segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Provocações do Tião - Meu tardio cartão de Boas Festas

Sebastião Pinheiro*

Cada um comemora o Natal e Passagem de Ano conforme sua formação; uns, com ênfase no reencontro - familiar, religioso, social - e outros como meros consumistas.
Em minhas reflexões, priorizo aqueles impedidos de comemorar pela dor, desespero e tristeza.

Neste ano, os 43 jovens estudantes chacinados no México pelo conluio de políticos corruptos com narcotraficantes, que enluta e revolta a América; e pela retaliação bestial que imolou 132 crianças em uma academia militar no Paquistão, trazendo a covardia antes comum nas escolas dos EUA, ao cotidiano dos pobres e miseráveis do mundo às voltas com as guerras do narcotráfico e corrupção.







Perplexos, vimos descompostura de S.S. Francisco à “corte” do Vaticano (FOTOS ACIMA) o que me levou a lembrar a massacre de Kanungu em Uganda/Burundi em 17 de março de 2000 nas desavenças entre hutus e tutsies, com mais de um milhão de mortos.




Os rumores, na época, responsabilizavam o alto clero católico romano, e na Bélgica, ficaram marcadas as freiras beneditinas (hutus) Maria Kisito (Juliene Mukabutera) e Gertrud (Consolata Mukangango) – FOTO ACIMA - que era a Madre Superior condenadas por negar abrigo no convento
e alimentos a 7.600 refugiados, que foram massacrados nos dois últimos dias da quaresma (período de 40 dias de reflexão e jejum no deserto feito por Jesus Cristo, comemorado na Páscoa) do ano Santo, cuja Homilia no dia do perdão (12 de março) foi feita por Johannis Pavlvs II.

Na África, não são poucos os que atribuem a ação das “religiosas” e o massacre às ordens superiores, para evitar o êxodo em massa dos católicos para as igrejas pentecostais...

Quando o Império usa os meios de comunicação para amplo espaço de promoção à comédia sobre a Coréia do Norte, sem uma palavra sequer sobre a desgraça daquele povo dividido em dois, se enfrentando por interesses imperiais, a ação de S.S. Francisco cai num abismo de frustração gigantesca, tão grande quanto à dor no coração das famílias mexicanas, paquistanesas, norte-americanas, ou na sombria alvorada ao raiar o escândalo na Petrobrás orquestrado pela “corte” política para as gerações futuras no Brasil.

Desculpem, mas este é meu tardio cartão de Boas Festas.

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*Engenheiro Agrônomo e Florestal, ambientalista e escritor

