quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Bem-estar Animal e outras cozitas

HISTÓRIA: teoria e historiografia- lista inédita com 170 obras de História para download. [Revista Biografia]. Via Sociedadedospoetasamigos.

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106 obras geográficas disponíveis para download. Aqui. Via Geoluislopes.

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“Nós temos no Brasil hoje um numero elevadíssimo de escrituras onde não há fazendas”, comenta o geógrafo.
O geógrafo, pesquisador e professor da USP Ariovaldo Umbelino fala sobre a situação de propriedades que utilizam terras retiradas do patrimônio público ilegalmente, os famosos casos de grilagem (...) Umbelino alerta que o problema não é uma situação isolada ao norte do Brasil. Atualmente ele enfrenta a mesma realidade em outros estados do país. “Isso tem em todos os municípios do Brasil. Estou fazendo esse trabalho lá em Minas Gerais, em Riacho dos Machados, é a mesma coisa. Metade dos documentos é ilegal”, afirma.



Texto completo em Carta Capital.

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O VENENO DA "NEUTRALIDADE" E A GUERRA DAS PALAVRAS NA IMPRENSA BRASILEIRA. "Mudar o sistema político. Hum. Não fica claro se o cidadão quer uma ditadura. A Ucrânia não é uma democracia? O governo não foi eleito pela maioria? Hum… “Sem afiliação a partidos” – essa parece ser a chave para legitimar tudo nos dias que correm. A CIA, os EUA, a CNN, a Folha não tem filiação a partidos. Não. Nem o nobre manifestante de Kiev."

Texto e Imagem reproduzidos do Conversa Fiada.



UCRÂNIA E VENEZUELA: LUTAR COM PALAVRAS

“Lutar com palavras é a luta mais vã. No entanto lutamos mal rompe a manhã.” (Drummond)

por Rodrigo Vianna

Não se trata de poesia. Mas de política. A edição da “Folha” desta sexta-feira é mais uma demonstração de que a batalha nas ruas de Kiev ou Caracas não é feita só de coquetéis molotov, bombas e fuzis. A batalha se dá na mídia, na TV, na internet, nas páginas envelhecidas dos jornais. São Paulo, Caracas, Kiev, Moscou e Washington. A batalha é uma só.

Reparemos bem. Acima, temos a primeira página do jornal conservador paulistano – o mesmo que apoiou o golpe de 64 e emprestou seus carros para transporte de presos durante a ditadura militar. Na capa da “Folha”, ucranianos escalam uma montanha de entulho no centro de Kiev, e a legenda avisa: “Manifestantes antigoverno usam pneus e entulho para montar barricadas…” Logo abaixo, uma chamada sobre reintegração de posse em São Paulo: “Em SP, invasores destroem imóveis do Minha Casa”. Numa página interna, o jornal informa que esse “invasores resistiram e, até a noite, praticavam atos de vandalismo”. (página C-1)

Ucranianos não praticam “vandalismo”. São tratados de forma heróica. Ainda que se saiba que parte dos manifestantes em Kiev tem um discurso racista, próximo do nazismo. Brasileiros são “vândalos”. Ucranianos são “manifestantes”.

Mas sigamos adiante. Nas páginas internas, a “Folha” traz vários textos do enviado especial a Kiev. Num deles, o repórter mostra uma pequena fábrica para produção de coquetéis Molotov, dentro do Metrô de Kiev. O cidadão que produz as bombas é descrito assim: “Sem afiliação a partidos ou uma proposta ideológica clara, o cidadão diz ter sido atraído pela praça e pelas manifestações a partir da ideia de que é necessário mudar o sistema político na Ucrânia.”


Mudar o sistema político. Hum. Não fica claro se o cidadão quer uma ditadura. A Ucrânia não é uma democracia? O governo não foi eleito pela maioria? Hum… “Sem afiliação a partidos” – essa parece ser a chave para legitimar tudo nos dias que correm. A CIA, os EUA, a CNN, a Folha não tem filiação a partidos. Não. Nem o nobre manifestante de Kiev.

Ao lado da reportagem sobre os molotov, um texto opinativo assinado por Igor Gielow (sobrenome “eslavo”, muito bom! Isso dá credibilidade ao comentário). Basicamente, Gielow diz que a crise na Ucrânia é “reflexo da estratégia de Putin para a região”. Ele não está errado. Pena que esqueça de contar uma parte da história. “O importante não é o que eu publico, mas o que deixo de publicar”, dizia Roberto Marinho.

