segunda-feira, 13 de abril de 2015

Memórias de Galeano

Era o primeiro outono desse século, tempos em que os estudantes percebiam melhor os motivos estruturais para lutar, como a defesa de uma universidade realmente pública, já que o seu sucateamento marcava, então, a política federal para o setor. Um reduzido grupo, no qual eu se incluía, teimava que dava para converter a formatura em algo maior que uma solenidade: um ato por um jornalismo independente. O convite de paraninfo foi dirigido a quem representava melhor esse espírito. Mas a agenda desse notável escritor uruguaio era intensa demais naqueles tempos em que o Fórum Social Mundial estreava em Porto Alegre. Mesmo com o manifestado impedimento de aqui estar, vibramos com a atenciosa resposta. O agradecimento, registrado em um surrado, e já amarelado fax, ficou guardado, na folha de rosto de uma edição de 1980 de Nascimentos, abertura da clássica trilogia de Memórias del Fuego: "Querido Ronaldo Gracias mil por esse convite tão caríssimo. Lamentavelmente, não poderei estar com vocês. Ando muito atarefado esse ano, e além disso, estou com outros problemas, não tendo nenhuma possibilidade de acompanhá-los. Envio-lhes minhas desculpas e meus abraços. Eduardo Galeano.

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