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

APRÍGIO ESPEROU PASSAR O NATAL PARA APAGAR OUTRA LUZ ENTRE OS BONOMO MARTINS


Fazia alguns anos que já não via, ou conversava, com Tio Aprígio, o camarada sério e que debochava dos problemas – era esta a imagem que cultivei dele, desde a infância. Entre os 11 irmãos, fazia parte do grupo dos que viviam sozinhos de forma mais efetiva, e no seu caso, por opção há mais tempo. Gostava de viver, certamente, ainda que ligasse mais para o prazer imediato do que para a longevidade. Estar bem no momento de estar bem, seja com um copo de vinho gelado, um bate-papo de bar, ou em família, e se desse, um gibi de velho oeste, eram coisas que faziam seu prazer. Pelas vielas entre 32 e a 36 de Viamão ou pelos botecos de Alvorada, era de amizade fácil. Descontando a proximidade típica que o álcool produz, eventualmente, Aprígio tinha um carisma especial, uma certa tranquilidade em falar da vida, contar histórias e piadas, que agradava as almas mais preocupadas. "Mexeu com meu sobrinho, vai ter comigo", afirmou outra vez, pela minha infância, quase caindo, mas seguro em um copo e com a seriedade de quem prestava um juramento. Quando repreendido por beber demais, só fechava os olhos e ficava em silêncio. As vezes, balbuciava: "Eu sou assim, fazer o quê?". Estava para visitar-lhe há alguns meses no último recanto de descanso e tratamento em que andou, ali pelo Morro Santana. Mas a correria dessa vida, aliada ao nosso costumaz vício de criar desculpas para adiar encontros e outros contratempos familiares, atrasou demais esse reencontro. Ontem, em plena véspera de Natal, decidi que tinha que ir ao hospital de Viamão, lugar que gostaria de evitar, mas que ainda prefiro, em absoluto, do que os velórios. Junto com a guerreira Tia Ilda, que acode a todos, adentrei naquele frio ambiente, com seus tradicionais rituais de acesso. Após alguns minutos de espera, para a liberação da entrada, ingressamos em um quarto frio - como frio são todos quartos hospitalares – e lá estava ele, quase sumido em meio a aparelhos, tubos e panos. Esperava que estaria diferente, mas não pude deixar de assustar-me com o impacto do quanto aquele forte espirituoso sujeito tinha envelhecido com as dores e debilidades. Ainda com a voz grossa, mas entrecortada pela pouca respiração, demonstrava a plena lucidez com o que viveu, e até a preocupação com os quem não vinham vê-lo mais. Nessas horas, a gente precisa sempre escolher as palavras. Falemos pouco, especialmente para não cansá-lo. Ele ainda preservava também aquela forma inteligente de analisar a vida e o tom sério, inclusive de brincar. Mas, diferente de quase sempre, havia um claro medo em seus olhos, um anseio por vida, mesmo que tudo o mais fosse dor. E, pela primeira vez, percebi nele um silêncio mais efetivo e lúcido do que aquele sonolento, que costumava fazer após alguma repreensão à sua bebedeira. Um pedido de “ore para que Deus me leve”, como um soluço de toda sua tênue e sincera assimilação religiosa, comprovou essa seriedade. E também o quanto a dor já era maior do que a morfina e o seu desejo de resistir. Na despedida, desejei que mantivesse a disposição e pensasse coisas boas. Quando o celular tocou nesta manhã, com chamada de minha irmã, já imaginei a notícia. Lá se foi o quarto tio da família Martins – Lalo, Dilo e Adérico anteciparam suas viagens. “Entelei tlês”, largou Aprígio outro dia, já sem dentes e em cadeira de roda, mas no seu habitual humor, como que disposto a apresentar um atestado de que podia ir longe. Mas, dessa vez, a brincadeira faltou. Sua vez também chegou. Entre o interior de Sombrio, as hostilidades de uma Porto Alegre a despertar e a corrida pela sobrevivência pelas suas periferias, lentamente vão-se grossos galhos dessa grande árvore chamada Bonomo Martins. Uns se vão para outros chegarem, e tudo recomeça em novos nascimentos. Essa é a Lei, assim são as famílias. Independente de vínculos, porém, cada um tem uma história. E, à sua maneira, Tio Aprígio deixou a sua marca; em plena noite de Natal, uma luz se apaga, mas não no que ficou. As saudades de um papo preguiçoso e um sorriso lento, que tornava mais leve as horas difíceis, permanecerá entre os que pelo seu caminho estiveram. Boa viagem, meu espirituoso cowboy sem destino, que leves boas energias para onde fores, além da que aqui deixastes para os que por ti cruzaram.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Climas

A cidade sorri para os consumidores, não para os cidadãos; as ruas são preservadas para os carros, não para as pessoas, e os presentes se destinam às vaidades, não aos corações. Então: é Natal!

A utopia

Onde está a utopia hoje? - pergunta um perplexo. Na melhor gestão, simplifica um tecnocrata; na realização de cada um, reduz um egoísta; na negação, exagera um dogmático; no equilíbrio entre o sonho, a coerência, o complexo, o diálogo e a ação, perturba um semeador.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Outras vidas, aos seus modos

Outros modos de vida, possíveis e, muitas vezes, bem convenientes. Bela reportagem de Lívia Guilhermano e equipe. "Histórias de quem resolveu deixar para trás as rotinas tradicionais dos espaços urbanos e fazer da vida em comunidade uma alternativa"

Uma história de Luta e Liberdade

Há tempos não emocionava-me tanto com um documentário. Recomendo. Em P.A, está no Cine Bancários.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Educação e Inovação

A proposta pedagógica do ensino integral e a Escola Paulo Freire é o tema desta 31ª edição do programa Caminhos e Respostas.
Não perca, às 15h, na Rádio Canoas Online



Ouça aqui.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A inesquecível seleção de basquetebol

Sebastião Pinheiro*

O império absorve tudo, como um buraco negro (1), nem a luz escapa do seu domínio, logo não há diversão (2). A etimologia do termo significa diferentes opções, mas no totalitarismo econômico, tempo para o lazer (3).

