sexta-feira, 14 de junho de 2019

sobre autoritarismos, mitos e outras falsas verdades no País dos vazamentos

da discriminação como lei e ideologia em tempos de Bozo e Cia. "Na contramão do senso comum, especialistas apontam que as mães são mais produtivas e flexíveis, porque as atividades neurais, ligadas à criatividade, aumentam durante a gestação. Além disso, o hábito de acumular duplas jornadas as deixam com maior capacidade de otimizar o tempo — tornam a vida das mulheres mais fácil no mercado de trabalho. Ainda assim, persiste o pensamento de que o empregador não suportará o tempo de afastamento, sem preencher aquela necessária vaga. Fora isso, há o temor de que o período em que fica com a criança a deixará desatualizada em relação à tecnologia, que avança rápido."

Metade das mulheres grávidas são demitidas na volta da licença-maternidade
Muitas se deparam com demissão e dificuldade em voltar para o mercado. Empregadores focam nas perdas que terão com as futuras mães

Matéria completa do Correio Braziliense aqui.

Foto: Correio Braziliente


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reconhecendo a própria incompetência para alcançar a qualidade superior da imprensa alternativa e estrangeira, o q faz a imprensa corporativa nativa, unha e carne com o poder oficial conveniente com seus negócios? melhora seus meios e conteúdos? não, persegue e tenta censurar a concorrência. Essa é a tal Liberdade de expressão do capitalismo tupiniquim brasileiro, tão reclamada pelo PIG e pelos fóruns empresariais, em que só o dinheiro deve falar e o Jornalismo não tem vez.

ANJ quer tornar ilegal a atuação da BBC, do El País e do The Intercept no país
Para coordenadora do coletivo Intervozes, a ação aberta no STF pode significar o cerceamento do acesso à informação

Matéria completa do Brasil de Fato aqui



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De um grande poeta, sobre um grande líder.



Ferreira Gullar

I

Na quebrada do Yuro

eram 13,30 horas

(em São Paulo

era mais tarde; em Paris anoitecera;

na Ásia o sono era seda)

Na quebrada do rio Yuro

a claridade da hora

mostrava seu fundo escuro:

as águas limpas batiam

sem passado e sem futuro.

Estalo de mato, pio

de ave, brisa nas folhas

era silêncio o barulho

a paisagem

(que se move)

está imóvel, se move

dentro de si

(igual que uma máquina de lavar

lavando sob o céu boliviano, a paisagem

com suas polias e correntes de ar)

Na quebrada do Yuro

não era hora nenhuma

só pedras e águas

II

Não era hora nenhuma

até que um tiro

explode em pássaros

e animais até que passos

vozes na água rosto nas folhas

peito ofegando a clorofila

penetra o sangue humano

e a história se move a paisagem

como um trem começa a andar

Na quebrada do Yuro eram 13,30 horas

III

Ernesto Che Guevara

teu fim está perto

não basta estar certo

para vencer a batalha

Ernesto Che Guevara

Entrega-te à prisão

não basta ter razão

pra não morrer de bala

Ernesto Che Guevara

não estejas iludido

a bala entra em teu corpo

como em qualquer bandido

Ernesto Che Guevara

por que lutas ainda?

a batalha está finda

antes que o dia acabe

Ernesto Che Guevara

é chegada a tua hora

e o povo ignora

se por ele lutavas

IV

Correm as águas do Yuro, o tiroteio agora

é mais intenso, o inimigo avança

e fecha o cerco.

Os guerrilheiros

em pequenos grupos divididos

aguentam a luta, protegem a retirada

dos companheiros feridos.

No alto,

grandes massas de nuvens se deslocam lentamente

sobrevoando países

em direção ao Pacífico, de cabeleira azul.

Uma greve em Santiago. Chove

na Jamaica. Em Buenos Aires há sol

nas alamedas arborizadas, um general maquina um golpe.

Uma família festeja bodas de prata num trem que se aproxima

de Montevidéu. À beira da estrada

muge um boi da Swift. A Bolsa

no Rio fecha em alta ou baixa.

Inti Peredo, Benigno, Urbano, Eustáquio, Ñato

castigam o avanço dos rangers .

Urbano tomba, Eustáquio

Che Guevara sustenta

o fogo, uma rajada o atinge, atira ainda, solve-se-lhe

o joelho, no espanto

os companheiros voltam

para apanhá-lo. É tarde. Fogem.

