quarta-feira, 9 de agosto de 2017

PROVOCAÇÕES DO TIÃO - Sobre revisões, negociadores, salsichas e bugios



Sebastião Pinheiro*

Pouca tristeza é bobagem. Viva a Volkswagen no Brasil.

Poucos dias antes de falecer minha esposa, orgulhosa cliente da automobilística, com seus 15 automóveis VW zero KM, não por vaidade, mas por necessidade, já que eu sempre estava viajando. Carro velho com criança pequena é problema sério.

Bem, ela recomendou que eu fizesse a segunda revisão. O carro fora comprado em nosso último verão em Março de 2015 e a primeira revisão foi calculada pela agência vendedora Panambra, Azenha ocorreria em Setembro de 2016 quando alcançaria 10 mil KM. Sentindo os efeitos da grave enfermidade que padecia e por minha viagem à Chihuahua México ela embarcou para o Canadá para despedir da nossa filha. Voltou ao Brasil em Dezembro e solicitou que eu levasse o carro à Unidos S.A (Jardim Botânico) para a primeira revisão, embora o mesmo estivesse com 5.300 KM.

Eu levei pela primeira vez em 46 anos de casado o carro para revisão, mas compreendi pela debilidade da doença. A concessionária considerou fora de prazo a revisão e cobrou a mão de obra. Sim capitalismo japonês é outra coisa. Uma de suas últimas recomendações, foi faça a revisão.

Faleceu em 04 de Março próximo passado e mergulhei em um turbilhão absurdo com gastos que nunca imaginei que existisse, documentos e burocracia de enlouquecer. Isso que não temos praticamente bens ou posse, mas, o inventário, contas em bancos, certidões é algo que todos deveriam fazer um curso, pois se tem 60 dias para resolver. O pior que o carro um Gol Special com seguro total tinha um problema, pois dizia que tinha 4 portas, quando na verdade tem duas. Mais stress e recalculo do valor do seguro e troca de segurado.

O inventário ficou pronto preliminarmente no final de maio, mas o carro só foi liberado no DETRAN em 06 de Junho. No dia 20 de Junho, ao retornar do nordeste, fui fazer a segunda revisão debilitado pelos gastos e crise econômica. Deixei na Unidos S.A. por recomendação da falecida e comodidade no trânsito. Como a revisão foi orçada em 600 reais solicitamos que não a fizesse, pois não havia dinheiro em casa e fui buscar o mesmo imediatamente.

Minhas agruras pareciam haver passado com o depósito de parte do 13º salário e pude agendar na outra concessionária onde o carro havia sido adquirido, a Panambra Azenha, mas ao apresentar-me e visto que o carro estava com 6.000 KM foi dito que não deveria ter sido cobrada a mão de obra na primeira vistoria e que a segunda sairia por 250 reais aproximadamente. No Japão, e também no interior de São Paulo, o júbilo se expressa com Teno Keika Banzai, mas alegria de pobre dura pouco.

Ao olhar o livro de garantia do veículo havia uma rasura agressiva com o carimbo da Unidos S.A. (Jardim Botânico) e foi-me dito que não podiam fazer a revisão, pois o livro estava inutilizado no local destinado à mesma.

Voltei à Unidos imediatamente e um dos responsáveis pelo planta de sábado tirou cópias eletrostática do livro e solicitou que eu fosse na segunda feira à primeira hora que seria resolvido. Naquela mesma tarde fiz uma carta e passei para as duas concessionárias mas não conseguir remeter para a VW , pois não conseguia acessar o contacto via web da empresa.

Na segunda-feira, fui recebido de forma ríspida e dito que em duas semanas me dariam um novo livro. Alertei que minha reclamação havia sido enviada por e-mail. Ao chegar em casa na caixa de e-mail estava a solicitação da Unidos S.A para que eu fosse imediatamente à empresa buscar o livro. Má vontade é outra coisa. Lá compareci e me foi entregue dizendo que eu devia leva-lo para carimbar na Panambra S.A. (Azenha), como se eu tivesse cometido o erro e responsável em solucionar.

Com os dois livros fui à Panambra S.A. (Azenha) deixei o carro para a revisão e alertei para a necessidade de carimbar o livro novo. As 19 horas recebi o telefonema pelo celular do Sr. Eric com muitas voltas e firulas para dizer que a “quarta revisão” sairia por 1.560 reais. De chore perguntei quando devia ir retirar o carro. Ele queria negociar, ao que foi peremptoriamente interrompido: - Não negocio com tal tipo de gente, pois para mim revisão é segurança e uma concessionária não é lugar de negociação e sim atender os objetivos da empresa que lhe outorga a concessão.

Retirei o carro, mas antes perguntei se haviam carimbado o “novo” livro da venda do mesmo. Foi dito de forma soberba que só seria carimbado se fosse feita a revisão.

Comuniquei-me via 0800 em 25 de Julho com a VW e através do protocolo 01292627, o atendente muito educado, M. Giacometti solicitou cinco dias para a solução.

Aguardei e diante de nenhuma resposta postei carta registrada nos Correios à VW.

Resolvo comunicar aos amigos do Facebook para servir de precaução pedagógica, afinal, os alemães tem o ditado "Tudo na vida tem um fim, somente a salsicha tem dois" (foto).



Estava a escrever esta carta e soou o telefone da VW perguntando se alguém das concessionárias havia feito comunicação. Diante da dupla negativa me indicou que devo ir à concessionária Panambra e levar o livro para que eles coloquem o selo de venda.

Eu estou com 70 anos, mas muito bem disposto e nada senil. Não disponho de tempo para consertar cagadas de empresas incompetentes por treinar mau seus funcionários. Os soviéticos usavam a palavra “aparatchik” designando os indivíduos servis aos superiores e déspota com os subalternos.

Infelizmente me considero o antípoda, um gambá ou bugio.




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*Engenheiro Agrônomo, ambientalista e escritor

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