A política subalterna pode ter os significados (1), (2) e (3). “O chiclete Adams fabrica”; “O basquetebol foi criado em Springfield, Virgínia”; e, “Walt Disney nasceu em Chicago”. O chiclete é extrativismo maia há mais dois milênios; O Basquetebol foi criado em Montreal, Canadá; e Disney nasceu espanhol. Há quem necessite de convencimento.


Tortura: é uma forma de convencimento extremo e violento, quando outras formas como adulação, suborno, corrupção não produz efeito e emprega estigma, medo, dor, mutilação, detenção e desaparecimento. Toda reação a ela provoca repulsa nas estruturas de poder, que busca sua atenuação e controle através de publicidade, crença, mito, propaganda e diversão com intuito de “humilhação”.

Com os prolegômenos acima recebo o Relatório do Congresso dos EUA sobre a “Guerra ao Terror” detonada por Bush Jr. e suas singulares técnicas de torturas, em meio às atuais manifestações do judiciário Yankee de não abrir processo contra três policiais anglo-saxões algozes de três não-cidadãos negros, sendo um deles uma criança retardada. Aquele relatório é uma “Bula Indulgente” à corte do ex-Caesar, acima das convenções internacionais, leis e constituição nacional, e respalda a decisão dos juízes. Países foram “terceirizados” para torturas, e assim, líbios foram entregues a Kadhaffi; Sírios foram transferidos à Damasco e egípcios e paquistaneses foram entregues aos militares respectivos; outros países mais corruptos receberam a empreitada por dinheiro. Como sempre os Yankees obtiveram maior eficiência e menores custos.

O pior é que doze anos depois de detidos clandestinamente, sem formalização de processo, “alguns menos culpados” foram entregues a outro governo, que estranhamente alegou razões humanitárias para recebê-los em beneplácito ao Império e atual Caesar.

Antigamente, os mais velhos tratavam a repercussão de crimes de uma forma que as crianças tinham medo, pavor. Entre os mais notórios criminosos na metrópole estavam: - “Meneghetti” (Gino Amleto Meneghetti) conhecido como o homem-gato e – “Sete Dedos” (Benedito Lima Cézar), perigosos facínoras, o último participante na chacina da Ilha Anchieta em 1953. O folclore sobre ambos marcou o Século XX, e agora retorna, diante da realidade nacional e mundial.

É difícil transportar o tema tortura & crime de Estado de uma sociedade à outra, ou mesmo de uma época à outra, mas o pior é quando se lucra com a memória da violência.
O trabalho do bioquímico russo-belga, prêmio Nobel Ilya Prigogine sobre “Sistemas em Equilíbrio” e sua ruptura, instauração do caos (estruturas dissipativas) e o restabelecimento de um novo equilíbrio em nível mais elevado e assim sucessivamente na evolução do sistema serve de analogia para entender os artifícios e ardis da justiça do Império e elites nacionais nesse mister.

O deputado mais votado no RJ sobe à Tribuna do Congresso e ofende grosseiramente a parlamentar dizendo que ela não vale um estupro. Ele não ignora que estupro seja crime hediondo, mas seu desrespeito e grosseria violenta encobrem a disputa ideológica: Proteção aos seus pares nos crimes de Estado por ordens do Império.

Sim, eles foram reles objetos nas mãos dos Caesares e de seus cônsules, o que a acre deputada “sabe de cor e salteado”, mas há semelhança entre ambos. Enquanto o militar usa o objeto (o menor Champinha, psicopata assassino) para diminuir a maioridade penal (sujeito), a deputada em contraponto quer manter o sujeito como tal, considerando o objeto (menores infratores) fruto da sociedade e inação do Estado. O pior do oportunismo são as argumentações inadequadas.

Eles não compõem a moeda como cara e coroa que permite no lance o grau de liberdade. São como a moeda falsa com o mesmo signo de ambos os lados que sublima a decisão e dissemina engodos. Vivemos isto há 500 anos, o mesmo debate entre elites, onde discursos aparentam antagonismo, mas correspondem a ação unívoca e muita propaganda e publicidade.

Hoje vivemos as acusações palacianas que fariam ruborizar tanto o “Sete Dedos, quanto o “Meneghetti”, ambos reconhecidos pelo seu código de Ética restrito e até mesmo festejados nos ambientes menos cultos. O ambiente não mudou, pois imitamos os “torcedores” de uns ou de outros e nada muda. A Ética e Política são recorrentes enquanto a ciência e tecnologia evoluem cumulativamente. Impérios não se espelham em ética e política, mas sobre os benefícios da liberdade, ciência e tecnologia “como as estruturas dissipativas”, de Prigogine através da lei e ordem, também campo de discurso de partidos e políticos.

