sexta-feira, 18 de abril de 2014

Outras notas do dia

"PORTA ARROMBADA. A Justiça decidiu expedir mandado de busca coletivo em todas as casas (são 40 mil) da Favela da Maré, tornada bairro desde 1994. O professor Jorge da Silva (Uerj), coronel aposentado da PM, decepcionado, lançou uma afirmação: "Sintomático o silêncio ensurdecedor dos 'Democratas'... De três, uma: ou a lei mudou sem que eu tenha tomado conhecimento, ou o juiz a desconhece, ou, conhecendo-a, não lhe faz caso". Ele faz as contas e mostra que a população das comunidades da Maré é de 130 mil pessoas. Isso significa que, dos 5.570 municípios brasileiros, 5.350 possuem população inferior. A decisão do mandado coletivo significa invasão em massa de domicílios. Mesmo porque há um Guia de Ruas da Maré com CEP e numeração de quase todas as casas". (M. Dias, C. Capital ed.795, 16.4.2014).

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O discurso da dupla Marina-Eduardo Campos está tão convincente quanto o de um vendedor de tomates na segunda-feira, na Hora da Xêpa.

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O assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos - desaparecido no dia 4 desse mês em Três Passos (RS), e cujo corpo foi encontrado dez dias depois em um matagal - já revela uma história de vida marcada, precocemente, por maus-tratos, depressão e desespero. A investigação desse caso, para que se faça real justiça, tem que considerar toda a responsabilidade direta pelo ato cruel do homicídio, mas também, a eventual omissão da justiça, caso se configure isso como contribuição indireta para o desfecho trágico sofrido pela criança. Infelizmente, fatos como esse reforçam a necessidade de o Estado e a sociedade civil estarem, sim, atentos e vigilantes às suspeitas de abusos contra a vida dos vulneráveis, inclusive dos que apresentem sob riscos, ainda que cercados pelo que tradicionalmente se chama de Família.

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“Em Hiroshima havia 260 médicos, e duzentos morreram instantaneamente por causa da explosão. A maioria dos que sobreviveram ficou ferida. Os pouquíssimos sobrevientes – entre eles, o Padre Arrupe, formado em medicina – não dispunha de qualquer elemento para socorrer as vítimas. As farmácias e os depósitos de medicamento haviam desaparecidos sob os escombros. E mesmo no caso de que tivessem tido recursos, desconhecia-se completamente o tipo de tratamento a se aplicar às vítimas daquela monstruosa explosão. Os primeiros feridos socorridos pelo Padre Arrupe, entretanto, foram favorecidos por um acontecimento ainda não explicado: em meio à confusão, um aldeão pôs à disposição do padre um saco com vinte quilos de ácído bórico. Foi esse o primeiro tratamento que administrou a eles: cobrir as feridas com ácido bórico. (Trecho da reportagem “Fala uma testemunha da primeira explosão atômica”, p. 480 do livro Entreamigos, 1982, que reúne crônicas, críticas e reportagens jornalísticas do escritor Gabriel Garcia Marquez. Esta, de maio de 1955, realizada por ele a partir de entrevista com o Jesuíta Pedro Arrupe, testemunha ocular da devastação de Hiroshima).


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