Gielow e a “Folha” ensinam: Putin é um líder malvado, que pretende manter na Ucrânia “a esfera de poder dos tempos imperiais e soviéticos”. Aprendam: só a Rússia tem interesses imperiais na Ucrânia. Do outro lado, há cidadãos sem afiliação partidária, lutando contra um insano governo pró-Moscou.  Os EUA e a Europa não têm interesses na Ucrânia. Só Putin. A culpa é dos russos.

Na “Folha” luta-se com as palavras muito antes da manhã começar. Luta-se com as palavras em Kiev, em São Paulo, Moscou. Washington fica invisível. E toda a estratégia passa por aí. O poder imperial só existe por parte da Rússia. Washington não tem qualquer projeto imperial: nem na Ucrânia, nem na Síria, nem tampouco na América Latina…

Falando nisso, a cobertura sobre a Venezuela é também grandiosa no diário da família Frias. Declarações de Maduro aparecem entre aspas. Velho truque jornalistico para desqualificar, colocar no gueto da suspeição, qualquer fala dos chavistas. Segundo a Folha, o governo de Maduro afirma que o movimento (golpista? Isso a Folha não diz) é uma armação de “forças de ultradireita da Venezuela e de Miami”. No texto original a expressão está assim, entre aspas. Por que? Para dar a impressão de que Maduro é um lunático, e que não há forças de ultradireita lutando nas ruas. Não. Há só “estudantes” e “manifestantes” (e agora sou eu que coloco entre aspas).

A legenda da foto acima (também publicada pelo jornal conservador paulistano) diz: “Estudantes queimam lixo em atos contra Nicolás Maduro”. Primeiro, como se sabe que o sujeito é um “estudante”? Depois, reparem que queimar lixo na Venezuela é “ato contra Maduro“. Queimar prédios em desapropriação, em São Paulo, vira “vandalismo”.

Em Caracas não há “vândalos”.

Ao lado da foto, um texto assinado por repórter (que está em São Paulo!!!!!) narra  roubo de equipamento da CNN em Caracas: “o ataque à CNN se assemelha a inúmeros relatos de motociclistas intimidando manifestantes, com tolerância e até respaldo das forças de segurança do governo”. O roubo ocorreu em manifestação da oposição. Mas o roubo certamente é coisa dos chavistas. Claro. Nem é preciso ir até Caracas pra saber (registro a bem da verdade factual que o repórter – a quem conheço, ótima pessoa – foi correspondente em Caracas).

No mesmo texto (assinado, de São Paulo) os grupos que defendem o governo são chamados de “milícias”. Ok. Já estive em Caracas cinco ou seis vezes. E há grupos chavistas que se assemelham mesmo a milícias. Mas do lado da oposição há o que? Não há milícias? A turma de Leopoldo, que deu golpe em 2002, é formada por cidadãos inocentes. E só.

Quem lê a “Folha” aprende que, em Caracas,  há de um lado “milícias chavistas”. De outro, só “estudantes” e “manifestantes”.

Não há neutralidade no uso das palavras. Nunca houve. Nunca haverá. E quanto mais agudas as crises, mais isso fica claro. Há escolhas. A “Folha” faz as suas. A CNN, a Telesur, a VTV – ou esse blogueiro. A diferença é que uns assumem que têm lado. Outros fingem que estão “a serviço do Brasil”.

Lutemos, com as palavras. Não há saída. O outro lado luta todos os dias, todas horas.

“Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate” (Drummond).


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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Outra iniciativa interessante rumo ao bem-estar animal.



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Movimentos que mudam na Arte e na Vida

13 de fevereiro de 2014 por Fê Neute

Reproduzido de Feliz com a Vida.



VIAJAR O MUNDOVIAJAR O MUNDOEu raramente falo sobre as minhas viagens por aqui, mas acaba sendo inevitável que as pessoas sintam curiosidade sobre isso uma vez que eu decidi pedir demissão do meu emprego em São Paulo para fazer essa pesquisa sobre a felicidade viajando pelo mundo.

Depois de 6 meses na estrada, muita gente ainda não entendia se isso era um ano sabático, se era uma viagem de volta ao mundo ou o que eu vou fazer quando eu voltar ao Brasil. Foi por causa dessas dúvidas que eu decidi escrever um pouco sobre a minha vida e o que é ser um nômade digital.