A diferença é que, o que aqui é aceito, debatido e até mesmo festejado por correligionários, na sede do Império, o decoro não tolera ou permite. Lá o advogado aciona a justiça não-cidadã em nome dos acionistas da Petrobrás (NY), sem privilégio de raça ou cor para reposição de perdas e correção de danos econômicos para a alegria do mercado.
Fui ingênuo em acreditar na promessa governamental de destruir a elite corrupta que há 500 anos explora e rouba a cidadania, nação, sociedade e país na gestão do Estado, mas aconteceu o contrário e o objeto se transformou em sujeito com mais violência.

Revivendo a época do “Sete Dedos” e o “Meneghetti” recordo de Wlamir, Rosa Branca, Amaury, Bispo e Waldemar e outros da Seleção Brasileira de Basquetebol, bicampeã mundial no Rio de Janeiro em 1963 (foto).



Amaury era um jovem que trabalhava com seu pai no salão de beleza mais famoso da cidade de São Paulo (Antoine’s), cujo estado era governado pelo golpista Adhemar de Barros, responsável pelo slogan: “Rouba, mas faz”. Um grupo de jovens de elite, rebeldes (sujeito) roubou um cofre com milhões de dólares (objeto) da casa da amante do político facínora em Santa Tereza (RJ).

É difícil questionar ou tergiversar sobre a ação violenta. Não obstante, o sujeito foi transformado em objeto; Primeiro quando aguçou a ira e cobiça dos agentes pelo botim para evitar a expansão das ações, e patrimônio; Segundo, quando participantes aproveitaram para freqüentar famosos Salões de Beleza, exercitando os velhos vícios da elite, e depois, se vangloriaram do feito nas memórias desrespeitando mortos e desaparecidos semeando ódio, não anistia.

O ódio entre Montesco e Capuleto de Shakespeare não é o importante, sim a violência de ambos contra a plebe rude e ignara com a qual “Sete Dedos” e “Meneghetti” tinham identidade, e até autoridade, pois governos e religiões usam ardis para que todos tenham compaixão por Romeu & Julieta e mantenham intocáveis as elites reais e virtuais das novelas de TV.

Já os pobres de espírito ético & político articulam desculpas esfarrapadas e dia a dia fica mais nu, crendo que todos estão deslumbrados com a beleza da roupa nova do rei que só os “inteligentes” podem ver...
Ao ministro Chou en Lai foi perguntado sobre o significado da Revolução Francesa. Sábio e peremptório afirmou ser ainda muito cedo para uma avaliação (ética & política). Chou en Lai não conseguiu fugir para a URSS, seu avião foi derrubado e os Guardas Vermelhos sacudiram a China por dez anos na Revolução Cultural, a “Gangue dos 4” foi para a cadeia e surgiu Tseng Hsia Ping...

Zapata faz pouco tempo e Doze anos são apenas ontem, a elite desesperada faz água, pois é moeda falsa, tem a mesma face nos dois lados. Os escândalos demonstram que o nível de corrupção é exponencial com agravantes estúpidos e incompetentes: Transmutam sujeito em objeto violento na ação do discurso.

Nem tudo está perdido, pois a funcionalidade democrática permite desmascarar dia a dia as fantasias, más intenções, e devaneios da elite poderosa, singular e sistêmica que não precisa de luz, são súditos do império que tem outras prioridades.

O êxito, sucesso no tempo e espaço é inquestionável tanto aqui, quanto na sede do Império e até os “inimigos internos” concordam, pacificamente: Aquela seleção de Basquetebol será sempre inesquecível. O resto são escaramuças violentas (torturas) de um e de outro lado, compaixão & sentimentalismo para todos.

Um alerta: Antes do “cara ou coroa” olhe bem ambas as faces da moeda e escolha, lembre Aristóteles: O valor da liberdade não é crematístico.

