Sebastião Pinheiro*
Em português há a palavra elã de rara beleza pelo seu
significado, mas o brasileiro gosta de usar o chulo “tesão”. Há múltiplas
razões para tal e elas passam pela corrupção ideológica, política e social, que
nos faz aceitar, conviver e crer em violências estruturais: Como as milícias no crime organizado ou
pretensas “igrejas” organizadas para “crimes”. É impossível agüentar que a
Ministra de Estado encarregada da Família, Direitos Humanos & Mulher
propale ofensas ou idiotices, reiteradamente, sem que o bom senso a cale.
A um ministro compete externar, apenas e tão somente o
referente a políticas públicas. Questionar o “Evolucionismo” nas escolas obriga
uma base que respalde essa atitude. No Brasil foi dito que pobre gosta de
vestir-se de “príncipe holandês” (Joãozinho 30), mas propositalmente não foi
entendida a metáfora que isso é uma “fantasia”, onde a ausência de cidadania
por interesse da "Elite" e "Estado" merece uma caricatura
social, verbigracia o carnaval alemão (aliás, único lugar no mundo onde não
podia haver carnaval, mas é um dos mais significativos pelo sarcasmo ao poder.
Há 30 anos (09/06/1989) acreditei que a Lei Nacional de
Agrotóxicos ia consolidar-se pela cidadania. Vi a tentativa patrocinada pelo
Capital Trilateral em destruí-la. Enfrentaram a sociedade civil e perderam.
Também perdemos quando a fiscalização da lei foi delegada aos Estados e o
governo federal se fez refratário. Nossa estratégia foi antecipar a outra
agricultura. Temporariamente tivemos êxito, mas novamente, fomos derrotados.
Hoje um Kg de arroz transgênico é vendido no supermercado como “mutante”,
quando têm 50 vezes mais resíduo de herbicida por ser resistente ao mesmo.
Somos o único país do mundo onde ele assim é classificado em fantasia
carnavalesca e os agrotóxicos são parte ideológica corrupta na sociedade e
governos nos últimos 30 anos, sem exceção. O arroz da outra agricultura custa
mais de dez vezes e é somente para os muito ricos, o que é niilismo.
O “assassinado” Boechat poucos dias antes de sua tragédia de
viva voz mandou o Pastor Malafaia buscar uma “rola”, sem qualquer alusão ao
passarinho columbiforme que o nordestino carinhosamente chama de acauã ou asa
branca, me fez lembrar da infância quando na mesma Radio Bandeirantes (SP) em
1960 Vicente Leporace (foto) tinha um programa muito parecido (A hora do
Trabuco), casualmente no mesmo horário, agora para o Brasil. Não vi um cretino
sequer referir-se a quantas vezes o falecido havia respondido a processos pelo
exercício, agora festejado de sua coragem cívica. Será por berço republicano
(argentino)?
Na sede do império o Presidente Trump quer construir o seu
muro e todos acreditam que é por causa da invasão de pobres. A coisa mais
rentável que há para a economia yankee, britânica ou japonesa é receber mão de
obra formada. A muralha é ideológica e não é física ao longo do Texas, Arkansas
e Novo México.
Ela é bíblica e fica em Israel, que a necessita para poder ter
status de sub-império (imperialismo), é o que entendi na entrevista do filósofo
francês Bernard-Henry Levy, particularmente sobre a pornografia política
explícita no país, fruto de ignorância cívica, religiosa e social.
Em 2010 no Canadá conheci uma questão ambiental estranha
“GENTRIFICAÇÃO”. Há alguns dias estou as voltas com ela em Porto Alegre.
Despachantes da pornografia política idealizam uma solução no mínimo cretina,
para 28 prefeituras e escolhem uma área de
300 hectares próxima a Porto Alegre e Viamão para um investimento de
Gentrificação na acepção dos movimentos quebecois-canadense. Esta área é
ocupada por população nativa mbya-guaraní há duas gerações sobre solo
sedimentar e se prepara para receber o lixo, perdão resíduos sólidos urbanos da
região metropolitana. Não é verdade. É, somente, o chamariz para desalojar os
nativos e privatizar suas terras públicas (sem valor), além de desvalorizar as
terras privadas na região de alta procura para a instalação de condomínios de
luxo. É a estratégia, igual à Muralha de Trump. Há que vê-la e senti-la para
tocar as trombetas e derrubá-la.
“Pensar globalmente e agir localmente” dá um tesão doido
nesse carnaval, sem fantasia para o poder político pornográfico e mercado
niilista dos meios hegemônicos de comunicação regional, sempre parte
interessada, que cala.
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*Engenheiro Agrônomo e Florestal, ambientalista e escritor.