sexta-feira, 26 de junho de 2015

Provocações do Tião - Pelo resgate do Fazer com Saber

Sebastião Pinheiro*


Conferência realizada no dia 24 de junho na Faculdade de Agronomia


Em Ek Balam aprendi a história do jaguar de luz que sonhava almoçar um Unicórnio e contei a duas crianças da etnia kaiapós e perguntei-lhes:

O que é um recurso natural? Sorrindo, eles apontaram a árvore da Quina, cuja casca é usada para combater a malária, que ainda afeta um bilhão de pessoas/ano em todo o mundo. Desculpem, se o tema é agrotóxico.

Vocês já estudaram que na Índia só recebiam o medicamento andino os hindus submissos à vontade dos britânicos?

Eu tentei explicar isso para os pais e avós daquelas crianças, mas eles não entenderam. Vocês, sim?

Antes da Primeira Guerra Mundial, era possível definir um “Recurso” como: toda forma de matéria, energia ou informação necessária para cobrir as necessidades fisiológicas, socioeconômicas e culturais, tanto individuais como coletivas. Depois do armistício, aquela definição sobre passa os limites do Estado Nacional, regulado pelo mercado, mesmo havendo proteção constitucional ou leis ordinárias do Estado, o mesmo passa com a alimentação, saúde e educação & agrotóxicos.

Agradeço, respeitosamente, aos idealizadores e executores a oportunidade de rejuvenescer em vossas presenças e continuo em reflexão: Como era a agricultura cem anos atrás, quando começou aquela guerra? Procurei a resposta em quatro leituras, em minha opinião, necessárias para entender alimento, saúde e educação, a heterodoxa definição de recurso e a satisfação dos presentes. São leituras que dizem respeito à América Latina no contexto proposto pelos organizadores.

"Cosmos" (1848) é de Alexander von Humboldt, que viveu a maior parte de sua vida no México, Peru e Venezuela, e soube como ninguém extrair da História Natural americana muito da sabedoria nela contida, antecipando em mais de 200 anos os meandros da Etnologia à serviço da Biotecnologia e Biologia Molecular.

Naquela época, os produtos naturais, como a casca da quina, foram o modelo para a síntese química da indústria químico-farmacêutica alemã e mundial, que possibilitou o crescimento, desenvolvimento, acumulação de riqueza e avanços científicos, que permitem hoje em nível molecular buscar os genes responsáveis ​​ por expressões e transferi-los às novas criações sintéticas.

170 anos depois "Cosmos", continua muito atual e útil. Tem uma amplitude tão fenomenal que nos permite compreender como um estrangeiro conseguiu entender pessoas e povos do Novo Mundo para decifrar, decodificar os segredos da natureza. Entender, em sentido amplo, significa estar muito além da física, química, biologia, matemática, espiritualidade ou crença mítica.

Entender requer transformar a aprendizagem (e apreendido) para servir aos interesses de seu país (Alemanha) de extrema pobreza natural. Por meio do “saber” pôde ver a evolução do recurso em separado do local de origem. Foi ali que começou a biologia molecular, que é capaz de criar o milho, cacau, grana cochonilha, baunilha ou sapoti, sem qualquer ligação com a natureza do seu Centro de Origem, Centro de Dispersão, muito além do que fizeram mercadores, militares ou sacerdotes & aventureiros.

Aceitamos, ou repelimos, as criações sintéticas (não-naturais, híbridos, agrotóxicos, OGMs), sem perceber que nas entrelinhas do livro se lê os riscos e perigos que elas representam para quem possui História Natural, valor escandalosamente distorcido pela cupidez do preço, em dólares/euros/ou Yuan.

Na realidade global, um jovem vestibulando, ou no início da faculdade, não conseguiria ler e menos entender estes quatro volumes de Cosmos, totalizando mais de 500 páginas que obriga a ter grande erudição. O livro não tem nada de informação "tecnológica" para fascínio e consumo imediato a que fomos adestrados. Mas, cuidado, a História Natural é essencial para a compreensão da evolução da natureza dentro do ser humano e da sociedade como política, economia e cultura, e isso não interessa ao gerador de “saber” tecnológico de valor crematístico.

Com respeito e carinho, proponho aos jovens a provocação: É possível ler "Dialética da Dependência" de Ruy Mauro Marini e combiná-lo com os movimentos ambientalistas de "Semente Crioulas", “Contra Transgênicos” ou “Agroecologia" sem estudar e localizá-los nas páginas Cosmos? ... definitivamente NÃO!

Depois de uma boa leitura de "Cosmos" somos habilitados a ler seu complemento, "A Dialética da Natureza", de Friedrich Engels. Bem, esse é mais palatável e temperado para jovens estudantes, mas tampouco compreensível sem a leitura anterior, principalmente nas passagens da ciência à tecnologia e sociedade. Em algumas edições do livro de Engels, está incluído o manuscrito "O Papel do Trabalho na transição do macaco à humano".

A Educação e Ensino são os valores sublimes no universo da vida, pois o trabalho forja o cidadão através dos tempos e coloca o dinheiro em seu lugar, fora do pedestal ideológico, onde estudar para ter é diferente de estudar para ser. Logo, agricultura não é agronegócios de eugenia mercantil.

Ao ler "Dialética" (1875), ignorando "Cosmos" e, em seguida, lemos Marini, teremos boa luz para a ação contra o “saber exógeno” e defesa da História Natural, mas isso não significa uma reflexão profunda ou total que permita êxito no embate pelas diversões, infiltrações e manipulação indutora do poder crematístico (políticas multilaterais, publicidade, propaganda e ideologia) sobre os valores éticos.

O quarto livro é "A Biosfera" (1926), de Vernadsky, que é interface ou fio condutor dos anteriores, e por ser mais recente, mostra como a matriz tecnológica está embutida de ideologia do poder que a criou e, então, a leitura da "Dialética", de Marini, permite cristalizar os alicerces da vitória nas disputas entre “saberes”.

O que eu estou dizendo, aqui, para estudantes, é diferente para agricultores e empresários rurais, pois os estudantes se obrigam a uma antecedência de 30 a 100 anos.