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*Engenheiro Agrônomo e Florestal, escritor e ambientalista

A inteligencia no petroleo

Sebastião Pinheiro*




Estava na limpeza e preparação do congá para a cerimônia de Mamãe Oxum (8 de dezembro), quando um calafrio percorreu a espinha e um trás outro foi “incorporando” e “saravando”. O primeiro foi Enrico Mattei, da ENI, italiana, morto pela CIA, digo sofreu acidente aéreo; O segundo foi Moussadehg o homem que nacionalizou o petróleo iraniano e liquidou com a Anglo-Persian Oil, logo derrubado e exilado pelo MI-5 e substituído pelo Xá; O terceiro foi o venezuelano JP Pérez Alfonzo, fundador da OPEP de fenestrado pela Standard Oil (Rockefeller)...

Os três esbanjaram-se com charutos e marafa, e logo, as gargalhadas ecoavam pelo congá e os três atabaques tiveram de variar entre tarantela, a suave Dashtagh persa e o agitado mambo. A intempestiva efusão era devido à preocupação do “cambono” (cavalo) com o “Petrolão”.

Mattei gesticulando muito se antecipou: ”A situação é tão surrealista que está cheirando a manobra de inteligência articulada com engenharia política, pois a cada dia surge uma agravante, che paura. Uma alternativa já foi proclamada: - Se o cartel das empreiteiras for para a cadeia o Brasil pára; Mas há outra mais astuciosa, que propôs a demissão da presidente e toda a diretoria da empresa estatal. Correção: Cartel é algo ilegal, logo o que temos é monopólio de obras compartido com aval governamental do executivo e duas intervenções do STF para sustar a ação subalterna.

Da minha experiência fica o reparo, se isto acontecer a presidente da república fica sem o escudo defletor e protetor, à mercê do toma lá da cá mediado pela mídia, judiciário e legislativo, bem ao gosto de quem está pescando o pré-sal; e, - A balbúrdia aproxima a possibilidade de “Impeachment”, de um lado como sujeito e do outro como objeto, e leva a todos e tudo ao caos na polarização máxima. Lembram de Biafra, Sudão do Sul? Sem a ingenuidade dos movimentos sociais rurais e urbanos vinculados às autoridades, que crêem estar com “bala na agulha para o que der e vier”. Ignoram que o senador Pierce Long candidato a presidente dos EUA foi assassinado após discurso acusando a Standard Oil de preparar a Guerra do Chaco, que tem apenas 0,0001% das reservas do pré-sal”.


Moussadehg não se acanhou, chegou rodopiando igual a um sufí: “O pior é que há muitas formas de privatizar o estatal ou para-estatal. Um exemplo é o fato de PEMEX e PDVSA possuírem mais refinarias nos EUA que em seus respectivos países. O petróleo bruto sai sem impostos e a baixo preço para ter competitividade. Lá, depois do refino todos os impostos ficam com eles e não podem ser remetidos, pela necessidade crescente de re-inversões fazendo crescer a economia yankee e quando retorna em Draw back está na forma de fertilizantes, agrotóxicos, plásticos que pagam patentes, serviços e são produzidos por empresas norte-americanas. Sem vantagens econômicas.”

Por fim, mas não atrasado chegou JP Pérez Alfonzo: “Talvez vocês não se lembrem do Shigeaki Ueki, ministro das Minas e Energia do ditador Geisel que na semana da visita do ditador à Rainha anunciou aos 4 ventos e sete mares a descoberta de petróleo na Bacia de Santos, que foi recalentado e turbinado por Lula com pompa e circunstancia como pré-sal inovador. As más línguas equatorianas e mexicanas afirmam que a estatal de petróleo brasileira é somente 26% capital nacional em função daqueles empréstimos assinados em Londres. Será verdade, será exagero? Mas voltemos às refinarias estrangeiras nos EUA, cuja matriz energética deixou de ser o petróleo, igual que no Canadá e passou a ser o Xisto betuminoso".



A questão é: O óleo de xisto vai ser precificado para baixo para impor menor preço ao petróleo bruto venezuelano, mexicano e brasileiro e aumentar as margens internas do comprador?”, concluiu Moussadehg.

Mattei tomou uma lapada de marafa e não se fez de rogado: “Quem lembra a política do carvão mineral no passado Ocidental e atualidade Oriental (China e Índia) precisa estar atento, pois há muitas estratégias comerciais antigas se revitalizando, que já fez a poderosa OPEP transformar-se em um Clube de Bridge de Senhoras de Terceira Idade”.