A noite veloz se fecha sobre o rosto dos mortos.

V

Não está morto, só ferido

Num helicóptero iangue

é levado para Higuera

onde a morte o espera

Não morrerá das feridas

ganhas no combate

mas de mão assassina

que o abate

Não morrerá das feridas

ganhas a céu aberto

mas de um golpe escondido

ao nascer do dia

Assim o levam pra morte

(sujo de terra e de sangue)

subjugado no bojo

de um helicóptero ianque

É seu último voo

sobre a América Latina

sob o fulgir das estrelas

que nada sabem dos homens

que nada sabem do sonho,

da esperança, da alegria,

da luta surda do homem

pela flor da cada dia

É seu último voo

sobre a choupana de homens

que não sabem o que se passa

naquela noite de outubro

quem passa sobre seu teto

dentro daquele barulho

quem é levado pra morte

naquela noite noturna

VI

A noite é mais veloz nos trópicos

(com seus na vertigem das folhas na explosão

monturos) das águas sujas

surdas

nos pantanais

é mais veloz sob a pele da treva, na

conspiração de azuis

e vermelhos pulsando

como vaginas frutas bocas

vegetais (confundidos com sonhos)

ou um ramo florido feito um relâmpago

parado sobre uma cisterna d´água

no escuro

É mais funda

a noite no sono

do homem na sua carne

de coca e de fome

e dentro do pote uma caneca

de lata velha de ervilha

da Armour Company

A noite é mais veloz nos trópicos

com seus monturos

e cassinos de jogos

entre as pernas das putas

o assalto a mão armada

aberta em sangue a vida.

É mais veloz (e mais demorada)

nos cárceres

a noite latino-americana

entre interrogatórios

e torturas (lá fora as violetas)

e mais violenta (a noite)

na cona da ditadura

Sob a pele da treva, os frutos

crescem

conspira o açúcar

(de boca para baixo) debaixo

das pedras, debaixo

da palavra escrita no muro

ABAIX

e inacabada Ó Tlalhuicole

as vozes soterradas da platina

Das plumas que ondularam já não resta

mais que a lembrança

no vento

Mas é o dia (com seus monturos)

pulsando dentro do chão

como um pulso

apesar da South American Gold and Platinum

é a língua do dia

no azinhavre

Golpeábamos en tanto los muros de adobe

y era nuestra herencia una red de agujeros

é a língua do homem

sob a noite

no leprosário de San Pablo

nas ruínas de Tiahuanaco

nas galerias de chumbo e silicose

da Cerro de Pasço Corporation

Hemos comido grama salitrosa

piedras de adobe lagartijas ratones

tierra en polvo y gusanos

até que

(de dentro dos monturos) irrompa

com seu bastão turquesa

VII

Súbito vimos ao mundo

E nos chamamos Ernesto

Súbito vimos ao mundo

e estamos

na América Latina

Mas a vida onde está

nos perguntamos

Nas tavernas?

nas eternas tardes tardas?

nas favelas

onde a história fede a merda?

no cinema?

na fêmea caverna de sonhos

e de urina?

ou na ingrata

faina do poema?

(a vida

que se esvai

no estuário do Prata)

Serei cantor

serei poeta?

Responde o cobre (da Anaconda Copper):

Serás assaltante

E proxeneta

Policial jagunço alcagueta

Serei pederasta e homicida?

serei o viciado?

Responde o ferro (da Bethlehem Steel):

Serás ministro de Estado

e suicida

Serei dentista

talvez quem sabe oftalmologista?

Otorrinolaringologista?

Responde a bauxita (da Kaiser Aluminium):

serás médico aborteiro

que dá mais dinheiro

Serei um merda

quero ser um merda

Quero de fato viver.

Mas onde está essa imunda

vida – mesmo que imunda?

No hospício?

num santo

ofício?

no orifício da bunda?

Devo mudar o mundo,

a República? A vida

terei de plantá-la

como um estandarte

em praça pública?

VIII

A vida muda como a cor dos frutos

lentamente

e para sempre

A vida muda como a flor em fruto

velozmente

A vida muda como a água em folhas

o sonho em luz elétrica

a rosa desembrulha do carbono

o pássaro da boca

mas

quando for tempo

E é tempo todo o tempo

mas

não basta um século para fazer a pétala

que um só minuto faz

ou não

mas

a vida muda

a vida muda o morto em multidão.