Por exemplo, em 1914 enterrar as "ervas daninhas" ou fazer pousio era criar condições para potencializar a fertilidade e cultivo. A utilização de um herbicida seria difícil de ser aceita pelo camponês, pela percepção de recurso (natural) mais próxima.

Hoje, impedir o uso do herbicida ao mesmo empresário rural é muito mais difícil, quase impossível, o quê aconteceu?

É que ele perdeu (os valores de) sua independência e autonomia. Nem sabe da importância do manejo das ervas adventícias (medicinais, biomassa, energia e alimento para a vida microbiana), dentro dos preceitos de "Cosmos" e Dialéticas, acreditando que são coisas desconectadas do cultural. Eles querem comodidade, rapidez, conforto. A evidência que o herbicida sublima biomassa cria dióxidos de C, N, S do "Efeito Estufa" & Mudança Climática é relevado e optam por conforto e moeda.

É sobre esta alienação que o oportunismo instala a nova comoção psicossocial da necessidade do seqüestro de C, N, S, sua fixação ao solo como um serviço bancário internacional sob a bandeira da FAO, e muitos anseiam possuir o passaporte azul da ONU pela fé, fama e fortuna. O papa Francisco no Rio de Janeiro pediu a rebelião da juventude para restaurar a dignidade ética e amor próprio para a supremacia moral sobre o dinheiro.

Na época dos dois primeiros autores, a História Natural começava a perder hegemonia e dar lugar à química de reação e síntese. Usar a casca do sabugueiro ou quina tradicional tornou-se o atraso e ignorância, enquanto comprar Aspirina, moderno, sem perceber que estava ocorrendo uma mudança de comportamento entre o "saber local" e o produto industrial, que custava capital e não dinheiro. dilema que no Centro não havia por não existir o natural.

O artificial concentra poder sobre o natural. É por isso que toxicologia leva esse nome tirado de Toxikon o nome das flechas envenenadas no sangue da Hidra por Hércules e que serve à Agrotoxikos, onde conhecimento é espada, sabedoria escudo.

O modernismo foi o nome dado à época cultural, literatura, arquitetura na sociedade industrial e também a agricultura tornou-se MODERNA, já em 1842, com a obra do inventor Barão Justus von Liebig contemporâneo do Barão von Humboldt. O saber exógeno impôs o apelido de “agricultura de subsistência” ao saber local para alcançar os objetivos financeiros de seu grupo, Interessen Gemeinschaftindustrie Farben (IGF) a primeira indústria multinacional e depois com os Grupos Rothschield/ Rockefeller, os primeiros bancos internacionais modernos.

A cerveja era moderna e industrial, enquanto a tiquira (de mandioca), pulque (de agave azul), chichas (de milho) e urwagwa (banana) artesanais de subsistência, mas qual a diferença entre as duas agriculturas ou bebidas. As diferenças naturais são mínimas, exceto que para alcançar à industrial há necessidade de dinheiro torna-se cada vez maior, exponencial até transformar-se em capital (primeiro comercial, depois industrial, financeiro e por fim especulativo).

Em "Cosmos", "Dialéticas" e "Biosfera" a História Natural é trabalho e educação, mas hoje a natureza é "Capital Natural", e assim chamada pelos economistas e ensinada em várias universidades - "Para fermentar um bom pulque era preciso um bêbado sem controle dos esfíncteres ou mijado & cagado para ser imerso no mosto", espalhou a indústria cervejeira e ainda repetem os néscios, ignorando o saber sobre enzimas de domínio ancestral para o Pozol, Tesgüino, Tepache, Colonche , Tuba, Tiquira, chichas, que na França, Itália e Portugal permitem o registro de nomes e marcas de originalidade exclusiva. O espanhol destilou o Pulque e tivemos a Tequila como “poder industrial” em 1560, mas 500 anos depois de sentir sabor e sopor ainda não entendemos.

Em "Dialética da Dependência", podemos ver que há uma educação central e outra periférica organizada e executada pelo mesmo setor financeiro internacional com ampla e profunda intromissão sobre a Educação e Ensino, transformando o recurso supremo, “o saber" na dualidade hierarquizada de "Saber Central” e “Fazer Periférico".

Os outros mecanismos de dominação vêm a reboque, como propaganda, publicidade, extensão ou mudanças constitucionais, leis ordinárias ou extraordinárias para o "novo" para se obter pagando o que estava na natureza (Cosmos) e sistematizado na sabedoria ancestral.

No passado, o gado ia comer sal nos afloramentos naturais, mas ao começar cercar os campos (Speenhamland) começou a disputa e danos à saúde dos rebanhos. O manejo do sal no agro-ecossistema passou a ser feito através do mercado por meio de dinheiro. A "caravana do sal" é enaltecida por "robôs" humanos que ignoram Gandhi, enquanto no norte há 90 milhões de hectares de "Range Management" em área pública alugada.

Sabemos o significado de Speenhamland? -
230 anos depois como está a agricultura, agora Agribusiness. Nele, o valor do marketing é seis vezes maior que o valor da produção pelos serviços publicidade, propaganda, embalagens e especulação. Mas ao extrapolarmos essa situação para a região do nordeste do Brasil ou fronteira da Guatemala com o México, muito semelhantes, veremos que o agronegócio local é 99% produção, ou seja, transformação do Sol em cadeias de carbono, alimento, medicamento, artesanato que atrai o turismo.

Em Chiapas se colhe 40 toneladas de alimentos/Ha/Ano. Mas isso era importante na “calpulli”, propriedade coletiva indígena, enquanto hoje é uma grande subversão política financeira ao poder central ou (imperial) pela veneração à ideologia do capital.

Da mesma forma que os pequenos espaços de natureza destinado as reservas naturais para o futuro foram e são instalados de acordo com a ideologia do modernismo (militarista) do século XX, sustentável do XXI, ou seja, seletivos para as elites de saber local e mundial. Por isso não é permitido comer um alimento sem agrotóxicos ou colhido diretamente. É preciso certificações, controles, normas, para torná-lo mais caro e “KOSHER”, além de marca de comércio, em hebraico Kosher quer dizer limpo. Pagar mais e isso é aceito como natural e não uma aberração, mudança civilizatória ou eugenia mercantil.

