Metade das mulheres grávidas são demitidas na volta da
licença-maternidade
Muitas se deparam com demissão e dificuldade em voltar para
o mercado. Empregadores focam nas perdas que terão com as futuras mães
Matéria completa do Correio Braziliense aqui.
Foto: Correio Braziliente
reconhecendo a própria incompetência para alcançar a
qualidade superior da imprensa alternativa e estrangeira, o q faz a imprensa
corporativa nativa, unha e carne com o poder oficial conveniente com seus
negócios? melhora seus meios e conteúdos? não, persegue e tenta censurar a
concorrência. Essa é a tal Liberdade de expressão do capitalismo tupiniquim
brasileiro, tão reclamada pelo PIG e pelos fóruns empresariais, em que só o
dinheiro deve falar e o Jornalismo não tem vez.
ANJ quer tornar ilegal a atuação da BBC, do El País e do The
Intercept no país
Para coordenadora do coletivo Intervozes, a ação aberta no
STF pode significar o cerceamento do acesso à informação
Matéria completa do Brasil de Fato aqui
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De um grande poeta, sobre um grande líder.
Ferreira Gullar
I
Na quebrada do Yuro
eram 13,30 horas
(em São Paulo
era mais tarde; em Paris anoitecera;
na Ásia o sono era seda)
Na quebrada do rio Yuro
a claridade da hora
mostrava seu fundo escuro:
as águas limpas batiam
sem passado e sem futuro.
Estalo de mato, pio
de ave, brisa nas folhas
era silêncio o barulho
a paisagem
(que se move)
está imóvel, se move
dentro de si
(igual que uma máquina de lavar
lavando sob o céu boliviano, a paisagem
com suas polias e correntes de ar)
Na quebrada do Yuro
não era hora nenhuma
só pedras e águas
II
Não era hora nenhuma
até que um tiro
explode em pássaros
e animais até que passos
vozes na água rosto nas folhas
peito ofegando a clorofila
penetra o sangue humano
e a história se move a paisagem
como um trem começa a andar
Na quebrada do Yuro eram 13,30 horas
III
Ernesto Che Guevara
teu fim está perto
não basta estar certo
para vencer a batalha
Ernesto Che Guevara
Entrega-te à prisão
não basta ter razão
pra não morrer de bala
Ernesto Che Guevara
não estejas iludido
a bala entra em teu corpo
como em qualquer bandido
Ernesto Che Guevara
por que lutas ainda?
a batalha está finda
antes que o dia acabe
Ernesto Che Guevara
é chegada a tua hora
e o povo ignora
se por ele lutavas
IV
Correm as águas do Yuro, o tiroteio agora
é mais intenso, o inimigo avança
e fecha o cerco.
Os guerrilheiros
em pequenos grupos divididos
aguentam a luta, protegem a retirada
dos companheiros feridos.
No alto,
grandes massas de nuvens se deslocam lentamente
sobrevoando países
em direção ao Pacífico, de cabeleira azul.
Uma greve em Santiago. Chove
na Jamaica. Em Buenos Aires há sol
nas alamedas arborizadas, um general maquina um golpe.
Uma família festeja bodas de prata num trem que se aproxima
de Montevidéu. À beira da estrada
muge um boi da Swift. A Bolsa
no Rio fecha em alta ou baixa.
Inti Peredo, Benigno, Urbano, Eustáquio, Ñato
castigam o avanço dos rangers .
Urbano tomba, Eustáquio
Che Guevara sustenta
o fogo, uma rajada o atinge, atira ainda, solve-se-lhe
o joelho, no espanto
os companheiros voltam
para apanhá-lo. É tarde. Fogem.
A noite veloz se fecha sobre o rosto dos mortos.
