sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Another Brick in the Wall - Pink Floyd

 A despeito das conquista e avanços de raros modelos, com nobres exceções, a escola prossegue sendo um espaço conservador e uma estrutura resistente a mudanças estruturais. A moral, por meio da religião e da política, ainda perpetua repressões e reducionismos seculares nesse espaço, que deveria ser o solo para o cultivo do pensamento livre e das potencialidades plenas. Há poucas semanas, por meio de alguns depoimentos que ouvi sobre a infância de colegas de 20 e poucos anos, durante o primário que fizeram em cidades interioranas do sul do Brasil, fiquei estarrecido ao tomar conhecimento que os mesmos ainda eram castigados com joelho no milho e reguadas.

Se nas escolas públicas a estrutura é predoninantemente controlada por direções reacionárias, que traduzem e refletem vontades de governos retrógrados, nas privadas o deus mercado reduz o ensino ao pacote pasteurizado da "boa educação", convertendo as crianças em marionetes de experiências de "boa conduta" para o agrado das "boas famílias", ou, pior que isso, em mero objeto de publicidade. A venda, nesse caso, se faz difundidamente no dicurso fácil da "segurança de seu filho", porque "educação não tem preço".

A violência, nesse contexto, é a bola da vez. Cinicamente construída, e reforçada na mídia, como signo do mal, deslocada de sua dimensão social, essa questão é explorada simplificada e generalizadamente, em um enfoque que se traduz em preconceito e mais exclusão. Paralelamente a isso, se confunde educação com instrução, em uma sociedade onde a irresponsabilidade pela atenção às crianças no âmbito familiar, somada a complexidade do ato de ensinar em um século que "é impossível ensinar alguém" (P. Freire), resulta a manutenção da essência repressora da escola, há séculos.

Longe de superar isso, nas universidades os cursos de pedagogia ainda tem a tendência de tratar o ensino e a aprendizagem como uma questão reduzida a didáticas e formas, deslocando o exercício de educar daquilo que deveria ser  o seu foco central: a formação integral, vinculada a vida e a sociedade, em direção a construção de mentes emancipadas e corações sensíveis às transformações, dramas e conquistas humanas.

Nesse cenário, é triste constatar que, guardadas as superficiais adaptações de época, a leitura dessa banda britânica sobre essa estrutura básica de formação de caráter também permanece viva e atual.

TRADUÇÃO

Outro Tijolo Na Parede

Papai voou do oceano
Deixando só uma memória
Uma foto no álbum de família
Papai o que mais você deixou pra mim?
Papai o que você deixou lá trás pra mim?
De qualquer maneira era só um tijolo na parede
De qualquer maneira tudo era só tijolos na parede

Nós não precisamos de educação
Nós não precisamos de controle de pensamento
Sem sarcasmo sombrio na sala de aula
Professores deixem as crianças em paz
Hey professores! Deixem as crianças em paz
De qualquer maneira você era só mais um tijolo na parede
De qualquer maneira você é só mais um tijolo na parede

Nós não precisamos de educação
Nós não precisamos de controle de pensamento
Sem sarcasmo sombrio na sala de aula
Professores deixem as crianças em paz
Hey professores! Deixem as crianças em paz
De qualquer maneira você era só um tijolo na parede
De qualquer maneira você é só outro tijolo na parede

Não preciso de braços ao meu redor
Não preciso de drogas pra me acalmar
Eu vi as escrituras na parede
Não acho que eu preciso de algo
Não, não acho que eu preciso de de algo
De qualquer maneira eram só mais tijolos na parede
De qualquer maneira eram só mais tijolos na parede

Adeus mundo cruel
Estou te deixando hoje
Adeus, adeus, adeus

Adeus todas as pessoas
Não há nada que você possa dizer
Me faça perder a cabeça
Adeus
Reproduzido do Terra.

UMA BIOGRAFIA

Origem: Cambridge, Inglaterra
Início da carreira: 1965
Hoje: Em atividade
Formação atual:
David Gilmour (voz, guitarra), Nick Mason (bateria).
Estilo: Progressivo, Rock
Considerada uma das mais importantes bandas de Rock Progressivo. O abuso de drogas acaba afetando o vocalista, Syd Barrett. Em 1968 entra David Gilmour como segundo guitarrista e vocalista. Barrett deixa o grupo.

Após grande sucesso comercial nos anos 70, as divergências pessoais causam a saída do baixista e principal compositor, Roger Waters, em 1981. Desde então o músico segue em carreira solo. Em 07 de julho de 2006 Syd Barrett morreu vítima de um câncer no pâncreas.

Waters voltou a se reunir com o grupo em 2005, para uma apresentação no festival Live 8. Apesar de muitos rumores sobre uma possível volta dele para o grupo, isso não aconteceu.

O tecladista Richard Wright morreu em setembro de 2008 vítima de câncer
Reproduzido do Territorio da Musica.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Jornalismo pra quem precisa




Leandro Fortes faz uma dura crítica da formação nas escolas de jornalismo, critica a queda do diploma, a atual conjuntura das redações brasileiras e traça um plano: leia aqui seu "manifesto". Foto: Olga Vlahou

Há alguns dias, lancei na minha página do Facebook uma idéia que venho acalentando há tempos, desde que encerrei um curso de extensão para uma faculdade privada de jornalismo, aqui em Brasília. O curso, de Técnica Geral de Jornalismo, reuniu pouco mais de 10 alunos, basicamente, porque era muito caro. Embora tenha sido uma turma de bons estudantes, gente verdadeiramente animada e interessada no ofício, me senti desconectado da real intenção do curso, que era de fazer um contraponto de método, opinião e visão ideológica a esse jornalismo que aí vemos, montado em teses absurdas, em matérias incompletas e mentirosas, omissas em tudo e contra todos, a serviço de um pensamento conservador, reacionário e golpista disseminado, para infelicidade geral, como coisa normal. Não é. E é sobre isso que eu queria falar enquanto ensinava, dia a após dias, os fundamentos práticos da pauta, da entrevista, da redação jornalística, da nobre função do jornalista na sociedade, no Brasil, na História.

Perguntei, então, no Facebook, o que estudantes de jornalismos e jornalistas formados achariam de eu transferir essas aulas para um espaço barato e democrático, capaz de levar esses conhecimentos a muito mais gente, sobretudo ao estudante pobre – e, quem sabe, credenciar também os pobres a brigar por uma vaga nas redações, que se tornaram ambientes muito elitistas. Encaretadas por manuais de doutrina e comportamento, adestradas pela conduta neoliberal dos anos 1990, quando passaram a responder diretamente pelas demandas do Departamento Comercial, as redações brasileiras se desprenderam da ação política, dos movimentos sociais, do protagonismo histórico a favor dos direitos humanos e da luta contra a desigualdade. Passaram, sim, a reproduzir um universo medíocre de classe média, supostamente a favor de uma modernidade pós-muro de Berlim, onde bradar contra privatizações e a adoração ao deus mercado passou a ser encarado como esquerdismo imperdoável e anacrônico.

Não por outra razão, os movimentos corporativos a favor da manutenção da obrigatoriedade do diploma de jornalista, que resistiram a todo tipo de investida patronal ao longo de duas décadas, foram definitivamente golpeados com o apoio e, em parte, a omissão, da maioria dos jovens profissionais de imprensa, notadamente os bem colocados em redações da chamada grande mídia. Vale lembrar que o jornalismo é, provavelmente, a única profissão do mundo onde existem profissionais que pedem o fim do próprio diploma. Há muitas nuances, claro, nessa discussão, inclusive porque há gente muito boa que, historicamente, se coloca contra o diploma, sobretudo velhos jornalistas criados em velhas e românticas redações, cenas de um mundo que, infelizmente, não existe mais.

Na essência, o fim da obrigatoriedade do diploma não é uma demanda de jornalistas, mas de patrões, baseada num argumento falacioso de liberdade de expressão – na verdade, de opinião –, quando a verdadeira discussão está, justamente, na formação acadêmica dos repórteres. E há uma distância abissal entre opinião e reportagem, porque a primeira qualquer um tem, enquanto a segunda não é só fruto de talento, mas de aprendizado, técnica e repetição.

Nas grandes empresas, o fim da obrigatoriedade do diploma coroou uma estratégia que tem matado o jornalismo: a proliferação de cursinhos internos de treinees, tanto para estudantes como para recém-formados, cuja base de orientação profissional é a competitividade a qualquer custo, um conceito puramente empresarial copiado, sem aparas, do decadente yupismo americano. Digo que tem matado porque esses cursinhos de monstrinhos competitivos relegam o papel universal do jornalista ao segundo plano, quando não a plano algum. A idéia de que o jornalista deva ser um profissional solidário, inserido na sociedade para lhe decifrar os dramas e transmiti-los a outros seres humanos passou a ser um devaneio, um delírio socialista a ser combatido como a um inimigo. Para justificar essa sanha, reforça-se o mito da isençã o e da imparcialidade de uma mídia paradoxalmente comprometida com tudo, menos com a sua essência informativa, originalmente baseada no universalismo e no compromisso com o cidadão.