Esta é a definição de agronegócios hoje, e este é seu universo. Nessa conjuntura a natureza dia a dia diminuiu sua importância na transformação do Sol em alimentos na proporção inversa da necessidade crescente de investimento financeiro virtual.

Então é necessária a reforma agrária?

Nos últimos vinte anos, a concentração da Terra no Brasil segue a grandes passos e logo chegará ao que é a Argentina, onde Grobocopatel, Elszstein- Mindlin cultivam mais de 22 milhões de hectares de terras na Argentina, Uruguai, Paraguai, Brasil, Bolívia e Venezuela, com alguns milhares de máquinas e seus empregados e se apresentam ao público como "Sem-Terra". Entendo o significado das palavras deles e a transformação do quarto país mais rico do mundo no início do século 20, em uma monocultura de eucalipto e soja em quebra econômica desde 2001 pelo Agronegócios.

Sugiro a todos uma excursão ao Museu da Revolução Industrial, na cidade de Fray Bentos, no Uruguai, no antigo Frigorífico Liebig, construído em 1858, e sua metade na outra margem, Pueblo Liebig na Argentina sobre o rio Uruguai. Está a 1000 Kms de P.A.
Ali está o mural do Chuli pintado por Ricardo Rios Cíchero inaugurado em 2009, mas o frigorífico depois da Primeira Guerra foi entregue pelos alemães para os britânicos como indenização de guerra e rebatizado como ANGLO. No final da década de 60 foi nacionalizado e fechou suas atividades em 1979, sobre as ruínas ressurgiu o museu e o mural dez anos depois.


O Barão Liebig inventou o "leite em pó", "fertilizantes solúveis", a "carne cozida enlatada", todos patenteados propícios à agricultura moderna, educação seletiva industrial, saúde industrial na matriz química, que leva por seu desenvolvimento à matriz nano-biotecnológica verticalizada. O Bacillus thuringiensis era produzido como marca registrada com produção industrial em 1915 na Prússia; Aqui o Bacullovírus foi destruído

Ninguém pergunta hoje como se pôde substituir o leite materno pelo leite em pó de vaca, de tal forma que na ONU há a Resolução WHA34.22/81 contra a Nestlé.


Os fertilizantes naturais substituídos pelos químicos e a carne fresca substituída pelo "corned beef". O frigorífico Liebig, ficou conhecido como a "cozinha do mundo" onde haviam 10.000 empregados e se produzia "guano" e farinha de sangue e osso para a Europa até a Segunda Guerra Mundial depois substituída pelas fórmulas de adubos químicos mais concentrados em capital, que já em 1930, passou a estar sob o controle hegemônico de Rothschield e Rockefeller, tanto civil como militar e representa hoje 9 bilhões de dólares/ano de royalties, por isso há religiosos, bispos e cardiais que não sabem quem é Kliment Timiriazev.

Lendo no mural do Chuli a épica do povo, imagino como seria o mural no Museu do Índigo, na Índia ou o mural no Museu da Borracha na Amazônia, onde os seringais foram abandonados pela produção das plantações industriais modernas de borracha na Malásia, Ceilão e Vietnã, mas a ocupação japonesa obrigou a reativar e os "Soldados da Borracha" foram terceirizados ao governo norte-americano para o esforço bélico Aliado na Segunda Guerra Mundial e não pagos.

Aproximando perguntaria: Como outros D. de Riveras/Frida Kahlo pintariam os murais do Café, Cacau; Fumo; Cana de Açúcar, algodão mocó, Soja no tema proposto? Os quadros de Portinari são significativos. Não faço parte de “Campanha Permanente dos Agrotóxicos”, e não entendo seu título, mas abro o parêntese. Que falam por si só.


Na História Natural no sul do Brasil tínhamos uma densa floresta de Araucária ocupando mais de 700 mil quilômetros quadrados. Na preparação da Primeira Guerra Mundial, entre 1905 e 1914, foram completamente cortadas e destruídas para exportar madeira para construção de trincheiras e aviões militares pelos beligerantes. Toda a região devastada passou a ser ocupada por suas valiosas terras com commodities: café, soja, cana de açúcar e, ultimamente, está sendo reflorestada com eucalipto e isso acontece em toda a América Latina.


Na Amazônia, ou na mesma Fray Bentos do Frigorífico Liebig, a situação é dramática, uma empresa européia instalou uma planta pasta de eucalipto, o que provocou a reação na outra margem em Gualegüaychu, Argentina contrária à instalação por razões agrícolas ambientais de poluição da água e ar.


Os eucaliptos são o sistema perfeito para expulsar indígenas Mapuche no Chile e Argentina, concentrar a propriedade rural no Uruguai; expulsar indígenas, quilombolas e pequenos agricultores no Brasil transformando-os em "catadores de lixo" nas áreas metropolitanas. Há mais de dez milhões de hectares de eucalipto para matéria-prima mudando a paisagem, destruindo a estrutura socioeconômico-cultural da natureza. Na região de Bío-Bío, no sul do Chile e em Chilpancingo no México vi plantações de eucaliptos irrigados em terra de aptidão 1,2,3

A "Classificação de Aptidão do Uso da Terra" de valor ético e moral proibia que Classe I, II e III tivessem outra utilização. Hoje os organismos multilaterais, FAO e grandes empresas transnacionais usam o governo para impor a monocultura de eucalipto, criar massa assalariada & consumidores. Será que vamos ter em 75 anos um novo mural do Eucaliptus/Celulose? Sem perceber a rapina socioeconômica & cultural?

A simples e revolucionária Cromatografia de Pfeiffer, um instrumento de avaliação do metabolismo de carbono, nitrogênio, enxofre, oxigênio e água no solo para o Diagnóstico e Cuidado da “Saúde do solo” pelo mesmo agricultor na sua casa, sem custos sofreu o mesmo tipo de repressão, desde a Segunda Guerra Mundial, e perdura hoje.