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a Lava-Jato seria uma grande e salutar iniciativa, senão tivesse sido viceralmente contaminada pelo toguismo, pela aporofobia e pela venenosa mistura de poderes oficiais com interesses da imprensa grande e de líderes de partidos eleitoralmente derrotados nas urnas [traidores de leis por eles mesmo criadas], que tão nociva tem sido ao País.

[texto e foto do Face, de Samuel Ribeiro dos Santos Neto]


Eu apertaria o gatilho.

Meu pai foi demitido em 1998. Pouco tempo depois, minha mãe, costureira, abriu uma lojinha de roupas na frente de casa. Ela cuidava da casa, cuidava de mim, pagava as contas, pensava em tudo. Costurava, tirava medidas, atendia, comprava tecidos, cortava peças até altas horas.

Meu pai nunca mais trabalhou. Ajudou minha mãe com as burocracias para abrir empresa, fez o que pôde. A depressão bateu - eu cresci com um pai deprimido, talvez isso explique muita coisa - e o casamento não ia mais tão bem. Desde jovem meu pai bebia, mas aí começou a beber mais.

Meu pai, o Carlos, começou a ficar o dia todo no bar. Era feliz ali, entre garrafas e amigos. Deixa eu explicar uma coisa: o Carlos tinha um cargo de gerência numa empresa que fazia garrafas PET. "Numa" empresa não, "na" empresa. Foi a empresa que trouxe o modelo PET para o Brasil. Meu pai era um homem inteligente, cheiroso, culto, viajou o mundo a trabalho. Me apresentou os Beatles.

Eu lembro dos perfumes que meu pai usava. Do bigode e das jaquetas de frio. Dos dentes tortos, do barulho que fazia almoçando, dos olhos meio verdes meio mel, do cheiro de pimenta no prato. Lembro de ganhar chiclete quando ele chegava, e de catar moedas no vão da poltrona onde ele sentava para tirar o sapato. Da mancha vermelha e quadrada no peito, do cenho sisudo.

A fábrica de garrafa foi à merda. O empresário, de uma das famílias mais ricas do estado de São Paulo, devia rios à previdência. Fez descontos indevidos na folha dos empregados. O Carlos, já perto dos cinquenta, saiu de lá com valores a receber. Perdeu o emprego no fim dos anos 1990, quase velho, esperando o patrão acertar o que devia. O Carlos e mais a torcida do Flamengo. Processo coletivo.

Volta a fita. Meu pai começou a quase morar no bar e virou uma chaminé de cigarros Free. Cresci na fumaça e vi o pai adoecer. Só quem teve parente com câncer sabe o que eu digo aqui. Quimioterapia, careca, cansado, apetite, náusea, pacote completo. Pulmão fodido, pigarro, noites sem dormir. Antes da loja da mãe engatar, dívida no banco, banco ligando, pressão daqui, pressão de cá, mais depressão.

Para de fumar, Carlos. Não dá.

Meu pai morreu antes de morrer. Primeiro cadeira de rodas, sem oxigenação para conseguir ficar em pé. Depois a parada respiratória, já amarelo. Eu tenho uma dor profunda de não ter conversado mais com ele. A última interação que tive com meu pai foi levar um copo de suco de pêssego, rejeitado pela náusea. "Obrigado". Última palavra. Hospital, interna, coma, morre. Minha mãe viu, eu não. 2004.

Depois o velório, o primeiro sério da minha vida. Pai pálido, florzinha, caralho a quatro. Mordi a língua e não chorei. A tia veio: "nessas horas, até pedra chora". E ali mesmo virei pedra, porque sim, porque é o que deu pra fazer, porque não dá pra exigir nada diferente de quem tá começando a vida. Nos anos seguintes, sabem quantas vezes eu quis abrir a cabeça de pessoas que pediram pra eu me abrir mais? Fui fazer terapia só aos vinte e quatro. Ainda me abro pouco.

Volta pra fábrica de PET. O processo trabalhista se arrastou. A justiça vendeu bens do empresário, e isso demora pra tramitar. Vai pra lá, vem pra cá, juiz libera, advogada pede isso, pede aquilo. Visualiza: o empresário é um velho, playboy, ricaço, mansão em outro país, fazenda, quadro caro na parede, amigo da família Marinho. Ainda tá vivo.

