quinta-feira, 11 de julho de 2013

Paralisação de muitos rumos e silêncios

Dia vazio nas ruas hoje, graças a greve. Trabalhei normal, visto que, minha condição de contratação deixa nenhum espaço para opção. A cidade estava mesmo diferente, saí pelo meio dia e o comércio todo fechado. Nas ruas, carros raros. Dá mesmo para se dizer que foi uma greve vitoriosa, se considerarmos só o fato de afastamento dos trabalhadores de seus locais de trabalho. Transportes abalados e grande adesão a falta. Porém, greve é mais que isso. Se considerarmos pelo lado da mobilização popular, é preciso dizer, esta foi reduzida. Nem comparado ao que se levantou durante as mobilizações do mês de junho. Todavia, é preciso reconhecer, o movimento de hoje tinha direção e propósito. Era das centrais sindicais, tinha cara. Até aí, tudo bem. Um movimento político maduro. Mas, e a representatividade? É esse mesmo o tipo de instância que ainda vai vigorar para representar os trabalhadores nas mobilizações do século XXI. Sim e Não. É preciso os sindicatos, e também a sua reformulação, adaptados a uma linguagem e articulação mais dinâmica e moderna. Livre de burocracias e caciques. O que vale para os partidos parece valer para essas agremiações. É a transformação implacável em nossa cultura política, ou, o começo da construção de uma.
Entre os vários assuntos tratados, o debate do DNA do Brasil, realizado ontem no auditório do Unilasalle, aqui em Canoas (Ver abaixo), apresentou algumas questões interessantes para reflexão sobre os meios, estratégias, anseios e rumos que assumiram as manifestações civis. Disse o jornalista Marcos Rolim em sua intervenção que o que a juventude quer dizer com as ocupações das ruas é que os políticos não corresponderam a suas expectativas e esse modelo político se demonstra defasado. Algo novo se quer. O quê? ainda pouco se sabe. A greve geral de hoje, que esvazia as ruas, demonstra que há ainda, sim, uma certa sintonia entre as entidades sindicais tradicionais e esses novos movimentos. Mas também há dissonâncias. A ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre ontem à noite por algumas dezenas de jovens, por exemplo, indica que os métodos de ação desses protestos assumem, de fato, novos formatos, dos quais a repressão policial já definitivamente não dá conta. Eu confesso que me identifico realmente com a necessidade de mudança, mas, como a maioria, ainda permaneço atônito com relação ao real rumo que as coisas devem tomar. Embora anseie por tomada de posições, sempre. No entanto, quem sabe essa falta de rumo seja realmente necessária para se repensar as práticas políticas realizadas até hoje, que parecem realmente não mais dar conta dos dilemas éticos e filosóficos que se apresentam nesses tempos de transformações extremas. Tenho uma certeza, em meio a tantas dúvidas: é preciso e urgente formas e organização política que dêem conta desses novos anseios que a diversidade humana e suas complexidades fizeram surgir - no âmbito étnico, religioso, afetivo, entre outros. No mais, observo - na medida do possível, atuo - e me transformo. Além de procurar sobreviver mais amadurecido nisso tudo. 

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Direto de dentro da Câmara de Vereadores de Porto Alegre! Plenária, agora, da ocupação. Acompanhe! Aqui.

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SEMINÁRIO OCUPAÇÃO ARTÍSTICA EM LOCAIS PÚBLICOS


Nos dias 17 e 18 de julho de 2013 acontecerá o Seminário “Ocupação Artística em Locais Públicos: Uma Experiência Necessária”.
O Povo da Rua participa da ocupação artística no Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP) juntamente com outros grupos e realiza inumera ações culturais e educativas no local, pode-se destacar a produção e apresentação de diversos espetáculos de artes cênicas e a realização de atividades formativas ao público em geral. A ocupação artística do HPSP é, sem dúvida, um modelo inteligente de ocupação em local público, sendo uma referência nacional e propoe junto a classe artistica um Seminario sobre a ocupação artistica de locais públicos.
Serviço:
SEMINÁRIO “Ocupação Artística em Locais Públicos: Uma Experiência Necessária”

Convidados:
- Fábio Resende (Brava Cia/SP)
- Luiz Leon Cecchia
- Marcelo Palmares (Pombas Urbanas/SP)
- Romualdo Freitas (Rede de Teatro da Floresta/Acre)
- Neelic Grupo de Teatro
- Hamilton Leite (Oigalê Cooperativa de Artista Teatrais/RS)
- Fábio Rangel (Falos & Stercus/RS)