Nossas tentativas de utilização pelos agricultores da América foram bloqueadas até mesmo por movimentos e governos auto intitulado populares.

Será para não nos anteciparmos às corporações de biotecnologia que pretendem vender os custosos "Cartões de Saúde de Agroecossistemas" com imposição, respaldo e apoio multilateral de bancos sobre os governos?

Pfeiffer demonstrou a relação entre micróbios no solo e densidade de espermatozóides no sêmen. Nutracêuticos é o alimento rico em minerais e metabolismo secundário. Afinal, o mercado de concha de ostra moída se sofistica e o desespero induzido leva a que se coma pó de pedra que custa 200 reais o Kg. Comprado na Bolívia a 10 centavos e exportado para a U.E. A lista mineral é mais sofisticada e isso tem poder mercantil.

Os alemães há muito estudam a mineralização do cérebro, mas lucram vendendo agrotóxicos e fertilizantes químicos. Seus institutos comprovam o segredo do sucesso.

Quem come alimento mineralizado e de alto valor nutracêutico?

Os que têm somente saber e não tem história natural. Quem perde?

Porque no sul do Brasil era a maior área produtora de alimentos naturais vendidos em feira livre no mundo?

Quem destruiu a Cooperativa Ecológica Coolméia? Por quê?

Afinal, quando a Terra Preta de Índio entrará no saber brasileiro?

Enquanto a mudança da matriz química à biotecnologia proposta pelo poder central e corporações for o simples "rito de passagem" para o desenvolvimento e evolução através do mercado, então continuaremos com palavras de ordem: Segurança Alimentar, Soberania Alimentar, Agricultura Sustentável e Agroecologia como neologismos efêmeros, voláteis e insepultos, igual a "moderno" ou "subsistência". Provo!

O livro “Pães de Pedra”, de Julius Hensel, ficou escondido entre 1875 e 1996. “Húmus” Selman Waksman, Prêmio Nobel, ficou escondido de 1938 a 2010 para não prejudicar as vendas de fertilizantes, hoje estão patenteados e Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, foi banido por quase 50 anos. Porque e para quê lê-lo agora é de menos, como lê-lo é importante.


A realidade atual é dura já existem mais de 150 "ervas daninhas mutantes resistentes a herbicidas", que infestam exponencialmente quase meio bilhão de hectares no mundo e a solução adotada é uma ignomínia: usar outro herbicida (Paraquat) que elevará o problema ao quadrado criando “ervas daninhas” duplamente mutantes resistente a herbicidas; e logo ao cubo...

Como contestar quando cartões de crédito são distribuídos pelas empresas interessadas em universidades e institutos de pesquisa?

Há riscos de micróbios do solo alterarem seu metabolismo pelo veneno nas ervas daninhas mutantes resistentes a herbicidas?

Qual é o tempo necessário para superar a opressão, resistência e lançar luz sobre o assunto?

A Soil Conservation Service de 1903 mudou o nome em 1994 (NRCS). Logo, determinou o conceito de "Qualidade e Saúde do Solo", ignorando os danos do uso de herbicidas, agrotóxicos e fertilizantes químicos e logo estarão aptos a incorporar o neologismo Biochar®, Terra Preta Indígena®, Chinampas® TMECC® evidente, que desde certificadas e com serviços, protocolos mercantis sem preocupações com o universo que existe em um grão de areia ou picumã.

O carbo vegetalis há muito é usado na homeopatia e sua redefinição, também na saúde do solo como patrimônio, não como "ouro" para as corporações. Mas, as Chinampas são milenares e a Terra Preta Indígena da Amazônia foi descoberta por Francisco de Orellana em 1541 e redescoberto em 1870 por James Orton, mais ficou escondida até a exaustão da agricultura moderna e foi trazida pelos mesmos interesses pelo CIFR.

Os textos clássicos são essenciais, pois ensinam dissecar os textos tecnológicos além do fascínio do “fazer”, impedindo o engano de priorizar induções.

Por exemplo: O GENE (genoma) é de interesse da indústria, enquanto o ambiente (proteoma) é a História Natural, o “saber”, riqueza e patrimônio criado e guardado pelos camponeses, cuja perda significa despojar a vida de valor, sentido e noosfera (consciência cósmica), pois não há duas propriedades rurais iguais em uma cidade, estado país ou continente.

Necessitaram os Pimas conhecer e manipular genes para criar o algodão azul, castanho, verde?

Enquanto isso, os escândalos são escondidos: Algodão no Mississipi, Vacina da Raiva Transgênica, Eosinophilia Mialgica da Showa Denko. Por quê?


Uma jovem florestal australiana, recém-chegada ao Brasil, ficou muito irritada com a minha posição sobre o eucalipto. Defendeu seus bosques, selvas e fauna e flora dos eucaliptais. Intransigente, disse que o mais horrível na sua terra eram as monoculturas Araucaria angustifolia, o pinheiro brasileiro plantada em 3,0 m entre linhas e 2,0 m entre plantas nas plantações nas monoculturas florestais no país, construídos sobre as florestas nativas de eucalipto. Eu a levei a uma plantação de eucalipto feita sobre a Mata Atlântica brasileira, em seguida e depois fomos aos 5% do restante da Mata Atlântica, onde cantavam mais de mil espécies de aves, incluindo o sabiá do poema de Nezahualcoyotl escrito em 1.200...

Para manejar um recurso ou sua resultante no agroecossistema é necessário mais que conhecimento tecnológico, é preciso sabedoria, parte sistematizada da História Natural. É imprescindível aprender a trabalhar de forma interdisciplinar e transdisciplinar com a sabedoria primordial contida nos textos referidos (e outros); assim como junto ao camponês indígena autônomo e nativo em seu saber e fazer e, decodificar como von Humboldt, Engels ou Vernadsky e Marini, já que isto conduz ao discernimento crítico e cria a vontade para buscar autonomia do povo.


Einstein disse: “A vontade é a mais poderosa força motriz, e está muito além do planejamento estratégico dos governos e das infiltrações, induções e manipulações feitas à distância. Com vontade política não há periferia.