Para muitos, inclusive para mim, essa é a vida que todo mundo sonha. Poder viajar sem data definida para voltar, conhecer lugares, viver experiências e trabalhar durante o percurso. Mas, será que viajar pelo mundo e fazer o que ama é realmente o caminho para ter uma vida mais feliz e plena? Uma vida cheia de significado e propósito? A minha resposta é não.

- Como não? Não é você a pessoa que está fazendo exatamente isso?

Sim, por isso mesmo. E para vocês não me acharem louca, eu explico:

1. A felicidade está dentro de você

Espero que você não pare de ler depois desse clichê de doer os olhos, mas não poderia ser mais verdadeiro. Quanto mais você busca a felicidade, quanto mais você tenta ser feliz, menos você é já que nossas expectativas acabam sendo sempre mais altas do que a nossa capacidade de reconhecer a felicidade.

Acho que desde o sucesso de Comer, Rezar, Amar muita gente passou a achar que viajar o mundo pode ser a solução para os problemas. Isso também acontece porque carregamos memórias de momentos incríveis das nossas férias, lembramos da dor ao fazer as malas para voltar e da depressão do primeiro dia de trabalho.

Mesmo que você decida viajar por um ano inteiro, vivendo uma aventura diferente todos os dias, a realidade um dia vai bater à sua porta. E quando você voltar do seu ano sabático, será que vai estar preparado para encarar o que te espera?

OK, você percebeu que seu trabalho te permite ser um nômade digital e você vai poder viajar para sempre! Eu te garanto, depois de alguns meses isso não vai te fazer muito mais feliz do que você era antes, sabe por que? Porque viajar vai virar sua nova rotina e como toda rotina, vai ter seus momentos de chatice, tédio e encheção de saco.

Você não será mais feliz em nenhum outro lugar se já não for na sua vida normal. Se as coisas simples que acontecem no seu dia-a-dia não estão te fazendo feliz, acredite, isso não vai mudar por você estar viajando por um longo período.

2. Viajar não vai solucionar seus problemas

Parece meio óbvio depois do primeiro item, né? Mas eu quero te cutucar um pouco mais. Independentemente de onde você esteja, você já parou para pensar no que faz a sua vida não ser pequena? Você já parou para pensar sobre qual é o tipo de trabalho que te faria feliz? Ou quem sabe, você já parou para pensar qual é o estilo de vida que você quer viver?

Nenhuma dessas respostas vão aparecer magicamente enquanto você estiver meditando em Bali ou andando pelos templos no Camboja.

Se você nunca parou para pensar nessas coisas, é bom que pense e muito antes de decidir que você precisa fazer uma viagem para se encontrar. Ao contrário do que você pensa, viajar pelo mundo pode fazer você ficar muito mais perdido.

3. Sonho VS Realidade

Para que a gente tenha uma vida feliz é preciso que haja equilíbrio. Tudo que acontece em excesso gera um desequilíbrio inevitável que vai acabar trazendo algum tipo de angústia ou até infelicidade. Isso vale para tudo. Beber demais, comer de menos, trabalhar demais, se divertir de menos e até, viajar demais.

O que você tem feito para trazer mais animação e alegria para a sua vida cotidiana? É bem mais fácil ter uma vida incrível viajando, mas vamos combinar que ninguém é como um pássaro que migra durante o inverno deixando tudo para trás todos os anos. Mesmo quando tomamos essa decisão, sabemos que isso não vai durar para sempre e se você não estiver preparado, vai ficar muito mais difícil ser feliz com uma vida normal depois de uma experiência como esta.

Essa foi uma das principais razões pela qual eu sugeri o desafio #100diasfelizescomavida. Primeiro, porque quem participa passa a prestar mais atenção nas pequenas coisas que fazem a vida mais feliz, mas também, para mostrar que mesmo viajando vocês vão poder ver o quanto a minha vida é normal.

4. A armadilha do “faça o que você ama”

Esse eu “roubei” do texto incrível que eu li esses dias e você também deveria ler no link acima!

