terça-feira, 3 de maio de 2011

Mobilidade, vida e condições espaciais, problema crônico nas capitais

Enquanto Obama canta a morte de Bin Laden como um marco na Paz universal norte-americana, é digno de nota uma outra demanda de paz nas capitais brasileiras: a perceptível sensação de anseio pela mobilidade, pelo consumo e pela segurança na sociedade moderna, particularmente nos grandes centros urbanos. Não chega a ser assunto de relações de terror - ainda que, em certos estabelecimentos, particularmente os bancos, o controle e a proteção contra assaltos imponha uma cultura de desconfiança e medo. Mas o ponto central que quero tratar é das relações humanas e de sua viabilidade e qualidade. Parar não é um verbo que pertence à vida social no coração das capitais. Talvez porque as grossas massas que andam pelos centros são formadas por populações de cidades do entorno, e tem, portanto, pressa de retornarem aos seus lares. Mas a vida nas cidades mais populosas, capitais ou não, poderiam, de fato, serem mais humanizadas. Creio que, entre as várias políticas públicas possíveis nessa área, os municípios deveriam pensar com mais atenção na valorização das praças, das árvores, da cultura e outras condições de bem estar públicas, para que as pessoas pudessem usufruir melhor os centros como um espaço saudável no frenético ritmo de idas e vindas. Em um desabafo semelhante, se referindo a esse esgotamento dos bancos no centro de Florianópolis, a jornalista Elaine Tavares escreveu há poucos dias o belo texto “Uma cidade para se estar. Sobre Porto Alegre, que o maior centro que tenho para onde me locomovo com alguma regularidade semanal, eu salientaria, nesse aspecto sócio-urbano, a necessidade da condição para uma geografia mais harmônica entre os pedestres e os veículos motorizados, particularmente no transporte coletivo, e ampliação de calçadões em partes de grande concentração populacional, especialmente nos horários “de pico”. Considero um avanço, para notar de positivo, o acesso ao túnel do trensurb a partir do mercado. Porém. Entre o Largo Glênio Peres e o Viaduto da Conceição há uma paisagem excessivamente tensa. O Largo Glênio, especificamente, poderia ser aproveitado melhor pela vida cultural da cidade do que como estacionamento de carros, penso. Já, no trecho citado, multidões indo e vindo, gritos de vendedores e calçadas danificadas, tudo isso entrecortado por passagens de ônibus. Dá impressão, às vezes, que a cidade foi feita para públicos diferentes, entre o povo que circula pela esquina democrática em direção ao Gasômetro, e o que depende dessa rota diária da Voluntários, na área mais velha da capital. Do Viaduto da Conceição à Rodoviária, então, se fosse me deparar em comentar, seria mais tétrico. Por hora, fico nessas primeiras observações sobre a mobilidade da vida urbana na capital gaúcha e a urgente necessidade de revitalizá-la.


***** A partir desta quarta-feira, estarei ausente, por conta de uma saída de descanso. Deixo, porém, o espaço do blog para a fotógrafa Letícia de Jesus, que deve veicular material de sua produção.

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