Então, vamos ganhar com quatro leituras citadas, sem fascínio, alienação ou comodidade de apenas "fazer" sem “saber”. Há muito que resgatar dentro de nós mesmos e há milhões de pessoas que carregam essa esperança, por isso a luta segue desde as entrelinhas nas cartas de Spalatin a Lutero, que um século mais tarde se transformou na Didactica Magna do Bispo Comenius, decodificado por Paulo Freire, na crua realidade periférica que todos os professores de escolas públicas necessitam para que seus alunos compreendam "Cosmos", "Dialéticas" e "Biosfera" e milhares de outros, que são exaustivamente estudados por uma pequena elite enferma que garante o sistema.

Onde a fome é um negócio político ideológico, a entidade internacional pede 1 Real/dia de doação à Luana, mas só 0,017 centavos chega a ela. No congresso Latino-americano de Agroecologia o MAELA condecorou a ONG Soynica por levar o leite de soja para as crianças da Nicarágua. País onde os camponeses não tem preço para o Gergelim. Gergelim que produz o leite mais próximo ao leite materno, usado na Europa, Índia, EUA. Na América Latina, o termo Agroecologia, “up grade tecnológico" da agricultura moderna, através da doutrina da sustentabilidade, engana a percepção sensorial e sentido.

Haverá sua lenta transmutação em Agronegócio, através do aniquilamento gradual de preceitos utilitários pseudo científicos da matriz química com a construção da matriz biotecnológica (biossíntese, a engenharia genética, informática e nanotecnologia das corporações) dessacralizando o nome agri+cultura: O que é cultura?

O que é capitalismo?

A juventude, em transe místico, é novamente enganada com fascínio e prestidigitação travestindo o "fazer" como "saber" procurando alívio e fuga às ansiedades e frustrações para consolidar o totalitarismo corporativo sem perspectivas, rumo ou futuro.

No Brasil, há 30 anos levantam sua bandeira e gritam como papagaios por uma "transição agroecológica", como se mudar não fosse uma atitude política que precede a ação. Ligeiramente grávida só existe em letra de rock em roll; meio bêbado, político meio corrupto ou governo meio inepto. Logo, são manipulados e em sua ânsia crêem lutar por mudanças, mas ingenuamente fortalecem o poder exógeno, e nos torna o primeiro consumidor mundial de agrotóxicos à frente dos EUA.


Sem pagar o verdadeiro preço do café orgânico, o camponês recebe a ajuda social da Espanha, Itália e Alemanha que constroem uma latrina ao lado da outra em seu terreno. Gasta 70 dólares/cada, mas declaram 2500 dólares perante seus governos. É a economia virtual... Ao mesmo tempo em que a Monsanto e Syngenta ganham o Premio N. Borlaug contra a Fome...

Em minhas viagens, encontrei uma avó camponesa indígena e seu neto agrônomo graduado. Na presença dele, ela disse que ele era um inútil para a comunidade. Ele sorriu.

Envergonhado fui ler "Daedalus ou Ciência e Futuro", de JBS Haldane. – Que diriam Humboldt, Engels, Haldane, Marini, Illich e Freire sobre a vovó que renega seu neto, que foi à escola? De que adianta ter “espada” e não ter “escudo”?


O professor Fritz é o maior cientista em jaguar no mundo. Tem uma idéia fenomenal salvar o jaguar de luz mesoamericano da extinção... Sensibilizado, o governo europeu doou 250 mil dólares ao governo mesoamericano para viabilizar o projeto, que em contrapartida tinha de colocar 250 mil dólares em dinheiro vivo. O dinheiro alemão vinha na forma de salário do Prof. Fritz, vinte bolsas de estudos para estudantes alemães especialistas em rastreamento por satélite das ondas emitidas pelas coleiras colocadas nos jaguares; Um caminhão Mercedes Benz, seis computadores, dez máquinas fotográficas alemãs; antenas de rastreamento; etc. Os dados captados na União Européia seriam divididos 60% para o país mesoamericano e 40% para o europeu.
Dois anos depois se tinha tudo sobre os hábitos e comportamentos do Jaguar e o país europeu vendeu para a BBC um vídeo sobre o sagrado jaguar de luz Mesoamericano por 250 mil dólares em dinheiro; outro para TV Índia, outro por CBC, Televisa, Globo, ABC, CNN, Fox.... e mais 85 tvs do mundo..... O jaguar desmaterializou nas selvas mesoamericanas e materializou-se na economia virtual alemã.

No brasão do Peru estão a vicunha e a árvore da Quina, ambos a caminho da extinção, enquanto no brasão do Império Britânico há um unicórnio. Agora vocês sabem por que os meninos kaiapós riam... Ou não?

A História Natural, Natureza, Ecossistema ou qualquer outro nome não é o problema. O problema está no sistema, que esconde livros e cria neologismos para presentear espelhinhos financeiros ou títulos a "robôs" e "revoltosos" da Fé, Fama e Fortuna enquanto a História Natural muda de patrimônio para ECO-AGRONEGÓCIO. Para evitar há que ler “A grande Transformação”, de K. Polaniy; “Causas naturais” de James O'Connor; Ecofascismo, de Jorge Orduna e, finalmente, Império de Michael Hardt e Antonio Negri.

Em suas ONGs, escolas, publicações e livros não há uma técnica resgatada da sabedoria consuetudinária ou recém-criada (Compostagem, Biofertilizantes, pó de pedra, Chromatografia de Pfeiffer, Biochar, Terra Preta Indígena e Chinampas). Estimulam o fazer que subsidie neo-serviços (agrotóxicos, transgênicos, sementes crioulas, biodiversidade sem aplicar seu sentido etnológico) das grandes corporações, enquanto serve para reciclar velhos agentes da extensão, pesquisadores e professores nas vacas sagradas (I. Illich) da agricultura moderna, vestindo o novo uniforme para continuar servindo ao Agribusiness. Esconde insatisfação ou insurgência tirando espaço. Ansiosos à espera dos produtos das grandes organizações. Não passarão!

