segunda-feira, 20 de junho de 2011

Debate sobre saúde pública local é complexo, mas necessário

 Retornei agora à noite de Três Coroas, município localizado a 91 km de Porto Alegre, onde integrei uma turma de pós-graduação em Comunicação e Saúde para participar da Conferência Municipal de Saúde daquela cidade, uma experiência enriquecedora, mas também perturbante. Os debates foram do melhor nível, com a intervenção de abertura da Márcia, uma de nossas colegas, militante na causa do controle social do SUS (emponderamento da população brasileira com o Sistema Único de Saúde).

Emergiram nas falas em grupos, e depois no coletivo, questões sobre financiamento do sistema, meios de acesso, assistência, divulgação, difusão entre outras áreas, etc. Entre nós, que estudamos academicamente esse assunto, houve um certo auto-policiamento para que não ocupassemos indevidamente o debate em questões que cabiam à população local. Notei, particularmente, como sempre, uma dificuldade séria das pessoas em se articularem enquanto sociedade civil organizada. A participação nas associações de moradores, por exemplo, ainda é um desafio, como instância legítima e permanente falta muito para para essas entidades serem cultivadas como canais de expressão popular. Então, vemos que nesses tempos de internet, muitas vezes as pessoas estão mais atuante na interação virtual do que face – a – face. E ambas tem valor diferentes, não se substituem.

Uma questão que levantei, que acho crucial a respeito do SUS, é a intersetorialidade desse tema nas políticas de gestão municipal. Em outras palavras, criar condições para que a questão do SUS seja debatida em sua legítima magnitude, que a presença da saúde pública em todas as esferas da administração e da vida social: habitação (porque morar mal pode ocasionar doenças); obras e serviços urbanos (pois o acesso aos serviços públicos de qualidade protegem de doenças); trabalho e renda (já que, tanto as doenças profissionais, quanto a ausência de trabalho, geram estados de adoecimento); educação (porque tudo, simplesmente passa pela educação, e ali está uma área estratégica para se conscientizar e informar sobre o acesso ao SUS).

Enfim, poderia listar várias outras áreas, fico nessas primordiais. Fora isso, acrescento, como o fiz durante aquele encontro, a necessidade das diferentes secretarias, ao nível de governo municipal, inserirem a questão da saúde pública, em algum nível, em seus programas, projetos e ações. Só assim, em uma visão holística da presença do SUS, que esse sistema será fortalecido e disponibilizado ao nível de qualidade que a população brasileira precisa e merece.

Um comentário:

Marilaine disse...

Muito Bom Ronaldo, diseste TUDO quando fala da necessidade de se trabalhar saúde pública na intersetorialiedade, além de pontuar que a sociedade precisa e deve colocar sua voz para fora...

Dois grandes desafiosa serem transformados por nós, que estamos (talvez) um pouco mais evoluídos e engajados com a difusão de direitos e deveres público x privado.