Na outra ponta, o fim da obrigatoriedade do diploma abriu a porteira para jagunços e capangas ocuparem as redações da imprensa regional, longe da fiscalização da lei e dos sindicatos, alegremente autorizados a fazer, literalmente, qualquer coisa com qualquer pessoa. Mesmo para o novo modelo de jornalismo que se anuncia na internet, baseado em disseminação mútua de informações primárias, como no caso dos vazamentos do Wikileaks, haverá sempre a necessidade do tratamento jornalístico dos conteúdos. E, para esse serviço, não há outro trabalhador credenciado senão um bom repórter treinado e formado para essa missão. Formação esta que, insisto, deve ser feita na academia e reforçada na experiência diária da reportagem.

Recentemente, li sobre a criação, em 2010, do Instituto de Altos Estudos em Jornalismo, sob os auspícios da Editora Abril. Entre os mestres do tal centro estavam o dono da editora, Roberto Civita, mantenedor da Veja, e Carlos Alberto Di Franco, do Master de Jornalismo, uma espécie de Escola das Américas da mídia nacional voltada para a formação de “líderes” dentro das redações. Di Franco, além de tudo, é um dos expoentes, no Brasil, da ultradireitista seita católica Opus Dei, a face mais medieval e conservadora da Igreja Católica no mundo.

Sinceramente, não vejo que “altos estudos”, muito menos de jornalismo, podem sair de um lugar assim. Não tenho dúvidas de que a representação do tal instituto não é acadêmica, embora seja dirigido por Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás no governo do PT, renomado estudioso da imprensa no Brasil. Trata-se de uma representação fundamentalmente ideológica, a reforçar as mesmíssimas estruturas de poder das redações, estruturas ultraverticalizadas, essencialmente antidemocráticas e personalistas, onde a possibilidade de ascensão funcional, sobretudo a cargos de chefia, está diretamente ligada à capacidade de ser subserviente aos patrões e bestas-feras com os subordinados.

Felizmente, o surgimento da internet deu vazão a outro ambiente midiático, regido por outras regras e demandas, um devastador contraponto ao funcionamento hermético das grandes redações e ao poder hegemônico da velha mídia brasileira, inclusive de seus filhotes replicadores e retransmissores Brasil adentro. O fenômeno dos blogs e sua capacidade de mobilização informativa é só a parte mais visível de um processo de reordenamento da comunicação social no mundo. As redes sociais fragmentaram a disseminação de notícias, fatos, dados estatísticos, informes e informações em um nível adoravelmente incontrolável, criando um ambiente noticioso ainda a ser desbravado por novas gerações de repórteres que, para tal, precisam ser treinados e apresentados a novas técnicas e, sobretudo, a novas idéias.

A “era do aquário”, para ficar numa definição feliz do jornalista Franklin Martins – aliás, contrário à obrigatoriedade do diploma –, está prestes a terminar. O jornalismo decidido por cúpulas restritas, com pouco ou nenhum apego à verdade dos fatos, está reduzida a um universo patético de mau jornalismo desmascarado instantaneamente pela blogosfera, vide a versão rocambolesca da TV Globo sobre a bolinha de papel na cabeça de José Serra ou a farsa do grampo sem áudio que uniu, numa mesma trama bisonha, a revista Veja, o ministro Gilmar Mendes, do STF, e o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás.
Não será a escola de “altos estudos” da Veja e do professor Di Franco, portanto, a suprir essa necessidade. Essa demanda terá que ser suprida por repórteres ciosos de outro tipo de jornalismo, mais aberto e solidário, comprometido com a verdade factual e a honestidade intelectual, interessado em boas histórias. Um jornalismo mais leve e mais humano, mais preocupado com a qualidade da informação do que com a vaidade do furo. Um jornalismo vinculado à realidade, não a interesses econômicos. E isso, certamente, só poderá ser viabilizado dentro de outro modelo, cooperativo e democrático, a ser exercido a partir das novas mídias virtuais.

Por isso, é preciso estabelecer também um contraponto à ideologia da mídia hegemônica no campo da formação, em complemento aos cursos superiores de jornalismo. Abrir espaço para os milhares de estudantes de comunicação, em todo o Brasil, que não têm chance de participar dos cursinhos de treinees dos jornalões e das grandes emissoras de radiodifusão. Dar a eles, de forma prática e barata, uma oportunidade de aprender jornalismo com bons repórteres, com repórteres de verdade.

Foi nisso que pensei quando idealizei, em 2007, a Escola Livre de Jornalismo, junto com outros dois amigos, ambos ótimos jornalistas, Olímpio Cruz Neto e Gustavo Krieger. Com eles, ajudei a montar bem sucedidos ciclos de palestras e oficinas de jornalismo em Brasília. Em 2009, um ano antes do 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em São Paulo, a Escola Livre, em parceria com o IESB, já havia conseguido reunir, na capital federal, os principais expoentes desse movimento no país: Luis Nassif (Blog do Nassif), Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada), Rodrigo Vianna (Escrevinhador), Marco Weissheimer (RS Urgente) e Luiz Carlos Azenha (Viomundo). Uma semana de debates ricos, bem humorados, em um auditório permanentemente lotado de estudantes de jornalismo e jornalistas profissionais. Foi nosso único ev ento gratuito e, claro, o de maior sucesso. Os ciclos e oficinas, embora tenham tido boa audiência, esbarravam sempre no problema do custo para os estudantes: como nos cursinhos de treinee da velha mídia, acabávamos por privilegiar um segmento de jovens já socialmente privilegiados. É dessa frustração e dessa armadilha que proponho fugir agora.

Por isso, expus no Facebook a idéia de ministrar minhas aulas de Técnica Geral de Jornalismo, divididas em módulos, de modo que cada estudante pague um valor baixo por cada aula. Ou seja, os estudantes vão às aulas que quiserem, pagam na entrada e participam de duas horas de aula de jornalismo sobre tópicos práticos e temas relevantes. Minha idéia é convocar outros repórteres de Brasília a participar desse movimento da Escola Livre de Jornalismo, com o compromisso de, em troca da aula de duas horas, receber 70% do valor arrecadado no dia, porque 30% serão sempre destinados à administração e organização do curso.

Além do valor da aula, ainda a ser estipulado, cada aluno deverá também levar um alimento não perecível qualquer, a ser distribuído para comunidades pobres do Distrito Federal ou instituições de assistência social a serem definidas com futuros parceiros. Esses mantimentos, inclusive, poderão ser usados como moeda de troca para podermos utilizar gratuitamente algum espaço físico em Brasília para ministrar as aulas. É algo ainda a ser definido.

A idéia está lançada. No Facebook, recebi quase 100 adesões imediatas de estudantes, jornalistas, incluindo alunos e ex-alunos realmente satisfeitos com a perspectiva de participar de um movimento interativo desse nível, a preços populares. Espero poder iniciar as primeiras aulas em fevereiro de 2011 e, desde já, conto com a participação de todos os amigos e colegas jornalistas do Brasil que quiserem compartilhar essa experiência. Quanto mais gente boa dando aula, mais gente boa a ser formada. Como nas experiências anteriores, a Escola Livre de Jornalismo espera contar com a parceria das faculdades de jornalismo do DF para transformar em crédito a freqüência dos estudantes nas aulas, de modo a colaborar com uma necessidade acadêmica deles, as horas extra-sala de atividades complementares.
Por favor, quem quiser participar dê o ar das graças. Nossa missão inicial é achar um lugar amplo e legal, com cadeiras e uma boa mesa de professor, para dar as aulas. A depender do nível de adesão dos colegas jornalistas, vamos organizar uma agenda para as aulas, que serão sempre aos sábados, em princípio, das 9 às 11 horas da manhã.

Por enquanto, é esse o meu manifesto, é essa a minha idéia. O resto virá, tenho certeza, na garupa de bons ventos.

Paciencia - Lenine

Uma parada, andando, para seguir melhor.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Por que a mídia não se autoavalia?

Ainda não será ao final deste ano de 2010 que a grande mídia fará uma avaliação pública de si mesma. Mas, com certeza, esta omissão grave já não passa despercebida para um número cada vez maior de brasileiros.
Publicado originalmente no Observatório da Imprensa

Final de ano é tempo de balanços e previsões. Pessoais e institucionais. É momento de parar e refletir sobre o que se fez, identificar erros e acertos, corrigir o que pode ser melhorado, reavaliar caminhos e objetivos, planejar o futuro.

A grande mídia faz avaliações públicas e previsões de e para tudo: de todos os setores do governo, da iniciativa privada, das ONGs, da política, de todas as artes, esportes, religiões, do clima, das tendências... Por óbvio, a grande mídia faz avaliações e previsões internas, como em todas as empresas privadas comerciais que precisam dar conta a acionistas de metas e resultados.

O que a grande mídia não faz são avaliações públicas de si mesma, de seu próprio desempenho, de sua parcialidade, de seus preconceitos, de suas tendências, de suas omissões, de suas escolhas, de seu papel na democracia. O que a grande mídia omite é a avaliação de si mesma como um serviço que, apesar de explorado pela iniciativa privada, não perde sua natureza de serviço público.