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*Engenheiro Agrônomo e Florestal, escritor e ambientalista

segunda-feira, 15 de junho de 2015

O falso contraste

É uma ilusão, quase uma ingenuidade, pretender que um programa telejornalístico de entrevistas permita, por si só, as condições para a revelação plural de um assunto. O contrário é mais conveniente e comum a quem decide. A distância entre a exploração equilibrada de um tema e a proteção de uma opinião, disfarçada de falsos contrapontos, é extensa e atravessada por um caminho de largas frestas: quem determina a linha política da empresa/organização; quem mais influencia na seleção da pauta; a natureza do assunto escolhido; o entrevistado convidado; a orientação do apresentador; o perfil dos entrevistadores (coletivas); o formato, etc. O caso do Roda Viva que está sendo veiculado neste momento na TV Cultura, com a participação do economista Paulo Rabello de Castro - ligado ao Movimento Brasil Eficiente e ao Instituto MIleniun, e apresentado por Augusto Nunes, com convidados de publicações predominantemente liberais - o enquadramento é mais que "público" e notório: é redundante.

PROJETO INDÍGENA DIGITAL SE EXPANDE PARA AS CINCO REGIÕES DO BRASIL

Junho 5, 2015 · por oindigenista · em APIB, Indigena Digital. ·

A capacitação da juventude indígena no manejo das novas tecnologias é mais um passo para a autonomia e emancipação dos povos originários.


A Universidade Federal de Santa Catarina, através do IELA, iniciou em 2011 um importante projeto de inclusão digital das comunidades indígenas do estado. O trabalho, coordenado pela professora Beatriz Paiva (Serviço Social/UFSC), começou na Terra Indígena Morro dos Cavalos, com uma comunidade Guarani que vive próximo à Florianópolis. Desse processo foi produzido um importante vídeo sobre a cultura local, difundido pela rede mundial de computadores. Depois, em 2013, por conta do sucesso da proposta, o grupo de trabalho decidiu ampliar o projeto para todo o estado de Santa Catarina, abrangendo mais outras quatro aldeias da etnia Guarani. A partir daí essas cinco aldeias Guarani foram visitadas e, em cada uma delas, criado um núcleo de discussão e capacitação para o uso das novas tecnologias. Foram realizadas oficinas, nas quais os equipamentos de vídeo e fotografia eram apresentados e os jovens indígenas capacitados para o manuseio. O objetivo final desse processo foi a filmagem e a construção de um vídeo em cada aldeia, tudo feito pelos próprios Guarani. Cada comunidade decidiu-se por um tema específico: a situação da aldeia, o milho, folguedos tradicionais, coral indígena e demarcação de terra. Todos esses projetos estão em processo de finalização e logo serão divulgados.

Leia a reportagem completa no O Indigenista

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Provocações do Tião - Sim, o ambiente faz a gente

Sebastião Pinheiro*

"No mundo ultrassocial da propina é tempo de “Copa América”. Os anfitriões chilenos, então injuriados com a trave do Mineirão se assustaram com a sua balançada pelo Equador. Perdoem, moro em uma cidade muito politizada com mais de cinco horas diária de programas futebolísticos nas rádios e não houve uma palavra sequer, suspicaz, sobre a interferência norte-americana na FIFA, quando meia dúzia de larápios cucarachas latino-americanos receberam uma chinelada por vontade e ordem da justiça dos Estados Unidos, arauto da honestidade ultrassocial e caráter sem jaça. Não estranhei que europeus ou norte-americanos tenha sido excluídos da troupe por “mais iguais”.

Futebol é coisa tão séria que na seleção yankee quinze jogadores falam melhor o alemão que o inglês. Será que no esporte, igual que na corrida “espacial e guerra fria”, a disputa será travada no Lebensraum ultrassocial germânico? Por outro lado, pobre povo russo, igualzinho em 1980, quando gastaram os tubos com a Olimpíada e tiveram o “boicott” financeiro-ideológico, mas não podiam impedir a prefeitura de Los Angeles de receber a bandeira e a chama para a próxima Olimpíada pela Sociabilidade.

Os holandeses jogam bom futebol, mas o príncipe Bernhard, marido da Rainha Juliana, foi convidado a “beber em celebração” à Lockheed e na empresa yankee não houve punição para nenhum CEO pelo suborno. Aliás, pela amplitude e envergadura mundial dos subornos da Lockheed, era coisa bem acima da autonomia de vôo do Departamento de Estado, veja na wikipedia...

Sendo propinas & futebol coisas sérias, para esquentar os tamborins, garanto que vocês não sabem quem foi Quirino Cristiani, nem nosso compatriota equivalente Anélio Latini Filho. Não, não são nomes de jogadores de futebol ou subornadores de empreiteiras ou FIFA. O primeiro é argentino e foi o autor do primeiro filme longa metragem de animação “El Apostol”, em 1917, e, novamente, bateu o recorde com o primeiro longa metragem de animação sonorizado em 1931. Já o Anélio é nosso compatriota carioca e realizou outra proeza de igual magnitude, pois sozinho, durante cinco anos (1948 a 1953), fez o primeiro longa metragem nacional “Sinfonia Amazônica”, de fantástica beleza.

O triste é que isso não é ensinado na escola, nem aqui, nem lá, pela mesma razão que os jogadores da seleção yankee mal falam o idioma nacional, e a TV não mostra o que não lhe interessa.

Não só na educação, mas na agricultura passou o mesmo. Muitos não sabem, mas lentes e águias em edafologia/pedologia da velha escola francesa, austro-húngara ou russa, foram de fenestrados das universidades e substituídos por jovens que foram aprender a ciência do “solo suporte inerte das raízes” nos EUA, onde o ludopédio e apelidado de “Soccer”.

O tempo passou, e eles já terminaram seu ciclo ou senis gozam de aposentadoria, mas seus filhotes, ou “peixinhos” [O termo “peixinho”, segundo o dicionário Michaelis significa: Pessoa que se sente protegida por outra, influente, e que, por isso, goza de certos privilégios.], agora retornam e assumem a nova realidade pós-moderna, onde o que era “moderno” se transformou em “agronegócios” e o espelho “alternativo” em “agroecologia” embora quase nada tenha mudado além do discurso e alienação, contudo alguma ressonância mórfica resiste enquanto todo o Carbono, Nitrogênio e Enxofre acumulado no solo agrícola desvaneceram-se nos gases do Efeito Estufa e Ameaça de Mudança Climática.