V
Não está morto, só ferido
Num helicóptero iangue
é levado para Higuera
onde a morte o espera
Não morrerá das feridas
ganhas no combate
mas de mão assassina
que o abate
Não morrerá das feridas
ganhas a céu aberto
mas de um golpe escondido
ao nascer do dia
Assim o levam pra morte
(sujo de terra e de sangue)
subjugado no bojo
de um helicóptero ianque
É seu último voo
sobre a América Latina
sob o fulgir das estrelas
que nada sabem dos homens
que nada sabem do sonho,
da esperança, da alegria,
da luta surda do homem
pela flor da cada dia
É seu último voo
sobre a choupana de homens
que não sabem o que se passa
naquela noite de outubro
quem passa sobre seu teto
dentro daquele barulho
quem é levado pra morte
naquela noite noturna
VI
A noite é mais veloz nos trópicos
(com seus na vertigem das folhas na explosão
monturos) das águas sujas
surdas
nos pantanais
é mais veloz sob a pele da treva, na
conspiração de azuis
e vermelhos pulsando
como vaginas frutas bocas
vegetais (confundidos com sonhos)
ou um ramo florido feito um relâmpago
parado sobre uma cisterna d´água
no escuro
É mais funda
a noite no sono
do homem na sua carne
de coca e de fome
e dentro do pote uma caneca
de lata velha de ervilha
da Armour Company
A noite é mais veloz nos trópicos
com seus monturos
e cassinos de jogos
entre as pernas das putas
o assalto a mão armada
aberta em sangue a vida.
É mais veloz (e mais demorada)
nos cárceres
a noite latino-americana
entre interrogatórios
e torturas (lá fora as violetas)
e mais violenta (a noite)
na cona da ditadura
Sob a pele da treva, os frutos
crescem
conspira o açúcar
(de boca para baixo) debaixo
das pedras, debaixo
da palavra escrita no muro
ABAIX
e inacabada Ó Tlalhuicole
as vozes soterradas da platina
Das plumas que ondularam já não resta
mais que a lembrança
no vento
Mas é o dia (com seus monturos)
pulsando dentro do chão
como um pulso
apesar da
South American Gold and Platinum
é a língua do dia
no azinhavre
Golpeábamos en tanto los muros de adobe
y era nuestra herencia una red de agujeros
é a língua do homem
sob a noite
no leprosário de San Pablo
nas ruínas de Tiahuanaco
nas galerias de chumbo e silicose
da Cerro de Pasço Corporation
Hemos comido grama salitrosa
piedras de adobe lagartijas ratones
tierra en polvo y gusanos
até que
(de dentro dos monturos) irrompa
com seu bastão turquesa
VII
Súbito vimos ao mundo
E nos chamamos Ernesto
Súbito vimos ao mundo
e estamos
na América Latina
Mas a vida onde está
nos perguntamos
Nas tavernas?
nas eternas tardes tardas?
nas favelas
onde a história fede a merda?
no cinema?
na fêmea caverna de sonhos
e de urina?
ou na ingrata
faina do poema?
(a vida
que se esvai
no estuário do Prata)
Serei cantor
serei poeta?
Responde o cobre (da Anaconda Copper):
Serás assaltante
E proxeneta
Policial jagunço alcagueta
Serei pederasta e homicida?
serei o viciado?
Responde o ferro (da Bethlehem Steel):
Serás ministro de Estado
e suicida
Serei dentista
talvez quem sabe oftalmologista?
Otorrinolaringologista?
Responde a bauxita (da Kaiser Aluminium):
serás médico aborteiro
que dá mais dinheiro
Serei um merda
quero ser um merda
Quero de fato viver.
Mas onde está essa imunda
vida – mesmo que imunda?
No hospício?
num santo
ofício?
no orifício da bunda?
Devo mudar o mundo,
a República? A vida
terei de plantá-la
como um estandarte
em praça pública?
VIII
A vida muda como a cor dos frutos
lentamente
e para sempre
A vida muda como a flor em fruto
velozmente
A vida muda como a água em folhas
o sonho em luz elétrica
a rosa desembrulha do carbono
o pássaro da boca
mas
quando for tempo
E é tempo todo o tempo
mas
não basta um século para fazer a pétala
que um só minuto faz
ou não
mas
a vida muda
a vida muda o morto em multidão.
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a Lava-Jato seria uma grande e salutar iniciativa, senão
tivesse sido viceralmente contaminada pelo toguismo, pela aporofobia e pela
venenosa mistura de poderes oficiais com interesses da imprensa grande e de
líderes de partidos eleitoralmente derrotados nas urnas [traidores de leis por
eles mesmo criadas], que tão nociva tem sido ao País.
