segunda-feira, 18 de abril de 2011

Utopia, direções e contradições

A perspectiva de chegar a um ponto move muitos nas adversidades, ainda que também imobilize outros. Tendo a crer que, no caso dos que agem, é o que se pode chamar de força interna, essa lenta e diária superação do estranho. Se confunde com a fé, mas é uma forma mais especificamente humana de se ver e pensar a vida, pois está diretamente ligada ao contexto, e independe do transcedental ou divino – é puramente interior, e nada cobra ou nada deve, além da própria condição, disposição e meios. Chega a ser estranho como há na cultura brasileira uma forte predominância da preferência pela mudança repentina para mudar de vida de dia para noite. E, para isso vale tudo – loteria, caridade, plágio, promessa, e até outras formas não-lícitas. Há quem diga ser isso um sintoma do que em outros tempos se chamava “vagabundagem”, pelos que não acreditavam no trabalho. Mas, o trabalho, em nosso contexto, merece que nível de credibilidade enquanto forma de melhorar de vida e em contraste com a possibilidade de dispensá-lo para se perseguir um grau maior de liberdade? E o que é exatamente trabalho? E o que é exatamente liberdade? Há várias formas de qualificação e desqualificação desses conceitos, extremamente ideológicas. E, nesse emaranhado, cada um encontra, de seu modo, sua utopia.

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