Por que será que a mídia, apesar da indiscutível posição de centralidade que ocupa nas sociedades contemporâneas, não pauta o debate sobre seu papel como faz permanentemente em relação a todas as outras instituições na sociedade?

Adaptação do panem et circenses

A explicação da grande mídia será sempre aquela que atribui ao mercado o papel de seu único e supremo avaliador. A grande mídia dirá que é permanentemente avaliada por seus consumidores/leitores/ouvintes/telespectadores e que seu sucesso ou fracasso comercial significa o cumprimento ou não de sua missão e o atendimento ou não das necessidades de seu "público". Se o jornal é comprado por X consumidores é porque satisfaz a eles. E essa é a melhor avaliação que pode existir. Essa é uma das versões da conhecida "teoria do controle remoto": se o consumidor não gosta do que vê, ele pode trocar de canal ou desligar o aparelho de TV.

Como já argumentei em outra oportunidade [ver "Donos da mídia – A falácia dos argumentos"], a "teoria do controle remoto" ignora como se formam, se desenvolvem e se consolidam os hábitos culturais, incluindo aqui o hábito de assistir determinados canais e/ou programas de TV ou de ler determinadas revistas e/ou jornais. Este é um fascinante campo da complexa "sociologia do gosto". Quando se atribui, sem mais, ao mercado o papel de supremo avaliador, reduz-se toda a problemática da comunicação de massa a uma única dimensão – do "consumo" individual – e ignora-se a complexa questão da formação social do gosto e do papel determinante que a própria mídia nela desempenha.

Além disso, o argumento pressupõe um mercado de mídia democratizado, onde estariam representadas a pluralidade e a diversidade da sociedade, o que, por óbvio, não existe. Ignora ainda o fato elementar de que não se pode gostar ou deixar de gostar daquilo que não se conhece ou cujas chances de se conhecer são extremamente reduzidas.

No fundo, trata-se de uma adaptação contemporânea [sem as problematizações levantadas por historiadores como Renata Garraffoni] do panem et circenses romano. Naturalmente, o sacrifício de cristãos, entregues às feras em espetáculos públicos, não torna a prática dos imperadores romanos correta. Dito de outra forma, nem tudo que agrada a parcela importante da população é automaticamente ético e correto.

Omissão grave

A transparência que a grande mídia corretamente cobra de outras instituições – públicas e privadas –, ela não pratica em relação a si mesma. Permanecemos em 2010 sendo um país democrático onde sequer existe um cadastro geral com acesso público dos concessionários do serviço de radiodifusão.

A transparência pública aplicada aos grupos dominantes da grande mídia certamente revelaria redes de interesses e compromissos – nem sempre legítimos – dos mais variados tipos, locais e globais. No que se refere à radiodifusão, por exemplo, revelaria os absurdos do "coronelismo eletrônico" enraizado em diferentes esferas do poder público; a propriedade cruzada como prática garantidora de oligopólios e monopólios; a exclusão de muitos e a liberdade de poucos apresentada e defendida em nome dos valores universais da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa.

Ainda não será ao final deste ano de 2010 que a grande mídia fará uma avaliação pública de si mesma. Mas, com certeza, esta omissão grave já não passa despercebida para um número cada vez maior de brasileiros.

Venício A. de Lima é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Wikirebels, documentário sobre a Wikileaks (1/4)


Reproduzido no Esquerda.net | 24 Dezembro, 2010 - 14:12
 Este vídeo, produzido pela TV estatal sueca (SVT), relata a criação e revela o modo de agir da Wikileaks, esclarecendo em especial como opera a sua rede de colaboradores. Legendado. Primeira de quatro partes.

Os donos da mídia estão nervosos

Por Laurindo Leal Filho, na Carta Maior

A Veja andou atrás do blogueiro Renato Rovai querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.

O blogueiro Renato Rovai contou durante o curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, realizado semana passada no Rio, que a Veja andou atrás dele querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.

À essa informação somam-se as matérias dos jornalões e de algumas emissoras de TV sobre a coletiva, sempre distorcidas, tentando ridicularizar entrevistado e entrevistadores.

O SBT chegou a realizar uma edição cuidadosa daquele encontro destacando as questões menos relevantes da conversa para culminar com um encerramento digno de se tornar exemplo de mau jornalismo.

Ao ressaltar o problema da inexistência de leis no Brasil que garantam o direito de resposta, tratado na entrevista, o jornal do SBT fechou a matéria dizendo que qualquer um que se sinta prejudicado pela mídia tem amplos caminhos legais para contestação (em outras palavras). Com o que nem o ministro Ayres Brito, do Supremo, ídolo da grande mídia, concorda.

Jornalões e televisões ficaram nervosos ao perceberem que eles não são mais o único canal existente de contato entre os governantes e a sociedade.

Às conquistas do governo Lula soma-se mais essa, importante e pouco percebida. E é ela que permite entender melhor o apoio inédito dado ao atual governo e, também, a vitória da candidata Dilma Roussef.

Lula, como presidente da República, teve a percepção nítida de que se fosse contar apenas com a mídia tradicional para se dirigir à sociedade estaria perdido. A experiência de muitos anos de contato com esses meios, como líder sindical e depois político, deu a ele a possibilidade de entendê-los com muita clareza.

Essa percepção é que explica o contato pessoal, quase diário, do presidente com públicos das mais diferentes camadas sociais, dispensando intermediários.

Colunistas o criticavam dizendo que ele deveria viajar menos e dar mais expediente no palácio. Mas ele sabia muito bem o que estava fazendo. Se não fizesse dessa forma corria o risco de não chegar ao fim do mandato.

Mas uma coisa era o presidente ter consciência de sua alta capacidade de comunicador e outra, quase heróica, era não ter preguiça de colocá-la em prática a toda hora em qualquer canto do pais e mesmo do mundo.

Confesso que me preocupei com sua saúde em alguns momentos do mandato. Especialmente naquela semana em que ele saía do sul do país, participava de evento no Recife e de lá rumava para a Suíça. Não me surpreendi quando a pressão arterial subiu, afinal não era para menos. Mas foi essa disposição para o trabalho que virou o jogo.

Um trabalho que poderia ter sido mais ameno se houvesse uma mídia menos partidarizada e mais diversificada. Sem ela o presidente foi para o sacrifício.

Pesquisadores nas áreas de história e comunicação já tem um excelente campo de estudos daqui para frente. Comparar, por exemplo, a cobertura jornalística do governo Lula com suas realizações. O descompasso será enorme.

As inúmeras conquistas alcançadas ficariam escondidas se o presidente não fosse às ruas, às praças, às conferências setoriais de nível nacional, aos congressos e reuniões de trabalhadores para contar de viva voz e cara-a-cara o que o seu governo vinha fazendo. A NBR, televisão do governo federal, tem tudo gravado. É um excelente acervo para futuras pesquisas.

Curioso lembrar as várias teses publicadas sobre a sociedade mediatizada, onde se tenta demonstrar como os meios de comunicação estabelecem os limites do espaço público e fazem a intermediação entre governos e sociedade.

Pois não é que o governo Lula rompeu até mesmo com essas teorias. Passou por cima dos meios, transmitiu diretamente suas mensagens e deixou nervosos os empresários da comunicação e os seus fiéis funcionários, abalados com a perda do monopólio da transmissão de mensagens.

Está dada, ao final deste governo, mais uma lição. Governos populares não podem ficar sujeitos ao filtro ideológico da mídia para se relacionarem com a sociedade.

Mas também não pode depender apenas de comunicadores excepcionais como é caso do presidente Lula. Se outros surgirem ótimo. Mas uma sociedade democrática não pode ficar contando com o acaso.

Daí a importância dos blogueiros, dos jornais regionais, das emissoras comunitárias e de uma futura legislação da mídia que garanta espaços para vozes divergentes do pensamento único atual.

Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

domingo, 26 de dezembro de 2010

Rammstein, Amerika



A banda RAMMSTEIN é uma banda original da Alemanhã e foi formada em 1993 com os seus seis integrantes Richard Kruspe(guitarra), Paul Landers(guitarra), Till Lindermann(vocal), Oliver Riedel(Baixo), Christoph Schneider(bateria) e Flake Lorenz(tecladista).

O Nome de Rammstein veio devido a uma acidente aereo da USAF que teve na cidade alemã Ramstein em 1988, foi três aviões italianos que colidiram e acabou matando cerca de 100 pessoas. Construiu "a loyal" seguindo o rock industrial germânico nativo em shows ao vivo (o vocalista Linderman um nadador olimpico é conhecido por atear fogo no próprio corpo durante as apresentações).
Veja biografia da banda na íntegra aqui.