Pérez Alfonzo entrou na respiração dele: “Os diplomatas-cucarachas que arrotavam soberba após a Guerra dos 15 dias, hoje sequer possuem petróleo como Indonésia e Equador e estão totalmente endividados, importando. E não vamos colocar mais pimenta na moqueca, pois a reserva de Xisto Betuminoso da Letônia e da Ucrânia garantem à União Européia o contraponto comunitário similar ao dos EUA, perante o gás do urso russo. Eu quando assisto uma entrevista nos meios de comunicação fico pesaroso com a ignorância, incompetência ou má fé explícita”.

Mattei corrigiu: “Eu comecei mal, “não está cheirando bem” é eufemismo. O certo é está fedendo a manobra de inteligência com engenharia política muito distante do Atlântico Sul. Roubo de 70 bilhões de dólares por gerente e diretorzinho nomeado por partido político é conversa para boi dormir. E-mails para presidente direto de geóloga faz-me rir, cruzou um braço sobre o outro dobrado.

Moussadehg fulminou: “Como dizia minha avó paterna: O buraco é mais embaixo. É aí que devemos encontrar os responsáveis, antes que a balbúrdia impeça ou daqui 25, 30 anos os exilados voltem teleguiados como os salvadores da pátria, muito bem orquestrado e novamente a tragédia se repetirá como comédia não mais italiana, persa ou venezuelana.”

No repenique dos atabaques foram como haviam chegado, avisando: “Não confundam “alhos com bugalhos”, pois “petróleo” é estratégico financeira e economicamente, responsável por todas as guerras do Século XX e não admite neófitos ou incompetentes”. Para o império não só o petróleo, mas tudo deve ser “Just Heat & “Serve”, por isso governos sem personalidade abdicam do povo para serem parceiros de empreiteiras que roubam o trabalhador. Quem sai à chuva é para se molhar arrematou o italiano Mattei fazendo o clássico sinal do dedo mindinho e indicador eretos, e os outros dois presos pelo polegar... O meu filme “Il caso Mattei” foi censurado pelo Geisel. Per che?

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* Engenheiro Ambiental, escritor e ambientalista

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Carpinteiro da luz

O incansável escritor, professor e poli-artista Artur Madruga, que está estimulando o interesse pela criação literária e a preservação ambiental entre as crianças da rede pública de Alvorada, a partir de uma formiguinha. "Esse é o maior presente que um autor pode receber quando escreve para crianças. Ajudá-los a participar, interagir, opinar, criar, dar sua contribuição em determinados contextos, construindo assim a sua cidadania."

Saiba mais aqui.

A questão das vozes

Aí eu te pergunto (como se me interessasse saber a resposta): a internet e os meios de circulação por ela facilitados, como o Facebook e os blogs, difundem exageradamente os abusos, discriminações e agressões em nossas sociedades, ditas civilizadas, ou esse ambiente virtual só está facilitando o escoamento de tais violências, que sempre existiram, mas que vinham sendo, há séculos, trancadas ou abafadas, por uma imprensa convencional conservadora, que sempre reduziu tais barbaridades a coberturas com dois só enquadramentos possíveis: sensasionalismo para os de baixo e informação maquiadamente crítica para os de cima?

DE BAIXO PRA CIMA.

Pachamama: ajuda mútua e anarquia | revista o ViésNo meio do interior de São Gabriel, uma comunidade anárquica resiste e se constroi coletivamente no campo.

"A prática coletiva e horizontal de organização requer cada vez mais pessoas somando e propondo diferentes ideias de nação, território e produtividade, construindo uma rede de ajuda mútua, sempre ao lado e lutando com “xs de baixo”.

Reportagem completa na O Vies.

O BRASIL E O O RACISMO DE CADA DIA, COM A SEGURANÇA SELETIVA NOS SHOPPINGS E OUTROS TEMPLOS DO DEUS MERCADO.

"Quando saímos do prédio, ficamos atentos à atuação dos seguranças. Dois deles deixaram várias moças loiras passarem sem exigência de documentos. Porém, as duas moças negras que vinham logo atrás foram paradas. Detalhe: elas estavam vestidas com peças de roupas semelhantes às das outras pessoas que entraram.".