Nós, a família - eu, meu irmão, minha irmã, minha mãe - recebemos o dinheiro agora. Em 2019. Quinze anos depois do meu pai morrer. Vinte e um anos depois dele perder o emprego. O apelido do empresário era "o senhor das festas", sabia? Vinha até atriz. Vinha primo do Collor. Eu acho que teve festas mais caras que o valor devido ao meu pai.

Fico me perguntando o que teria sido do Carlos se tivesse recebido o dinheiro antes de ficar doente.

Justiça trabalhista.

Eu lembro que meu pai tinha um revólver e chegou a pensar em suicídio. Lembro dele contando para alguém que pensou em se jogar na frente de um caminhão.

Consciência de classe.

Eu sou filho de um homem, de um trabalhador especializado, de um humilhado pelo neoliberalismo, de um perseguido pelos bancos. E de uma mulher, cansada, moída, que destruiu a coluna ao longo de anos na máquina de costura, que nunca deixou faltar nada. Eu li, comi, comprei, estudei.

Eu sou filho do SUS e da escola pública.

E filho dos livros e dos sonhos que meu irmão contou.

Cresci pedra, mas querendo um mundo melhor e sem injustiça. Pelo patrão do meu pai, nenhum pingo de empatia. Um octagenário milionário que fez e faz do mundo um lugar pior. Eu apertaria o gatilho. Eu abriria o cadafalso. A morte dos canalhas, o ódio aos canalhas, a História.

Recebi a minha parte, que não é muito, com crise de choro e raiva. O pior dinheiro da minha vida. O preço da adega do Sr. Gilberto, menos. Talvez o que ele gasta em restaurantes. Vinte e um anos. Vinte e um. Vinte e um. Classe.

Carlos Ribeiro dos Santos, nascido a 15 de dezembro de 1949, ex-tenente do Exército Brasileiro, técnico em Química, formado em Administração de Empresas, fã dos Beatles, pai do Samuel, da Márcia e do Bruno. Descansou em outubro de 2004, sem ar.

O ódio aos canalhas. Sempre.

O amor aos nossos. Nunca esquecer.



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a Lava-Jato seria uma grande e salutar iniciativa, senão tivesse sido viceralmente contaminada pelo toguismo, pela aporofobia e pela venenosa mistura de poderes oficiais com interesses da imprensa grande e de líderes de partidos eleitoralmente derrotados nas urnas [traidores de leis por eles mesmo criadas], que tão nociva tem sido ao País.

Glenn Greenwald: Eu apoio a Lava Jato, mas o poder corrompeu Moro

Foto e Texto Carta capital

O jornalista Glenn Greenwald, editor-chefe do site The Intercept Brasil, responsável pelos vazamentos das conversas entre Sergio Moro e Dallagnol, esteve nesta quinta-feira 13 no Programa Pânico, da rádio Jovem Pan. O americano disse que sempre defendeu a operação Lava Jato, mas acredita que os procuradores e o ex-juiz se perderam pelo excesso de poder. “Moro não pode passar dos limites pelo fim da corrupção, ele precisa ter responsabilidade”, disse.

Matéria completa C.C aqui.



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dos MiNtos q nossa Mídia fabrica para alimentar nossa secular fome paternalista/vassala.




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Pilhas d abusos e truculências confirmam: Militarismo e Democracia: incompatíveis.



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Greve é Direito, não é crime - como classifica o governo opressor e autoritário do PsdB de EduardoLeite/AécioNeves/JoãoDoria/TassoJereirssat/ArthurVirgílio/ReinaldoAzambuja

“Estamos agora na Segunda Delegacia de Polícia, acompanhando e prestando solidariedade aos mais de 50 companheiros que foram detidos hoje de manhã, em ação totalmente truculenta da Polícia Militar de Eduardo Leite, durante a repressão às manifestações que ocorriam nas garagens de ônibus de Porto Alegre.
Além das prisões, manifestantes foram feridos por balas de borracha e estilhaços.

Essa é a resposta dos governos para quem luta e não aceita a retirada de direitos.

O dia de mobilização segue.
Não nos intimidamos e não recuamos na luta pelo direito do povo se aposentar, pelo direito ao emprego e a educação!”

Karen Santos, ver. PSOL, p.Alegre, RS, Brasil

Confira gravação aqui.




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