"Lei agride por completo a Constituição federal, um retrocesso social inadmissível”

ENTÃO ERA ESSA A SOLUÇÃO, DISCRIMINATÓRIA E RETRÓGRADA, QUE A TURMA DEMOTUCANO DO PSDB E CIA TEM COMO "SOLUÇÃO"  PARA SAÚDE NO BRASIL? Recebe assistência quem paga, e quanto mais paga, melhor recebe assistência...

por Conceição Lemes, no Viomundo

Deputados paulistas do PSBD, DEM, PV, PPS, PSB,  PTB e PP e alguns do PMDB, PRB e PR aprovaram na terça-feira, 21 de dezembro, o projeto de lei 45/10. Votaram  contra PT,  PSOL, 1 do PR e 1 do PDT. Placar: 55 a 18.

O projeto, encaminhado pelo governador Alberto Goldman (PSDB) em regime de urgência, foi aprovado em 22 dias pela Assembleia Legislativa.  A nova lei permite que as Organizações Sociais (OS) vendam até 25% dos serviços do SUS, incluindo leitos hospitalares, a planos de saúde e particulares. Na prática, isso significará a redução do atendimento dos  pacientes SUS.
Eu conversei doutor Arthur Pinto Filho, promotor de Direitos Humanos, da área de Saúde Pública, do Ministério Público de São Paulo sobre essa medida. Ouça a íntegra da entrevista aqui.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ler, uma ótima saída e entrada de ano

Embora a leitura envolva um modo de ser tão pessoal quanto um corte de cabelo, ela tem seus caprichos. Tanto de tempo, quanto de forma. Assim, achei interessante as dicas de leitura de Rodrigo Stulzer, do blog Empirical Empire. Reproduzo abaixo:

"Gosto muito de ler mas um dia descobri que nunca iria conseguir ler tudo o que me interessa. Instintivamente acabei desenvolvendo algumas técnicas para me ajudar a ler mais livros por ano. São dicas simples que podem lhe ajudar a aumentar o seu número de livros lidos e também despertar o seu interesse pela leitura, caso ele não seja tão desenvolvido.

1. Mantenha um Controle Sobre Seus Livros Lidos
Quem não controla não sabe para onde está indo. Quantos livros você leu no último ano? E no ano anterior? E em 2001? Como você vai querer aumentar a quantidade de livros lidos se nem ao menos sabe quantos livros está lendo por ano?
Pois é, eu fiz esta mesma pergunta a alguns anos atrás e não sabia a resposta. Por isso implementei um controle simples no meu próprio site. Assim sei a quantidade de livros que li por ano e também que livro li em qual época. Neste controle também incluo uma pequena resenha do livro e uma nota, de 1 a 5 estrelas, para ter uma idéia de qual foi o melhor livro que li em cada ano. Por estar disponível na Internet, o meu controle também ajuda outras pessoas que querem sugestões de livros para ler.

2. Intercale Leituras
Troque o gênero do livro a cada nova leitura. Se você acabou de ler um livro de ficção procure ler em seguida um de não-ficção. Se leu um livro de auto-ajuda, leia agora um relato de aventura. Leu um livro grosso e levou mais de um mês? Agora leia um livro fininho num final de semana.
O importante aqui é manter o seu interesse sempre em alta. Quando você se dedica somente a um assunto chega uma hora em que o seu nível de interesse cai drasticamente. Intercalando o tipo de leitura, o tamanho do livro e o seu gênero o fôlego continua sempre forte e o interesse não decai.

3. Troque Dicas de Leitura
Nada melhor do que uma boa dica para você descobrir um livro maravilhoso. E que tal 30 ótimas dicas de leitura? Aproveite seus amigos e conhecidos e garimpe dicas sobre livros que podem te interessar. Só cuidado com os gostos pessoais de cada um. É comum alguém amar um livro enquanto que o outro odeia o mesmo título. Veja se o seu gosto bate com o gosto da pessoa que indicou comparando livros que vocês dois já leram. Garimpe também na Internet e em grupos de discussão ou até mesmo nos sites das livrarias. O que importa aqui é ter várias recomendações. Depois é só usar o seu bom senso e ir atrás do livro que mais lhe interessar.

4. Leia de Forma Paralela
Eu leio diversos livros ao mesmo tempo. As razões são várias: desde a troca de um livro que está em uma parte chata por outro mais emocionante até a compra de um novo. A idéia é ler sempre, constantemente, mesmo que você vá deixando livros pela metade. Opa, mas nada de deixá-lo pela metade indefinidamente. Você tem que ter um prazo para acabar de ler o livro iniciado.
No meu caso eu começo a ler vários livros ao mesmo tempo e só começo a me preocupar em terminá-los quando inicia o mês de novembro. Desta maneira sei que tenho ainda dois meses pela frente até o final do ano. Desta maneira não inicio livros novos e termino os antigos. Em resumo, abra muitas frentes, mas não se esqueça de fechá-las antes de apagarem a luz.

5. Leia em Mídias Diferentes
Quem disse que livro é só aquela coisa de papel que pega poeira na sua estante? Hoje em dia existem várias opções de leitura que podem otimizar o seu tempo, gerando um número maior de livros lidos no ano. Um hábito que criei a alguns anos é escutar livros no carro ou no meu mp3player. Este tipo de livro de audio (audiobook) não é muito difundido no Brasil, mas é largamente utilizado em outros países, como os Estados Unidos e a Europa. Se você lê/ouve inglês tem uma avalanche de títulos disponíveis. A grande vantagem é otimizar o seu tempo, além de melhorar a sua fluência na língua estrangeira. Que coisa melhor você pode fazer quando se desloca para o trabalho ou está preso em um engarrafamento?
Outra opção são os PDA, tipo Palm. Com as novas telas de alto contraste é possível ler livros inteiros nas pequeninas telinhas dos computadores de mão, sem falar na novidade da Sony, o Sony Reader.
E não se esqueça dos gibis. Existem ótimas graphic novels que são verdadeiros livros.

6. Leia Sempre e de Forma Constante
Aqui vale a máxima da história da lebre e da tartaruga: mais vale ler devagar e sempre do que rápido parando várias vezes pelo caminho. Estipule uma meta e tente cumpri-la. Leia uma página por dia e terá lido um livro de 300 páginas num ano; leia 10 páginas por dia e em um ano terá lido 18 livros de 200 páginas. Lembre-se: devagar e sempre.

7. Leia Livros do Seu Interesse
Parece idiotice falar isso, mas quanto mais você ler livro que te interessam, maior será o seu prazer na leitura e mais livros lerá por causa disso. Sim, é verdade. Tem muita gente que tenta ler livros que não gosta e por isso demora tanto tempo para acabá-los. Siga meu conselho. Se você chegou a um terço do livro e não está gostando do conteúdo, largue-o e comece outro. É melhor ficar vermelho uma vez do que amarelo para sempre.
Gosta de aviação? Então leia livros de aviões ou de guerra. É fanático por sexo? Existem ótimos livros de ação recheados de sexo. Gosta de bandas de rock? Leia as biografias dos monstros sagrados como o Led Zeppelin.

8. Abuse do Livro
Os puritanos que me perdoem, mas livro é para ser usado, dobrado e rabiscado. Eu já tratei os livros como entidades supremas, intocadas, mas aprendi que se ganha muito mais quando ele é usado realmente. Faça anotações, risque e rabisque. Se você não anotar vai esquecer rapidamente aquela passagem super interessante ou a dica especial dada pelo autor. Quer ter um livro intacto? Então compre outro para deixar na estante. Os R$20 ou R$30 a mais que você vai gastar vão valer centenas de vezes a mais com informações que você pode acessar de forma rápida, ao invés de folhear centenas de páginas atrás do que procura.

9. Leia em Vários Lugares
Recomendo que tenha sempre um livro à mão. Nunca se sabe quando você poderá ficar parado no trânsito, numa fila ou em qualquer outro lugar que não te permita fazer outra coisa. E isso inclui o banheiro ou os 5 minutos do intervalo de um programa de TV que você está assistindo. Falando nisso, veja menos televisão. Você vai ver que sua vida vai melhorar muito! :-)
Leia andando na rua e na espera do estacionamento. Leia enquanto dirige o seu carro! Esta dica é efetiva mas meio perigosa, por isso vou fazer um post exclusivo para ela. :-)
Mesmo que possa ler somente um parágrafo nestes intervalos, já vale a pena. A soma destas pequenas leituras em um ano podem ser um livro a mais no seu total. Use um marcador que facilite a sua rápida localização no texto. Eu normalmente coloco o marcador na linha onde parei, o que ajuda a achar rapidamente o ponto de continuação.

10. Vire Rato de Livraria
Eu tenho um imã interno que me puxa com uma força descomunal quando estou passando perto de uma livraria ou banca de revistas. Mesmo com pouco tempo disponível dou uma olhada geral para ver o que está disponível. Na maioria das vezes não compro nada, mas isso me mantém atualizado com o que há de novo no mercado, além de trazer gratas surpresas. Vários livros que considero excelentes encontrei com a peregrinação nas livrarias.

Conclusão
Então, está preparado? Comece hoje mesmo! Pegue aquele livro que está parado na sua estante e leia pelo menos 10 páginas. Deixe outro livro no carro e um pequeno na sua bolsa. Depois volte aqui e compartilhe as suas experiências.

