 de agosto - Sergius Gonzaga e Juremir Machado da Silva
11 de setembro - Cintia Moscovich e Luis Augusto Fischer
9 de outubro - Arthur de Faria e Roger Lerina
13 de novembro - Tarso Genro e Jairo Jorge
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