Retorno aos meus registros diários, após um período com problemas no computador. Por esses dias, tive alguns momentos interessantes para refletir sobre a vida. Pequenos lapsos de tempo que nos fazem mais sensíveis, ou nos tocam mais intensamente em determinadas circunstâncias da vida.
Um deles, foi nesta semana, com a falta de luz no condomínio. A priori, uma situação corriqueira. Mas isso se a vida da maioria das pessoas não estivesse tão ligada e dependente da energia elétrica. No caso de um condomínio de uma área central de uma cidade próxima a uma BR, a energia elétrica é algo como vital. Ela é uma espécie de combustível que, literalmente, dá luz a uma pós-rotina que prossegue após um dia de trabalho. Então, diante da escuridão, tive que abandonar minhas leituras a noite, já que nem a luminária funcionava, e resolvi tomar uma atitude que raramente o faço, mas estava muito propício naquelas circunstâncias. Pequei uma cadeira e pus em efrente a minha porta da rua, ao lado das folhagens. E simplesmente fiquei ali, sentado, a obsrvar a Lua. Para a minha surpresa, várias percepções e ideias brotaram deste simples ato. A primeira mudança, em sí, foi a possibilidade de observar a rotina das pessoas dentro do condomínio de um modo diferente. Muito além de um "Olá" e um "Bom dia", pude notar fisionomias de modo mais detalhado. Os tempos que as pessoas chegam e saem e seus estados psicológicos. Uma interação diferente, obviamente, também passa a nascer disso. E, claro, além de observar os outros, ante a um silêncio sob um lindo e grande céu estrelado e com uma bela Lua, não há como não pensar em mim mesmo. E foi que fiz, refleti sobre meu momento. Foram minutos muito importantes, avalio. O tempo não se extendeu mais que 1h para o retorno da energia, mas valeu para mim uma boa experiência, que pretendo repetir outras vezes. Outra prova que nas pequenas coisas, próximos a nós, há oportunidade de viver experiências especiais e intensas.um dia.
Devo ausentar-me amanhã, por conta de compromissos. Retorno com outros registros na próxima terça-feira. Sugiro, nesse período, que visitem os blogs, com links ao lado.
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Impressionante isso. Ingenuidade mesmo imaginar a construção de uma Paz Mundial ignorando perdas, mágoas e interesses ocultados nos discursos que a sustentam. Gostaria de ver a versão disso nas Américas e Caribe.
Mapa da Europa - 1.000 DC até hoje. Confira aqui.
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Defesa pública, com todos os interessados no tema, e com a chance de ouvir uma banca qualificadíssima. Não percam!
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Do outro lado do rio - Por: Fernanda Pompeu
Reproduzidos - texto e foto - do Geledés
Existiu um tempo na minha vida em que sonhei de maneira desavergonhada. Quando estudante de Cinema, sonhava que seria uma das mais brilhantes diretoras de filmes do Brasil. Depois, ao escrever meu primeiro romance (até hoje inédito) sonhava que ele seria um marco na literatura nacional.
O fato é que me projetar com sucesso era natural em mim. Não eram só devaneios. Estudei e trabalhei fundo para conquistar vitórias - acreditando minhas por direito. Nos meus anos de escritora de romance, pulava da cama às cinco e ia para o ringue com as palavras.
Eu ainda sonhava com parágrafos perfeitos dando conta da justa mensagem. Assim como idealizava leitores dispostos a trabalhar duro para merecerem o prazer do texto. Hoje, reconheço que fui uma máquina de acreditar. Talvez - lá se foram robustos anos - por então saber tão pouco da vida. Não que agora saiba muito mais.
Vindos os dissabores e as frustrações, decidi matar a sonhadora que insistia em mim. Lenta, mas aplicadamente, fui me tornando uma pragmática. Ou, melhor imagem, uma Santa Tomé. Tinha que acontecer primeiro para eu crer depois. É claro, foi uma forma de reagir à dor das ilusões perdidas.
Mas de uns meses para cá, ando reorganizando o olhar para mim mesma. Tenho percebido que sem sonho não há vida, do mesmo modo que sem água não há barco. O sonho não precisa ser desvairado ou imenso. Ele pode ser como a esperança. Algo que raciocinamos que pode dar certo ou não, mas sonhamos que dê.
Tenho feito o exercício de levantar a cabeça. Espichar o olhar para o outro lado do rio. Perguntar e perguntar o que haverá na outra margem. Porque sempre existirá alguma coisa além do que enxergamos. Essa coisa não precisa ser nada fabulosa, como um unicórnio ou um dragão. Nem carece ser colorida ou perfumada.
Necessita apenas que bagunce de forma boa meu mapa mental. Algo que faça valer a pena pôr o barco a navegar. O que é igual a voltar a sonhar. Afinal, o que nos alegra é atravessar. É o movimento que nos mantêm respirando.
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