Boa leitura!"

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A comida não pode ser barata? Uma resposta cúmplice aponta a causa dessa injustiça

Os conceitos de “soberania alimentar” e de “segurança alimentar”, capazes de dar sustentação a direitos fundamentais de todo o povo, garantindo-lhe presidir o que plantar, colher, criar e abater, sem correr o risco da fome, pela falta de acesso à terra, devem inverter os sentidos das lições ditadas pelo presidente da Farsul e pelo ministro da Agricultura. O primeiro “tem de aceitar” e o segundo não pode “encerrar assunto” que envolva direitos como os que as suas opiniões desconsideram.

"Se existem mais brasileiros saciados, hoje, não devem isso ao mercado. Felizmente, há uma outra economia em curso, familiar, solidária, cooperativa, diferente dessa que acumula na mão de poucos o que falta na mesa de muitos. É por isso que a reforma agrária, esses assentamentos e essas políticas públicas recebem críticas tão ácidas das lideranças latifundiárias e daquelas que, no exercício do Poder Público, lhes são fiéis. “Paternalismos oficiais”, “favelas rurais” costumam aparecer sustentando essas críticas. É que o ídolo ao pé do qual elas se ajoelham, rezam e acendem velas diárias de adoração, não aceita outra forma de produção, distribuição e partilha dos bens indispensáveis à vida das pessoas que não passe pelo seu poder de exclusão, medido de acordo com a capacidade de pagar que cada uma dessas tenha alcançado."

O artigo é de Antonio Cechin e Jacques Távora Alfonsin.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Para não esquecer Freire


Uma das questões centrais com que temos de lidar é a promoção de posturas rebeldes em posturas revolucionárias que nos engajam no processo radical de transformação do mundo. A rebeldia é o ponto de partida indispensável, é deflagração da justa ira, mas não é suficiente. A rebeldia enquanto denúncia precisa se alongar até uma posição mais radical e crítica, a revolucionária, fundamentalmente anunciadora. A mudança do mundo implica a dialetização entre a denúncia da situação desumanizante e o anúncio de sua superação; no fundo, o nosso sonho”.
(Paulo Freire)



 *** Lembrado pela professora Merli, do Brava Gente

sábado, 18 de dezembro de 2010

O totalitarismo para muito além das esquerdas e do socialismo

WIKILEAKS
Força Aérea dos EUA bloqueia sites que vazaram documentos
em 16/12/2010
A Força Aérea americana bloqueou o acesso a sites de jornais que publicaram documentos sigilosos vazados pelo WikiLeaks. A major Toni Tones, porta-voz do Comando Espacial da Força Aérea, disse que mais de 25 sites foram bloqueados e não podem ser acessados nos computadores de suas dependências. A proibição – destinada a evitar que as informações secretas sejam vistas – não se aplica a computadores pessoais. Segundo Toni, o New York Times é o único grande jornal americano incluído no bloqueio. Entre os outros estão o alemão Der Spiegel, o britânico The Guardian e o francês Le Monde. A porta-voz informou ainda que o bloqueio de sites com material inapropriado é rotineiro.
Em novembro, o WikiLeaks deu início à divulgação de mais de 250 mil documentos diplomáticos sigilosos. No dia 3/12, a Casa Branca lembrou formalmente a todos os funcionários federais e prestadores de serviços do governo que eles não têm permissão para ler documentos confidenciais, e isso inclui os documentos divulgados pelo WikiLeaks, mesmo em seus computadores pessoais fora do horário de trabalho. Não está claro como o governo americano fará para que este pedido seja cumprido, mas a Casa Branca disse que funcionários que inadvertidamente viram as informações devem entrar em contato com os escritórios de segurança no trabalho.
Em resposta ao bloqueio, o New York Times lamentou que a Força Aérea tenha escolhido não permitir o acesso às informações, que estão disponíveis para todo o mundo. O Exército e a Marinha não tomaram iniciativas semelhantes. Informações da AP [15/12/10].

publicado no Observatório de Imprensa.

Tecnologias sociais - contribuições para limpar o mundo


Iniciativa veiculada no blog do NEA.

S abão líquido, sabonete líquido, sabão em barra e até sabão em pó podem ser feitos com óleo reciclado vejam quantas receitas boas.
Existem diversas formas de preparar sabão caseiro. Seguem-se abaixo 4 sugestões de preparo. E antes de mais nada o antigo alerta nada de manejar soda caústica sem luvas e sem mascara é muito perigoso podendo causar queimaduras sérias! Eu postei 4 receitinhas básicas, mas os leitores tem contrubuido imensamente e colocado muito mais receitas para quem quer se tornar um expert em recilcagem e mandar ver na venda ou mesmo na fabricação de sabão para dar de presente aos parentes e amigos!

Sabão
INGREDIENTES:
4 L de óleo comestível usado
2 L de água
1/2 copo de sabão em pó
1 Kg de soda cáustica (NaOH)
5 mL de essência aromatizante (facultativo)
INSTRUÇÕES:
Dissolver o sabão em pó em 1/2 L de água quente
Dissolver a soda cáustica em 1 e ½ L de água quente
Adicionar lentamente as duas soluções ao óleo
Mexer por 20 minutos
Adicionar a essência aromatizante
Despejar em formas
Desenformar no dia seguinte

Sabão em barra caseiro – 1
Ingredientes e preparo
2 kg de soda cáustica Yara (ou outra marca) –
2 litros óleo (usado);
2 litros de água quente;
Pinho sol (metade do pequeno).
Preparo:
Coloque a soda e despeje a água quente, vá mexendo até dissolver a soda; coloque o óleo, mexa bastante (muito), pode descansar um pouco (se quiser) e, por último, coloque o pinho sol.
Deixar em ponto de gelatina. Daí, despeje numa caixa de papelão forrada com um plástico firme, grosso, levantando-o até as bordas da caixa, prendendo-o com prendedor de roupas.
Depois que firmar a consistência, corte as barras de sabão no mesmo dia.
Dica: A altura do sabão, dentro da caixa de papelão é em torno de 5 a 6 cm.

Sabão em barra caseiro – 2
Ingredientes:
1/2 kg de soda cáustica
1 litro de água;
3 litros de óleo de cozinha (usado e já saturado em frituras);
2 litros de álcool (de posto de gasolina).
Preparo:
Ferva 1 litro de água.
Simultaneamente, esquente bem 3 litros de óleo.
Coloque a soda cáustica na água fervendo, dentro de um balde de plástico e, imediatamente,
Retire o óleo do fogo e despeje por cima.
Em seguida coloque o álcool.
Mexa (com um pedaço de pau) durante 15 minutos.
Despeje numa caixa de papelão forrada com sacolas de plástico, vire as borda delas um pouco para cima.
Observação: A altura do sabão, dentro da caixa de papelão é em torno de 5 a 6 cm. Dica: Fazendo o sabão na lua nova, ele ficará melhor.

Sabão em barra caseiro – 3
Ingredientes e Preparo:
4 litros de óleo –
1 kg de soda caustica diluída em:
1 litro de água fervendo (Obs: Fora do fogo).
Preparo:
Misturar e bater todos os ingredientes até o ponto.
Colocar dentro de caixa de papelão, em altura de uns 5 cm.
Dica: Fazer na lua nova.

Veiculado no Ecologia online

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Telma peitou o sistema do livro-enlatado

Publicado no Brasil de Fato
Escritora despejada do apartamento, depois de viver alguns anos do seu trabalho, denuncia na Feira do Livro de Porto Alegre o sistema literário e a ação dos monopólios

Para entender, leia aqui.
13/12/2010

Sidnei Schneider
 
O que a escritora e mestre em literatura Telma Scherer fez na Feira do Livro de Porto Alegre, através da denúncia da casinha de cachorro do escritor e da elegância das bolinhas de sabão da sua performance, foi apontar o dedo na testa dos lançadores de livros estrangeiros enlatados, que acabam por definir toda a cadeia produtiva do livro no Brasil, com reflexos nas feiras e bienais, nas editoras e livrarias, e na vida de todo escritor e leitor. Ao dizer aos policiais e ao público que a truculenta ação daqueles estava “mandando as pessoas para casa ler Dan Brown”, ela sabia do que falava. Também, quando declarou nas entrevistas que o protesto não era “contra uma pessoa ou instituição”, mas “contra o sistema literário”, e “se o chapéu serviu em alguém” não podia fazer nada. Perdoem-me alguns amigos, mas o alcance desse protesto não pode ser reduzido ao espaço geográfico de uma praça ou cidade. Minimizá-lo assim é ainda nos deixar levar por um sentimento provinciano a ser superado.