“Domingo fui ao Shopping do Vale, em Cachoeirinha, para lanchar. Na entrada, seguranças pediram meu RG e só liberaram meu ingresso após apresentação do documento.... Às pessoas que passaram pela mesma situação, os seguranças disseram que pediam a identificação porque estava previsto um "rolezinho" no dia. Menores de idade também foram impedidos de entrar sem a presença de responsável. Mais tarde, retornei ao shopping com uma amiga e um amigo. Ela entrou primeiro, sem problemas, "no embalo" das pessoas que estavam próximas dela. Todos os que passaram eram brancos, com roupas "sociais", "bem vestidos". Meu amigo e eu fomos barrados. Ele é negro e vestia uma camiseta de banda. Eu estava de boné, bermuda e camiseta do Iron Maiden. O segurança não declarou o motivo da abordagem, dizendo apenas que era orientação dos superiores dele. Novamente apresentei o RG e passei, pois infelizmente eu tinha um compromisso no local. Quando saímos do prédio, ficamos atentos à atuação dos seguranças. Dois deles deixaram várias moças loiras passarem sem exigência de documentos. Porém, as duas moças negras que vinham logo atrás foram paradas. Detalhe: elas estavam vestidas com peças de roupas semelhantes às das outras pessoas que entraram. Assim, ou as regras valem para todo mundo ou não valem para ninguém. O fato de ser um estabelecimento privado não exime a culpa. Vou a shoppings uma vez a cada ano bissexto e agora mesmo é que não piso mais lá e em qualquer outro estabelecimento que proceder dessa forma. - Por “Ângelo Jorge Neckel”, via Face.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Corrupção, dos males do poder público, o maior

No ambiente de eventos e ações em referência ao Dia Internacional contra a Corrupção, a 30ª edição do Caminhos e Respostas aborda as ações inovadoras em torno desta questão em uma perspectiva local.



Ouça aqui.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O Húmus da Vida e a humilhação nefasta

Por Sebastião Pinheiro*

A ação de humilhação é estranha, poderosa e daninha. Gandhi com sua humildade a enquadrou sobre a humanidade: “Sempre me foi um mistério como os homens podem glorificar-se com a humilhação de seus semelhantes”; Einstein, com sua sabedoria a projetou sobre as conseqüências morais, éticas e espirituais: “A humilhação e opressão mental por ignorantes e educadores egoístas causam estragos na mente do jovem que jamais podem ser desfeitos e muitas vezes exercem uma influência nefasta por toda a vida”.

Mas o quê significa humilhar? Etimologicamente, este termo tem a mesma raiz de humilde, que origina a maior de todas as virtudes, a humildade; também de humano e humanidade. Aquilo que se origina do Húmus. Tanto para o religioso, quanto para o cientista, o húmus é o princípio da Vida (Humus venit nos habebit humus), do húmus veio e a ele retornará canta o Hino dos Estudantes “Gaudeamus igitur”.

Humilhar é a ação degradante de chafurdar a pessoa no húmus, com sentido de degradação (lama), pois, os que trabalhavam com húmus eram escravos, sem qualquer tipo de liberdade ou sequer direito à vida. Humilhar era a pior forma de tortura praticada pelos tiranos. Hoje é uma forma sofisticada de subjugo ao dinheiro através da corrupção ou êxito a qualquer preço, sem valor ou mérito.

O contraditório é que não ressalte em nenhuma sociedade que o agricultor é o humano que atua como maestro-regente na orquestração sinfônica de transformar o Sol em alimentos para a humanidade e precisa dominar a sabedoria e conhecimento sobre o húmus, que é a fertilidade da terra, saúde e qualidade da Vida.

Pode haver uma função mais importante, estratégica espiritual ou religiosa que a de produzir alimentos? Então, por que permanece o significado semântico babilônico, egípcio, romano?

A resposta está que a agricultura é a origem de todas as atividades sociais, mas poucos sentem orgulho desta ascendência, por saber que, em nenhum lugar do mundo ela está no mercado ao sabor da oferta e procura, embora humilhar não tenha um significado honorável.

Na TV, do império, se propala que a humilhação é origem de todos os ódios (revoltas e revoluções), e a razão principal de todos os crimes desde Caim até as mínimas desavenças escolares.

O que é estimulado pelo poder através das normas, leis, crenças, publicidade, propaganda, lucros, jogos, manobras político (religioso) econômica e social.

Em um momento em que a crise ambiental ultra-social ameaça sua sobrevivência, se faz necessário uma contextualização do termo humilhação. É preciso que corações e mentes compreendam a importância do húmus na vida no solo e agricultura como única solução frente à irreversibilidade da Mudança Climática pelos Gases do Efeito Estufa, mas isso não é do interesse (imperial) de bancos, corporações e governos.

