A morte do casal de seringueiros, no contexto de votação do Novo Código Florestal; a questão da homofobia ainda acesa no País, como uma cultura indiretamente protegida por atitudes e discursos de governantes e comunicadores; a ausência, ainda clara, de elos entre as políticas públicas sociais com a proteção aos animais, são três – mas poderiam ser dezenas – de questões que me fazem pensar sobre a longitude ainda existente entre as necessidades das gerações futuras (e dessas) para habitarem um planeta mais justo e feliz e a real condição das mentes dos que decidem seus rumos hoje. No entanto, de mais recente, impressionou mesmo foi a repressão violenta da PM de São Paulo à Marcha da Maconha, uma manifestação pacífica em defesa de uma idéia, cujo debate há década se alastra pelo País. Sintomático que nas cerca de 100 últimas matérias de hoje, de uma agência de mídia do estado onde os fatos ocorreram, não se verifique nenhuma repercussão sobre o tema. Um silêncio ensurdecedor sobre um atropelamento a um direito democrático, o da manifestação de idéias, que pensávasse já superado. Hora, se meio ambiente, questões humanitárias e liberdade de expressão ainda são tabus no Brasil em pleno século XXI, podemos nos considerar mesmo uma país civilizado e democrático? O mais interessante é que isto é vivido em tempos em que tão se propaga uma certa Modernidade. Problematizo essa palavra, profundamente. Ser moderno é “poder” freqüentar os mais sofisticados shoppings e “ver” tecnologias de última geração pelas vitrines, assim como “aspirar” roupas de marcas fast-fashion? Ou “ser”, de fato, emancipado, viver em condições justas e expressar suas idéias e opções de vida, independente de cor, orientação sexual, crença ou nível de deficiência? Um debate amplo, mas tem a ver apenas com o País que construímos e que deixaremos aos próximos.
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