O progressivo desaparecimento de várias frutas, legumes e verduras das prateleiras e feiras é fruto da redução da produção de diversas culturas, de Norte a Sul. Contribui nisso a desvalorização dos pequenos e produtores, em detrimento aos produtores de monoculturas, ou commodities, via créditos governamentais e apoio de corporações - e o consequente desconhecimento das novas gerações sobre nossa biodiversidade alimentar, em um círculo vicioso. Nesta semana, conversando sobre isso em meu trabalho, a propósito, lembrei que, em minha infância, era hábito das crianças - muito mais q em nossos dias - comer frutas subindo em árvores, um costume q combinava brincadeiras e interação com a natureza e com o alimento, em um nível bem diferente daquele que se dá nos grandes supermercados. Daí a importância da reportagem que acaba de ser veiculada no Jornal da Cultura, em que cita o trabalho da ONG Guardiões dos Sabores (http://guardioesdossabores.org/). Esta organização tem entre seus propósitos enfrentar esse déficit de conhecimento, que gera deficiências nutricionais e uma ignorância geral sobre a diversidde e a qualidade do que a natureza nos oferece, generosamente.
"O HAMAS, que é um grupo palestino muçulmano sunita, tem como intenção, através de ataques, serem ouvidos sobre a situação caótica de seu povo árabe, pois através do diálogo não houve uma resposta satisfatória."
sábado, 29 de outubro de 2016
sábado, 22 de outubro de 2016
O Botão de Pérola, uma filme sobre vida, cultura e memória
Muito mais do que gerar a vida, a água é a base da existência, da história e da cultura das mais antigas civilizações do Planeta: os chamados Povos da Água, que se organizavam dentro dela, e através dela. No Chile, entre o legado desses primeiros nativos, que foram progressivamente exterminados pela cobiça de terras e de riquezas mineiras, e os trabalhadores contemporâneos daquele País, que protagonizaram a luta pela democracia no sul desse continente, há conexões profundas, mantidas na memória e na natureza. Em "O Botão de Pérola", o documentarista chileno Patrício Guzmán recupera e costura essas relações, com maestria e sensibilidade. O resultado é uma produção impressionante e encantadora.
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Aquarius convida a enxergar o estranho com uma admiração, ao invés de pena
Fui ver Aquarius, como sempre, bem depois da estreia – porque a pressa não tem necessariamente a ver com arte, a não ser para o Mercado. Gostei do filme, ainda que deixe um gostinho de que faltou algo.
Trata-se de uma história, sobretudo, de empoderamento feminino, como várias análises destacaram. E Sônia Braga interpreta Clara, a protagonista, com maestria, inclusive no aspecto da condição e relações de classe em que a personagem se insere.
Trata-se de uma história, sobretudo, de empoderamento feminino, como várias análises destacaram. E Sônia Braga interpreta Clara, a protagonista, com maestria, inclusive no aspecto da condição e relações de classe em que a personagem se insere.
Mas, bem mais que isso, o filme retrata questões que são pertinentes na vida e que o cinema costuma abordar pelos extremos, ou discretamente, nos bastidores do enredo real, ou como foco da trama. Em ambos casos, acredito, não dá a devida importância. Trata-se da vida após os 50, a intimidade de uma pessoa com uma debilidade física definitiva e, principalmente, a questão do caráter, ou mau-caráter, que pode se esconder nos bons modos.
Nesse ponto, especificamente, o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho tem imprimido uma abordagem bem interessante e profunda no cinema brasileiro, que traz à tona um aspecto intrigante de nossa cultura, a tal “máscara ante ao social”, outrora, tratada no conceito de “Homem Cordial”, por Sérgio Buarque de Holanda.
Nesse ponto, especificamente, o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho tem imprimido uma abordagem bem interessante e profunda no cinema brasileiro, que traz à tona um aspecto intrigante de nossa cultura, a tal “máscara ante ao social”, outrora, tratada no conceito de “Homem Cordial”, por Sérgio Buarque de Holanda.
Li, recentemente, um artigo no Geledés que observava um viés racista no filme, pela pouca ou ausente visibilidade negra, e associação desta quando ocorreu a delinquência ou algo assim. Não recuperei o texto, bem fundamentado, mas lembrei dele enquanto via o filme, e não vi dessa forma.