Há cerca de um par de décadas, corporações globais com uma prática de arrasa quarteirão passaram a jogar pesado no mercado nacional, um dos maiores do mundo apesar do ainda reduzido hábito de leitura dos brasileiros. Setor altamente monopolizado, os doze maiores grupos editoriais do planeta, segundo pesquisa da consultoria Euromonitor, são responsáveis por 52% das vendas em 19 países de grande mercado, incluído o Brasil. Os quatro maiores (Bertelsmann, Thompson, Pearson e Vivendi) detêm 36%. O monopólio francês Vivendi (Laboratório Roche, Nestlé, Água Perrier, Pure Life) controla aqui as editoras Ática e Scipione, desnacionalizando o setor do livro didático. A transnacional Santillana, espanhola como as editoras Planeta e Oceano, é dona da Moderna, também especializada em livros didáticos, e controla 75% da Objetiva. O grupo Record (editoras Record, Bertrand, Civilização Brasileira, José Olympio, Best Seller e Verus) seguidamente é sondado pelo capital estrangeiro, para o qual não existem barreiras legais, como no Canadá. Desde 2003, das dez maiores editoras locais, sete são estrangeiras. Editando uma enxurrada de publicações de baixa qualidade, esses grupos têm comprado o passe de escritores brasileiros importantes, mas nada garante que não os abandonem na primeira oportunidade.

Com campanhas milionárias de divulgação, fazem o seu produto, papel encadernado com textos pífios, aparecer nos grandes jornais, revistas semanais ou pseudoculturais e programas de tevê. O até então desconhecido autor internacional será objeto de entrevistas e, se possível, comparecerá a feiras e bienais do livro. De maneira que até o único jornal de uma cidade pequena, impotente ante a avalanche, vai tomar espontaneamente esse livro como tema.

Essa ação, pensada globalmente desde fora do nosso país, acaba fazendo com que o distribuidor aposte mais nesses títulos (se já não for oligopolizado), a megastore os priorize nas suas geralmente péssimas revistas, grande parte dos livreiros (os guerreiros da cultura e do saber estão minguados, mas ainda existem) os coloque nas vitrines ou nas bancas de alguma feira. Ficando prejudicada a literatura brasileira e o que de bom poderia nos chegar de fora.

O leitor, de sua parte, compra um livro do qual pelo menos já ouviu falar. A inocência nos impede de pensar que o jabaculê corre solto para que o produto se afirme e comece a aparecer na lista dos mais vendidos da Veja. A mensagem da lista é clara: se todo mundo está comprando o livro deve ser bom, compre-o também. Assim, depois de algum tempo, o que era mera sugestão começa a se aproximar da realidade de vendas, mesmo que o leitor depois se frustre ou nem leia o livro, como demonstram pesquisas em outros países. No dia em que escrevo, sem entrar no mérito de cada obra, dos vinte livros de ficção mais vendidos, apenas quatro são de autores brasileiros.

A tiragem gigantesca dos livros enlatados barateia o custo gráfico-editorial unitário do produto para bem menos do que 10% do preço de capa, sem nenhum reflexo para o consumidor. Ao contrário, quanto mais dominam a área, mais livres se sentem para colocar o preço que quiserem, nunca transferindo a isenção de impostos a que o livro faz jus. Na verdade, encarecem o custo de produção e o preço final de todos os outros livros editados no país. Como? Vejamos: depois do furacão global de alto faturamento, sobra o quê para o “mercado”? Tentar colocar edições de mil a três mil exemplares em todo o país, sem nenhum carro chefe de vendas como uma vez o foram Jorge Amado e Erico Verissimo, e, mais recentemente, um ou outro como Cristóvão Tezza, ao conseguir emplacar uma edição (este pela Record, o maior grupo editorial de literatura do país). Em escala pequena, uma atividade muito mais trabalhosa, e o que é pior, em condições completamente injustas quanto à publicidade. Edições pequenas saem unitariamente mais caras, e para vendê-las, pagar as contas e obter um mínimo de retorno, também não são oferecidas por um valor menor. Além de tudo, muitas empresas quebram e são engolidas. O autor brasileiro, que recebe apenas 10% do preço do livro vendido, não raro é convidado a esperar ou a renegociar o pouco que lhe caberia. Quando não, a pagar à editora para ser publicado. O país perde com a menor circulação de idéias e da verdadeira arte literária.

O escritor, o poeta, aquele que trabalha três, cinco, dez anos para finalizar uma obra, mesmo tendo conquistado o apreço dos leitores e o seu espaço enquanto autor reconhecido, como é que fica? Ou vai trabalhar em outra área ou vai ficar sem condições de vida, semelhante ao que aconteceu a Telma. Exceções existem, mas dependem exageradamente da visibilidade do autor na mídia, quase sempre os que nela trabalham.

Assim, se você, depois de alguns anos tentando viver da escrita, perdeu a sua casa, os seus móveis, teve que enviar os livros para a casa dos pais no interior e, o pior do pior, ficou sem local de trabalho para, como no caso de Telma, terminar um romance, deve agradecer aos céus, e não ir para a Feira do Livro com uma performance artística que sensibilize o público. Esse é o recado de quem chamou a Brigada Militar.
A nota oficial da Câmara Rio-Grandense do Livro, endossando a versão de que a Brigada Militar foi chamada por “mãe e filho cadeirante que não conseguiram prosseguir em um corredor do evento” não é das mais edificantes que essa instituição já emitiu. Os policiais talvez não tenham entendido o recado de Telma, mas seguramente ele não estava fora do alcance dos organizadores da Feira.

Melhor avaliar bem de que lado se está nesse jogo: do lado das corporações, submetendo-se a elas, e correndo o risco de mais tarde ser engolido, na medida em que cada vez mais compram empresas brasileiras em dificuldades, ou do lado dos escritores e produtores, da arte e da literatura, e da própria economia nacional. Em suma, da civilização ou do que leva à barbárie.

Não dá para fazer nada? Dá sim, a grande repercussão do caso e a solidariedade que Telma recebeu o demonstram. E o novo governo federal precisa tratar urgentemente da questão livro. Pode demorar um pouquinho resolver tudo isso, mas já nos livramos de coisas bem piores como sabe o leitor.


Sidnei Schneider é poeta, tradutor e contista. Autor dos livros de poesia Quichiligangues (Dahmer, 2008), Plano de Navegação (Dahmer, 1999) e da tradução Versos Singelos/José Martí (SBS, 1997).

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ungaretti e sua luta diária pela democracia real, para além da livre expressão de corporações de mídia

"Em princípio, numa rápida passada de olhos, não localizei nada que não pudesse comentar na edição de hoje (13.12.2010) de Zerolândia (jornal Zero Hora/RS), em função de uma determinação da Justiça, com multa diária de 150 reais em caso de descumprimento da medida. Nunca é demais lembramos que estamos sujeitos a esta punição em função de ações movidas por um funcionário com 35 aos de firma. O cara nunca foi  testado em qualquer outro emprego. Sendo que na ação criminal, em primeira instância, ficou estabelecido que não cometi nenhum crime e que não posso ser responsabilizado por um apelido que não foi por mim criado. Não existe meia censura. Ao não poder comentar algumas matérias adotei a posição de não comentar porra nenhuma. Além disso, o monitoramento das sacanagens de Zerolândia é uma coisa repetitiva. Não é mais o centro de nosso trabalho. Continuo apontando e dizendo o que eu acho em sala de aula. Também, em princípio, este é um espaço de absoluta soberania que resta a um professor. Todo o material censurado era usado no ensino de jornalismo na UFRGS. Aos que freqüentam diariamente o blog peço desculpas pela repetição destas notas. Está fazendo dois anos que a pendenga começou e eu continuo com o conteúdo de sete anos do meu trabalho fora da rede. Sou do tempo que jornalista não processava colega. Jornalista pedia direito de resposta. Estabelecia-se uma polêmica e, ao final de um período, uma das partes reconhecia ter errado ou formava-se um novo consenso. É bem verdade que nesse tempo as redações eram formadas, em sua imensa maioria, por intelectuais  de esquerda. Militantes, ex-militantes ou no mínimo simpatizantes. Era uma coisa de mais alto nível. Boy era boy  (contínuo) e não assistente de redação. Não precisava, para distribuir jornais e brindes, cursar quatro anos de uma faculdade de comunicologia. Digo ainda que jovens que se submetem a esta condição estão no caminho errado. Serão no máximo showrnalistas. Não vamos nem assinalar outras gritantes diferenças. E para pior."

Reproduzido do pontodevista

Deus, uma dica de leitura


"Publicado em 1995 pelo Jornalista e Doutor em Línguas do Oriente Próximo, Jack Miles, Deus ? Uma Biografia é uma erudita e original discussão a respeito De Deus.O autor parte da seguinte constatação: quer acreditemos ou não na existência real do Deus Judeo- Cristão, o fato indiscutível é que ele é o personagem central do maior best-seller de todos os tempos: a Bíblia. Nessa perspectiva o autor se propõe não a uma discussão sobre a existência ou não de Deus, mas sim a uma análise de como esse personagem se apresenta na Bíblia." Confira resumo integral no Netsaber.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Pobres & Nojentas tem nova edição

Já está nas bancas a edição 25 da revista Pobres & Nojentas, criada e editada por um grupo de jornalistas de Santa Catarina.