[texto e foto do Face, de Samuel Ribeiro dos Santos Neto]
Eu apertaria o gatilho.
Meu pai foi demitido em 1998. Pouco tempo depois, minha mãe,
costureira, abriu uma lojinha de roupas na frente de casa. Ela cuidava da casa,
cuidava de mim, pagava as contas, pensava em tudo. Costurava, tirava medidas,
atendia, comprava tecidos, cortava peças até altas horas.
Meu pai nunca mais trabalhou. Ajudou minha mãe com as
burocracias para abrir empresa, fez o que pôde. A depressão bateu - eu cresci
com um pai deprimido, talvez isso explique muita coisa - e o casamento não ia
mais tão bem. Desde jovem meu pai bebia, mas aí começou a beber mais.
Meu pai, o Carlos, começou a ficar o dia todo no bar. Era
feliz ali, entre garrafas e amigos. Deixa eu explicar uma coisa: o Carlos tinha
um cargo de gerência numa empresa que fazia garrafas PET. "Numa"
empresa não, "na" empresa. Foi a empresa que trouxe o modelo PET para
o Brasil. Meu pai era um homem inteligente, cheiroso, culto, viajou o mundo a
trabalho. Me apresentou os Beatles.
Eu lembro dos perfumes que meu pai usava. Do bigode e das
jaquetas de frio. Dos dentes tortos, do barulho que fazia almoçando, dos olhos
meio verdes meio mel, do cheiro de pimenta no prato. Lembro de ganhar chiclete
quando ele chegava, e de catar moedas no vão da poltrona onde ele sentava para
tirar o sapato. Da mancha vermelha e quadrada no peito, do cenho sisudo.
A fábrica de garrafa foi à merda. O empresário, de uma das
famílias mais ricas do estado de São Paulo, devia rios à previdência. Fez
descontos indevidos na folha dos empregados. O Carlos, já perto dos cinquenta,
saiu de lá com valores a receber. Perdeu o emprego no fim dos anos 1990, quase
velho, esperando o patrão acertar o que devia. O Carlos e mais a torcida do
Flamengo. Processo coletivo.
Volta a fita. Meu pai começou a quase morar no bar e virou
uma chaminé de cigarros Free. Cresci na fumaça e vi o pai adoecer. Só quem teve
parente com câncer sabe o que eu digo aqui. Quimioterapia, careca, cansado,
apetite, náusea, pacote completo. Pulmão fodido, pigarro, noites sem dormir.
Antes da loja da mãe engatar, dívida no banco, banco ligando, pressão daqui,
pressão de cá, mais depressão.
Para de fumar, Carlos. Não dá.
Meu pai morreu antes de morrer. Primeiro cadeira de rodas,
sem oxigenação para conseguir ficar em pé. Depois a parada respiratória, já
amarelo. Eu tenho uma dor profunda de não ter conversado mais com ele. A última
interação que tive com meu pai foi levar um copo de suco de pêssego, rejeitado
pela náusea. "Obrigado". Última palavra. Hospital, interna, coma,
morre. Minha mãe viu, eu não. 2004.
Depois o velório, o primeiro sério da minha vida. Pai
pálido, florzinha, caralho a quatro. Mordi a língua e não chorei. A tia veio:
"nessas horas, até pedra chora". E ali mesmo virei pedra, porque sim,
porque é o que deu pra fazer, porque não dá pra exigir nada diferente de quem
tá começando a vida. Nos anos seguintes, sabem quantas vezes eu quis abrir a
cabeça de pessoas que pediram pra eu me abrir mais? Fui fazer terapia só aos
vinte e quatro. Ainda me abro pouco.
Volta pra fábrica de PET. O processo trabalhista se
arrastou. A justiça vendeu bens do empresário, e isso demora pra tramitar. Vai
pra lá, vem pra cá, juiz libera, advogada pede isso, pede aquilo. Visualiza: o
empresário é um velho, playboy, ricaço, mansão em outro país, fazenda, quadro
caro na parede, amigo da família Marinho. Ainda tá vivo.
Nós, a família - eu, meu irmão, minha irmã, minha mãe -
recebemos o dinheiro agora. Em 2019. Quinze anos depois do meu pai morrer.