Recentemente, uma ONG internacional invadiu uma plataforma de petróleo no Oceano Ártico. Uma bela jovem de nossa cidade participou da ação, onde todos foram presos e depois anistiados por pressão internacional. Famosa com a repercussão, a jovem sofreu uma “humilhação” pecuniária posando ao natural (nua) para a Revista Playboy.

Há uma estiagem prolongada em três regiões brasileiras (NE, SD, SUL) com grave crise hídrica e os interesses oportunistas de Nestlé e Coca Cola em aumentar a demanda por suas marcas de águas naturais vendidas como águas minerais em estelionato, muito longe do sentido radical de humilhar, são respaldados na mídia em meio ao “psicoterrorismo”. Encontramos a velha forma de humilhação idiota e corrupta querem nos fazer tomar água de esgoto cloacal e industrial, mas ignoram que toda água doce nasce nos oceanos, sendo o Pacífico o maior deles.

Nos oceanos do planeta há o encontro das correntes marinhas denominados de “gyre” (giros) há várias, mas cinco são as principais, sendo a maior a do Pacífico Norte que está entre a América e a Ásia (foto), casualmente, nas áreas de maior densidade populacional. Jamais vi uma matéria jornalística ou televisiva sobre a mesma buscando “humilhar” as crianças, jovens e sociedade restaurando o valor semântico radical do termo.

São raríssimos os documentos de entidades, governos e instituições científicas a respeito do “Great Pacific Garbage Patch”, uma espécie de lixão flutuante como esponja gigantesca com mais de 12.500 quilômetros de diâmetro. Seu núcleo mais sólido (ilha) é do tamanho do estado do Texas nos EUA, com centenas de metros de profundidade formada pelo lixo oceânico que gira continuamente ao sabor das correntes marinhas e cresce dia a dia. Essas esponjas impedem os oceanos de evaporar a água doce que alimenta os mananciais do mundo, mas querem a alienação e que reciclemos os esgotos cloacais para comprar água natural vendida sob marca pela Nestlé e Coca-Cola.

Hoje, quando se fala em mudança climática, é necessário pedir licença aos bancos multilaterais ou as “máfias ambientais” encasteladas na burocracia e corrupção dos governos centrais ou periféricos.

Quando partidos políticos revolucionários e movimentos sociais são envolvidos no torvelinho do “giro”, humilhados e induzidos a mudar o nome da agricultura, ignorando o conhecimento, valor e essência do húmus na terra e na vida, ficam a preocupação que as ilhas de lixo, que vão unir-se em um novo Gondwana, logo em uma Pangea de lixo ultra-social. Comemoram o “Dia Mundial do Não Uso dos Agrotóxicos” que é estimulado pelo Agronegócios, pois lhe convalida & garante 364 dias de uso de lixo tecnológico, sem responsabilidade ou remorsos.

Diante da voragem da eugenia mercantil, nas “Vacas Sagradas” e “aparelhos”, conscientemente “humilhado” no sentido radical, alegremente, sem ódio, continuaremos cantando: Gaudeamus igitur, iuvenes dum sumus. (bis) Post iucundam iuventutem, post molestam senectutem, nos habebit humus. Ubi sunt qui ante nos in mundo fuere? Vadite ad superos, Transite ad inferos, ubi iam fuere. Vita nostra brevis est, breve finietur. Venit mors velociter, rapit nos atrociter, nemini parcetur...

A vitória não está distante e a paz de Gandhi e Einstein chegará para todos.

*Engenheiro Agrônomo e Florestal, ambientalista e escritor

Justiça, para todos?

O Estado pode ser exemplar para a superação de séculos de racismo legalizado, introjetado e camuflado entre as estruturas de poder, os agentes públicos e a cultura de uma sociedade? Possivelmente, desde que a reação aos abusos sejam mais que palavras de ocasião. No caso dos EUA, a violência contra os negros nem é o mais grave, pois ela existe também por aqui, até mais agressiva, sem reações tão explosivas. O problema é que lá, mais do que a indiferença, uma justiça parcial e branca toma partido, frequentemente, sem pudores, em prol de minorias racistas. Decisão judicial sobre caso de racismo nos EUA provoca onda de indignação