Sobre a publicação:




A revista Pobres & Nojentas é editada pela Companhia dos Loucos, formada por um grupo de jornalistas de Florianópolis [SC]. Cooperativa da palavra libertária, criadora, caminheira, que pretende - com ironia, mas também com seriedade - se contrapor à superficialidade do chamado “jornalismo de gente”, um tipo de publicação que só investe na divulgação de informações sobre a vida dos ricos e famosos. Na Pobres & Nojentas o foco está no povo que trabalha, luta e constrói mundos. A palavra "nojenta", agregada ao nome, tem um significado específico para as editoras e para @s que ali dizem a sua palavra: significa "inquebrantável", gente que questiona velhos valores, que cria o novo e persegue vida boa e bonita para todos. A revista é uma guria sapeca, feliz no propósito de ser espaço onde a vida mesma, essa das gentes comuns, pode se expressar, se dizer, se ver bela. E assim segue, sem nenhum medo. Feita de textos belos. Feita de amor. Assine! 5 edições (bimestral): R$ 25,00 (estão inclusas as despesas com o Correio). Pagamento via depósito em conta. Envie e-mail para eteia@gmx.net para obter os dados de depósito e informar nome e endereço completo. (do perfil, no blog da P&N). Veja mais aqui.

BRUCE SPRINGSTEEN LYRICS - Girls In Their Summer Clothes



As meninas com seus vestidos de verão

 

Well the streetlights shineBem, as luzes da rua brilham
Down on Blessing AvenueNa Avenida Bênção
Lovers they walk byLovers andam por
Holding hands two by twoDe mãos dadas, dois a dois
A breeze crosses the porchUma brisa atravessa o pórtico
Bicycle spokes spin 'roundronda de bicicleta spin raios "
Jacket's on, I'm out the doorJacket, eu estou fora da porta
Tonight I'm gonna burn this town downHoje à noite eu vou queimar essa cidade para baixo
And the girls in their summer clothesE as meninas em seus vestidos de verão
In the cool of the evening lightNo frio da luz da noite
The girls in their summer clothesAs meninas com roupas de verão
Pass me byPassar por mim
A kid's rubber ball smacksUma bola de borracha miúdo smacks
Off the gutter 'neath the lamp lightFora da sarjeta 'Sob a luz da lâmpada
Big bank clock chimesBig badaladas do relógio do banco
Off go the sleepy front porch lightsOff brilham as luzes da varanda sonolenta frente
Downtown the stores alightDowntown acesa lojas
As the evening's underwayNo decorrer da noite
Things been a little tightAs coisas foram um pouco apertado
But I know they're gonna turn my wayMas eu sei que eles vão transformar a minha maneira
And the girls in their summer clothesE as meninas em seus vestidos de verão
In the cool of the evening lightNo frio da luz da noite
The girls in their summer clothesAs meninas com roupas de verão
Pass me byPassar por mim
Frankie's Diner'sFrankie's Diner
An old friend on the edge of townUm velho amigo na orla da cidade
The neon sign spinning roundO sinal de néon girando
Like a cross over the lost and foundComo uma cruz sobre os achados e perdidos
The fluorescent lightsAs lâmpadas fluorescentes
Flick above Pop's GrillFlick acima Pop's Grill
Shaniqua brings a coffee and asks "fill?"Shaniqua traz um café e pede a "encher"?
And says "penny for your thoughts now my boy, Bill"E diz: "centavo por seus pensamentos agora meu menino, Bill"
She went awayEla foi embora
She cut me like a knifeEla me cortou como uma faca
Hello beautiful thingOlá coisa linda
Maybe you could save my lifeTalvez você pudesse salvar a minha vida
In just a glanceEm apenas um olhar
Down here on Magic StreetAqui na Street Magic
Love's a fool's danceO amor é uma dança dos tolos
I ain't got much sense but I still got my feetEu não tenho muito sentido, mas eu ainda tenho meus pés
And the girls in their summer clothesE as meninas em seus vestidos de verão
In the cool of the evening lightNo frio da luz da noite
The girls in their summer clothesAs meninas com roupas de verão
Pass me byPassar por mim
And the girls in their summer clothesE as meninas em seus vestidos de verão
In the cool of the evening lightNo frio da luz da noite
The girls in their summer clothesAs meninas com roupas de verão
Pass me byPassar por mim
La la la la, la la la la la la laLa la la la la la la la la la la
La la la la, la la la la la la laLa la la la la la la la la la la
La la la la, la la la la la la laLa la la la la la la la la la la
La la la la, la la la la la la laLa la la la la la la la la la la

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cancún: da terra à lua

Do site do MST
7 de dezembro de 2010

Por Silvia Ribeiro
Pesquisadora do Grupo ETC.
Em La Jornada

Há uma semana, representantes de governos de todo o mundo estão reunidos em um bunker de super luxo chamado Moon Palace (Palácio da Lua), supostamente para discutir as mudanças climáticas.
O lugar é longe dos hotéis e mais longe da cidade de Cancun o que, somado às abundantes barreiras policiais, significa investir de duas a três horas diárias em poucos quilômetros de ida e volta. Exceto para os delegados dos países ricos que, como se fosse outra forma de mostrar a injustiça climática, se alojam no Moon Palace a preços exorbitantes.

Fátima Oliveira: Uma agenda estratégica para a saúde no Brasil

Pensando uma agenda estratégica para a área da saúde no Brasil
À frente do ministério, alguém comprometido com o SUS

por Fátima Oliveira, em O Tempo ,
Médica – fatimaoliveira@ig.com.br

Compartilho pontos de um documento vital para o povo brasileiro: “Uma Agenda Estratégica para a Saúde no Brasil”, discutido por organizações da reforma sanitária com a presidente eleita, Dilma Rousseff, e a equipe de transição em 24 de novembro passado. O pano de fundo é a análise dos inegáveis avanços do Sistema Único de Saúde (SUS) em seus 22 anos, cuja espinha dorsal é a eliminação da figura do indigente da saúde.

“Há limitações importantes à efetivação dos princípios e das diretrizes do SUS”, logo o principal desafio é de ordem eminentemente política: respeitar o SUS como a política de Estado que é, efetivando seus princípios e diretrizes — tarefa de que o governo Dilma não pode se furtar nem pegar atalhos equivocados que minem o modelo de atenção universal. Manter e ampliar o que o SUS faz bem, focando questões renitentes que empanam o seu brilho –  o que exige ter à frente do Ministério da Saúde alguém comprometido com o ideário do SUS.

O segundo ponto, que não pode mais “passar batido”, é um “acerto de contas e de condutas” com instituições privadas que prestam serviços ao SUS, que tratam a clientela SUS como esmoler, achando que fazem favor ou caridade. Na verdade, elas são contratadas do SUS! Caso das filantrópicas, que ganham pelo que produzem e ainda recebem benefícios fiscais e creditícios (dinheiro público na bandeja); em muitas, o atendimento à clientela SUS é temático (algumas doenças) e discriminatório, vide porta de entrada dupla (SUS e convênios/particulares), chegando ao cúmulo que muitas possuem serviços de urgência que não atendem SUS! É imoral, mas virou regra o SUS abrir mão da regulação de serviços contratados e num município de gestão plena do SUS haver castas de serviços intocáveis, ainda que fora da lei!
O terceiro ponto é “assegurar aos trabalhadores da saúde condições adequadas ao exercício de suas atividades”; em quarto lugar, a busca da uniformidade na gestão; e em quinto: respeito e implementação do modelo de atenção à saúde do SUS. São propostas que “visam a enfrentar os problemas de caráter estrutural, e não apenas conjuntural, do sistema de saúde brasileiro”.

1. Financiamento da saúde: alcançar a aplicação de 10% do PIB no setor da saúde; aprovar no Congresso Nacional lei que regulamente a EC-29 e assegure fontes estáveis e suficientes de financiamento;

2. Regulação do setor privado: que a Agência Nacional de Saúde Suplementar seja pautada pelo interesse público;

3. Política de gestão do trabalho em saúde: eliminar a precarização, adotando parâmetros nacionais de cargos, carreiras e vencimentos para os trabalhadores da saúde;

4. Modelos de gestão pública: fortalecer a capacidade gerencial do Ministério da Saúde e os processos de coordenação interfederativa;

5. Modelos de atenção à saúde: fortalecer e expandir as estratégias de promoção da integralidade e da universalidade;

6. Desenvolvimento tecnológico e inovação em saúde: buscar a articulação entre as políticas de saúde, de ciência e tecnologia e de indústria e comércio; e

7. Valorização do controle social e participação social.

Eis as propostas das instituições do Movimento da Reforma Sanitária: Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva , Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, Rede Unida, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Associação Paulista de Saúde Pública e Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade .

Veiculado no viomundo

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Blogueiros fazem campanha contra censura à “Falha de S.Paulo”

Blogueiros fazem campanha contra censura à “Falha de S.Paulo”


Criadores da paródia online do jornal reclamam que ombudsman da Folha não falou sobre o blog e querem que a iniciativa tenha repercussão internacional
Os blogueiros Lino e Mario Bocchini que em setembro passado foram censurados pelo jornal Folha de S. Paulo depois de publicar no blog intitulado Falha de S. Paulo sátiras ao jornal, lançam nesta segunda-feira 6 uma campanha para denunciar o que eles chamam de “atentado da Folha contra a internet brasileira”.
Segundo os irmãos, a censura ao blog de paródia abre precedente para “agressões” de outras empresas. “O maior jornal do país está querendo arrancar dinheiro de dois irmãos como indenização por danos morais”, dizem em nota publicada no blog que agora se chama Desculpe a Nossa Falha.

domingo, 5 de dezembro de 2010

A INSUSTENTÁVEL ENGENHARIA DO DESEJO

Bela análise das relações entre violência, pornografia e capitalismo e das transformações da sexualidade na modernidade.
 
"A quem se choca, a cena pornográfica apresenta o sexo em suas formas mais diversas como algo natural, mas que seria arcano à visão nublada pela moral. Vindo por todos os vãos, com todos os meios e extensões. O corpo assim exposto é passível à idéia transgressiva, material manipulável e disponível integralmente com tudo o que se têm ao jogo armado dos corpos jovens e violentos. Nada mais humano que o sexo sem limites. Esta instância apresentada que adere aos desejos inconfessados e assume a carapuça de um impulso natural."

por Douglas Rogério Anfra, artigo completo no Noblogs, divulgado no pontodevista.

RIO CONTRA O CRIME - Reality show em tempo real

Por Muniz Sodré em 30/11/2010, no Observatório da Imprensa
"A fascinante violência no Rio de Janeiro foi de novo um sucesso."
A frase final de um artigo do editor de Destak (sexta-feira, 26/11), jornal carioca de distribuição gratuita nos sinais de trânsito, vale como sintoma do que foi a cobertura jornalística (imprensa escrita e televisão) do terrorismo delinquente nas ruas do Rio e da consequente reação das forças policiais. Em termos de modelagem ideológico-editorial, não há diferença entre a pequena e a grande imprensa.
Como preliminar, é preciso deixar claro que a operação policial, com o apoio logístico da Marinha e reforço posterior do Exército e da Polícia Federal, foi recebida com aplausos pela população, inclusive a maior parte dos moradores do complexo de favelas invadido, todos já psicologicamente saturados dos efeitos desgastantes do domínio dos bandos ilegalistas sobre os cidadãos de todas as classes sociais. Na sociedade e na web: uma ligeira vista de olhos pelas redes sociais permite localizar endereços de Facebook com caveiras (emblema do Bope) estampadas.

Por outro lado, se nas ruas do "asfalto" o medo ronda pedestres e motoristas, nos morros, ou "comunidades periféricas", registra-se o imenso alívio de moradores que, além do cerceamento do direito constitucional de ir e vir, eram ultimamente obrigados a servir comida a marginais desfalcados da renda costumeira do tráfico de drogas, em virtude da ação das "unidades pacificadoras".

Jornalismo "técnico"Mas não há nada de "fascinante" nisso tudo, nem mesmo a ser "celebrado", como frisou o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame. A hora é de preocupação ou de pausa para a reflexão, bem ao contrário da espetacularização encenada pela mídia. Na verdade, é mesmo ocasião para alguma tristeza em face do número elevado de mortos e da convicção de que a situação a que agora se chegou é o resultado de desgovernos anteriores e da crescente mafialização da vida pública. Este fenômeno abrange a composição de partes significativas de câmaras legislativas, a corrupção policial, a fragilidade do Poder Judiciário, a disseminação das milícias (potencialmente mais perigosas do que o narcotráfico) e a escandalosa indiferença da própria sociedade ao consumo de drogas.

A mídia é aqui também objeto de preocupação.
É verdade que foi provavelmente uma imagem veiculada pela TV Globo (dezenas de bandidos armados e reunidos na Vila Cruzeiro, o bunker das ações terroristas nas ruas) a deflagradora da invasão e ocupação do local por tropas de elite da polícia, escudadas por veículos blindados da Marinha. Imagens de TV – mas também o risco de arranhão na imagem internacional da cidade que abrigará a Copa e as Olimpíadas – são claramente motivadoras da ação. Afinal, o poder constituído sabia desde muito tempo atrás do incremento exponencial de sua contrapartida nas favelas, o poder do ilegalismo.

Mas a cobertura jornalística dos acontecimentos, a televisiva principalmente, revelou o anacronismo cívico de um jornalismo puramente "técnico", movido pelo espetáculo do fato e praticado nos moldes de uma presumida filmagem, ao vivo, da realidade. "Globocop", nome do helicóptero da TV Globo, é a máquina equipada com quatro tripulantes e uma câmera capaz de girar em 360 graus e de captar imagens com precisão a um quilômetro de distância.

"Como Copa do Mundo"Evocativa de Robocop, conhecido personagem cinematográfico, a máquina televisiva associou-se à metáfora da "máquina de guerra", usada pela mídia para caracterizar as ações policiais. Com ela, a cobertura converteu-se numa espécie de "Tropa de Elite 3", produzindo efeitos de identificação projetiva, segundo os quais estariam entrando em ação aqueles que o colunista Merval Pereira designou como "centenas de capitães Nascimento encarnados em cada um dos soldados do Bope" (O Globo, 26/11/2010).

Como num filme ou numa telenovela, constrói-se uma polaridade (os bons contra os maus), da qual se alimenta a narrativa midiática. O texto de Destak é explícito: "Éramos nós atirando, acenando com bandeiras brancas sobre lajes e nos escondendo dos tiros dentro de casa, contra eles, que fugiam ou nos afrontavam. (...) A cidade se uniu diante da TV, tentando torcer por si". Essa polaridade ("nós" contra "eles") é tão falsa quanto a polaridade entre polícia e bandido, já que, na corrupção cotidiana, não raro um termo equivale ao outro.

Mas a lógica do espetáculo demanda uma oposição folhetinesca. Assim, as palavras em itálico (cena, torcida) são índices semióticos da espetacularização, confirmada na coluna de Merval Pereira: a cobertura seria de fato "um reality show em tempo real". Seria algo como um game, encenação televisiva de um "show da vida" ou uma partida de futebol, capaz de converter o cidadão em torcedor: "Uma sensação parecida com ver um jogo de Copa do Mundo. Em vez de um time representando o país, eram policiais. Em vez de gol, a vibração surgiu no momento em que dois traficantes em fuga a pé foram alvejados" (Destak).

Razões da impunidade
Há algo de socialmente obsceno nesse transbordamento do espetáculo. É moralmente inadmissível essa assimilação de uma tragédia urbana, com mortes e sofrimento, a um show de TV. Nem faz justiça ao comportamento da polícia: o Bope sentiu-se prejudicado, em plena ação, pela cobertura televisiva; o secretário de Segurança enfatizou que "não há nada a celebrar". O comedimento da polícia é uma crítica implícita à falta de consciência crítica dos jornalistas.

Como poderia manifestar-se essa consciência?
Antes de tudo, no questionamento desse modelo de jornalismo, que confunde a informação responsável do fato com a exposição obscena (em seu sentido radical, esta palavra de origem latina significa postar-se diante da cena – ob-scenum – sem as devidas mediações culturais) dos acontecimentos. Simplesmente mostrar não é informar. Pode ser, no limite, um modo de excitar a pulsão escopofílica do espectador.
Informar criticamente – o que se revela socialmente imprescindível no caso em pauta – seria comunicar os acontecimentos dentro do quadro explicativo de suas causas, aliás bastante evidentes para qualquer observador atento. Pode-se começar com os constituintes de 1988, que legislaram em matéria penal com a ditadura e o preso político em mente e, ao fundo, a doutrina liberal-individualista do direito pós-Revolução Francesa. Resultou daí uma legislação tíbia frente ao delinquente comum, com a impunidade no horizonte. Mata-se por dá cá essa palha.

Comedimento e responsabilidadeEm seguida, seria preciso colocar em pauta a corrupção avassaladora de governos, políticos, policiais etc. Não deixar também de indagar sobre a responsabilidade da sociedade civil (se é que esse conceito se aplica ao Brasil) no tocante às drogas e à mafialização generalizada, que vem pondo em segundo plano o problema do tráfico de drogas. Finalmente, tentar jogar alguma luz sobre as perspectivas de emprego para quem se dispõe a abandonar o crime.

Certo, o jornalista poderá responder a tudo isso com a alegação de que o imediato de sua condição profissional lança-o sob pressão sobre a superfície do fato, para dar conta a seu público das ocorrências em bruto. A notícia seria, assim, a pura e simples mercadoria de sua prática industrial. É o que se aprende, é o que se faz – e o que dá certo em termos de audiência e mercado publicitário.

Esse é, de fato, o modelo consagrado pelo jornalismo tal como o conhecemos e talvez não possa ser mudado sem mais nem menos. Mas é certamente um modelo sem amanhã cívico; portanto, algo a ser debatido e repensado.

Nesse meio tempo, seria oportuno um pouco mais de comedimento e responsabilidade social. A morte violenta do outro não pode converter-se em fantástico show da vida.