Vinte e um anos depois dele perder o emprego. O apelido do empresário era
"o senhor das festas", sabia? Vinha até atriz. Vinha primo do Collor.
Eu acho que teve festas mais caras que o valor devido ao meu pai.
Fico me perguntando o que teria sido do Carlos se tivesse
recebido o dinheiro antes de ficar doente.
Justiça trabalhista.
Eu lembro que meu pai tinha um revólver e chegou a pensar em
suicídio. Lembro dele contando para alguém que pensou em se jogar na frente de
um caminhão.
Consciência de classe.
Eu sou filho de um homem, de um trabalhador especializado,
de um humilhado pelo neoliberalismo, de um perseguido pelos bancos. E de uma
mulher, cansada, moída, que destruiu a coluna ao longo de anos na máquina de
costura, que nunca deixou faltar nada. Eu li, comi, comprei, estudei.
Eu sou filho do SUS e da escola pública.
E filho dos livros e dos sonhos que meu irmão contou.
Cresci pedra, mas querendo um mundo melhor e sem injustiça.
Pelo patrão do meu pai, nenhum pingo de empatia. Um octagenário milionário que
fez e faz do mundo um lugar pior. Eu apertaria o gatilho. Eu abriria o
cadafalso. A morte dos canalhas, o ódio aos canalhas, a História.
Recebi a minha parte, que não é muito, com crise de choro e
raiva. O pior dinheiro da minha vida. O preço da adega do Sr. Gilberto, menos.
Talvez o que ele gasta em restaurantes. Vinte e um anos. Vinte e um. Vinte e
um. Classe.
Carlos Ribeiro dos Santos, nascido a 15 de dezembro de 1949,
ex-tenente do Exército Brasileiro, técnico em Química, formado em Administração
de Empresas, fã dos Beatles, pai do Samuel, da Márcia e do Bruno. Descansou em
outubro de 2004, sem ar.
O ódio aos canalhas. Sempre.
O amor aos nossos. Nunca esquecer.
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a Lava-Jato seria uma grande e salutar iniciativa, senão
tivesse sido viceralmente contaminada pelo toguismo, pela aporofobia e pela
venenosa mistura de poderes oficiais com interesses da imprensa grande e de
líderes de partidos eleitoralmente derrotados nas urnas [traidores de leis por
eles mesmo criadas], que tão nociva tem sido ao País.
Glenn Greenwald: Eu apoio a Lava Jato, mas o poder corrompeu
Moro
Foto e Texto Carta capital
O jornalista Glenn Greenwald, editor-chefe do site The
Intercept Brasil, responsável pelos vazamentos das conversas entre Sergio Moro
e Dallagnol, esteve nesta quinta-feira 13 no Programa Pânico, da rádio Jovem
Pan. O americano disse que sempre defendeu a operação Lava Jato, mas acredita
que os procuradores e o ex-juiz se perderam pelo excesso de poder. “Moro não
pode passar dos limites pelo fim da corrupção, ele precisa ter
responsabilidade”, disse.
Matéria completa C.C aqui.
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dos MiNtos q nossa Mídia fabrica para alimentar nossa
secular fome paternalista/vassala.
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Pilhas d abusos e truculências confirmam: Militarismo e
Democracia: incompatíveis.
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Greve é Direito, não é crime - como classifica o governo
opressor e autoritário do PsdB de
EduardoLeite/AécioNeves/JoãoDoria/TassoJereirssat/ArthurVirgílio/ReinaldoAzambuja
“Estamos agora na Segunda Delegacia de Polícia, acompanhando
e prestando solidariedade aos mais de 50 companheiros que foram detidos hoje de
manhã, em ação totalmente truculenta da Polícia Militar de Eduardo Leite,
durante a repressão às manifestações que ocorriam nas garagens de ônibus de
Porto Alegre.
Além das prisões, manifestantes foram feridos por balas de
borracha e estilhaços.
Essa é a resposta dos governos para quem luta e não aceita a
retirada de direitos.
O dia de mobilização segue.
Não nos intimidamos e não recuamos na luta pelo direito do
povo se aposentar, pelo direito ao emprego e a educação!”
Karen Santos, ver. PSOL, p.Alegre, RS, Brasil
Confira gravação aqui.
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