É uma entrevista que a Dani Arrais e a Luiza Voll da Contente fizeram com a socióloga e doutora em ciências sociais pela UNICAMP, Barbara Castro:

“Não é todo mundo que pode, efetivamente, largar tudo e botar um mochilão nas costas (e aqui não faço nenhum julgamento moral sobre isso, é só uma questão de oportunidades e de classe), isso gera uma ansiedade absurda em quem já se sente oprimido pelo trabalho. O problema é que o que circula são sempre os casos bem sucedidos. De quem pediu demissão e inventou um negócio bem sucedido. De quem nunca trabalhou em uma firma e vive de frila, rodando o mundo enquanto escreve uma ou outra matéria. Mas o que eu sempre me pergunto é: quem pode, efetivamente fazer isso? Eu acho restrito, ingênuo e glamourizado. Porque amar o que você faz sempre vem acompanhado de ter dinheiro, morar em uma cidade incrível e cara e ser bem-sucedido. É um discurso de felicidade que, além de irreal pra maioria das pessoas, quem não vive de trabalhos criativos que podem ser feitos fora de uma empresa, traz um modelo de felicidade hermético. E acho que o que a gente precisa discutir de verdade é o que existe no trabalho tal como ele é organizado hoje, que nos faz abrir esse flanco entre produção e felicidade.”

Além de não ser fácil encontrar a tal “paixão”, ninguém é feliz o tempo todo, mesmo quando ama o que faz. Sempre vão existir angústias, medos ou sapos para engolir.

Acho que um bom exemplo é o caso, que foi bastante comentado nas últimas semanas, da blogueira fitness Gabriela Pugliesi. Em um ano, ela que era uma pessoa totalmente comum, virou web-celebridade, esculpiu o corpo, passou a ganhar rios de dinheiro e agora está tendo de lidar com a crítica e até processo do Conar por propaganda velada. Não tenho dúvidas de que ela faz o que ama, nem por isso deixou de passar por esse inconveniente.

5. Propósito

Outro mito gerado pela teoria de viajar o mundo para ser mais feliz é que, vivendo novas experiências, conhecendo pessoas e lugares novos vai te ajudar a encontrar o seu verdadeiro propósito, o significado da sua vida. Parece que o fato de você estar trabalhando no seu escritório todos os dias das 9h as 18h é o que te impede de encontrar a sua vocação ou aquilo que vai te fazer verdadeiramente feliz.

Desculpe te desapontar, mas você também não vai esbarrar no propósito da sua vida andando pelas ruas de Barcelona ou de Paris. Propósito, além de nem sempre estar relacionado ao trabalho, é algo que você encontra fazendo coisas, testando algo novo, se superando em algo que parecia difícil no começo, correndo riscos, se relacionando com pessoas, ou seja, aquilo que faz com que você tenha razões para sair da cama todos os dias.

O que faz as pessoas acharem que vão encontrar seus propósitos viajando é a sensação de que você vai estar usando o seu tempo de forma mais inteligente e não perdendo tempo no transito ou no trabalho que você odeia. Se você não tem um propósito na sua vida hoje, viajar talvez só te proporcione uma mudança de cenário.

Embora possa parecer, eu não quero te convencer de que pedir demissão de um trabalho que não te faz feliz e viajar o mundo seja uma péssima ideia. Eu fiz isso e não me arrependo nem por um minuto. Mas fiz não porque eu odiava meu trabalho ou porque eu queria “me encontrar”. Eu já era muito feliz com a minha vida. Eu fiz para alimentar a minha avidez pelo novo, pelo desconhecido, para me desafiar a sair ainda mais da zona de conforto, mas sempre com o pé na realidade porque ela vai te seguir onde quer que você vá.

A minha intenção aqui é escrever exatamente o que você não quer ler quando acompanha um blog como o meu. É dizer que nem sempre você precisa tomar uma atitude como a minha para mudar o que não está fazendo você feliz ou para começar algo que você queira muito.

Quer mudar algo? Comece pequeno. Quer ter um blog? Escreva nos fins de semana. Quer aprender fotografia? Compre uma câmera e saia fazendo testes por aí. Não gosta do seu emprego, peça demissão, não para viajar, mas para abrir espaço para algo melhor entrar.

Mudar de país ou fazer um mochilão pelo mundo não é o que vai fazer com que você comece a criar coisas novas para a sua vida. É a sua vontade de mudar aquilo que não te faz feliz que vai!

“Em vez de ficar sonhando com o seu próximo destino de férias, talvez você devesse criar uma vida a qual você não precise fugir.”

– Seth Godin

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BOA NOTÍCIA. "A mais nova exposição do fotógrafo, Genesis, poderá ser visitada na área externa do Salão de Atos da UFRGS, a partir da mesma data."
Sebastião Salgado estará na UFRGS no dia 14 de março para a Aula Magna de 2014, às 10h, no Salão de Atos. A atividade é aberta ao público, com entrada franca, sem necessidade de inscrição prévia.

A mais nova exposição do fotógrafo, Genesis, poderá ser visitada na área externa do Salão de Atos da UFRGS, a partir da mesma data.