Mediador: Marcelo Restori

Data: 17 e 18 de julho de 2013

Horário: 19h

Local: sala C2 da Casa de Cultura Mário Quintana – Rua dos Andradas, 736
Com transmissão on-line através do site:
www.povodarua.com.br
Link http://justin.tv/povodaruateatrodegrupo

Local: Casa de Cultura Mário Quintana

In memoriam Rogério Lauda (1958-2013)


Mais informações se inscrições através do site: www.povodarua.com.br

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10/07/2013        22:58
DNA do Brasil: "Nosso pai é o genocídio e nossa mãe é a escravidão", assinala Rolim


Foto: Alisson - SECOM - PMC

As implicações das relações de classe em diferentes momentos históricos do País na nossa formação cultural e as distâncias entre o modelo de ensino tradicional e uma proposta pedagógica moderna estiveram nesta noite no centro das intervenções durante mais uma edição do projeto DNA do Brasil. "Nós somos filhos de quem? Nosso pai é um genocídio e nossa mãe a escravidão. Isso formata o nosso DNA", analisou o jornalista Marcos Rolim durante a abertura do evento.

Uma plateia expressiva, formada por estudantes, professores e outros convidados participaram de mais essa edição do projeto, realizada no Salão de Atos do Unilasalle. O evento foi aberto pela secretária adjunta, Isabel Poggetti, que observou a missão provocadora e pedagógica desses encontros. "Isso é o DNA: propor que a gente pense, inclusive nas coisas que doem, e partir disso, criar", resume. Na plateia, também acompanharam o debate o secretário municipal de Cultura, Luciano Alabarse, entre outros gestores da SMC.

Contradições

A partir de uma proposição reflexiva, Rolim realizou em sua fala um rápido panorama de algumas contradições históricas entre o Estado e a sociedade civil brasileira, relacionando-as com a construção de nossa cidadania. "Não seria o mal o resultado da ausência de reflexão", provocou ele na aberturado encontro, citando a pensadora alemã Hanna Arendt. Em sua contextualização, ele também destacou a violência como um componente marcante em nossa cultura, imposta por um Estado que atuou "A ferro e fogo para os debaixo e reconciliador para os de cima".

Em uma outra perspectiva, a educadora Esther Pillar Grossi apresentou aspectos essenciais que constituíram o nosso modelo de ensino vigente, conforme ela, orientado originalmente por um viés catequista e repetitivo, que mantém vícios até os dias atuais. "A escola tem que ajudar as pessoas a compreender o seu estado nesse mundo", observa. Por meio de metáforas e citações de autores determinantes na pedagogia moderna (J. Piaget, L. Vygotsky, P. Freire, R. Alves, etc), a educadora foi explicando e discutindo conceitos centrais no ato de ensinar, problematizando desafios que se apresentam nessa área. "Temos que fazer a nossa aula desejante", propõe.

Novo Modelo

Ambos os painelistas também utilizaram referências de suas experiências como professores e ex-deputados federais para falar sobre obstáculos e desafios para a qualificação da classe política. No encaminhamento final do encontro, como tem ocorrido nas demais edições do DNA do Brasil, a plateia teve oportunidade de apresentar questões. No fechamento, os palestrantes fizeram referência às atuais manifestações civis pelo País, apresentando uma perspectiva consensualmente otimista sobre tais movimentos. "Não construímos ainda no País uma cultura democrática; é preciso pensar um novo modelo político", assinala Rolim.

No final do encontro, a educadora Esther Pillar Grossi, por sua vez, distribuiu aos presentes o texto "Para não repetir a barbárie dos colonizadores", abordando os desafios nos investimentos para a alfabetização no País. Ela também distribuiu merengues aos participantes, simbolizando as mudanças que ela propõe no modelo de ensino vigente.

Inaugurado em abril deste ano, o projeto DNA do Brasil propõe um debate sobre a questão do reconhecimento ou construção de uma identidade brasileira, a partir de expoentes da cultura gaúcha. Essa iniciativa é uma realização da Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal da Cultura, em parceria com o Unilasalle.

Próximos encontros

14 de agosto - Sergius Gonzaga e Juremir Machado da Silva
11 de setembro - Cintia Moscovich e Luis Augusto Fischer
9 de outubro - Arthur de Faria e Roger Lerina
13 de novembro - Tarso Genro e Jairo Jorge


Crédito da notícia: Ronaldo M. Botelho

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