terça-feira, 28 de setembro de 2010

Pesquisa e soberania nacional

A recente criação do curso de graduação em Engenharia de Nanotecnologia na UFRJ é mais um indício do quanto o País tem avançado, ainda que tardiamente, nessa área de pesquisa considerada como uma demanda essencial do futuro ao nível da tecnologia de ponta. A pesquisa é, sem dúvidas, um dos campos estratégicos para a consolidação da soberania de um País. E os países desenvolvidos sabem disso muito bem. Tanto assim, que é comum que universidades européias e norte-americanas forneçam bolsas de estudo a brasileiros, em áreas de grande interesse para o País financiador. Ainda que bastante interessante ao estudante, o é muito mais ao instituto de pesquisa que cede a bolsa. Estes, bem além de "fornecer conhecimento", na medida em que possuem quadros de grande capacidade de percepção no modo de fazer e procedimentos específicos para pensar problemas, que possuem os seus visitantes, sabem muito bem apropriar-se desse conhecimento. Assim, muito antes de transmitir conhecimento novo, acumulam experiências das realidades dos ingressantes estrangeiros em seus programas, em grande parte, pesquisadores de países desenvolvidos. Outro fenômeno intrigante, relacionado a isso, é a chamada "fuga de cérebros", que faz o País perder qualificados quadros em áreas de ponta. Conforme pesquisa divulgada pelo jornal Folha de São Paulo em fins de 2007, de 1996 a 2006, o número de brasileiros que receberam visto dos Estados Unidos dado somente a profissionais de alta qualificação aumentou 185%. 2) De 1990 a 2000, quase dobrou -de 1,7% para 3,3%-- a proporção de brasileiros com nível superior vivendo nos 30 países da OCDE, que reúne, na maioria, nações ricas de Europa, Ásia e América do Norte. Teríamos outras questões que se somam a essa problemática da independência no nível da pesquisa nacional, como a biopirataria e os loobys das grandes corporações sobre as instituições públicas de ensino e pesquisa. Mas deixaremos esse tema para tratar especificamente. Resta, por hora, registrar que deve ser aplaudida a grande valorização do acesso ao ensino superior, estimulado no atual governo, com a criação de universidades federais nas zonas mais distantes das diversas regiões. Resta esperar que essas instituições sejam agora instrumentalizadas para que se tornem potenciais centros de pesquisa no sentido de valorizar a geração de conhecimento em uma perspectiva de afirmação real de nossa independência.

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