As atividades integram a programação especial da Universidade para comemorar seus 80 anos.


Foto: Suzanne Plunkett / Reuters


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Tragédias e interpretações




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ME TOCA A CADEIA NACIONAL DE PRONUNCIAMENTOS EDITORIAIS QUE SE FORMOU NA TV SOBRE A MORTE DO CINEGRAFISTA SANTIAGO, UMA LAMENTÁVEL VÍTIMA DE UMA REBELDIA CEGA. MAS O QUE ME PERTURBA MESMO É A ESTRANHA ATENÇÃO SELETIVA À VIOLÊNCIA, FENÔMENO QUE MATA MUITO HÁ DÉCADAS - INCLUINDO JORNALISTAS - E NO QUAL A MÍDIA NUNCA FOI UM OPERADOR NEUTRO. PELO CONTRÁRIO. HÁ POUCOS DIAS, UMA JORNALISTA DEFENDEU ABERTAMENTE, EM REDE NACIONAL, A BARBÁRIE DA JUSTIÇA A PRÓPRIAS MÃOS COMO MEDIDA COMPREENSÍVEL. E O SILÊNCIO ENSURDECEDOR SE FEZ ENTRE A COMUNIDADE MIDIÁTICA SOBRE A ATITUDE DA COLEGA. No link, abaixo, reproduzo reportagem "Brasil é o terceiro país com mais mortes de jornalistas em 2012" da CP, perfeitamente respeitante a um índice que cresceu de lá para cá. No más, deixo a análise, sempre lúcida de Bob Fernandes. http://www.cartacapital.com.br/sociedade/brasil-e-o-terceiro-pais-com-mais-mortes-de-jornalistas-em-2012/


O cidadão Santiago Ilídio Andrade, colega cinegrafista da Band, foi assassinado. Segmentos mais doentios da sociedade, e da baixa política, buscam um mártir desde junho passado. Santiago, atingido por aquele rojão ao cobrir uma manifestação no Rio de Janeiro na última quinta-feira. Um dia antes tratamos aqui da violência que se espalha. Violência que têm causas seculares. E que tantos fazem de conta ser produto apenas do aqui e do agora. Como fazem de conta ser produto apenas da ação do Outro, dos Outros. É produto também do aqui e do agora. Mas não apenas. Não cansaremos de repetir: nas últimas 3 décadas, a média de 50 mil brasileiros têm sido assassinados a cada ano. No estado de São Paulo, em dezembro, 436 mortes por violência. A violência está ai, num país que tem toque de recolher quando escurece e já nem se dá conta disso. A violência está, esteve num dos pilares da formação da sociedade brasileira. Ou a escravidão por 380 anos, quatro quintos da nossa história oficial, não é violência? O menino pobre e preto preso a um poste por "justiceiros", no Rio de Janeiro, não é só violência. É uma assombrosa revisita ao passado dos Pelourinhos. A violência não está só nas ruas. Quem viaja pelo país sabe qual é o prato servido, em cada cidade, antes do almoço ou do jantar: violência. Aqueles programas policiais com cenas cruas da barbárie nas ruas são mera informação? Ou terminam sendo uma formula, comercial, de retroalimentação da violência? E isso em espaços, Tv e rádio, que são concessões do Estado. Há quem se valha da violência que está aí para pregar ainda mais violência; filme já visto aqui e mundo afora e que sabemos como termina: com o fascismo no poder. Há quem, mesmo sem perceber, esteja alimentado essa caminhada. A violência, antes e depois de tudo, pode estar também na palavra, e nas linguagens todas. O banditismo é violência. Como é violência a ação de "justiceiros", "milícias", e a ação de polícias ainda treinadas com o receituário das ditaduras. Discursos de ódio induzem à violência, e tanto faz se nos parlamentos ou em púlpitos. Não importa se na mídia das redes sociais ou nas mídias tradicionais. Ódio é ódio. O verniz, seja ele real ou simulado, não esconde ódios e recalques, o ressentimento e o oportunismo que embalam a lógica da violência. Tanto faz se em nome da pátria, religião, futebol ou de ideologias. Assim como miséria pode alimentar a violência, os ódios fomentam essa lógica da violência. Santiago morreu nas ruas. A lógica daquela violência mais refinada, a da linguagem, quase sempre travestida, já opera em espaços midiáticos. Supõe ter encontrado seu mártir.