Ao que José Arguelles, em seu livro Manifesto pela Noosfera... (2011) consolida:

- Vladimir Vernadsky - "A evolução tem fases ou etapas: A evolução geológica ou geosfera; a Biosfera ou evolução biológica e a noosfera ou evolução da consciência universal”;
- Teilhard de Chardin - “A Noosfera é o espaço virtual em que o nascimento da psique (noogênese) é o lugar onde ocorrem todos os fenômenos patológicos e normais - do pensamento e inteligência”. Ao dizer: “A noosfera - literalmente "esfera da mente" ou camada mental da Terra - é uma palavra e um conceito cunhado em conjunto por Jules le Roi, filósofo francês e estudante de Henri Bergson, o jesuíta paleontólogo Pierre Teilhard de Chardin e geoquímico russo, Vladimir Vernadsky, em Paris, em 1926. Na raiz da definição primária da noosfera há a percepção dual: de que a vida na Terra é uma unidade que constitui todo um sistema inteiro conhecido como Biosfera; e que a mente ou a consciência da vida, como todo um sistema vivo - a camada de pensamento na Terra - é uma unidade que é descontínua, mas a mesma extensão que todo o sistema da vida na Terra, incluindo seus sistemas de suporte inorgânicos.

Uma terceira premissa crucial que emerge a partir dos dois primeiros é que a noosfera define a próxima fase inevitável da evolução terrestre, que transformará a Biosfera.

Como observado por Gowdy, a "ultrasocialidade é um resultado evolutivo, e a evolução não consegue enxergar adiante”.

No entanto, em nome do amor à natureza ou da governança mundial sustentável, grandes financistas e suas corporações se apropriam da energia dos sonhos e esperanças para promover o gigantismo de suas empresas, assim adquirem as cooperativas & empresas de interesse público (“PBC” ou “B”) criadas para humanizar, sociabilizar e “higienizar” a produção de alimentos e qualidade de vida. É o que faz Coca-Cola, PepsiCo, Nestlé, Danone, Cargill, Kellog’s e algumas outras. E foi assim que a pioneira Cooperativa Ecológica Coolméia foi fechada pela corrupção, aliada ao ódio militante, despido de visão pedagógica e cidadã, que oblitera a possibilidade de ver o "nimbus" (aura) e glória da vida em um cromatograma do microcosmo do solo.

Para aproximar a ressonância mórfica e entender a coluna/garrafa de Sergei Winogradsky do final do Século XIX e início do XX, na Suíça (onde seguramente influenciou os estudos de microbiologia do químico E. Pfeiffer e a Dinamólisis de Kolisko para a construção do holograma - na parte está representado o todo), do solo vivo.

Pela foto, é fácil ver que amostras extraídas do mesmo prato teórico da coluna/garrafa e realizado seu cromatograma mostra as grandes variações no cromatograma acima ou abaixo indicando as alterações dinâmicas nos ciclos biogeoquímicos (C, N, S, M.O. Fe, etc.) no ambiente daquele prato teórico. Logo, através do seu metabolismo e autopoiese o crescimento e desenvolvimento continuo da fertilidade do solo vivo, capaz de absorver grande parte do C, N, S e outros gases do Efeito Estufa que ameaçam a Mudança Climática, mas não interessa ao poder central ou periférico, pois contraria todo o modelo atual de sustentabilidade bancária sem moral ou ética que lucra 9 bilhões de dólares ano importante para o monopólio da indústria de agri-arma-limentos.


O estudante ficou feliz em poder ler “A Máfia dos Agrotóxicos e a Agricultura Ecológica”, escrito nos anos 80, mas de lá para cá discursos, propagandas, firulas dia a dia ganham espaço no denominado “período de transição” dando sobrevida às práticas incoerentes: Secado e Incineração de amostras de solo misturadas para determinar sua vitalidade, que somente serve para garantir a comercialização compulsória de fertilizantes químicos e manter o status quo do império.

Quando enxergo adiante penso no “Sinfonia Amazônica” com um fundo da Cantata Profana, Mandu Çarará de Heitor Villa-Lobos e logo percebo além do "nimbus" (aura) e glória do cromatograma da vida no microcosmo do solo a ressonância moral com seus raios éticos.

Sim, o ambiente faz a gente..."
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*Engenheiro Agrônomo e Floresta, escritor e ambientalista

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Sobre o Sagrado e o Profano


Essa foto, da Paradada Gay de São Paulo, registra a performance de uma transexual, em denúncia à brutal violência que os GLBTTs são vítimas naquela megalópole. A imagem circula nas Redes e está provocando intensos debates na internet e nos meios religiosos e políticos; provocou também um diálogo meu com uma amiga que muito estimo. Resolvi reproduzi-lo no blog, a título de contribuição a reflexão. Identifico minha colega por “Maria”, já que não tenho sua autorização para divulgar o debate com sua assinatura.

Maria - desnecessário.Equivocado. Esperem provocações e desrespeito do outro lado agora! Vão esperar calados?

Ronaldo Martins Botelho - Sinceramente, creio que a questão é maior e mais delicada. Cristo teve - e tem - sentidos específicos, conforme épocas, etnias e contextos diferentes. Aqui, a sua figura é metaforizada para uma questão atual e extremamente pertinente. Assim como as escrituras, o sentido de um simbolismo religioso pode ter variadas interpretações, porque diversificados são os cristãos. E isso não pode, e não deve, pretender ser monopolizado. Quanto mais quando a questão é a defesa da vida. A menos que isso seja considerado como algo desprezível.