Primeiramente, é preciso situar que a história retrata uma família de classe A/B, branca, ambientada em um estado marcado por relações históricas de luta de classes.
Aliás, classe é uma tema que é trazido à toda de forma bem enfática em Aquarius. De outro lado, não vi esse estigma sobre o negro, nas vezes em que surge uma pessoa dessa etnia – no caso, durante um pesadelo de Clara, em que reaparece uma empregada que teria roubado a família mexendo em suas joias.
Aliás, classe é uma tema que é trazido à toda de forma bem enfática em Aquarius. De outro lado, não vi esse estigma sobre o negro, nas vezes em que surge uma pessoa dessa etnia – no caso, durante um pesadelo de Clara, em que reaparece uma empregada que teria roubado a família mexendo em suas joias.
Em outro momento, vale lembrar, um traficante, jovem, branco é também identificado no convívio da classe média. Além do mais, os representantes da construtora que perseguem Clara para vender seu apartamento, e que são retratados como mau-caráter no filme, também são brancos e classe alta. Assim, acho um exagero a crítica de um viés racista. Se fosse uma família negra, provavelmente a visibilidade predominante no filme seria de negros, e assim por diante.
O fato é que o filme traz muitos elementos presentes na vida social brasileira, que são digno de nota. O enredo é bem nutrido por uma trilha sonora que agrada várias gerações. Aliás, esse diálogo entre gerações é outro mérito louvável de Mendonça Filho soube explorar bem. Outro aspecto está na linguagem audiovisual, o silêncio e o suspense nos enquadramentos em detalhes são elementos desse modo de gravar que dá um toque singular à essa produção.
Por fim, tenho que notar que o final não bem o que se esperava da riqueza da história e da energia de seus personagens. Tudo parece se encaminhar para algo maior, e espectador parece ser surpreendido no clímax, com um final perturbador, mas que não suficiente responsivo ao tamanho das expectativas – um modo de contar adotado por muitos diretores europeus, é fato, mas nem por isso isento de crítica.
De qualquer modo, Aquarius vale a pena ser visto, pela história, pela relação com o Brasil presente e pela mensagem de vida e força que dá, para todos, mas em especial, para aqueles às vezes mais costuma se julgar preconceituosamente frágeis: as mulheres, as pessoas pela terceira idade, os que vivem sozinhos e os que não se enquadram aos padrões estéticos sexuais de beleza.
Pelo Malo
A infância é onde brotam os fios de nossas paixões e medos, abundantes em Junior (Samuel Lange Zambrano), um menino de nove anos, que sonha em alisar o cabelo para ficar mais parecido com sua imagem fantasiosa de um cantor de cabelos compridos. Em choque com a incompreensão de sua mãe Marta (Samantha Castillo), e o preconceito, ele vai cultivar seu sonho íntimo por um mundo por ele inventado. E dele se alimentar no choque com as carências que o circulam. Por trás de uma história intensa da vida em uma periferia de Caracas, Pelo Malo (Mariana Rondón, 2014, Arg/Ven/Ale/Per), apresenta o pano de fundo de uma América Latina fértil para os mitos, mas ainda dura para o despertar de seus maiores valores de cultura e de liberdade. Destaque para a intensa emotividade da atriz protagonista, S.C.
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terça-feira, 18 de outubro de 2016
Viver é Fácil Com os Olhos Fechados
Dura é a vida carente de um sonho, seja possível ou não, mas o caminho por seu alcance pode ser mais engrandecedor que sua concretude. Esta é uma das mensagens de Viver é Fácil Com os Olhos Fechados (Esp, 2015). A determinação de um professor - Antonio (Javier Cámara) e as perturbações de dois adolescentes - Belén (Natalia de Molina) e Juanjo (Francesc Colomer) - perdidos entre suas dúvidas e suas famílias, q não os compreendem - é o ponto de partida para uma viagem emocionante ao encontro de John Lennon. O roteiro é ambientado nos anos 60, mas poderia ser em qualquer período que um coração pulse além do quadrado de uma rotina.
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