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O BOM EXEMPLO DOS CIDADÃOS DE "BEM" COMEÇA A SE REPRODUZIR; AGORA SÓ FALTA O SBT CONTRATAR UM REPRESENTANTE DO TALIBÃ PARA SUBSTITUIR A OUTRA, TUDO PELA COMPETÊNCIA "TOPA TUDO POR AUDIÊNCIA", A MAIS PERVERSA POSSÍVEL. “Durante as duas horas em que ficou amarrado, algumas pessoas tentaram libertá-lo, ato que foi violentamente rechassado pelos dois homens que o prenderam. No mais, a multidão, estonteada, admirava estupidamente o espetáculo do homem que gritava, rugia e pedia por socorro. Diversas autoridades estiveram no local, a exemplo de soldados do Ronda”


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A imprensa brasileira não deixa de me surpreender. P.Q.P!! É impressionante até que ponto chega a a edição "independente" para abrigar os fatos dentro de uma direção interpretativa "livre". Aula de comunicologia. Via José Antonio Meira da Rocha.



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Polícias, a condenação seletiva na TV e a estupidez disfarçada de humor

A Lua está lindamente e sozinha esta noite. Mas com o mundo todo aos seus pés.

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POLÍCIA PARA MUITO ALÉM DA POLÍCIA. "Faltam informação e consciência à sociedade. Faltam ousadia e coragem às lideranças. Coragem para enfrentar o conceito de segurança nascido nas ditaduras do século 20. Conceito de segurança que tem como princípio e meta não o cidadão, mas a proteção ao patrimônio e a defesa do Estado. Conceito de segurança que vê a sociedade e os cidadãos como potenciais inimigos."

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BELA ANÁLISE DE BIA; CERTAMENTE FOI UM DESFECHO INSCONSCIENTE NO PROCESSO CRIATIVO DE W. CARRASCO. MAS QUEM DISSE QUE O INCONSCIENTE ESTÁ DIVORCIADO DA AUTOCENSURA, OU QUE ESSA ROMPE OU DEIXA DE CORRESPONDER COM O SENSO COMUM E AS EXPECTATI...VAS MERCADOLÓGICAS QUE O CERCAM? "Afinal, se todas as mulheres devem ser punidas por desejarem poder, dinheiro, serem egoístas ou terem um comportamento sexual considerado inadequado, enquanto os homens são perdoados por essas mesmas questões, ainda não saímos das fogueiras das bruxas.".

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A DIFERENÇA ENTRE RISÍVEL E O ESTÚPIDO PODE SER A RESPONSABILIDADE, A INTELIGÊNCIA, OU A FALHA DE AMBAS. "A doadora de leite humano que salva vidas foi transformada em uma criminosa, pelo simples fato de doar leite e sensibilizar outras lactantes a doarem o seu excesso de leite materno."



sábado, 1 de fevereiro de 2014

Poesia e dois comentários

A TV, com todo o seu poder, é incapaz de esconder a realidade. É por isso que a expressa sempre, ainda que de forma maquiada, conservadora e caricaturizada - mesmo quando o tema mexe com os padrões sociais vigentes. O desfecho de Amor a Vid...a foi emblemático, no que se refere ao tema da homossexualidade. Ainda que com um papel magistral dos dois atores - referencial admirável - em se tratando de felicidade, esse final pouco demonstra de inovador. Acomoda o "anormal" dentro da normalidade, ajustado a caixinhas de comportamento invioláveis, e devolve ao público embrulhado e rotulado de realização. A permitida. No engate, fica tudo Em Família. A aceitável. Há quem diga que certas coisas mudam para continuar como estão. De qualquer forma, achei a cena do SBT mais bem produzida. E bem menos polemizada. Sintomático.

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Declamei ontem, pela primeira vez, no Boteco Pau Brasil, Dentro da Noite Veloz (F. Gullar). Foi durante a o Sarau de Laçamento da 3.ª edição da Revista Entreverbo. Outras devem ocorrer. Energia pura! Parabéns aos mentores dessa iniciativa!!! Evento teve cobertura fotográfica de Danielle Silva. Confira aqui: http://www.flickr.com/photos/94633152@N06/sets/72157640372760894/

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POIS É. "A greve dos rodoviários é justa, mas se volta contra eles e a favor dos patrões, que jogam seus funcionários contra a população. Na lógica simplista, os rodoviários devem voltar ao trabalho para não prejudicar os usuários. O pobrezinho do patrão que oferece lata velha sem ar-condicionado, comemora. A pressão sobre eles é mínima. Coitadinhos." (Juremir Machado)