Maria - Alguns dos cristão não aceitam a homosexualidade. É do direito deles não aceitarem (partindo do mesmo principio democrático de que é do direito de alguns aceitarem) Desta forma não gostam e não aceitam que seu símbolo maior, seja comparado a um homesexual, ou a uma mulher.Não julgo se isso está certo ou errado.Nem se tem mais de um significado ou não.Julgo o respeito ao que os outros pensam e acreditam e aceitam. Isso não foi respeitoso com o outro. Veja que quem pensa assim, e não aceita isso normalmente, não põe chapéu algum.Ele apenas pensa diferente. Para mim ele pode estar errado.Mas ele tem certeza e tranquilidade com ele mesmo para achar que está certo. E desde que não ataque ninguem, ele tem o direito de pensar como quiser. DESDE QUE NÂO ATAQUE NINGUEM. Neste caso, esta pessoa que pensa, inclusive diferente de mim, esta sendo atacado. Extingue-se a obrigação de ele não atacar. E por aí vamos. Sem bom censo e sem REALMENTE exercitar o direito do livre pensar, não vamos terminar com a violência entre os diferentes. Uma pena.

Ronaldo Martins Botelho Bem notado, Maria, "Desde que não ataque ninguém"; o problema é que cabe um relativismo gigantesco nessa afirmação. Cresci, por exemplo, estudando em escolas públicas que exibiam um crucifixo grande em todas salas de aula - vi, após, que universidades, hospitais e outros órgãos públicos também reproduzem isso até hoje, o que pode ser visto como provocação contra pessoas de outros credos. Um ataque. Há religiões que sacrificam animais em rituais, e consideram um ataque discriminatório o simples questionamento a tais práticas. Beijar em público, para os muçulmanos, é ofensivo, um ataque a moral pública. As mínimas atitudes podem incomodar quem assume o direito de enquadrar o outro em uma normalidade que venera como necessária. Na minha modesta opinião, a fé poderia ser uma opção individual, sem nenhuma pretensão de implicar o outro nela - seja de que espécie, sexo ou gênero for. Mas não é. E enquanto isso ocorrer, ela se cultivará como instrumento de guerra. Real ou simbolicamente. Infelizmente.

Maria - É. Olho e acredito que para os simpatizantes da causa não tem desrespeito.É o que acho.Mas acho tambem que para quem não é simpatizante, tem sim desrespeito.Só isso!

Maria - Então pensa comigo: se um crucifixo na parede pode parecer provocação me parece obvio q aos olhos de um cristão um beijo homosexual na rua tambem seja. A violencia só vai terminar se for possivel q o crucifixo continue na parede e o beijo sexual aconteça nas ruas tambem.

Ronaldo Martins Botelho Acredito também na possibilidade de tal performance expressar desrespeito, Maria. Mas, insisto, nada vejo de novidade ou de pernicioso no fato de as religiões e as tradições serem chamadas ao diálogo com a vida social na qual estão inseridas. É importante lembrar que a Cruz não é propriedade do cristianismo, visto que, não só Jesus foi crucificado. É uma iconografia que é patrimônio da humanidade, como nota bem o deputado Jean Wyllys. Mas há, se quisermos, outras situações e atitudes que estão por aí em nossa sociedade, introjetadas culturalmente por religiões -que se converteram em normalidade (e até Lei, em alguns casos), ainda que possam ser consideradas como desrespeito a crenças, ou ausência delas, como já assinalei em outro debate lá atrás. E, curiosamente, pouco ou nada incomodam os cristãos. Por outro lado, lembremos que o próprio cristianismo legitima diferentes possibilidades de olhar o ser humano e o que o cerca. A mesma Bíblia que identifica Maria Madalena como pecadora, por exemplo (Lucas, 8:2), também vai descrevê-la, no Novo Testamento, como uma das discípulas mais dedicadas de Jesus Cristo, sendo ainda, considerada santa por diversas denominações cristãs. A propósito, esse exemplo pode ser bem emblemático para analogias a partir do caso em questão, não? Além de protestos e ódio, relações desse tipo geram também reflexões, como está ocorrendo. Quiçá provoquem novas visões e sensibilidades positivas. Acredito nisso. Você não?

terça-feira, 9 de junho de 2015

A vida e a TV

Ligo a TV para assistir o Café Com Jornal, na Band, programa que nasceu inovador (e prossegue sendo), mas noto, outra vez, que a velocidade e a qualidade, no telejornalismo, são coisas que podem facilmente brigar entre si, em prejuízo ao telespectador. Uma desapropriação de uma comunidade de 3 mil famílias e 400 barracos, instalada no Rodoanel, em Osasco, é tratada a toque de caixa. Um abusador de menores, ex-presidiário, violenta e mata uma menor, após esta ser devolvida a ele por familiares, pelo próprio Conselho Tutelar. Uma manchete a mais. Trânsito, Economia, Variedades, tudo em drops, são conteúdos despejados, de forma fria, rápida, superficial. A informação parece ser apresentada para "encher" quem está do outro lado da tela, imprópria às mínimas condições de de uma interatividade reflexiva. Parece uma partida de futebol. A cidade e seu ritmo contamina o jornalismo, é fato; mas, se este não existe para as pessoas entender o tempo em que vivem, sentirem o que tem a ver com algo e se posicionarem, pra quê existe? A comunicação de massa se resume a um pacote diário, pasteurizado e desumanizador, que é despejado diariamente nas salas dos brasileiros, reproduzindo e banalizando a violência cotidiana, em suas mais diversas formas. E no jornalismo paulistano, em que pulsa turbinadamente toda essa tensão urbana, é mais fácil enxergar isso. Com Renê Rojo e Lu Lins.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Ana Cristina Cesar - Samba-Canção

Ana C., como era conhecida, nasceu em 2 de junho 1952, no Rio de Janeiro. Foi escritora, tradutora, professora e poeta marginal. Escreveu para revistas e jornais alternativos Lançou seus primeiros livros em edições independentes: "Cenas de Abril" e "Correspondência Completa". Dez anos depois voltou à Inglaterra, graduou-se em tradução literária, escreveu muitas cartas e editou "Luvas de Pelica". Trabalhou em jornalismo, televisão e escreveu "A Teus Pés", Editora Ática - São Paulo, 1998. Suicidou-se no dia 29 de outubro de 1983. (F: Releituras).